O que é?
A catarata é uma doença ocular extremamente comum, principalmente nas pessoas idosas, que é provocada pela opacificação parcial ou total do cristalino, a lente natural dos nossos olhos.
A catarata é uma doença de evolução lenta e progressiva, sendo, atualmente, a principal causa de perda de visão no mundo. Cerca de 160 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de catarata em algum grau. Dentre a população com mais de 65 anos, quase metade dos indivíduos tem catarata.
É uma doença que surge quando o cristalino perde a sua transparência natural e torna-se progressivamente opaco, tornado a visão embaçada ou enevoada. Em casos avançados, o paciente perde a visão por completo.
Causas da catarata
Existem muitas causas para a catarata: idade, doença, medicamentos e trauma.
Idade – A catarata ocorre principalmente devido à idade avançada – é chamada de catarata senil. Com o envelhecimento, o cristalino endurece e torna-se opaco. Inflexível, o cristalino não pode mais desempenhar o seu papel em se deformar para criar a imagem no olho. De facto, o cristalino é pequeno, flexível e transparente, e permitem a entrada dos raios de luz para o olho, onde a informação de luz é convertida em impulsos nervosos e transmitidos para o cérebro através do nervo óptico.
O impulso nervoso é “descodificado” pelo cérebro e forma a imagem. Com endurecimento e turvação do cristalino, a imagem vista, ano após ano, torna-se cada vez mais ténue e pode causar cegueira se não for tratada. O mecanismo através pelo qual o cristalino torna-se opaco e rígido ainda não é bem conhecido. Parece que, com a ação dos radicais livres presentes no corpo humano causa alteração das proteínas do cristalino. Estas proteínas são também alteradas quando o olho é exposto à luz UV, incluindo UVB.
Doenças – As doenças que podem causar cataratas incluem diabetes quando mal controlada, doenças do olho tais como a uveíte, a miopia, glaucoma e descolamento da retina. Algumas doenças contraídas durante a gravidez e transmitidas ao feto também podem causar catarata em recém-nascido. Estas doenças incluem toxoplasmose, rubéola, sífilis e herpes genital. A catarata também pode ser congénita, causando a ocorrência de catarata em crianças pequenas. Este é particularmente o caso de pessoas com síndrome de Down.
Medicamentos – As drogas que podem causar a ocorrência de cataratas incluem o uso de corticosteroides em longo prazo, por via oral ou por via cutânea (creme, unguento). Tudo depende da quantidade absorvida.
Trauma – Qualquer trauma que afecta o olho e o cristalino podem trazer o risco de desenvolvimento de cataratas maiores. Assim, feridas, cortes, golpes no olho podem causar catarata. Outras lesões como queimaduras químicas ou físicas podem também ser a causa de uma catarata.
Fatores de risco para catarata
Existem situações, porém, aumentam o risco de lesão do cristalino, favorecendo o surgimento mais precoce da catarata. Entre os principais factores de risco podemos citar:
- Tabagismo;
- Consumo excessivo de álcoolExposição excessiva dos olhos à radiação solar;
- Obesidade;
- Diabetes mellitus;
- Hipertensão arterial;
- Sedentarismo;
- Infecção pelo vírus HIV;
- História familiar de catarata.
Sintomas da catarata
A catarata é um processo lento, gradual e indolor. Nas fases iniciais ela pode passar despercebida. A catarata na imensa maioria dos casos acomete os dois olhos, mas ela o faz, habitualmente, de modo assimétrico. Em geral, um olho apresenta uma catarata em estágio mais avançado que o outro.
As primeiras queixas com relação à catarata costumam ser a dificuldade para ver em locais com pouca iluminação, dirigir veículos à noite e dificuldade para ler placas ou letras pequenas. Agravamento de uma miopia já existente também é um sintoma inicial comum. A necessidade de trocar o grau dos óculos com alguma frequência pode ser um sinal de catarata.
