Localização geográfica e astronómica do Império Asteca

Geograficamente localizava-se na América Central, e durante o reinado do primeiro soberano Acamapichtili, o Império Asteca, obedecia os seguintes limites: Norte – actuais Estados Unidos, a Sul – Istmo de Tehuantepec; a Este – Golfo do México; e a Oeste – Oceano Pacífico.

Em termos da sua localização astronómica, a antiga capital asteca – Tenochtitlán, hoje cidade do México está entre a Longitude 19º 25’ N e Latitude 99º 10’ O. Atlas Geográfico.

Origem e Formação do Império

Os astecas ou mexicas falantes da língua nahualt, estabeleceram-se no Aztlán – região que se sita a noroeste do México, por volta do século II d.C.

Mil anos depois, levando uma vida nómada saíram de Aztlán em direcção ao sul, numa viagem que levou dois séculos e tornaram-se sedentários ao estabelecerem-se no Vale do México concretamente no Lago Texcoco, e dominando as tribos locais: os olmecas, toltecas e chichimecas, fundaram o Império Asteca.

A saída da ilha de Aztlán, ficou a dever-se pela promessa de Deus Colibri Azul: o lugar onde encontrassem uma águia com uma serpente no bico, pousada num cacto sobre uma rocha, seria a terra prometida. A promessa divina foi concretizada no Lago Texcoco, mas atribuíram ao local outro nome – Tenochtitlán que significa rocha de cactos, e que mais tarde tornou-se a capital do império, hoje é a cidade do México. A designação Asteca ficou a dever-se pelo seu local de origem – a Ilha de Aztlán ou Aztaclán.

Entre os anos 1325 e 1345 os astecas fundaram Tenochtitlán com Acamapichtili no poder. Entretanto, a estratégia militar que justifica os sucessos alcançados, prende-se pela posse de exércitos confederados e o povo unido que actuava em bloco. Foi assim que por volta dos anos 1428/9, estenderam o império, dominando os povos vizinhos (ex: a dinastia Tepaneca, etc), uniu-se a capital com as cidades de Texcoco e Tlacopan. Para estas famosas conquistas destacam-se as figuras de: Moctezuma I e Axayacatl, e de resistência: Moctezuma II, Cuitlahuac e Cuauhtémoc.

Concluindo, a formação do Império Asteca tem a sua origem, a partir da altura em que a tribo Asteca conduzida por uma profecia, abandonou a região de Aztlán, rumo ao sul. Dois séculos depois, fixou-se no Lago Texcoco (Vale do México) – o local prometido, foi baptizado pelo nome de Tenochtitlán, que significa rocha de cactos. No século XIV, os tecnochas iniciaram a sua civilização com um pequeno templo, submeteram os povos locais e vizinhos. Tenochtitlán tornou-se a capital do Império Asteca, e hoje é a actual Cidade do México.

A Sociedade Asteca

Os Astecas eram: fortes, de pele escura, cabelos curtos e grossos e rostos redondos, assemelhando-se a alguns grupos de indígenas que hoje vivem em pequenas aldeias perto da Cidade do México. Tenochtitlán – a capital, era a maior cidade que qualquer uma cidade europeia, com 400.000 habitantes.

A família morava numa casa simples, feita de adobe ou pau-a-pique e coberta de sapê. O pai trabalhava nos campos com os filhos mais velhos. A mãe cuidava da casa e treinava as filhas nos afazeres domésticos, como: moer milho, fazer bolos, fiar e tecer. As roupas eram feitas de algodão ou de fibras das folhas de sisal, onde os homens usavam tanga e sandálias, e as mulheres vestiam-se de saias e blusas sem mangas. Os chefes das aldeias usavam uma manta branca e os embaixadores carregavam um leque. Em geral, os sacerdotes se vestiam de negro.

Os astecas valorizavam a educação. Havia dois tipos de escolas: (I) calmecac – para os filhos dos nobres que aprendiam a religião e se tornavam sacerdotes; aprendiam ainda a ler, escrever, prever eclipses e secas e a fazer remédios com ervas. Aos vinte anos, saíam do calmecac para casar, trabalhar como escribas do rei e dirigir cerimónias religiosas; e (II) telpochacalli – para os filhos do povo, eram treinados para serem guerreiros, aprendiam a obedecer, abriam canais, varriam os templos, exercitavam-se com espadas e escudos de madeira, levavam comida aos guerreiros nos campos de batalha, aprendiam leis das cidades, bem como canções e danças religiosas. A mulher podia casar aos 16 anos e o homem aos 20 anos.

Assim conclui-se que a sociedade asteca se encontrava assim estratificada: Imperador/seus parentes e sacerdotes – Homens livres ou Pochtecas – Escravos e crianças. Dois tipos de escolas: calmecac – para os filhos dos nobres e telpochacalli destinada aos filhos do povo. A família vivia em habitações singelas e havia especialização no trabalho. O milho constituía o alimento mais preferido e usavam roupas feitas de algodão ou de fibras das folhas de sisal.

Divisão Administrativa e o Sistema Político

Cada cidade – estado do Império Asteca tinha o seu próprio rei, todavia possuindo um comando militar, só reconhecia um chefe: o imperador Montezuma. Os astecas foram guerreiros famosos, com uma organização militar muito desenvolvida.

A cidade de Tenochtítlan tinha dupla função: era coração político e espiritual. O sistema governamental era monárquico, logo o seu povo tinha pouca liberdade e voz no governo. O poder do Imperador era hereditário e de origem divina. Governava auxiliado pelo Grande Conselho, onde as suas principais obrigações eram proteger o povo e homenagear os deuses. O seu sucessor era eleito pelo Conselho do Imperador, entre os membros da linhagem governante – a chamada Casa Real.

