Localização Geográfica da Itália
Itália esta localizada no centro-sul da Europa (Europa Meridional). Ao norte, faz fronteira com França, Suicia, Áustria, Eslovénia ao longo dos Alpes. Ao sul, que consiste na totalidade da península Itálica Cecília, Sardenha, as Duas maiores Ilhas no mar Mediterrâneo, e muitas outras Ilhas menores ficam no entorno do território Italiano.
Antecedentes da Unificação da Itália
O congresso de Viena (1814-15), determinou que os actuais territórios da Itália e da Alemanha fossem divididos em diversos estados dominados por estrangeiros. Os povos desses territórios não aceitaram a divisão feita por Viena e promoveram, então, movimentos racionalistas visando transformar suas nações em estados nacionais independentes.
Onde hoje é a Itália foi dividida em pequenos estados por ordem de Viena, são eles:
- Reino Lombardo Veneziano: governado pela Áustria;
- Reino Sardo Piemontês: governado por uma dinastia italiana, era autónomo e soberano;
- Ducados de Parma, Módena e Toscana: governados por duques subservientes a Áustria;
- Estados Pontifícios: governados pelo Papa;
- Reino das Duas Sicília: governado pela dinastia de Bourbon.
A primeira luta do movimento para unificar a Itália, só teve início depois da decisão do Congresso de Viena que transformava a actual Itália. As primeiras tentativas de libertação do território italiano foi uma organização revolucionária, chamada de Jovem Itália liderada por Giuseppe Mazzini, republicano que junto com a jovem Itália defendia a independência e a transformação da Itália numa república democrática.
A Itália no século XIX, em 80% de seu território, tinha sua economia voltada ao sector primário, ou seja, voltado ao sector agrícola. Uma economia fraca, burocrática, lenta e pouco competitiva em um mercado que começava a se industrializar e tornar-se cada vez mais exigente.
Revolução na Itália ou Primeira Guerra da Unificação
Até o final da primeira metade do século XIX, a Itália era uma região dividida em varias unidades políticas, independentes entre si.
Em 1848, sob a influência das revoluções liberais que se espalhavam pela Europa, começaram a se organizar na Itália movimentos em prol da sua unificação política.
Começam as tentativas de unificação do reino da Itália. Durante esse período, os revolucionários proclamam pelo menos três repúblicas, a de São Marcos, a Toscana e a República Romana. Essa última república foi proclamada quando, em 1849, Mazzini comandou uma revolução em Roma. Os revoltosos cercaram o palácio do Quirinal, onde morava o Papa Pio IX, e o ameaçaram seriamente. Para salvar-se, o pontífice, dissimulado sob outros trajes, fugiu para Gaeta, fortaleza localizada no Reino das Duas Sicília, Novembro de 1848.
Em 1849, uma assembleia constituinte em Roma proclamou a República Romana. Um dos primeiros actos da nova república foi a elaboração de uma constituição que pudesse ser utilizada por uma Itália unida. Pio IX apelou para as potências europeias, pois o Congresso de Viena tinha reconhecido e confirmado as fronteiras dos Estados da Igreja. Nações católicas como a Áustria, a França e a Espanha mandaram tropas para atacar Roma e a república foi abolida em Julho de 1849. O Papa voltou à sua capital em 1850.
A derrota dos revolucionários provocou a restauração do absolutismo em quase todos os Estados italianos. O único reino que manteve uma constituição liberal foi o Piemonte-Sardenha. Quase todos os partidos empenhados na unificação depositaram aí suas esperanças.
Além disso, um surto de Industrialização propiciou o fortalecimento da burguesia piemontesa, cujos interesses económicos tornavam necessária a unida política do país, ou seja, uma Itália Unificada e Livre, sem intervenções políticas e económica externas.
Entretanto, as ideias nacionalistas e revolucionárias continuavam propagando-se, incentivadas pelo progresso económico e o amadurecimento das instituições. O incremento da produção têxtil do Reino da Sardenha exigia um vasto mercado que somente poderia ser a Itália unificada.
As sociedades secretas e o movimento Jovem Itália
As ideias revolucionárias também se propagaram através de sociedades secretas, como os Carbonários, os Adelfos e os Neoguelfos.
Durante o domínio napoleónico, formou-se na Itália uma resistência que contou com membros de uma organização secreta – a Carbonária. A Carbonária, uma sociedade mais ou menos maçónica, surgiu em Nápoles, dominada pelo general francês Joaquim Murat, cunhado de Bonaparte. Seu objectivo, como o da maçonaria em geral, era combater a intolerância religiosa, o absolutismo e defender os ideais liberais. Lutava contra os franceses, porque as tropas de Napoleão haviam iniciado uma espoliação da Itália, embora defendessem os mesmos princípios de Bonaparte.
