Após os bombardeiros atómicos de Hiroxima e Nagasáqui, quando da capitulação frente aos Estados Unidos, o saldo de guerra para o Japão era um milhão e meio de mortos, queda de 80% da produção industrial e perda de um império colonial de 1 milhão e 600 mil quilómetros quadrados e 80 milhões de habitantes.
O período compreendido entre 1945 e 1952 foi marcado pelo domínio norte-americano, sob o comando do General Mac Arthur: com o aceitamento da Guerra Fria e o deflagrar da Guerra da Coreia, o Japão passou a ser visto como um aliado importante de Washington.
As reformas japonesas
Uma das reformas mais evidentes nas economias japonesas foi exactamente, aposta no desenvolvimento no saber fazer, isto é, Japão construiu um conjunto de oficinas heteróclitas com uma maquinaria moderna, onde os operários passaram a fabricar camiões e montagem dos mesmos, para além desse sector apostou ainda na indústria metalúrgica, na indústria mecânica, química, de petróleo, de zinco, indústria têxteis de alimentação. Portanto, nessas indústrias foram construídas motocicletas, navios, aparelhos fotográficos, máquinas de costuras, rádio, microscópio electrónico e outros materiais electrodomésticos. Nessas indústrias a mão-de-obra feminina é que se fazia sentir com muita frequência.
O governo de ocupação militar, presidido pelo general Mac Arthur, promulgou em 1946 uma constituição inspirada no modelo norte-americano e impôs a este país asiático uma série de reformas políticas, sociais e económicas. O imperador foi obrigado e teve de renunciar oficialmente à sua origem divina e foi implantada no país uma democracia parlamentar, baseada no sufrágio universal e na pluralidade de partidos políticos, a eleições.
Esta nova constituição promoveu também a desmilitarização do Japão, que ficou proibido de possuir forças armadas. O objectivo central destas reformas era, no entanto, fazer do Japão uma vitrina de sucesso do mundo capitalista na Ásia. Graças à Doutrina Yoshida, o Japão focou-se no crescimento económico, deixando de lado os gastos militares, de tal modo que toda a política de segurança passou a depender da ajuda militar norte-americana.
Ainda em 1946 foi realizada uma reforma agrária que promoveu o parcelamento das grandes propriedades rurais, aumentando de 36% para 70% a proporção de lavradores proprietários no país. O governo de ocupação procedeu também ao desmantelamento dos grandes trustes (zaibatsus), que até então monopolizavam a economia e as finanças japonesas.
A partir dos anos 50 à década de 80, a história japonesa é marcada pelo rápido desenvolvimento económico: a consolidação democrática constitucional, o extensivo investimento e intervenção estatal na economia, e a transferência de tecnologia dos EUA impulsionaram a reconstrução do Japão, que retoma, após a destruição da guerra, a força no sector industrial.
A economia japonesa não ficaram completamente arrasadas após a guerra. Boa parte das fábricas, por exemplo, permaneceu de pé – e já eram indústrias modernas e bem desenvolvidas com apoio provenientes das potências capitalistas vitoriosas, preocupadas em evitar o avanço do socialismo pela Europa e pela Ásia e umas dessas potências capitalistas que ajudou o Japão foram os EUA que apoiou por 16 bilhões de dólares norte americanos aquando ao lançamento de plana Maralhal.
Outro ponto muito importante que contribuiu significativamente na recuperação económica é que, este país já tinha um óptimo sistema educacional, sistema este que lhe providencia a capacidade de formar técnicos e cientistas qualificados para ajudar a nação nipónica a se reerguer após a derrota na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A guerra fria e a economia nipónica
O início da guerra fria e o triunfo da revolução socialista na China mudaram radicalmente a política dos Estados Unidos em relação ao Japão. De “inimigo vencido” passou à condição de principal aliado dos Estados Unidos no Extremo Oriente, tendo recebido entre 1947 e 1950 uma ajuda de dois bilhões e meio de dólares.
A recuperação da economia japonesa foi também grandemente auxiliada pela Guerra da Coreia (1950-1953), que abriu um amplo mercado consumidor externo à exportação de mercadorias nipónicas.
