A Genética é a área da ciência que estuda o processo de transmissão de características físicas e biológicas de um indivíduo para outro, chamado de hereditariedade. De origem grega, a palavra genética significa “fazer nascer”.
Os estudos genéticos evoluíram ao longo do tempo e as várias descobertas impactaram significativamente a humanidade, desde a descoberta de doenças transmitidas de mãe ou pai para filho, ao teste de paternidade – que determina se dois indivíduos possuem vínculo biológico ou não –, além de outros benefícios para a medicina legal, ecologia, zoologia, entre outros.
Mas, como isso foi possível? Quando esses estudos começaram?
História
A genética deu seus primeiros passos há mais de 150 anos, mais precisamente em 1860, com o monge austríaco Gregor Mendel (1822 – 1884). Ele realizou os primeiros experimentos genéticos com ervilhas, que foram cultivadas no mosteiro de Brno, na República Tcheca.
Mendel optou por essa planta herbácea por bons motivos: além do cultivo fácil, a ervilha possui ciclos reprodutivos curtos, porém com produção de muitas sementes. Tudo isso facilitou o estudo detalhado sobre características como a cor da flor, posição dela no caule, aspectos da semente, como forma, altura, cor e textura.
A observação do processo de transmissão de características entre as diversas gerações da planta levou Gregor Mendel a concluir que cada caracter é determinado por dois fatores, que podem ser puros ou híbridos (permutados por cruzamentos). Anos depois, esses “fatores” foram chamados de genes.
Todo esse esforço não foi reconhecido naquele período e acabou esquecido por muitos anos. Porém, em 1900, anos após sua morte, os pesquisadores Hugo de Vries, da Holanda, Cral Erich Correns, da Alemanha, e Eric von Tschermark-Sevsenegg, da Áustria, repetiram os estudos com plantas híbridas e chegaram aos mesmos resultados de Mendel. Essas conclusões contribuíram para reafirmar a importância do trabalho realizado por Gregor Mendel, que foi considerado o pai de genética. A partir de então, teve início os estudos genéticos nos seres humanos.
Anos depois, em 1926, Morgan publicou o livro The Theory of the Gene, que retrata a hereditariedade como o processo de união de unidades passadas de pais para filhos.
As pesquisas não pararam por aí. Foi descoberta constituição do DNA como a estrutura-chave que possui a informação genética e, em 1953, Watson, Crick, Wilkins e Franklin apresentaram a estrutura da dupla hélice do DNA.
Já em 1958, Crick publica o Dogma Central da Biologia Molecular apresentando o conceito de que o DNA (ácido desoxirribonucleico) é o responsável pela síntese de (ácido ribonucleico), que por conseguinte seria o responsável pela produção de proteínas.

A genética é a ciência que estuda a hereditariedade. (Foto: Pixabay)
Genética e Hereditariedade
Depois de todas essas descobertas da genética, a conclusão sobre a hereditariedade é que ela possui algumas particularidades como: a variedade de estruturas celulares com formas diferentes, que especificam aspectos distintos do organismo; a capacidade da prole em sintetizar as informações recebidas em proteínas; além da habilidade de se transformar para que sejam possíveis variações.
Vale destacar que os genes são as unidades fundamentais da hereditariedade por armazenarem as moléculas de DNA e as informações necessárias para a síntese das proteínas.
Os seres humanos possuem cerca de 30.000 genes e 46 cromossomos, que são uma longa sequência de DNA. O que diferencia um indivíduo do outro é a combinação desses genes, bem como as mutações ocorridas durante o processo de divisão celular (principalmente a meiose, quando a célula tem seu número de cromossomos reduzidos pela metade). É por meio do estudo dos genes que é possível identificar as características biológicas de cada indivíduo.
Com a evolução da genética ao longo dos anos foi possível dividi-la em cinco áreas de estudo:
Molecular: pesquisa funções e estruturas dos genes a nível molecular.
Ecológica: estuda a genética em populações naturais, ou seja, nas interações entre organismos com o meio ambiente.
Genômica: analisa o genoma, ou seja, o conjunto de genes das espécies.
Clássica: anterior ao advento da Biologia Molecular, utilizava técnicas tradicionais, como mapeamento de cromossomos.
Populacional: é a responsável por pesquisar as mudanças e distribuição na frequência de alelos (formas alternativas de um mesmo gene gerado por mutações) decorrente da influência de forças evolutivas (mutação, seleção natural fluxo gênico e derivação genética).
Importância das pesquisas genéticas
Compreender o processo de hereditariedade, bem como as características e especificidades dos cromossomos, genes, DNA e RNA foi um importante avanço para a humanidade, pois possibilitou a compreensão da evolução humana. Como?
Fatores de mutação, migração, seleção, além das taxas de reprodução, que são transmitidas para outros seres por meio da hereditariedade podem explicar a ocorrência desse desenvolvimento humano.
Não se pode deixar de enfatizar a relevância dessas descobertas para a saúde, seja pela possibilidade de descobrir e tratar doenças hereditárias que poderiam colocar em risco a vida de uma pessoa, como a capacidade de prever a ocorrência de uma possível doença genética em um grupo familiar.
Pode-se citar ainda melhorias em outros aspectos que impactam a vida humana, como o esclarecimento de crimes (estupros, homicídios), por meio de estudos do material genético, além da preservação de espécies ameaçadas de extinção, ou ainda o desenvolvimento da biotecnologia (estudo e criação de organismos geneticamente modificados e sua utilização para fins necessários) e o uso terapêutico das células-tronco.
Essas e muitas outras possibilidades conquistadas por meio da genética contribuíram e continuam beneficiando a vida dos seres humanos.