As Teorias Sobre a Partilha
No âmbito das tentativas de explicar a questão da partilha sobressaem
quatro teorias ou grupos de teorias, nomeadamente a teoria económica, as
teorias psicológicas, as teorias diplomáticas e a teoria da dimensão
africana.
Agora, você, vai ver cada uma das posições teóricas assumidas, para
explicar a problemática da partilha. 

Teoria Económica
Como o próprio termo já sugere, esta teoria sustentava que a partilha de
África tinha motivações económicas, especialmente, ligadas ao
desenvolvimento económico da Europa.
“A super- produção, o excedente de capital e o sub consumo dos países
industrializados levaram-nos a colocar uma parte crescente de seus
recursos económicos fora de sua esfera política actual e a aplicar
activamente uma estratégia de Expansão política com vista a apossar-se
de novos territórios”
Como se pode ver no extracto a conquista de África é aqui explicada por
motivos económicos, nomeadamente o facto de a Europa ter atingido um
tal nível de desenvolvimento que se tornava necessário expandir-se para
fora dos seus limites territoriais.
As Teorias Psicológicas
São teorias que procuram explicar a partilha por razões de ordem
psicológica. Neste grupo temos três teorias:
Darwinismo Social – Baseia-se na teoria de selecção natural de Charles
Darwin segundo a qual “na luta pela vida, as espécies mais fortes
dominam as mais fracas”. Partindo desta ideia, o Darwinismo social
explica a partilha de África como a manifestação desse processo natural e
inevitável.
Cristianismo Evangélico – Considera que a partilha deveu-se a um
impulso missionário e humanitário com o objectivo de regenerar os povos
africanos.
Atavismo Social – Sustenta-se no pressuposto psicológico de que o
homem tem um desejo natural de dominar o próximo só pelo prazer de
dominá-lo. Assim a partilha de África seria um egoísmo nacional
colectivo que se manifesta na disposição, sem objectivos que o Estado
manifesta de expandir- se ilimitadamente pela força.
As teorias psicológicas dão alguma explicação sobre por que a partilha
foi possível e considerada. Porém, nenhuma delas consegue explicar
porque essa partilha se deu num determinado momento histórico.
Por exemplo, por que é que o atavismo social ou o Darwinismo se
manifestaram exactamente naquele momento e não no século XV ou no
século XVII?
Teorias Diplomáticas
Este grupo de teorias dá uma explicação política da partilha e oferece
suporte específico e concreto às teorias psicológicas, pois permitem ver
os egoísmos nacionais dos Estados europeus.

As Principais Teorias Diplomáticas São:
Teoria do prestígio nacional - Sustenta que o imperialismo era um
fenómeno nacionalista movido por um forte desejo de afirmação de
prestígio nacional. Para os defensores desta teoria, após consolidar e
redistribuir as cartas diplomáticas no seu continente, os europeus eram
incitados por uma força obscura, atávica, que se exprimia por um desejo
de manter ou de restaurar o prestígio nacional.
Teoria do Equilíbrio de forças - Defende que o desejo de paz e de
estabilidade dos Estados europeus foi a causa principal da partilha da
África. Segundo esta teoria desde que em 1878 os estadistas europeus
pararam com os conflitos em solo europeu, os motivos de conflito
passaram para África e Ásia.
Porém, quando os conflitos de interesses na África começaram a ameaçar
a paz na Europa, as potências europeias decidiram partilhar a África. Era
o que se impunha para salvaguardar o equilíbrio diplomático europeu
estabilizado nos anos de 1880.
Estratégia global - Considera que a partilha da África foi determinada
por uma estratégia global. Segundo esta teoria a influência dos
movimentos proto nacionalistas na África que ameaçavam os interesses
estratégicos globais das nações europeias é que esteve na origem da
partilha.
Portanto, foram as lutas desses movimentos que forçaram os estados
europeus, até então satisfeitos pelo controlo discreto do continente, a
partilhar e conquistar a África contra a vontade. Portanto, a África teria
sido partilhada porque ameaçava os interesses globais das nações
europeias.
Teoria da Dimensão Africana
Todas as teorias expostas até aqui referem-se a África no contexto da
história europeia. Impõe-se contudo, analisar a partilha da África também
na perspectiva da História africana. Nesse contexto, surgiu a teoria da
dimensão africana segundo a qual a partilha de África foi resultado do
longo período de roedora do continente iniciada no século XV. Portanto a
partilha mais não seria, senão o culminar do longo processo de
delapidação do continente iniciada com a chegada dos primeiros europeus
a África.

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