O conceito de alcoolismo surgiu no sec. XVIII quando a produção do álcool destilado, por consequência da revolução industrial começou a ser maximizada.

O consumo de álcool pode ser entendido como alcoolismo quando se verifica em indivíduos que consumiram bebidas alcoólicas de forma contínua e excessiva, durante um longo período de tempo e este leva à um conjunto de manifestações patológicas do sistema nervoso, nas esferas psíquica, sensitiva e motora. Quando este consumo para além de excessivo de torna-se quase que vital, é entendido como Síndrome de Dependência do Álcool (SDA).

O consumo excessivo do álcool nem sempre leva à DAS pois, segundo retratam Heckmann e Silveira (s.d) nem todas as pessoas estão igualmente propensas a se tornar dependentes do álcool. Para que a DAS ocorra, é fundamental que haja vulnerabilidade e susceptibilidade à dependência, ditadas por condições biológicas, psicológicas, sociais e ambientais do consumidor.

Na maioria dos casos os dependentes são indivíduos que de certa forma não conseguem gerir os seus conflitos individuais ou internos, sociais e económicos e encontram no álcool um refúgio. Este consumo inicia de forma moderada e ao longo do tempo o indivíduo torna-se mais tolerante, o que faz com que o consumo cresça em proporcionalidade direta com as frustrações até ao ponto em que o álcool se incorpora no modus vivendi destes indivíduos.

A maioria dos indivíduos tem o seu primeiro contacto com o álcool na adolescência, por volta dos quinze anos de idade e o pico de consumo ocorre normalmente aos 35 anos. Em Moçambique, Decreto nº 54/2013, de 07, nos Artigos 5, 6 e 10 deixa bem explicita a proibição de consumo e venda de bebidas alcoólicas aos menores de 18 anos, é frequente encontrar adolescentes que consumem e abusam do álcool, principalmente em casas noturnas. Pela indiferença a nível social e político, apesar da existência de proibição, este ato muitas vezes é tido como moralmente aceitável.

Diagnóstico do alcoolismo

Embora a SDA seja bem estudada e seu quadro clínico seja bem estabelecido, muitas vezes passa despercebida mesmo em avaliações psiquiátricas. O diagnóstico é, segundo Heckmann & Silveira (s.d) dificultado pela tendência ao consumo do álcool dificulta o reconhecimento de indivíduos alcoólicos. Outra dificuldade no diagnóstico está relacionada à determinação de padrões de consumo como doença o que, ao mesmo tempo, dificulta a mobilização de profissionais de saúde para diminuir índices de problemas decorrentes do uso do álcool.

Para o diagnóstico do alcoolismo envolve um conjunto de sintomas físicos e psicológicos que não são fáceis de detetar e, é cerca de duas a três vezes mais frequente em indivíduos do sexo masculino e de raça branca é a que apresenta maiores consumos per capita, atingindo todas as classes sociais (Cabral, s.d). Heckmann e Silveira (s.d.) apresentam alguns sinais e sintomas relacionados ao alcoolismo: rubor e edema moderado da face, edemas das pálpebras, olhos lacrimejantes, eritrose palmar, hálito alcoólico, falta de coordenação motora, vertigens e desequilíbrio, suores, tremor fino nas extremidades, compulsão, dificuldade de controlar o consumo, sintomas de abstinência física, como náusea, suor, tremores e ansiedade, quando se para de beber e tolerância.

Ainda de acordo com os autores supracitados, as cãibras musculares, vômitos matinais, dores abdominais, taquicardia e tosse crônica, a ansiedade, humor depressivo, irritabilidade, insônias ou pesadelos, perda de controlo e desejo intenso de consumir o álcool, a tolerância ao álcool são outros sintomas de alcoolismo.

Devido às dificuldades de diagnóstico, o alcoolismo atinge fases mais avançadas, levando a doenças como a esteatose hepática (causada pelo depósito anormal de gordura no fígado), a hepatite, a pancreatite, doenças cardíacas, instabilidade muscular, neuropatia periférica, atrofia do cerebelo, distúrbios de coordenação, delírios, alterações de humor e demência (ex: doença de Korsakoff).

Formas de Tratamento

Pela complexidade do alcoolismo, o seu tratamento ainda constitui um drama de saúde pública tanto pela dificuldade de diagnóstico precoce (nalgumas vezes até de casos avançados), assim como pela dificuldade de tratamento.

O tratamento da dependência alcoólica envolve intervenções em vários níveis e não depende do tipo de alcoolismo (ditado pelos sintomas e sua intensidade, dentre outros fatores), sendo estabelecida de acordo com os aspetos individuais e sociais do dependente.

A atitude mais comum dos dependentes é a negação. Por este motivo o primeiro passo para o tratamento são as intervenções familiares de modo a convencê-los que estes precisam de tratamento. As intervenções consistem em motivar o alcoólico para buscar tratamento.

Um dos tratamentos é “intervenção terapêutica destina-se tanto à dependência quanto à abstinência do álcool, contando com algumas intervenções psicoterapêuticas dentro das quais se encontram as terapias de grupo, como os Alcoólicos Anônimos”. Geralmente nestes grupos os alcoólicos encontram-se com frequência, contam a sua experiência e recebem orientações que os ajudam a ultrapassar o alcoolismo. Podem também existir psicoterapias individuais.

Outra forma é a intervenção psicofarmacológica que consiste em administrar medicamentos como acamprosato, naltrexona, oxibato, baclofemo e dissulfiram. Estes medicamentos são apenas um complemento que ajuda o paciente a se libertar dessa dependência, sendo que, mesmo fazendo o uso destes medicamentos, a libertação só é possível de acordo com a força de vontade do paciente.

Referências Bibliográficas

(2013). Medicamentos Para o Alcoolismo. Tratamento do alcoolismo. Acedido a 18 de maio de 2016, em tratamentoalcoolismo.org

António, L. (2014). 5 Dicas Para Convencer Um Alcoolista a Faze Tratamento. Alcoolismo Online. Recuperado em www.alcoolismo.com.br, em 15 de maio de 2016

Cabral, L. (s.d). Alcoolismo Juvenil. Escola Superior de Enfermagem de Viseu. Portugal. Pag. 172-182

Gigliotti, A. & Bessa, M. (2004). Síndrome de Dependência do Álcool: Critérios Diagnóstico. Revista Bras Psiquiatr: Brasil. p.11-13

Heckmann & Silveira (s.d). Álcool e Suas Consequências: Uma Abordagem Multiconceitual Dependência do álcool: Aspectos Clínicos e Diagnósticos. Recuperado a 17 de maio de 2016, em www.cisa.org.br.