A maciça ajuda norte-americana, a importação de tecnologia estrangeira e a exploração intensiva de um vasto contingente de mão – de – obra barata foram os principais factores que explicam o “milagre” japonês, cuja economia na década de 1950 cresceu em média 14% ao ano. Esse crescimento gigantesco acabou por transformar o Japão, na década de 1970, na segunda potência económica do mundo capitalista, logo abaixo dos Estados Unidos de América.
O Japão na década de 1980, porém, alcançou grande desenvolvimento industrial e, principalmente, tecnológico, o que lhe assegurou a conquista de um importante papel no cenário internacional. Apesar de seu poderio económico superar o político, o Japão caminha no sentido de sua afirmação como potência mundial.
A influência das potências capitalista na Economia Japonesa
A consolidação do capitalismo no Japão deu-se por meio de uma série de reformas, resultado da intervenção dos EUA. O período de ocupação militar norte-americana (1945 – 1952) foi marcado pela política de democratização, desmilitarização e desmonopolização. Em termos de democratização, foram introduzidos instituições liberais e o aumento da intervenção governamental na economia. Em relação à desmilitarização, a nova constituição japonesa renunciava à força militar permanente, permitindo apenas uma força de autodefesa. E, por último, os zaibatsus (grandes conglomerados económicos) foram dissolvidos para evitar a monopolização. Foi a forma de assegurar aos EUA um importante aliado no continente asiático, bem como de evitar, no Japão, a aproximação do comunismo.
O período seguinte é marcado por um avassalador crescimento económico, responsável por tornar o Japão, em poucos anos, a terceira maior potência económica do planeta. O país realizou uma revolução tecnológica através da importação de tecnologia de ponta, que lhe possibilitou acumular superáveis crescentes na balança comercial no curto prazo, realizando, assim, o “catching up” em relação a países como Estados Unidos, União Soviética e Alemanha.
A recuperação económica do Japão
Japão conseguiu recuperar a sua economia e manter a mesma até o dia hoje, graças ao nascimento capitalista industrial que notou naquela região para a questão da produção e da produtividade. Pois, os sectores económicos do Japão actual são a agricultura, a pecuária e a pesca, dado que, na mesma região existem as condições climáticas para os desenvolvimentos de tais actividades.
De salientar que, a actividade agrícola é mecanizada e a cultura mais praticada é o arroz, outros cerais de renome são, cevada, trigo, centeio, milho e chá e essa agricultura é comercial. A exploração vegetal é uma outra actividade que tem acelerado o crescimento e o desenvolvimento económico do Japão, visto que, a vegetação o Japão fabrica papel e combustível. A extracção dos recursos minerais e energéticos em grande escala também tem condicionado muito para o desenvolvimento económico daquele país, pois, dos recursos explorados a que destacar carvão, petróleo, ferro, cobre, chumbo, prata, estanho, crómio antimónio amianto, arsénio, urânio, magnésio e sal.
A recuperação económica japonesa teve origem na Guerra da Coreia em 1950, quando todo o fornecimento de suprimentos era garantido por fábricas japonesas financiadas por capital americano: tais indústrias seriam o motor do crescimento futuro. É importante ressaltar que a cultura nipónica foi essencial para a reconstrução do país, uma vez que é baseada no corporativismo e no patriarcalismo oriental, em contraste com o individualismo ocidental. Assim, o comprometimento da população com a nação foi muito grande, apesar das péssimas perspectivas locais do pós-guerra.
Entre as décadas de 50 e 70 foi posto em prática o plano de duplicação da renda nacional. Entre 1953 e 1973, o Japão alcançou taxas de crescimento médias de 9,7% ao ano, afirmando-se economicamente no âmbito global (neste mesmo período, em termos comparativos, a economia norte-americana cresceu menos de 4% em média). Impressiona, neste mister, o facto de ao longo de todo esse processo de crescimento económico ter a inflação se mantido muito baixa, especialmente quando comparada com o excelente desempenho da economia japonesa.
Além disso, o Japão conseguiu manter o seu mercado 5 interno fechado a produtos importados, apesar da forte pressão exercida pelos demais países. Esse cenário persistiu até mesmo depois da entrada do país no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), em 1955, e na Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento (OECD), em 1964. Concomitantemente, ademais, o país lograva conquistar um número cada vez maior de mercados para suas exportações.
