A erosão fluvial é realizada através dos processos de corrosão ou abrasão, corrasão e cativação ou dissolução.

  • Corrosão ou abrasão – é o desgaste das rochas feito através do material transportado pelo rio.
  • Corrasão – é o desgaste pelo atrito mecânico, através das partículas carregadas pela água.
  • Cavitação ou dissolução – é a erosão fluvial que ocorre sob condições de grande velocidade da água, quando as variações de pressão, que incidem nas paredes do canal fluvial, facilitam a fragmentação das rochas (rios acidentados).

Neste processo a água desgasta as rochas, na medida em que pode ser capaz de dissolver vários elementos. Onde esse efeito depende da natureza das rochas e das características químicas das aguas. Este processo provoca a abertura de covas nas rochas.

Processo de Transporte

Grande parte dos sedimentos carregados pelos rios é levada para o mar, porém uma parte das partículas em suspensão pode precipitar e depositar nos próprios canais fluviais.

O transporte dos materiais rochosos que continuam a ser desgastados pela força da corrente contribui para aumentar a acção erosiva dos rios.

A capacidade de um rio transportar sedimentos aumenta com o quadrado ou o cubo da sua velocidade. A água corrente é o maior agente de erosão não só porque ela provoca a abrasão e a erosão do seu canal, mas também pelo enorme poder de transportar sedimentos inconsolidados produzidos pelo intemperismo.

Dentro do sistema fluvial, um sedimento é transportado de três maneiras, sendo que as duas primeiras são formas de transporte detrítico e a última, uma forma de transporte químico. Estas formas de transporte geram três tipos diferentes de carga, a saber:

  • Transporte em suspensão – envolve as partículas de granulometria reduzida (silte e argila) que, por serem muito pequenas, se conservam em suspensão pelo fluxo turbulento, constituindo a carga de sedimentos em suspensão.
  • Esta carga corresponde ao maior volume de material movido por um rio. Esses sedimentos permanecem em suspensão a maior parte do tempo e se movimentam rio abaixo com a mesma velocidade do fluxo da água, até serem depositados no oceano, rio ou planície de inundação.
  • A Planície de inundação constitui a forma mais comum de sedimentação fluvial encontrada nos rios de todas as grandezas.
  • Transporte por tracção – envolve as partículas de sedimentos dos tamanhos areia, seixo e cascalho, que por serem grandes o suficiente para permanecer em suspensão, se juntam sobre o fundo do rio, CARVALHO, (2007:11). Estas partículas se movem por rolamento, escorregamento e saltação e originam a carga de leito ou carga de fundo. Esta carga de fundo somente se movimenta quando a velocidade do rio é suficiente para mover grandes partículas.
  • Transportes em solução – os constituintes meteorizados das rochas são transportados em solução química, na forma de íons (Ca, Na, K, etc.), e compõem a carga dissolvida dos cursos de água.

Deposição

Muitos rios ao descerem das montanhas depositam suas cargas de partículas nos lugares planos, sob a forma de meio-cones ou leques. Estes depósitos são referidos como aluviões. Via de regra, os sedimentos fluviais ganham maior importância no curso inferior dos rios devido à predominância do processo de deposição sobre o de erosão e transporte.

Segundo CARVALHO, (2007),

“depósitos fluviais modernos cobrem somente uma área de 2% da superfície terrestre. Sob condições propícias estes aluviões podem acumular-se em centenas e até milhares de metros de espessura”.

Nas bacias sedimentares, onde predomina o intemperismo mecânico, há fragmentos grosseiros a serem transportados pelos rios enquanto naqueles onde predomina o intemperismo químico, só elementos de granulometria fina são fornecidos pelos cursos de água.

A deposição da carga detrítica carregada pelos rios ocorre quando há diminuição da competência ou capacidade fluvial. Esta diminuição pode ser causada: pela redução da declividade do perfil do rio; pela redução do volume do fluxo; pelo aumento do tamanho da carga detrítica.

Dentre as várias formas originadas pela sedimentação fluvial destacam-se:

Planícies de inundação; deltas; diques marginais.

Diques marginais são saliências alongadas compostas de sedimentos, bordejando os canais fluviais. A deposição nos diques ocorre quando o fluxo ultrapassa as margens do canal.

Na vazante o escoamento esta a restrito a parcelas do canal fluvial, onde há deposição da parte da carga detrítica com o progressivo abaixamento do nível das aguas.

A corrente fluvial, ao transpor as margens, é freada e abandona parte de sua carga permitindo a definição do dique marginal. Tais diques são muito nítidos nos casos em que as áreas finas e médias, em suspensão são bruscamente abandonadas ao transpor a margem devido a rápida diminuição da velocidade na corrente que transborda.

Os detritos mais grosseiros no esquema geral, são depositados na proximidade do canal enquanto os mais finos são carregados para locais mais distantes. No decorrer das cheias grande quantidade de água e de sedimentos é dirigida para as bacias de inundação.

