Origem do Relevo

Falar da gênese do relevo, é falar da origem das diferentes formas topográficas que a superfície terrestre nos apresenta, isto é, procurar conhecer os princípios do surgimento e evolução do relevo.

Relevo é uma saliência, forma escultural saliente sobre uma superfície que lhe serve de fundo e em geografia define-se como acidentes orográficos da superfície terrestre.

Relevo refere-se as desigualdades que se verificam na superfície terrestre, constituindo deste modo o elemento característico da camada superficial da crusta terrestre, e que resulta da actuação dos agentes internos designados causadores do relevo e agentes externos designados modeladores ou modificadores do relevo.

Dos diferentes autores consultados, conclui-se que há uma semelhança na sua dissertação sobre o relevo e sua origem, dai que de um modo amplo pode se entender o relevo como sendo o conjunto das formações apresentadas pela litosfera, formações estas definidas pela estrutura geológica (composição rochosa da crosta terrestre) combinada com as acções da dinâmica interna e externa da terra.

O relevo se origina e se transforma sob interferência de dois tipos de agentes, os internos ou criadores de relevo (forças endógenas) e os externos ou modeladores do relevo (forças exógenas), que actuam de forma simultânea, sendo as endógenas responsáveis pela elevação ou rebaixamento de certas áreas e as exôgenas responsáveis pela erosão nas áreas elevadas e pela acumulação nas áreas rebaixadas, e que para a melhor compreensão da actuação destes agentes, importa estudá-los separadamente.

Agentes internos ou criadores de relevo

São forças que se verificam no interior da terra, em especial pelas oscilações de temperatura e pressão na atmosfera (limite do manto rígido e plástico).

Os principais agentes internos são: tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos.

Tectonismo

São forças lentas e prolongadas que afectam a superfície verticalmente (epirogénese) e horizontalmente (orogênese).

Epirogénese – são movimentos verticais, lentos e prolongados, porém não catastróficos, capazes de provocar elevações e abaixamento de grandes extensões continentais ou seja pela formação das zonas de fartura.

Orogênese – são movimentos horizontais lentos e prolongados, que atuam sobre camadas de rochas sedimentares de boa plasticidade, provocando o dobramento das mesmas.

As grandes Cordilheiras actuais ou dobramentos modernos (Andes, Alpes, Himalaias, Rochosa) é resultante do tectonismo horizontal.

As forças orogénicas são provocadas pelos movimentos das placas que, por sua vez, estão na origem dos acontecimentos geológicos fundamentais da superfície terrestre (sismos, vulcões e enrugamentos das camadas sedimentares com a consequente formação das cadeias montanhosas).

O Relevo falhado ou fraturado

As camadas com fraca elasticidade (muito rígidas) ao serem submetidas a grandes forças de compreensão (forças etogénicas) em vez de dobrarem, fraturam-se, originando-se grandes blocos que podem deslizar uns para baixo e outros para cima, formando-se assim um tipo de relevo denominado relevo de falha ou fraturado.

A superfície segundo a qual os blocos ficam separados mas sem deslocamento chama-se fractura, quando há deslocamento vertical dos blocos chama-se falha, e aos blocos elevados dá-se o nome de Horst, sendo designados por Grabens ou fossas os blocos rebaixados.

O Relevo enrugado

O relevo enrugado é formado através das forças horizontais e opostas que comprimindo as camadas rochosas, obrigam-nas a dobrar e a emergir originando assim as montanhas.

Neste tipo de relevo a parte convexa (aquela que eleva) dá-se o nome de anticlinal e a parte côncava recebe o nome de sinclinal.

Vulcanismo

A expressão vulcanismo é utilizada para designar a actividade pela qual se dá a eliminação de material magmático do interior da terra para a sua superfície. Os produtos expelidos podem apresentar-se no estado sólido (cinzas, pedras-pomes), líquido (lava) e gasoso (vapor de água, e outros gases).

Quando o material magmático alcança a superfície através de uma abertura (fenda) origina o que chamamos de erupção vulcânica ou vulcanismo.