A influência de crise de petróleo na economia japonesa
A década de 70 foi marcada pelo arrefecimento da euforia que tomava conta do progresso económico japonês. A primeira crise do petróleo foi uma espécie de teste ao vigor do “milagre japonês”. Bem como o resto do mundo, o Japão teve uma queda no seu nível de crescimento e chegou a apresentar taxas de inflação de 30% durante um bom período, mesmo que fossem estas taxas superiores às do resto do mundo.
Essa crise serviu como um aprendizado às elites dirigentes do país, que conseguiram diminuir os efeitos da segunda crise do petróleo, em 1978. Com uma política de incentivo às exportações, principalmente às de alto valor agregado (tecnologia intensiva), a economia reagiu bem aos aumentos de preços. Outrossim, o país diversificou suas fontes energéticas, diminuindo, pois, sua dependência de petróleo e derivados: tornou-se um dos países com um dos sistemas energéticos mais eficientes do mundo.
A abertura e liberalização económica do Japão
No início da década de 80, o Japão viveu uma fase de liberalização financeira acelerada, sendo facilitada a entrada de capital estrangeiro nesse sector. Além disso, as instituições japonesas expandiram-se incrivelmente, a ponto de inserir Tóquio entre as principais praças financeiras do mundo – ao lado de Nova York e Londres.
A posição de grande credor mundial fez com que Japão passasse a ter um crescimento favorável tanto na balança comercial como na financeira. Essa situação foi causada em grande parte pela valorização do dólar frente ao iene, que favorecia as exportações japonesas. Por isso, o governo norte-americano passou a exercer pressão para que houvesse uma apreciação da moeda japonesa frente ao dólar (operação chamada de endaka), que de fato ocorreu através de um acordo em 1985. O Acordo de Plaza dividiu o sistema monetário internacional em três moedas: o dólar, o iene e o marco alemão, sendo que o segundo valorizou-se cerca de 30% em relação ao primeiro terceiro. A endaka teve como consequência a redução significativa da operatividade e da competitividade das exportações japonesas, minando sua estratégia económica desde o pós-guerra: o crescimento impulsionado pelas exportações.
A diplomacia japonesa na economia
O desenvolvimento económico de Japão explica se pelo estreitamento das relações do Japão com os países do Sudeste Asiático, onde veio a tornar líder regional. Com a valorização do iene, o processo produtivo interno japonês encareceu enormemente, de modo que a solução foi a transferência de algumas etapas da produção para países da ASEAN (Brunei, Singapura, Filipinas, Malásia, Tailândia e Indonésia). Estes investimentos directos japoneses na região tiveram um aumento significativo.
A crise económica do Japão actual
A preferência pelo mercado externo ou por activos financeiros em detrimento ao investimento interno foi a opção deste empresariado, o que causou, posteriormente, recessão, ora vejamos, desde os anos 80, os bancos viram ser-lhes retirado o monopólio de facto do financiamento das grandes empresas tendo-se lançado, como vimos, em operações imobiliárias especulativas e na concessão de empréstimo de risco que, na sequência de um retraimento dos mercados, não puderam ser reembolsados: esta aí a origem da crise actual.
O outro problema que leva o Japão a situação de crise económica é o baixo crescimento económico, gerado em grande parte pelo baixo nível de investimentos produtivos dos empresários japoneses, como também o envelhecimento da população japonesa, cuja pirâmide etária conta com quase 25% de pessoas acima dos 60 anos, que configura-se como um grande desafio a ser superado, na medida em que a força de trabalho precisa ser renovada e os aumentos com gastos em serviços sociais crescem significativamente, reduzindo o nível de poupança interno.
A decisão do governo de aumentar as taxas de juros e, por conseguinte, o declínio dos preços dos imóveis e das acções gerou um estouro da bolha em 1991. As famílias japonesas voltaram a aplicar em poupança, causando uma retracção na demanda. Seguiu-se a isso uma crise na divida pública.
Assim sendo, principal objectivo de política económica que caracterizou a década de 90 no Japão e que, provavelmente, marcará os próximos anos, tem sido a transposição dos efeitos do estouro da bolha especulativa, através de políticas fiscais expansivas por parte do governo japonês, a fim de retomar o crescimento anterior. Diferentemente do objectivo da política do período Pós-Guerra, e daquele anterior ao colapso especulativo, a ênfase passou a ser, em primeiro lugar, a recuperação da demanda doméstica, seguida pela liberalização e a desregularização da economia, vistos como instrumentos para a reactivação do nível de actividade do país.
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