Tipos de canais Fluviais

Os tipos de canais correspondem ao modo de se padronizar o arranjo espacial que o leito apresenta ao longo do rio. Não há uma classificação minuciosa dos tipos de canais, mas Gorge H. Dury, apresenta a seguinte classificação: meandrante, Anastomosado, Reto, Deltaico, Ramificado, Reticulado, Irregular.

Canais meandrantes – são aqueles em que os rios descrevem curvas sinuosas, largas harmoniosas e semelhantes entre si, através de um trabalho contínuo de escavação na margem côncava. Os canais meandrantes na sua ampla nomenclatura nos termos citados com maior frequência são: meandros abandonados, diques semi-circulares, colo de meandro faixa de meandro, banco de solapamento e point-bars. Em função do tipo de vale podem ocorrer por duas categorias de rios meandricos que são divagantes e encaixados.

Formas de relevo em ambientes fluviais

Em ambientes fluviais, as formas de relevo estão relacionadas, principalmente, aos depósitos sedimentares e às formas topográficas que se localizam nos canais e nas planícies de inundação.

As principais formas de relevo em ambientes fluviais são: Leitos rochosos (saltos, marmitas); Terraços fluviais; Deltas; Cones de dejecção e Vales fluviais.

Leitos rochosos

Os rios com leito sobre rochas coerentes atravessam material consolidado. A resistência encontrada pela corrente faz com que os leitos não estejam adaptados às exigências hidrodinâmicas. A largura e a profundidade variam em pequenas distâncias, o declive é irregular e as margens geralmente são mal definidas.

As marmitas são depressões de formas aproximadamente circulares formadas pela abrasão giratória de seixos ou blocos que são rotacionados pela energia corrente de água.

Planícies de inundação

As planícies aluviais são também conhecidas como planícies de inundação ou várzeas. Correspondem às faixas do vale fluvial compostas de sedimentos aluviais que bordejam o curso de água e que são periodicamente inundadas durante as enchentes.

São formadas por aluviões e por materiais variados depositados no canal fluvial ou fora dele e constituem a forma mais comum de sedimentação fluvial.

Terraços fluviais

Os terraços fluviais representam antigas planícies de inundação que foram abandonadas. Morfologicamente, surgem como patamares aplainados, de largura variada, limitados por uma escarpa em direcção ao curso de água. Quando compostos por materiais relacionados à antiga planície de inundação, são designados terraços aluviais. Quando foram esculpidos sobre rochas componentes das encostas dos vales, são designados terraços rochosos. Eles são diferentes de terraços estruturais.

Dentre as várias explicações para o abandono da planície tem-se a variação climática, o aprofundamento devido à movimentação tectónica, dentre outras.

Deltas

Os deltas são depósitos aluviais na foz de alguns rios que avançam como um leque na direcção do mar causando uma progradação irregular da linha de costa.

Os deltas podem ocorrer em ambientes marinhos ou continentais (mares interiores ou lagos). Nos deltas, a deposição da carga detrítica é maior do que a cariada pela erosão. Os sedimentos possuem uma grande variedade de tamanho, forma, estrutura e composição. A maneira pela qual os sedimentos se distribuem depende do carácter e quantidade da carga, das ondas e das correntes marinhas ou lacustres. Várias são as formas espaciais assumidas pelos deltas (Rio Nilo, Paraíba).

A morfologia deposicional de uma planície deltaica geralmente é caracterizada pelo desenvolvimento de diques naturais nas bordas dos canais. O principal fenómeno na evolução deltaica é o deslocamento dos cursos fluviais em distributórios sucessivos. Como um delta progride cada vez mais em direcção ao mar, a declividade e a capacidade de carregar sedimentos vão diminuindo gradualmente, e caminhos mais curtos para o mar podem ser encontrados em áreas adjacentes.

Cones de dejecção

Os cones de dejecção, também são denominados de leques aluviais, são depósitos de material detrítico com formato cónico, que se irradia para jusante a partir do ponto onde o canal de escoamento de uma torrente deixa a área fonte.

Vales fluviais

Os vales fluviais são formas de relevo entalhadas como um corredor ou uma depressão longitudinal, ocupados pelos cursos de água. São constituídos por talvegues e vertentes convergentes. Inclui formas esculpidas pelos rios e glaciares bem como depressões de origem tectónica. Envolve actuação do curso de água e processos morfogenéticos em vertentes.

Diques marginais

Os diques marginais são depósitos de areias em formas de bancos, que se situam nas bordas de canal e que perdem altura em direcção à planície de inundação. A deposição no dique ocorre quando o fluxo é freado ao ultrapassar as margens do canal, abandonando parte de sua carga e permitindo a edificação do dique. Os detritos mais grosseiros são depositados próximos do canal e os mais fi nos são carregados para locais mais distantes.