O vulcanismo é um agente formador do relevo terrestre que depende do tipo de material expelido e as diversas modalidades de erupções, resultando a formação de diversos tipos de relevo vulcânico.

O local do interior da terra onde iniciam os vulcões chamam-se hipocentros, criando-se fendas que vão até aos epicentros, lugares onde se manifestam na superfície terrestre. Na superfície estas vibrações causarão inundações ou acumulação que dão origem a abertura de fendas no solo.

Abalos Sísmicos

Abalos sísmicos – são movimentos naturais da crusta terrestre que se propagam por meio de vibrações que quando ocorrem nos continentes provocam os terramotos e quando ocorrem nos oceanos provocam maremotos.

Os abalos sísmicos estão relacionados a três causas nomeadamente: vulcânicas, tectónicas, e dessoramentos internos.

Os dessoramentos internos são provocados pela acção das águas subterrâneas, que promovem a dissolução das rochas. Os terramotos desse tipo são de pequena intensidade e costumam afectar as áreas mais próximas.

Os terramotos relacionados às causas vulcânicas costumam ser de pequena intensidade afectando somente o local de ocorrência.

As áreas sujeitas a movimentações tectónicas (levantamento, dobramentos e falhas) são preferidas para manifestação de terramotos catastróficos.

Agentes externos ou modeladores de relevo

São aquelas que atuam a superfícies sobre as rochas destruindo e aplainando-as, sendo as principais forças exógenas as variações térmicas, a chuva, os seres vivos, os rios, o vento, o mar os glaciares, etc.

A acumulação conjunta destes factores condiciona o relevo inicial á erosão, transporte e acumulação de detritos ou sedimentos, sendo os factores exógenos responsáveis pela formação de planaltos e planícies.

As variações térmicas

As formações rochosas em contacto com a atmosfera estão sujeitas a grandes variações diurnas da temperatura. Quando esta é elevada as rochas dilatam-se e se o arrefecimento for brusco contraem-se e acabam fragmentando-se, processo designado por termoclastia.

Nos desertos quentes a termoclastia é frequente, pois durante o dia as temperaturas são elevadíssimas e de noite atingem valores baixos.

A Chuva

O montículo de área, calhaus de vários tamanhos e sucos cavados no solo, tudo isso é provocado pelas águas da chuva. O grau de importância depende da intensidade da chuva, da natureza das rochas e do declive do relevo.

A água da chuva exerce uma dupla acção na modelação do relevo: acção mecânica e química. Pela acção mecânica a água arranca e transporta o material rochoso e pela acção química dissolve alguns dos minerais que constituem as rochas provocando a sua desagregação.

É o caso das águas selvagens que no seu movimento as vezes violento desgastam as rochas e arrastam os detritos, e se a sua intensidade for maior formam – se enchuradas de forte acção e destruidoras.

Nos terrenos das rochas pouco duras e com pouca vegetação a violência das águas é sempre maior e consequentemente regista-se meio desgaste.

Os Seres Vivos

Os seres vivos contribuem para desagregação das rochas. As plantas com suas raízes em crescimento obrigam as fenda a alargarem-se. O próprio homem destruindo a cobertura vegetal cria novas condições que permite a intensificação da erosão.

Os Rios

O trabalho modelador dos rios compreende a erosão, o transporte e a acumulação. Cada um destes aspectos predomina num determinado percurso do rio, embora se possa verificar ao longo de todo o seu leito.

Acção do desgaste de um rio depende fundamentalmente do seu caudal, do seu regime, da velocidade das suas águas e da natureza das rochas do vale.

O desgaste é dominante no curso superior, onde o rio ocorre num vale estreito e profundo de grande declive. O aumento brusco do declive a acção de erosão, nesta zona é muito intenso.

O material arrancado ao leito ou fornecido pelas vertentes é transportado pelo fundo do rio por arrastamento ou rolamento, e exerce um intenso trabalho de desgaste no leito, tomando o vale a forma de vertentes estreitas e altas.

