Pode-se perceber que a Filosofia da História surge sob perspectiva de buscar uma outra forma de estudar o novo conteúdo do objecto da história. Ora, enquanto a Historiografia poderia contentar-se somente com o levantamento das fontes e apresentação do material, a Filosofia da História deveria ir além, ou seja, deveria ir ao encontro do significado dos factos, sua causa natural, o princípio ordenador da sua imensa multiplicidade.

Para além dos factos efémeros por si, para Voltaire interessa entender o sentido da História de um povo e de uma época, dado justamente por seu espírito. O mais importante é saber diferenciar o efémero do permanente, diverso do idêntico, o causal do necessário.

A Filosofia da História tem ainda, para Voltaire, mais outra função, extremamente importante. Trata-se neste caso, de combater os preconceitos e as superstições, especialmente as que seriam propagadas pela igreja. Voltaire adopta para isso, a estratégia de mostrar que aquilo que acredita-se ser antigo é moderno. Portanto, apresenta-se aqui a diferença entre o passado e o presente como um elemento muito fundamental para a história cumprir um papel desmistificador.

A intervenção social do iluminismo explica-se na orientação filosófica que os seus fundamentos dão aos monarcas europeus, sobre a questão do progresso das suas nações, no sentido em que estes dão a entender que o progresso não se consegue pelo uso da força para vencer as resistências religiosas e feudais.