Portanto, os Carbonários eram, principalmente, da média e da pequena burguesia e organizavam-se em vendas, cada uma contendo vinte membros, que desconheciam os grandes chefes. Todas as orientações eram transmitidas pelas vendas. Havia uma venda central, composta por sete membros, que chefiava o trabalho das demais. A Carbonária não tinha nenhuma ligação popular, pois como sociedade secreta, não propagandeava suas actividades.
Além disso, a Itália era uma região agrícola e extremamente católica, com camponeses analfabetos e religiosos, que tradicionalmente se identificavam com ideias e chefes conservadores. Giuseppe Mazzini (1805-1872), fundou a Jovem Itália, organização paramilitar que pretendia libertar as regiões italianas do domínio austríaco e unificar o país, por meio da educação do povo e da fundação de uma república democrática. Suas palavras de ordem eram: direito dos homens, progresso, igualdade jurídica e fraternidade. A sociedade organizou células revolucionárias em toda a península.
A esse movimento democrático opunham-se outras correntes que também pretendiam a unificação italiana. Eram os reformistas monarquistas, contrários à violência proposta por Mazzini e que acreditavam na realização da unidade política em torno do reino Sardo-piemontês, sob um regime monárquico constitucional, e os Neoguelfos, moderados liderados por Vincenzo Gioberti, que, por intermédio de acordos com a Áustria, queriam formar uma monarquia constitucional sob o controle do papa. Os neoguelfos defendiam que os papas romanos deveriam ter também o poder temporal da Europa.
A conquista do Reino das Duas Sicílias
Em Abril de 1860, iniciou-se uma insurreição camponesa na Sicília, para onde se dirigiu Garibaldi. Em Maio de 1860, o lendário Giuseppe Garibaldi – líder da Sociedade Nacional, um movimento criado por ele e Pallavicino, com o apoio do Conde de Cavour e que tinha por finalidade unificar a Itália – partiu de Gênova e desembarcou em Marsala com um exército popular de 1070 homens conhecido como os “mil de Garibaldi” ou os “mil camisas-vermelhas”, porque estes voluntários usavam camisas-vermelhas.
Em Setembro, Garibaldi entrou em Nápoles, sendo logo seguido pelo exército de Vítor Emanuel II, que havia conquistado os Estados Pontifícios. Garibaldi assumiu o poder em Nápoles, com o apoio incondicional de uma parte considerável da população, com excepção dos camponeses, que não constituíam uma forte oposição aos latifundiários.
Republicano convicto, Garibaldi opunha-se à política da Casa de Saboia, pois ela daria ao país o regime monárquico. Apesar disso, Garibaldi voluntariamente reconheceu a autoridade de Vítor Emanuel quando esta foi exigida por Cavour e entregou o Reino das Duas Sicílias ao rei, pois preferia ver uma Itália monárquica unida a uma Itália desunida. Vítor Emanuel foi proclamado, em de Março de 1861, rei da Itália, cuja capital passou de Turim para Florença em 1865, já falecido Cavar. Em 1861, a comunidade internacional, com excepção da Áustria, reconheceu o nascimento do novo Estado italiano.
A proclamação do Reino de Itália
Em 18 de Fevereiro de 1861, Vítor Emanuel II reuniu em Turim os deputados de todos os Estados que reconheciam sua autoridade e assumiu, em 17 de Março, o título de Rei da Itália “por graça de Deus e vontade da nação”, mantendo porém o número que lhe cabia como soberano do Reino da Sardenha. O Reino da Itália foi governado com base na constituição liberal adoptada no Reino da Sardenha em 1848 (Estatuto Albertino).
Veneza e Roma
Segundo SILVA (pag.184), para a conclusão da unidade de país faltava ainda a incorporação de Veneza, submetida à ocupação austríaca, e de Roma, onde Napoleão III mantinha tropas francesas para proteger o Papa. O Imperador francês, por birra, opunha-se agora à unificação da Itália porque temia o surgimento de uma nova potência junto às fronteiras da França. Aquela época, a Prússia também estava promovendo a unificação da Alemanha, à qual se opunham a Áustria e a França. Os objectivos e inimigos comuns levaram em 1866 á assinatura de um pacto militar Ítalo – prussiano.