No curso médio onde o declive (descida) é fraco, com menor velocidade das águas selvagens, o rio exerce um trabalho de transporte.

A erosão é importante nas vertentes devido a acção das águas selvagens e das torrentes vão recuando e o vale torna-se mais longo conforma de V mais aberto.

No curso inferior o rio corre numa planície e o seu vale é muito largo, as margens são baixas e o declive é muito fraco e as águas sem força para desgaste quer para transportar os materiais (exceptuando aos mais finos e dissolvidos), pelo que vai deixando ao longo desta parte do seu percurso, vão sendo depositados formando deste modo extensas planícies aluviais

O Vento

A acção erosiva do vento se faz sentir principalmente nas regiões secas e desprovidas de vegetação sendo intensa nas regiões desérticas, semidesérticas e litorâneas.

O vento transporta materiais desagregados, pode ser por meio de meteorizacão. Quanto mais forte for o vento maior é a quantidade e calibre do material transportado, assim o vento tem uma acção selectiva, isto é, retira material mais leve e deixa o mais pesado.

No trabalho de modelação do relevo o vento actua segundo três processos: remoção, transporte e deposição.

Remoção de todos os materiais leve originando a decomposição e fragmentação das rochas, deixando apenas os detritos pesados.

Transporte dos detritos, podendo ser a distância variáveis depois de atingir dezenas ou mesmo centenas de km.

Deposição dos detritos quando a velocidade do vento diminui ou encontra algum obstáculo, os detritos transportados acumulam-se em forma de dunas nos litorais e desertos.

O Mar

O mar é um modelador do relevo nas orlas litorais através das ondas e correntes marítimas.

O mar ataca a terra através da acção química das águas salgadas quer através da acção mecânica das suas ondas. A terra opõe maior ou menor resistência conforme a dureza das rochas e a configuração da costa.

A acção modeladora do mar compreende três aspectos: o desgaste. O desgaste depende da intensidade das ondas, da natureza das rochas, e do aspecto da costa.

Se as rochas são um pouco duras a costa recua e formam-se reentrâncias e se forem muito duras formam saliências.

As ondas pela sua acção mecânica, arrancam á costa blocos de dimensões variadas que a seguir são lançados contra ela, como instrumentos escavadores.

Na zona situada entre os níveis de maré cheia de maré vazia, as águas das ondas penetram nas fendas das rochas, comprimindo o ar nelas existentes. Quando as ondas recuam, a água sai dessas fendas de modo explosivo devido a força que o ar comprimido exerce sobre elas. As fendas alargam-se então cada vez mais, o que contribui poderosamente para o desgaste naquela zona.

Como o desgaste da costa se realiza principalmente na sua base, a parte superior, por falta de apoio, acaba por se desmoronar.

As correntes marítimas – deslocamentos de grandes massas de água do mar transportam materiais de erosão, como pequenos calhaus de areias, para pontos diferentes da costa, depositando-os em lugares abrigados quando a velocidade das águas diminui, formando praias, bancos e cordões de areia.

Os glaciares

Dá-se o nome de glaciares as grandes massas de gelo que se movem lentamente.

Os glaciares localizam-se em zonas frígidas e mesmo nas altas montanhas das regiões temperadas, onde as temperaturas são tão baixas e que a água se encontra no estado sólido, isto é, neve e gelo.

O movimento dos glaciares é imperceptível a nossa vista, porque deslizam com menor velocidade e conforme o declive do leito e da época do ano, sendo maior no verão do que no inverno.

Os materiais rochosos, resultantes de desprendimentos das vertentes, caiem sobre o glaciar e vão para o fundo através de fendas abertas no gelo ou ficam entre o gelo e as margens. Estes materiais, conjuntamente com outros que o glaciar vai arrancando ao leito, exercem um forte atrito sobre as rochas do fundo e das margens, provocando-lhes um enorme desgaste. Dado o desgaste simultâneo do fundo e das margens, o vale glaciário tem forma de U.

