África até ao século XV
Durante milénios após o surgimento das primeiras comunidades, África
esteve organizada em chefaturas, reinos, estados e impérios de dimensões
variadas. Muitos dos territórios eram habitados por comunidades
nómadas, dadas as circunstâncias de vida que existiam, na altura, no
continente.
Após este período de tranquilidade interna, por volta do século VI,
começa o processo de fixação de estrangeiros no continente com a
chegada dos primeiros mercadores árabes que se fixaram na faixa oriental
do continente. A partir desta altura os mercadores árabes foram se fixando ao longo da costa, onde fundaram feitorias e entrepostos
comerciais.
Foi a partir destas feitorias e entrepostos que esses primeiros árabes
começaram a fazer o seu comércio com os africanos trocando tecidos,
missangas, artigos de loiça, etc., por ouro, marfim, peles, penas e outros. 

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Os estados africanos no século XV
Como pode, então, ver, caro estudante, no século XV África era um
continente afectivamente no qual a presença e influência estrangeiras
estavam reduzidas a alguns pontos na costa oriental. Numa primeira fase,
esses estrangeiros eram apenas os árabes que faziam comércio com as
comunidades africanas locais.
Você tem ideia de quando inicia a fixação europeia em África?
Como deve se recordar, porque estudou na 9ª classe, no século XV,
iniciou a chamada expansão europeia no mundo que levou à África os
primeiros europeus, particularmente para a costa ocidental do continente.
Desde esse período, e durante quatro séculos, os europeus foram se
fixando ao longo da costa dedicando-se ao comércio com as comunidades
africanas. Os europeus levavam de África ouro, marfim e escravos em
troca de armas de fogo, bebidas, tecidos e outros produtos
manufacturados pela indústria europeia.
Onde se fixaram os europeus durante a expansão europeia? Observe o
mapa 

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As rotas da expansão nos séculos XV - XVI
Como viu no mapa os europeus fixaram – se em diversas regiões do
mundo, sendo que no caso de África os locais de fixação foram a costa
ocidental e algumas regiões da costa oriental como Moçambique.
As Razões da Presença estrangeira em África
Que motivos ditaram a fixação dos europeus em África? Terá sido a
expansão europeia no século XX o início da dominação colonial em
África?
É claro que não! Tanto os árabes, a partir do século VI, como os
europeus, entre os séculos XV e XIX, fixaram-se em África apenas
movidos por interesses comerciais. A sua preocupação era fazer comércio
com as comunidades locais, obtendo, em troca, matérias-primas diversas
e escravos.
O povoamento, tanto por mercadores árabes como por europeus, estava
limitado a alguns locais ao longo da faixa costeira e as relações entre
africanos e europeus cingiam-se a esfera económica, comercial, pelo que
não havia qualquer forma de dominação dos povos africanos. Eram os
chefes africanos que estavam a frente dos seus reinos, estados e impérios
e controlavam a actividade produtiva e o comércio com os mercadores
estrangeiros.
Com a penetração mercantil europeia em África desenvolveu-se um
comércio ligando três principais pólos: África, Europa e América,
constituindo-se assim, aquilo que ficou conhecido, na história, pelo nome
de Comércio Triangular. A seguir vai estudar o que foi esse comércio
triangular. Atenção!
Comércio Triangular
Comércio Triangular é uma expressão utilizada para designar um
conjunto de relações comerciais, de carácter transcontinental, dirigidas,
essencialmente, por países europeus ligando as metrópoles e os vários
domínios ultramarinos. 

Era um comércio apoiado em três vértices geopolíticos e económicos:
Europa, África e América (Norte, Centro e Sul). Embora em plano
secundário existiam também relações comerciais com a Ásia.
O vértice europeu deste comércio assenta nas principais potências navais
e políticas do Velho Continente: Holanda, Inglaterra, França, Espanha e
Portugal.
Uma pergunta, legítima, que você coloca, deve ser, que produtos eram
comercializados nesse comércio?
Muito bem, caro estudante! Neste comércio, da Europa saíam produtos
manufacturados, como armas de fogo, rum, tecidos de algodão, ferro,
jóias de pouco valor, entre outros artigos. O destino principal era África,
onde levavam escravos em troca. Os compradores de escravos adquiriam
esta “mercadoria” de europeus ou africanos, quer no litoral quer no
interior. Muitas vezes eram colonos americanos a comprar directamente
em África escravos, sem intermediários europeus.
Da África saíam escravos para as minas e plantações das Américas. Em
troca de escravos os europeus levavam da América açúcar, tabaco,
moedas de ouro e prata (ou em barra, e até mesmo em forma de letras de
crédito de praças financeiras como Londres, Bordéus, Amesterdão,
Nantes, Antuérpia...).

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O comércio triangular
Então, pode-se falar da pilhagem do continente africano antes da
ocupação imperialista?
Claro que sim! Além de não conhecer o valor da sua produção, os
africanos não tinham a preocupação de obter riqueza através do comércio,
mas apenas conseguir aquilo que não produziam. Este facto levou a que
os africanos fossem facilmente enganados, fazendo com os europeus o chamado comércio desigual. Além do comércio desigual a pilhagem dos
povos africanos realizou-se através do tráfico de escravos, que retirou da
África o seu principal recurso - o Homem.