Nesse mesmo ano, eclodiu a guerra Austro – Prussiana (1866), que indirectamente, iria acelerar a unidade italiana. Em campanha fulminante, a aliança ítala – prussiana venceu os austríacos, que, entre outras concessões, foram obrigados a ceder à Itália o domínio de Veneza. Os italianos tiveram de renunciar às províncias do Tirol, Treintino e Ístria.
Portanto, a unificação tomou-se por completa após a guerra franco-prussiana (1870-71), onde a Alemanha se unificou completamente e derrotou França; Essa retirou suas tropas de Roma.
Ainda permaneciam fora do Reino de Itália o Vêneto em poder da Áustria e Roma (em poder do papa. Negociações diplomáticas, realizadas pelo governo italiano com a Áustria e com o Papa fracassaram.
A terceira guerra ocorreu em 1866 e o Reino de Itália aliou-se à Prússia contra a Áustria. Graças à vitória do exército prussiano contra a Áustria, o reino de Itália adquiriu o controlo sobre o Vêneto.
Em 1866, a Prússia entrou em guerra com a Áustria, auxiliada pelo novo Estado italiano. Garibaldi e os seus homens sofreram muitas derrotas, mas as tropas da Prússia ditaram o resultado final deste conflito. Após a assinatura da Paz de Viena em 1868, a Áustria foi coagida a renunciar ao Vêneto e a região foi integrada ao Reino de Itália.
Em 1862, Garibaldi tentara conquistar Roma, mas fora vencido. Em 1867, tentou novamente, porém o imperador francês Napoleão III, pressionado pelos católicos de seus pais, invadiu Roma e recolocou o Papa no trono. Pela importância histórica da cidade, antiga capital do Império Romano e sede da cristandade ocidental, a Itália sem Roma era como um homem sem cabeça.
O primeiro obstáculo foi removido com a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Devido a essa guerra, as tropas francesas foram retiradas da “Cidade Eterna” para combater os prussianos, e os italianos invadiram a cidade, que foi ocupada pelas tropas de Vítor Emanuel em 20 de Setembro de 1870, sendo transformada na capital do reino que se formava. Em 13 de Março de 1871, Vítor Emanuel ofereceu como compensação ao Papa uma indemnização e o compromisso de mantê-lo como chefe do Estado do Vaticano, um bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja (as leis de garantia).
O Papa Pio IX, consciente de sua influência sobre os católicos italianos e desejando conservar o poder da Igreja, recusou as duas ofertas e declarou-se prisioneiro voluntário do Estado italiano. Além disso, proibiu os católicos italianos de votar nas eleições do novo reino.
Portanto, essa incómoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja, chamada Questão Romana, só terminou em 1929, quando o ditador fascista Benito Mussolini, necessitando de apoio da Igreja e dos católicos, assinou com o Papa Pio XI a Concordata de São João Latrão. Por esse tratado, firmou-se um acordo pelo qual se criava o Estado do Vaticano, o Sumo Pontífice recebia indemnização monetária pelas perdas territoriais, o ensino religioso era obrigatório nas escolas italianas e se proibia a admissão em cargos públicos dos sacerdotes que abandonassem a batina.
As províncias irredentas (irredentismo)
A unificação da Itália ainda não se havia completado. Algumas províncias como Trentino, Tirol Meridional, Trieste, e Ístria, continuavam sob domínio austríaco, sendo chamadas de províncias irredentas, isto é, não libertadas. Nessas regiões, irrompeu um movimento de carácter nacionalista: o Irredentismo. Ao final da Primeira Guerra Mundial, partes dessas regiões foram incorporadas à Itália
Contudo, para a burguesia com a unificação italiana significaria a ampliação dos mercados consumidores e aumento da sua produção industrial enquanto, o proletariado significaria uma miséria.
Consequências da Unificação da Itália
A unificação tardia da Itália, sobretudo no século XIX contribuiu para retardar o seu desenvolvimento capitalista:
- No sul do país permaneceu agrário e não desenvolvido, dominado pelo latifúndio e pela aristocracia rural;
- No norte conseguiu um relativo desenvolvimento industrial, mas a falta de mercados e matérias-primas impediu que a industrialização atingisse grandes proporções;
- Esta unificação tardia fez com que a Itália chegasse atrasada à corrida colonial para África, quando a divisão do mundo já estava concluída e os mercados dominados pela Inglaterra e a França;
- As províncias irredentistas de Tirol, Trentino e Ístria só foram, recuperadas no governo de Benito Mussolini.