Um glaciar ao deslocar-se num vale vai se aproximando de altitudes cada vez menores onde as temperaturas são elevadas. Daqui resulta a fusão do gelo e a deposição da moreia transportada na frente do glaciar. Estas formas de acumulação podem construir um obstáculo a passagem das da fusão, que ai fica retida, originado um lago

Quando o glaciar atinge uma zona onde a temperatura é suficientemente alta, o gelo funde e as moreias, com seus calhaus de vários tamanhos incluindo as vezes, grandes blocos , depositam-se e vão se acumulando na parte terminal do glaciar .A água resultante da fusão, forma a partir dai, uma torrente ou rio que podem eventualmente transportar parte do material das moreias.

Principais formas de relevo

Sendo o relevo o conjunto de formações apresentadas pela litosfera, que está sempre em evolução, apresenta diferentes formas que variam de acordo com a sua origem.

O relevo terrestre constitui os diferentes aspectos da camada superficial da crosta terrestre, onde nela encontramos uma grande variedade de formas (topograficas) entre as quais encontramos as montanhas, os planaltos, as planícies, as depressões, os vales e os vulcões.

A constituição do relevo em apenas montanhas, planaltos, planícies, depressões e vales. Para este o vulcão não é uma forma de relevo, mas sim um agente causador.

Montanhas – são regiões que ainda hoje os processos internos superam os externos, que o surgimento é mais forte que a erosão, como é o caso concreto de Andes, Himalaias rochosas, locais que apresentam muitos vulcanismos, filhamentos e terramotos, o que mostra a forte acção dos agentes internos. As montanhas são elevações que mesmo antigas ainda apresentam altitudes acima de 3000 metros.

O relevo montanhoso apresenta três formas de origem, onde encontramos montanhas de origem vulcânica originadas pela acumulação do material proveniente das porções internas da crosta terrestre. São de forma cónica com material acumulando-se em torno da cratera. Porém a constituição do material depende do tipo de vulcão. As montanhas resultantes do vulcão em muitas das regiões da terra foram aplainadas pela erosão e depois de alcançar o aplainamento final podem ser atingidas por nova fase erosiva que pode estar relacionada a uma modificação climática ou a um levantamento pirogenético que alteram o perfil dos rios e esculpindo novos talvegues, fazendo com que a região plana passe a ter uma elevação ou montanha. As montanhas produzidas por filhamento, em algumas regiões depois de aplainadas são atingidas por tectonismo que fragmenta a área em vários pedaços e desloca uns em relação aos outros criando grandes escarpo tectónicos com desníveis topográficos que geram aspectos de montanhas.

Planaltos – são superfícies elevadas com ondulações suaves delimitados por escarpos que constituem declines e nos quais os processos de destruição superam os de construção. Entre os factores externos, predominam os de desgastes e não os de sedimentação. Os planaltos típicos são de estrutura sedimentar pesa embora são formados por surgimento de blocos magnéticos.

Planícies – são superfícies que apresentam pequenos movimentos na costa que estão quase completamente aplainados. São delimitadas por declives e os processos de deposição superam os de desgaste. As planícies podem ser classificadas em: planícies costeiras quando o agente sedimentador é o mar; planícies fluviais quando a sedimentação é feita pelo rio, e planície de origem lacustre quando é formada pela acção do lago.

Depressões – são superfícies com altitudes mais baixas que as formas de relevo que as circundam. As depressões classificam-se em: Absolutas quando estão abaixo do nível das águas do mar e relativas quando estão acima do nível das águas do mar.

As depressões relativas decorrem por intensos processos erosivos ocorridos nas bordas dos planaltos. A exemplo do mar morto, um vale com um planalto ou entre montanhas, constitui uma depressão relativa aloujada.

Estas formas de relevo, podem ser dadas outros nomes de acordo com a sua natureza e localização, morro a uma pequena montanha, serra é alinhamento das montanhas, sendo assim a depressão alongada denominada de vale.