Como em toda a Europa, as cidades do Norte e do Centro da Itália foram submetidas em primeiro lugar á autoridade dos senhores, na maior parte Bispos. Para um desenvolvimento livre e total das cidades, era necessário a todo custo anular o poder dos senhores.
Essa reacção contra os poderes arbitrários que os senhores laicos ou religiosos exerciam nas cidades ganhou força com o movimento comunal. A comuna era uma associação; uma “conjuração” que residia no juramento mútuo que seus membros prestavam. Conhecidas desde o século IX, na época carolíngia, as comunas tiveram um papel marcante na formação das cidades e na emancipação dos mercadores, estando intimamente relacionada com motivações de ordem económica
O surgimento das comunas é um fenómeno histórico muito importante que se iniciou no Norte da Itália antes mesmo do século XII e depois espalhou-se pelo Centro daquele país Frequentemente, a comuna nascia da federação de diversas corporações de artes e ofícios e, às vezes, conseguiam, ao tornarem-se poderosas, obter a adesão da pequena nobreza dos arredores.
Disto pode se concluir que as comunas surgiram devido ao desenvolvimento das actividades artesanais e ao comercio em que alguns homens foram acumulando a riqueza tornando se poderosos e acabaram por se desvincular das mãos dos senhores feudais, portanto o seu desmembramento fez com que surgisse algumas cidades que serão dirigidos por um conselho sendo assim cidades independentes.
A luta iniciou se no século X em cidades como Milão, Génova, Pavia e outras, mas os conflitos mais encarniçados tiveram lugar no decurso do século seguinte. Em fins do século XI e principio do século XII, a luta nas cidades Lombardas levou ao nascimento das primeiras comunas independentes, um pouco mais tarde, constituíram se comunas em Lucca, Florença e outras cidades da Toscânia.
Administração política das comunas urbanas na Itália
O regime político das comunas apresentava algumas semelhanças com o das antigas cidades-estado da Grécia e da Itália. Da mesma forma que na Grécia antiga o órgão soberano do governo era a assembleia, nas comunas, o poder supremo pertencia teoricamente ao conselho. Do ponto de vista legal, todos os chefes de família tinham direito a participar do conselho. Mas, na prática, a influência dos cidadãos mais importantes e sobretudo a dos chefes das corporações de artesãos prevalecia
a comuna urbana era administrada por um colégio de cônsules eleitos ordinariamente por um ano. Chefiavam os levantamentos nas cidades, publicavam as leis, tinham assento nos tribunais, ocupavam se das finanças e das relações com as outras cidades e com o imperador, nomeavam os magistrados da comuna que No centro e no norte da Itália, excepto em Veneza e na Toscânia, durante o fim do século XIII e ao longo do século XIV, quase todas as comunas se transformaram em senhorias, apresentando esta instituição analogias com a tirania que nem sempre foi maléfica às cidades gregas. Geralmente, o senhor era um chefe de partido e pertencia a uma família influente da própria comuna. Este assumia uma espécie de ditadura a qual tentava legitimar, seja através de sufrágio mais ou menos coagido, seja obtendo um documento que o tornasse vigário do imperador.
Nesta ordem de ideia pode se perceber que as comunas apesar de ter um conselho eleito eram dirigidas por um governo tirano em que um homem ou senhor tornava se um ditador que não abria um espaço de liberdade de expressão, contudo todas as comunas italianas tinham esse regime de ditatorial, exceptuando a Veneza.
Nas cidades, a ascensão da actividade comercial formou uma nova engrenagem social, o chamado capitalismo. Novas actividades foram surgindo, como a profissão de cambista, que tinham conhecimento do valor real da moeda e os banqueiros, que ficavam incumbidos de guardar grandes quantias de dinheiro.