Podemos perceber o ambiente vendo, ouvindo, cheirando, apalpando, sentindo sabores. Recebemos informações sobre o meio que nos cerca. Ao processá-las em nosso cérebro, nós as interpretamos, seja como sinais de perigo, sensações agradáveis ou desagradáveis, etc. Depois dessa interpretação, respondemos aos estímulos do ambiente, interagindo com ele. Qualquer comprometimento de um desses centros pode acfetar notavelmente a capacidade de percepção do sentido pelo qual ele responde. Para o correto processamento de qualquer dos sentidos, o organismo dispõe sempre de 03 categorias de estruturas particulares:

  • Estruturas receptoras
  • Estruturas condutoras
  • Estruturas transformadoras

As estruturas receptoras compreendem não só os chamados órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, nariz, língua e pele), que recebem os estímulos externos e mostram alto nível de especialização para transformar o estímulo num impulso nervoso ou potencial de ação que vá direto ao cérebro, mas também abrangem receptores sensoriais de dimensões microscópicas ou, pelo menos, muito pequenos, espalhados na superfície ou na profundidade dos músculos e das vísceras e que respondem pelos estímulos que se passam interiormente, no corpo. Assim, podemos distinguir, entre os receptores sensoriais, 03 tipos básicos:

A – Éxteroceptores – representados pelos órgãos dos sentidos, situados na periferia do corpo e que recebem estímulos externos. Compreendem os olhos, ouvidos, corpúsculos sensoriais do tato distribuidos na pele, corpúsculos do gosto situados nas papilas da língua e terminações nervosas do nervo olfativo na mucosa pituitária do nariz.

B – Ínteroceptores – representandos pelos nódulos carotídeos e aórticos, que percebem as variações de teor do dióxido de carbono e do oxigênio no sangue, controlando o ritmo respiratório e o ritmo cardíaco do indivíduo, pois atuam sobre o bulbo (o primeiro deles), estimulando o centro respiratório, e sobre o nódulo sino-atrial (o segundo deles), acelerando os batimentos cardíacos. Também as terminações nervosas ao nível das vísceras atuam como ínteroceptores, permitindo a sensibilidade profunda dos órgãos. É graças a esses interceptores que pode-se sentir uma dor de estômago, uma cólica uterina ou intestinal, a incomodidade de uma cistite, a dor de um espasmo de vesícula ou a provocada por um cálculo renal.

C – Próprioceptores – são receptores muito especiais situados no interior dos músculos estriados esqueléticos, que transmitem ao cérebro os estímulos indicativos do grau de concentração ou relaxamento muscular. Em função desses receptores, o indivíduo pode deduzir a altura a que elevou o pé ao subir um degrau, mesmo sem olhar para ele. Os distúrbios desses receptores ocasionam as ataxias locomotoras (a pessoa passa a andar arrastando os pés, sem tirá-los do chão e, ao subir ou descer uma escada, tem de olhar os degraus, um a um, para não cair).

As estruturas transformadoras correspondem às áreas específicas para cada um dos sentidos, dentro do complexo mapeamento do córtex cerebral. O centro da visão, o centro da audição, o centro do olfato etc., são zonas que atuam como as estruturas transformadoras de impulsos nervosos em noção de visão, audição, olfato, respectivamente.

VISÃO:

O globo ocular é um órgão ligeiramente oval, com o seu maior diâmetro no sentido ântero-posterior. Mostra-se encaixado na arcada orbitária e preso a ela por seis músculos, cujas contrações e relaxamentos determinam os movimentos oculares. Esses músculos são comandados por dois pares de nervos cranianos. Portanto, os movimentos dos globos oculares nada têm a ver com o nervo óptico, que é simplesmente sensitivo.

AUDIÇÃO: A audição é o sentido que nos permite perceber os sons e os ruídos. Os sons decorrem de movimentos ondulatório do ar, regulares, homogêneos, dentro de certa frquência entre 16 e 20.000 hertz. O hertz (Hz) é a unidade de frequência que corresponde a 01 ciclo (01 movimento ondulatório) por segundo.

A porção receptora do nosso aparelho auditivo. Ele compreende três segmentos: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno.

