Enquadramento Geográfico
A África Central e Austral, compreende uma série de territórios
localizados a sul do equador não incluindo a costa oriental e o extremo
sul do continente. Actualmente encontram-se nesta região a República
Democrática do Congo, Zâmbia, Zimbabwe, Malawi, Moçambique,
Angola, Namíbia.
Nas vésperas da partilha do continenente africano existiam nesta região
central e austral inúmeras formações políticas das quais se destacam os 

Estados Lunda e Luba na actual RDC, os Estados Humbe e Chokwe em
Angola, Matabeland, (Zimbabwe) Mshonaland (Zâmbia) Niassaland
(Malawi), o Estado de Gaza, os Estados Militares do vale do Zambeze e
os Estados Ajaua, em Moçambique, bem como várias outras formações
políticas menores. 

filotchila_48394b6dbda005bad53d4369264a0518.png

Em geral, todos os grupos sócio-políticos da região tentaram resistir à
ocupação europeia.
A resistência na África central foi conduzida em diferentes etapas,
visando três objectivos principais:
• Manter a soberania das sociedades africanas;
• Corrigir alguns abusos do regime colonial e;
• Destruir o sistema estrangeiro instalado.
As acções de resistência começaram a se manifestar claramente depois de
1880, altura em que os povos da região enfrentaram, claramente, a
ameaça que a presença europeia representava para a sua soberania.
Para todos eles o objectivo da resistência era impedir a ocupação, mas as
estratégias, a composição étnica, a intensidade da luta e o grau de êxito
alcançado foram bastante variados.
Algumas formações políticas africanas como os nguni da Niassalândia, os
Báruè, os yao, os macua, os Yeke, os Chicunda, os Ovibundo, os Chokwe
entre outros, ofereceram forte resistência aos europeus na região.
Mas a opção de confronto não foi prática em todas as formações
africanas. Algumas houveram que tentaram aliar-se aos europeus.
Gungunhane, antes de se envolver em confronto com os portugueses,
negociou, tanto com os britânicos, como os portugueses. O mesmo
ocorreu entre os hehe e o alemão Karl Peters e ainda com os Bemba e os
britânicos. 

Houve ainda reinos africanos, particularmente do Congo, que começaram
por submeter-se pacificamente, antes de decidir juntar forças e lutar pela
independência. Os Yaka, os Buja e os Boa contam-se entre os que
optaram por esta estratégia.

Sudoeste Africano
A resistência contra a ocupação alemã foi desencadeada pelos herero e
pelos Nama duas das maiores tribos da região. Nesta região Witboi foi o
principal líder da resistência.
Os alemães já se tinham instalado no Sudoeste Africano desde meados do
século XIX e no âmbito da corrida imperialista, nos anos 80, encetaram o
avanço para o interior, do que resultou o choque com os ingleses
entretanto resolvido através dos chamados trados bilaterais.
O choque com os nativos eclodiu por volta de 1904, quando as
populações, agastadas com a dominação colonial aproveitaram a retirada
de parte das tropas alemãs para atacar os alemães destruindo fazendas e
matando cerca de 100 alemães.
Fazendo uso do seu enorme arsenal, os alemães retaliaram. Sob liderança
de Von Trotha, os alemães desencadearam uma guerra total contra os
herero. O balanço foi devastador: cerca de 80% da população morta,
cerca de 14000 encarcerados e perto de 3000 refugiados incluindo o chefe
Samuel Maherero. Igualmente, foram confiscadas as terras e o gado e
proibida a formação de instituições étnicas e a prática de cerimónias
tradicionais.
Moçambique
A resistência à ocupação colonial, em Moçambique, apenas uma
referência sumária da mesma.
No nosso país a resistência iniciou, de forma sistemática, cerca de 1894
quando os portugueses iniciaram a conquista no sul, onde se encontrava o
Estado de Gaza.
Como uma das maiores e mais fortes unidades políticas do país, o Estado
de Gaza revelava-se particularmente importante no contexto da conquista
de Moçambique pelos estrangeiros.
 Por um lado, ocupar Gaza significava conquistar um ponto de partida de
grande valia para as acções posteriores.
Por outro lado derrotar Gaza iria desencorajar a resistência de outros
estados menos poderosos.
Após subjugar Gaza, em 1895/7, foram também dominados, entre finais
do ´seculo XIX e princípios do século XX o Centro e Norte de 

Moçambique. Tanto numa como noutra região assistiu-se a uma notável
resistência que só foi definitivamente eliminada entre 1917 e 1920, com a
queda do Estado de Báruè e do planalto dos Macondes.
Ao longo do processo de resistência em Moçambique destacaram-se
vários reis e guerreiros entre os quais:
• Ngungunhane, Nwamantibjane, Mabjaia, Maguiguane, no Sul do
país;
• Hanga, Mafunda, Cambuemba, Cabendere, na região Central;
• Mucutu-munu, Komala, Kuphula, os xeiques Molid-Volay,
Faralay e Suali Bin Ibrahimo, no Norte

pdf