Estrutura da população

A composição de uma população também pode ser analisada com base na distribuição da mesma por idade e sexo. Este tipo de abordagem permite-nos saber se o país ou região possui uma população jovem, velha ou adulta, em que proporção se repartem esses grupos de idades, bem como a relação de homens e mulheres. A referida constatação dá-nos a possibilidade, por exemplo, de planificar melhor as necessidades dos jovens, o número de professores, escolas, etc.

 

A população também pode ser estudada tendo em conta as actividades socioprofissionais, o que nos dará um quadro estatístico das pessoas nos vários sectores e, assim, poderemos conhecer o nível de desenvolvimento económico do lugar, o que é importante para planificarmos o futuro.

Estrutura etária e sexual da população

A população de um pais, província ou distrito pode ser representada através de um gráfico designado por pirâmide etária ou de idades, onde também se pode observar a distribuição etária por sexo.

 

Na pirâmide, a população está disposta por idades ou classes de idades (geralmente com intervalos de Cinco anos).

 

Tabela 8: População por sexo e grupos de idade, 2003 (milhares)

Idade

0-4

5-9

10-14

15-19

20-24

25-29

30-34

35-39

 

Homens

1586

1317

1211

999

801

634

535

439

 

Mulheres

1545

1302

1219

988

839

813

716

533

 

Idade

40-44

45-49

50-54

55-59

60-64

65-69

70-74

75-79

+80

Homens

355

284

226

173

131

98

65

36

26

Mulheres

413

329

262

207

159

117

79

43

32

Fonte: INE, Projecções Anuais da População

Em termos de idade, a população pode ser agrupada em três grandes grupos: jovens, adultos e velhos.

     O grupo dos jovens abrange a população compreendida entre os 0 e os 14 anos (o limite varia de país para país; o dos adultos, a população entre os 15 e os 65 anos; e o dos velhos, todos aqueles que tiverem mais de 65 anos.

    Assim, a população de um país classifica-se em jovem, adulta ou velha, dependendo da percentagem dos grupos ou da configuração da pirâmide.

 

A pirâmide etária de Moçambique possui uma base (dos jovens) muito larga, sinônimo de uma elevada taxa de natalidade e não muito alta mortalidade infantil.

     O topo (idade dos velhos) é curto e estreito, o que significa que há poucos idosos, sinônimo de que a esperança de Vida é curta.

     A taxa de crescimento natural é alta; é um tipo de população que garante o futuro do pais, mas que também obriga o Estado a fazer grandes gastos nas áreas da Educação, Saúde, etc.

O índice de envelhecimento é, muitas vezes, considerado um indicador de desenvolvimento.

A pirâmide etária permite-nos conhecer muitos aspectos relacionados com o comportamento da população relativamente ao tipo de população, esperança média de Vida, população activa, influência das guerras, migrações, epidemias.

 

Vocabulário:

Epidemia – doença que ataca muitas pessoas ao mesmo tempo e no mesmo lugar.

Estrutura da população – distribuição da população por idade, sexo e profissão.

 

 

Geralmente, num país, há mais mulheres do que homens. Moçambique possui 52% de mulheres e 48% de homens. Importa referir que esta proporção varia com a idade. Nas primeiras idades, há mais rapazes do que raparigas, mas a partir da idade adulta a situação começa a inverter-se. A menor percentagem de homens em relação de mulheres é causada pelo facto de aqueles estarem mais expostos a acidentes de trabalho e a vícios, prejudiciais a saúde (alcoolismo, tabagismo e drogas). Hoje, pensa-se que a natureza biológica do homem também influi nessa diferença.

Estrutura sectorial da população

A população desenvolve, ao longo de séculos, diversas actividades para o seu bem-estar social produz comida e vestuário, constrói habitações, faz estradas, etc.

    Mas nem toda a população de um pais trabalha. Existem aqueles que apenas estudam, os que são reformados ou ainda os que estão física ou mentalmente incapacitados.

 

População inactiva — parte da população que não exerce nenhuma actividade remunerada, como os reformados, as crianças, os jovens, as donas de casa e as pessoas que vivem de rendimentos.

População activa — parte da população que exerce uma actividade remunerada, incluindo os desempregados. Não inclui as crianças, os reformados e os que possuem uma incapacidade física ou mental para exercerem uma actividade.

Sector Primário — engloba actividades ligadas a exploração da terra: agricultura, criação de gado, silvicultura, pesca e caça.

Sector Secundário – inclui a actividade industrial (transformadora e extractiva), obras públicas, construção civil, distribuição de água e energia.

