Guerra dos Cem Anos foi uma série de conflitos travados de 1337 a 1453 pela Casa Plantageneta, governantes do Reino da Inglaterra, contra a Casa de Valois, governantes do Reino da França, sobre a sucessão do trono francês. Cada lado atraiu muitos aliados para a guerra. Foi um dos conflitos mais notáveis da Idade Média, em que cinco gerações de reis de duas dinastias rivais lutaram pelo trono do maior reino da Europa Ocidental.

A guerra marcou tanto o auge da cavalaria medieval quanto seu subsequente declínio e o desenvolvimento de fortes identidades nacionais em ambos os países. Depois da Conquista Normanda, os reis da Inglaterra eram vassalos dos reis da França para suas posses em solo francês. Os reis franceses se esforçaram, ao longo dos séculos, para reduzir estas posses, no sentido de que apenas a Gasconha fosse deixada para os ingleses.

A confiscação ou a ameaça de confisco deste ducado faziam parte da política francesa para controlar o crescimento do poder inglês, particularmente quando os ingleses estavam em guerra com o Reino da Escócia, um aliado da França.

Duração da guerra

A guerra dos 100 anos durou 116 anos, no período de 1337 à 1453 entre a França e a Inglaterra, foi a guerra que mudou a vida económica, política e social da Europa.

Causas da guerra dos cem anos

As suas causas remotas prendem-se à época em que o duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador, apoderou-se da Inglaterra em (1066). Desde Guilherme, os monarcas ingleses controlavam extensos domínios senhoriais em território francês, ameaçando o processo de centralização monárquica da França que se esboçava desde o século XII. Durante os séculos XII e XIII, os soberanos franceses tentaram, com crescente sucesso, restabelecer a sua autoridade sobre esses feudos. Disputas territoriais e comerciais também foram factores.

Conflitos

A invasão inglesa

Para a sucessão de Carlos IV à Coroa da França é escolhido Felipe VI de Valois (1293-1350), sobrinho de Felipe IV, o Belo (1268-1314). Porém, o rei Eduardo III da Inglaterra, neto de Felipe, o Belo por parte de mãe, declara-se soberano da França e invade o país em 1337, reivindicando o trono. A superioridade do Exército inglês impõe sucessivas derrotas às forças inimigas. Em 1347, Eduardo III ocupa Calais, no norte da França.

A peste negra e o esforço de guerra desencadeiam uma crise económica que provoca revolta na população francesa. Milhares de camponeses atacam castelos e propriedades feudais. Felipe de Valois morre e é sucedido pelo filho João II, o Bom (1319-1364). Em 1356 ele é capturado por Eduardo, o Príncipe Negro de Gales (1330-1376), filho de Eduardo III, e levado para Londres. Em 1360, depois de assinar a Paz de Brétigny e o Tratado de Calais, volta à França. A Inglaterra renuncia à Coroa em troca da soberania sobre os territórios conquistados.

Reacção francesa

Com a ascensão de Carlos V (1338-1380) ao trono francês em 1364, o país reconquista quase todos os territórios e derrota os ingleses. No reinado de Carlos VI, o Bem Amado (1368-1422), o rei da Borgonha Felipe III, o Bom (1396-1467) alia-se aos ingleses. Juntos, em 1420 eles impõem aos franceses o Tratado de Troyes. Por ele, a filha de Carlos VI, Catarina, casa-se com Henrique V (1387-1422), da Inglaterra, assegurando o trono francês ao filho do casal. Em 1422, com a morte do avô materno, Henrique VI (1421-1471) é aclamado rei da França. Essa solução não é aceita por seu tio Carlos (1403-1461), filho do antigo soberano francês, e divide o país. No mesmo ano, Carlos VII é reconhecido como herdeiro legítimo pelo sul do país. Recebe ajuda da camponesa Joana D”Arc (1412-1431), que, à frente do Exército francês, derrota os ingleses. A vitória reacende o nacionalismo francês, e Carlos VII é coroado em 1429. No decorrer de uma guerra de 20 anos, ele reconquista Paris, Normandia, Formigny e Bordeaux. A Inglaterra fica apenas com Calais.

Países envolvidas na guerra dos cem anos

A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a primeira grande guerra europeia que provocou profundas transformações na vida económica, social e política da Europa Ocidental. A França foi apoiada pela Escócia, Boémia, Castela e Papado de Avignon. A Inglaterra teve por aliados os flamengos e alemães. A questão dinástica que desencadeou a chamada guerra dos cem anos ultrapassou o carácter feudal das rivalidades político-militares da Idade Média e marcou o teor dos futuros confrontos entre as grandes monarquias europeias.

Consequências da guerra dos cem anos

Os conflitos deixaram um saldo de milhares de mortos em ambos os lados, e uma devastação sem precedentes nos territórios e na produção agrícola francesa.

O longo período de guerras enfraqueceu bastante a nobreza francesa, porque, à medida que os nobres morriam, seus feudos iam passando para o domínio do rei, debilitando o sistema feudal. Construção de uma identidade nacional entre os franceses;

Tornou possível a criação de algumas instituições de governo centralizadas;

A cavalaria entrou em decadência;

Atrasou a expansão marítimo-comercial norte-francesa o que lhe custaria a perda de grande parte do mundo para os países ibéricos, razão pela qual a França foi o único dos grandes países expansionistas a ter impacto e influência demográfica desprezível nas Américas, em contraste com países como Portugal.