Dos tratados à Conquista Militar
Os tratados tanto afro - europeus, como bilaterais eram bastante diversos
em matéria de sua validade. Se é verdade que alguns dos tratados afroeuropeus eram legais, muitos eram indefensáveis ou simplesmente
condenáveis.
Com efeito muitos desses tratados foram rubricados como forma de os
africanos conseguirem uma melhor convivência com os europeus, que
eram claramente mais fortes, e não como aceitação dos africanos aos
termos dos acordos.

Noutras ocasiões, os africanos eram simplesmente ludibriados quanto ao
teor dos documentos assinados.
Em certas ocasiões, os africanos, por suspeitarem das razões apresentadas
pelos europeus para a conclusão desses tratados, recusavam e evitavam
participar deles. Contudo, devido a fortes pressões, acabavam por aceitar.
Muitas vezes, africanos e europeus divergiam sobre o verdadeiro sentido
do acordo a que tinham chegado. Para os chefes africanos esses tratados
eram acordos de cooperação que de forma nenhuma poderiam por em
causa a sua soberania. Entre os europeus a opinião sobre a validade dos
tratados eram variáveis. Uns achavam os tratados legítimos, enquanto
outros consideravam-nos fraudulentos. Contudo, muitos destes tratados
acabaram sendo validados pelo jogo diplomático europeu.
A legitimidade dos tratados bilaterais europeus que decidiam sobre os
territórios africanos, só podia ser admitida à luz do direito positivo
europeu, segundo o qual “a força é fonte de todo o direito”.
 Para os estadistas europeus era claro que a definição de uma esfera de
influência através de um acordo entre estados europeus não tinha
legitimidade para retirar soberania à região afectada. Assim as potências
amigas podiam aceitar o controlo de uma nação amiga sobre determinada
área considerada de sua influência, mas as potências inimigas, como é
óbvio, raramente cumpriam.
Portanto, os tratados só por si não tinham força suficiente para levar a
bom termo a ideia de conquista de África. A efectivação da ocupação do
continente só podia ser assegurada pela via militar. 

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O estados da África Ocidental nas vésperas da partilha

A Conquista Militar
A Conquista Francesa
Os franceses foram os que mais se destacaram no recurso à força militar.
O facto de a missão de conquista ter sido confiada aos militares explica a
primazia da opção militar no esforço de conquista.
Na África Ocidental os franceses avançaram do Alto ao Baixo Níger,
num percurso que os levou a subjugar sucessivamente o reino de Caior de
Lat Dior Diop em 1886, o império Soninke de Mamadu Lamine em 1887,
o império Mandinga de Samori Touré em 1898 e o império Tukulor de
Ahmadu entre 1889 e 1891. Ainda na África Ocidental os franceses
ocuparam a Costa do Marfim e a Guiné Francesa em 1893 e em 1894
concluíram a conquista do Daomé.
Nos finais dos anos 1890 todo o Gabão tinha sido tomado e reforçadas as
posições francesas na Argélia e Madagáscar.
A Conquista Britânica
Teve como ponto de partida as suas possessões na Costa do Ouro e na
Nigéria. A pretensão inicial era bloquear o avanço francês para o Baixo
Níger e para o interior do reino Ashanti.
Contrariamente aos franceses, os ingleses não eram favoráveis a elevados
gastos com as campanhas de ocupação. Assim, para os ingleses a opção
militar só foi considerada quando a diplomacia não surtia os efeitos
desejados.
As conquistas britânicas levaram à ocupação de Ashanti em 1901, ano em
que os territórios a norte deste reino, ocupados em 1896 e 1898, foram
formalmente anexos.
Partindo de Lagos, os ingleses lançaram-se à conquista da Nigéria. Em
1893 o reino Yoruba foi proclamado protectorado e no ano seguinte
conquistado o reino Itsekiri. Em 1887 o rei Jaja de Opobo caiu numa
cilada do cônsul britânico, preso.
Nos últimos anos de 1890 Brass e Benin foram também conquistados.
Portanto, cerca de 1900 todo o sul da Nigéria estava ocupado pelos
ingleses.
A conquista do norte da Nigéria partiu de Nupe, uma área sob influência
da companhia inglesa Royal Niger Company. Aqui as principais
conquistas foram sobre Ilorin em 1897 e do sultanato de Sokoto em 1902

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O Avanço europeu na África Ocidental
No norte do continente, os ingleses já controlavam o Egipto, e em 1898
reconquistaram o Sudão com o objectivo de travar o avanço francês.
Na África Oriental os ingleses declararam o Zanzibar protectorado em
1890 e aquela ilha passou a ser a rampa de lançamento das campanhas
para o controlo do Uganda - protectorado desde 1894 e ocupado
efectivamente em 1899 - e do Quénia no início do século XX.
Na África Central e Austral a conquista esteve a cargo da British South
Africa Company (BSAC) fundada e encabeçada pelo magnata dos
diamantes Cecil Rhodes que ocupou a Matabelelândia (Zimbabwe) em
1893 e Mashonalândia (Zâmbia) em 1901. A última guerra no sul
envolveu ingleses contra boers, na África do Sul, entre 1899 e 1902.
Os alemães dominaram o Sudoeste Africano (Namíbia) no final do século
XIX, o Togo em 1897-98, os Camarões em 1902 e o Tanganyica em 1888
- 1907.
Os portugueses iniciaram as campanhas de ocupação, por volta do ano de
1880 e terminaram cerca de 1920 com a dominação de Angola, Guiné
Bissau e Moçambique.
A Bélgica logrou consolidar a ocupação do Estado Livre do Congo em
1892 - 95 enquanto a conquista de Katanga foi concluída no início do
século XX.
Os italianos que ocuparam Eritreia (1883) e Somália (1886) foram
derrotados pelos etíopes na sua tentativa de ocupar seu território. A norte de África os italianos tomaram a Tripolitânia e Cirenaica (Líbia) em
1911, enquanto Marrocos resistiu até 1912 quando foi repartida entre a
França e Espanha.
Portanto, nas vésperas da Primeira Guerra Mundial todo o continente
africano, exceptuando a Libéria e Etiópia, achava sob domínio europeu