Sector Terciário — é também conhecido por «serviços»; compreende todas as actividades não incluídas nos sectores primário e secundário: comércio, transportes, educação, saúde, banca, seguros e profissões liberais.

 

As diferentes actividades praticadas pela população estão agrupadas em três grandes sectores ou grupos: primário, secundário e terciário.

 

O grau de desenvolvimento socioeconómico de um pais pode ser medido pela percentagem de distribuição da população por esses sectores.

 
Fig.1: Distribuição da população por sectores de actividade.

 

Como se pode observar, o sector primário congrega a maior parte da população activa. Isto significa que a agricultura está pouco desenvolvida e emprega uma tecnologia rudimentar, razão pela qual é necessária muita mão-de-obra para produzir o suficiente para a alimentação e venda. A indústria, também pouco desenvolvida, ainda não está em condições de fornecer tecnologia avançada à agricultura.

     Esta é uma situação que ainda prevalece em Moçambique e em muitos PVD.

 

Tabela 9: Distribuição actual da população activa por sectores de actividade segundo o nível de desenvolvimento socioeconómico de alguns Países Desenvolvidos (PD) e Países em Via de Desenvolvimento (PVD) – 2000.

 

Países/sector

Primário (%)

Secundário (%)

Terciário (%)

EUA

3

26

71

França

5

29

66

Brasil

23

23

54

Argentina

12

32

55

RAS

14

32

55

Moçambique

71

11

18

 

A existência de técnicas agrícolas tradicionais e instrumentos de produção rudimentares implica o recurso à mão-de-obra abundante. A agricultura tradicional reflecte também o baixo nível de instrução da população activa no sector primário.

 

No futuro, com o desenvolvimento da indústria, esta passará a necessitar de mais mão-de-obra; o sector primário diminuirá, dado que se introduzem tecnologias e técnicas mais avançadas, substituindo assim os trabalhadores, que por sua vez se integrarão nos sectores secundário e terciário. A produção agrícola aumentará, fruto do desenvolvimento industrial. 

    Os serviços passarão a ser cada vez mais solicitados, para fazer face aos novos desafios do desenvolvimento económico, na área dos transportes, banca, formação, etc.

Distribuição da população

A densidade populacional, bem como a distribuição da população, é fruto da combinação de factores mais ou menos convergentes. Por exemplo, o relevo deve combinar com um clima de altitude favorável, precipitação suficiente, solos férteis, etc. Isto significa que deve haver uma correlação mais ou menos favorável entre o relevo, o clima, a hidrografia e os solos.

Globalmente, pode afirmar-se que as áreas com pouca população coincidem com os lugares cujas características físicas são hostis fixação do Homem, como são os casos do clima tropical seco, dos desertos e da floresta densa.

A população de Moçambique não se distribui de igual forma. Existem zonas com poucas pessoas e outras com muita gente.

Tabela 10: Distribuição da população por província e densidade comparada (projectada) - 2005

Província

População

Superfície (km2)

Densidade (hab/km2)

Niassa

999 332

82 625

12,0

Cabo Delgado

1 617 165

129 061

7,5

Nampula

3 676 003

81 606

43,7

Zambézia

3 710 011

105 008

34,7

Tete

1 511 832

100 724

14,5

Manica

1 320 232

61 656

20,8

Sofala

1 637 821

68018

23,3

Inhambane

1 381 023

68 615

20,4

Gaza

1 304 798

75 709

17,6

Maputo (província)

1 044 946

26 058

41,2

Maputo (cidade)

1 216873

197

609,1

TOTAL

19 420 036

780 390

24,3

Fonte: INE

Para além das diferenças de população absoluta entre as províncias, também existem desequilíbrios entre regiões.

Mas quais são as causas que explicam esta irregular distribuição? Muitos factores contribuem para esta desigual distribuição, sendo de destacar os físico-naturais e os socioeconómicos.

Factores de distribuição da população

  1. a)Físico-naturais

Clima – O clima é um dos factores que mais influencia a distribuição da população. É do teu conhecimento que a temperatura e a pluviosidade constituem os dois elementos mais importantes na caracterização climática, influenciando não só o organismo humano, mas também as diversas actividades produtivas, particularmente as agrícolas, que são a base do sustento do Homem.

 

A população moçambicana tende a fixar-se nas zonas com clima tropical húmido, em particular no litoral, dadas as condições favoráveis de pluviosidade para a prática da agricultura que aí se verificam.