Com a progressão da turvação do cristalino, a visão vai se tornando cada vez mais nebulosa e os contrastes menos perceptíveis. Outros sintomas comuns são o incómodo com luzes fortes, que causam um brilho intenso na visão, e queixas de que as cores dos objectos e do ambiente estão mais amareladas, acastanhadas ou menos intensas. Alguns pacientes com catarata desenvolvem visão dupla.
Em estágios mais avançados é possível ver o cristalino pacificado através da pupila, que se torna acinzentada, como na imagem abaixo. Em geral, a catarata leva muitos anos para chegar a este ponto.
Tratamento da catarata
O único tratamento efectivo para curar a catarata é a cirurgia. Óculos e lentes de aumento podem aliviar os sintomas nas fases inicias, mas para corrigir definitivamente o problema, a única opção é operar.
Em geral, a cirurgia de catarata é indicada quando a opacificação do cristalino já é grande o suficiente para interferir nas actividades comuns do dia-a-dia. O ideal é o médico decidir conjuntamente com o paciente a melhor hora de operar. Ao contrário do que acontecia antigamente, quando a técnica cirúrgica ainda era pouco desenvolvida e os riscos de complicações eram altos, não é mais preciso esperar a catarata chegar a estágios muitos avançados para se operar. Se a catarata incómoda o paciente, isso já motivo suficiente para marcar a cirurgia.
Nas crianças, porém, a conduta é diferente. Assim que o diagnóstico da catarata é feito, o médico deve programar a cirurgia, pois a catarata atrapalha o desenvolvimento normal do olhos nos bebés.
Cirurgia de catarata
A cirurgia de catarata é simples e consiste na remoção do cristalino opaco e substituição por uma lente artificial.
A técnica mais moderna de cirurgia de catarata chama-se facoemulsificação. Essa cirurgia é feita de forma ambulatorial, sem a necessidade de internação hospitalar, e sob anestesia local, com colírios ou injecção. Não é preciso fazer anestesia geral.
A cirurgia de facoemulsificação é feita através de uma pequena incisão, de menos de 3 milímetros na córnea. Através dessa abertura insere-se um aparelho que emite ondas de ultra-som que fragmentam o cristalino defeituoso em vários pedaços. Esse mesmo aparelho também é capaz de aspirar os fragmentos do cristalino despedaçado. Depois que o cristalino defeituoso é todo removido, uma nova lente intra-ocular é inserida através da mesma abertura na córnea, substituindo perfeitamente a antiga lente natural. A lente artificial pode ser multifocal, o que além de curar a catarata também permite que o paciente deixe de precisar de óculos para longe ou perto.
A cirurgia de facoemulsificação dura cerca de 30 minutos e o pós-operatório é feito em casa, o paciente não precisa ficar internado. Ao final do dia, o paciente já pode voltar a fazer suas actividades diárias mais leves, tais como comer, ler, andar ou assistir à televisão. Não é necessária nenhuma dieta especial. O paciente precisa apenas aplicar os colírios prescritos de forma correta e evitar esforços físicos ou levar as mãos aos olhos. Uma leve coceira ou desconforto são comuns no pós-operatório, por isso, é preciso cuidado para não ficar mexendo no olho a toda hora. Nos primeiros dias o paciente pode ficar com um curativo tapando o olho operado.
Após a cirurgia de catarata, a visão retorna progressivamente, mas, habitualmente, nos primeiros dias, a acuidade visual já está muito boa. É comum o médico reavaliar o paciente no dia seguinte e mais uma ou duas vezes ao longo do primeiro mês.
Habitualmente, por questões de segurança, o oftalmologista opera um olho de cada vez. O intervalo entre as duas cirurgias depende da recuperação da primeira. Como a cicatrização completa da cirurgia leva de 4 a 8 semanas, esse costuma ser o intervalo entre as duas operações. Há pacientes, porém, que operam o segundo olho após apenas 1 semana, caso a primeira cirurgia tenha decorrido bem.