OLFATO: O olfato é o sentido que nos permite perceber e distinguir os mais variados cheiros que ocorrem na natureza. Seu órgão receptor é o nariz, ou, mais precisamente, a mucosa pituitária olfativa, que reveste as partes mais profundas das fossas nasais. Na mucosa pituitária se localizam células nervosas, dispostas entre as células epiteliais desse tecido. As células nervosas têm os seus dendritos terminando em botões que agem como quimiorreceptores. Moléculas ou partículas adoríficas provenientes do meio ambiente tocam esses botões e assim procedem como fonte de estímulo para o aparecimento de uma resposta, um impulso nervoso, representado por um potencial de ação. Esse potencial de ação é conduzido pelo nervo olfativo ao centro do olfato, no córtex cerebral, onde ele é processado e interpretado como a percepção de um cheiro. Para que a partícula odorífica impressione os botões olfativos da mucosa pituitária é necessário que haja umidade nesta última, pois parace haver uma reação química entre alguma substância própria da estrutura receptora e o agente estimulante. Em 1.960, John Amoore, da Universidade de Oxford (Inglatera), lançou a hipótese de que os botões sensitivos do nervo olfativo, na mucosa pituitária, teriam conformações especiais (quimiorreceptores dendríticos) onde se encaixariam perfeitamente as partículas odoríficas. Estas, por sua vez, de distribuiriam, quanto às suas formas, em sete tipos fundamentais, correspondentes a sete odores básicos: cânfora, almiscar, floral, menta, éter, penetrante e putrefato. A maioria das substâncias, segundo Amoore, eliminaria mais de um desses tipos básicos de partículas odoríficas. A combinação dos tipos com devidos percentuais atuando sobre os terminais sensitivos do nervo olfativo determinaria uma análise combinatória capaz de justificar o incontável número de odores distintos que conhecemos.

PALADAR: A percepção do paladar também decorre de um processo de reação química entre partículas provenientes do meio externo e quimiorreceptores localizados na superfície das papilas gustativas, na língua. Então olfato e paladar têm algo em comum: o estímulo se processa por meio químico, daí se desencadeando um impulso nervoso, que vai a uma região específica do córtex cerebral para ser interpretado como “sensação de gosto”. A língua é um órgão musculoso, situado na base da cavidade bucal. Tem uma forma cônica. Além da sua função gustativa participa na deglutição e na articulação das palavras. Nela podemos distinguir uma proção faríngea e outra oral. É constituída por um esqueleto osteofibroso e músculos. É oportuno lembrar, entretanto, que as papilas linguais se dividem em dois grupos elementares: as papilas gustativas e as papilas táteis. Estas últimas não percebem o gosto das coisas, sãofiliformes e contém, na sua estrutura, filetes nervosos que lhe dão a capacidade de detectar a presença de um finíssimo fio de seda sobre a língua. Já as papilas gustativas, que podem ser caliciformes (em forma de cálice), fungiformes (em forma de cogumelo de chapéu) ou filiformes (em forma de fios), possuem na sua superfície os botões gustativos ou corpúsculos do gosto, formados por células nervosas cujas ramificações se continuam ao longo do nervo glossofaríngeo (9º. par craniano), que é nervo condutor dos estímulos do gosto ao centro do paladar no córtex cerebral.

As papilas caliciformes são grandes e se mostram na parte posterior da língua, formando um V aberto para a frente e o vértice voltado para a garganta. Essas papilas são altamente sensíveis ao sabor amargo. As papilas fungiformes sedistribuem por outros setores da língua, e conforme a natureza dos botões gustativos que possuem, são mais sensíveis ao sabor doce, ou ao sabor salgado, ou ao sabor ácido (azedo). Na verdade, a conclusão final do gosto de um alimento, de uma bebida ou de uma guloseima qualquer depende da associação de dados fornecidos ao cérebro não só pelas papilas gustativas, mas também pelas papilas táteis e até mesmo pela mucosa pituitária. Afinal, é de uma complexa análise combinatória entre os quatro sabores básicos (amargo, doce, salgado e azedo) e mais a consistência (sólida, pastosa, líquida, espumante, gelatinosa, crocante etc) a temperatura (gelado, frio, morno, quente) e o cheiro do material ingerido que resulta o reconhecimento de um determinado sabor.

TACTO: O tacto pode ser entendido não só como a percepção do leve roçar de algo suave sobre a pele como, também, as percepções de dor, calor, frio e pressão sobre qualquer ponto da superfície corporal, por ação de um estímulo esterno. Para tanto, a pele é dotada de dois tipos de estruturas sensoriais: as terminações nervosas livres e oscorpúsculos do tato. As terminações nervosas livres compreendem os terminais dendríticos de neurônios que transmitem ao cérebro (ao centro da dor do córtex) os estímulos dolorosos como picadas de agulha ou de insetos, cortes, queimaduras, beliscões, tapas etc. Os corpúsculos do tato abrangem quatro variedades, todas com estruturaneuroepitelial, porém com dimensões, localizações e especializações funcionais diversas:  corpúsculos de meissner, corpúsculos de pacini, corpúsculos de krause , corpúsculos de ruffini e os corpúsculos de krause