 

Relevo – Nas grandes regiões montanhosas, a população vai diminuindo à medida que a altitude aumenta, devido à diminuição da temperatura e da pressão atmosférica.

Dada a sua configuração acidentada, as montanhas não facilitam a prática agrícola, dai que registem fraca densidade populacional.

 

Vegetação — Nas florestas tropicais, devido às suas características exuberantes, de cobertura continua, árvores de grande porte, muito altas e densas, o povoamento é reduzido devido à dificuldade de circulação.

Outras áreas, também de povoamento reduzido, são as zonas de estepe, onde a vegetação é escassa e pobre, como é o caso do interior de Gaza.

Água — Em muitas áreas, particularmente no continente africano, a água exerce uma influência importantíssima. Com uma população predominantemente rural e actividades baseadas na agricultura (praticada sob a dependência das condições naturais, nomeadamente, água e solo), a população concentra-se onde este precioso líquido existe, tanto sob a forma de rios, como de lagoas ou lagos.

Portanto, a população, ao fixar-se próximo das zonas onde existe a água, procura não só satisfazer as suas necessidades básicas, na área doméstica, mas também beneficiar dos solos húmidos e ricos em húmus das margens dos rios e lagos, que resultam das cheias periódicas que aí se verificam. Portanto, os vales dos rios têm sido áreas de grandes densidades populacionais, sendo disso exemplos os vales dos rios Zambeze e Lúrio.

Solos — As características dos solos também influenciam a fixação da população. Solos pobres, como os ferralíticos, não favorecem o povoamento, dado carecerem das propriedades que são benéficas para a prática da agricultura.

Os solos aluvionares existentes para ao longo dos vales dos rios, por exemplo dos rios Limpopo e Zambeze, constituem áreas de forte atracção da população.

  1. b)Socioeconómicos

As indústrias e serviços necessitam de mão-de-obra. O desenvolvimento industrial atrai também outras indústrias e muitas outras actividades que complementam as actividades principais. Por isso, há necessidade de mais mão-de-obra e, consequentemente, de mais população. Isto faz com que as capitais provinciais registem grandes aglomerados populacionais, estando a maior parte das pessoas nos subúrbios, com condições precárias de higiene.

As cidades têm sido palco de atracção da população, pois é ai que esta procura melhores condições de Vida. O movimento massivo da população para as áreas urbanas deve-se à degradação da Vida rural.

Em Moçambique, a cidade de Maputo é a mais densamente povoada, com mais de 3300 hab/km2.

Actualmente, as grandes vias de comunicação atraem muita população, dadas as diversas actividades industriais e comerciais que se desenvolvem ao longo dos corredores - casos da Estrada Nacional No 1 corredores da Beira e Nacala, e a recentemente construída estrada de Maputo-Witbank.

As áreas costeiras, pelas facilidades que oferecem de comunicação com o interior, aliadas às actividades pesqueiras, constituem áreas de forte concentração da população.

A necessidade de estarem perto de hospitais melhor apetrechados, de escolas secundárias e superiores constitui um factor social que origina a concentração da população nas zonas urbanas, como é o caso, por exemplo, de Nampula, Beira, Quelimane, Maputo e Xai-xai.

Em suma, as zonas mais povoadas são as do litoral, devido ao clima tropical chuvoso e à pesca, as cidades, pelas condições sociais e económicas que oferecem, os vales dos rios, por causa da fertilidade dos solos e das possibilidades de irrigação, e as principais vias de comunicação.

Tabela 11: Países africanos mais populosos (2002)

Países

População

Superfície (km2)

Densidade (hab/km2)

Nigéria

116 000 000

923 768

125,5

Etiópia

64 500 000

1 221 900

52,7

Egipto

69 100 000

1 001 449

69,0

R.D. Congo

52 500 000

342 000

153,5

RAS

43 800 000

1 221 037

35,8

Tanzânia

36 000 000

945 087

38,0

 

Tabela 12: Alguns países do mundo com forte densidade populacional

Países

Hab/km2

Continente

Mónaco

16 316

Europa

Singapura

6 452

Ásia

Vaticano

2 273

Europa

Países baixos

385

Europa

 

Tabela 13: Alguns países do mundo com fraca densidade populacional

Países

Hab/km2

Continente

Mongólia

1,5

Ásia

Namíbia

1,9

África

Mauritânia

2,5

África

Bolívia

7,4

América do Sul

 

Bibliografia

NONJOLO, Luís Agostinho; ISMAEL, Abdul Ismael. G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo, 2017.