No topo estava o Rei – o maior líder de todos os exércitos. Exercia as principais funções políticas ao lado de outro líder destinado a criação de leis, a distribuição dos alimentos e a execução de obras públicas; (II) Militares e sacerdotes; (III) A Classe intermediária de Comerciantes e Artesãos, e nalguns casos os comerciantes actuavam como espiões e, por isso, recebiam a isenção de impostos; e (IV) a Camada mais baixa formada pelos Camponeses e Escravos (obtidos por meio dos conflitos militares).

Na cultura asteca, demonstrar bravura nas guerras era a principal forma de ascensão social. Poderio militar – camponeses podiam ser convocados a qualquer momento para integrar os exércitos, que preferiam ferir a matar seus inimigos obtendo prisioneiros para usar em sacrifícios. Lanças, porretes e escudos redondos de madeira eram os principais equipamentos.

As Actividades Económicas

A agricultura era a base da economia asteca, com a técnica da irrigação e queimada dos terrenos, onde o milho era a principal cultura. O feijão, o tomate, a batata, o inhame, o tabaco e cacau complementavam as refeições dos astecas. As terras pertenciam aos nobres e eram cultivadas por escravos ou pessoas que as tomavam como emprestadas.

Para além de serem verdadeiros agricultores, os astecas praticaram: a caça de rãs, pássaros, girinos e lagartas, a mineração do ouro em pó, a criação de coelhos, perús até caninos, a pesca de tartarugas, caranguejos e peixes.

O povo asteca desenvolveu o artesanato, como outra actividade de capital importância, a citar: a ourivesaria, a joalharia, a cinzelagem de pedras semi – preciosas e o mosaico de plumas. Os artesãos eram bem remunerados. Trabalhavam em domicílios e em oficinas instaladas nos palácios dos soberanos. Pagavam impostos em artigos da sua especialidade, e isentos à corveia.

Os astecas desenvolveram ainda o comércio interno de legumes, verduras, erva medicinal, machado de cobre, panela, plumas, jóias até escravos, e do comércio externo recebiam: tecidos, papel, borracha, tabaco, peles, cerâmica e ouro, em troca de ornamentos de cristal, botoque labial, pele de coelho, ervas, agulhas e roupas. As sementes de cacau, pepitas de ouro, prata e bronze como moeda. A semente de cacau também simbolizava riqueza e o poder. Tlatelolco foi o mercado de destaque que recebia diariamente milhares de pessoas.

A Arte e Ciência

Na arte, destacava-se, principalmente, a arquitectura, devido às construções de palácios de pedra, todos eles com vários andares e ricamente decorados com cabeças de serpente e dragões.

Os astecas construíram obras monumentais, incluindo quilómetros de estradas e aquedutos, porém a invasão espanhola não as poupou. Inspiravam-se na arte Tolteca e de Teotihuácan, bem como no estilo huáxteca, embora tivesse elementos originais. Os templos e as pirâmides eram imponentes e ladeados de outras construções. A capital Tenochtitlán foi erguida em área pantanosa, cuidadosamente drenada e aterrada para comportar cerca de 100 pirâmides e torres.

A cidade asteca apresentava um gigantesco conjunto arquitectónico, na qual se destacavam a Pirâmide da Lua com 42m de altura e 1600 m² na base e a Pirâmide do Sol. Esta última tem uma base quadrangular, com 3,7 m de diâmetro, 60m de altura e 225m de largura. Hoje em dia, encontra-se no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. Tem pedra que no centro ostenta a imagem do deus sol, mostrando os dias da semana asteca e versões astecas da história mundial, além de mitos e profecias. Os astecas construíram ainda, a Pirâmide dos Ninchos de El Tajin com 365 ninchos, sendo um para cada dia do ano, e um imenso calendário solar – a célebre Pedra do Sol, para além um diferente sistema de contagem cuja base era o número 20.

Os astecas não possuíam um alfabeto, mas sim uma espécie de escrita em logogrifo baseada nas imagens e caracteres simbólicos. Os acontecimentos de maior relevo eram conservados em livros feitos de papel preparados com folhas de sisal. Estes livros eram enrolados como pergaminhos ou dobrados como mapas.

A Religião

O principal templo religioso existiu anteriormente à chegada da civilização na região, e localizava-se em Teotihuacán. Os astecas eram politeístas e prestavam grande importância a cada momento da vida humana, o que explica o grande poder dos seus sacerdotes reguladores das forças naturais. Entre os seus deuses, destacam-se Huitzilopochtili, deus da Noite e da Guerra, rival de Quetzalcoátl, o grande deus da Civilização Asteca; Tlaloc, deus da Chuva; Chalchiuhtlicue, sua companheira; e Tlazolteotl, deusa do Amor. Os astecas ofereciam sacrifícios rituais aos deuses, às vezes humanos, muitos deles cativos de guerra.

O Códice Borbônico asteca mostra os deuses Tezcatlipoca e Quetzalcóatl, este em sua forma de serpente verde devorando um homem e a lenda de Quetzalcóatl, o deus desterrado por Tezcatlipoca, voltaria para comandar os astecas. A ilustração mostra a importância do sacrifício humano na religião asteca, feito para celebrar os seus deuses, que na época era normal, e as pessoas iam felizes para seus sacrifícios.

Os astecas acreditavam que viria um grande deus pelo mar. Quando os espanhóis então chegaram com suas caravelas, eles achavam que eles eram deuses. Assim, a princípio, Montezuma, o imperador asteca, ofereceu vários presentes a Hernán Cortés.

Os astecas acreditavam que o destino do homem no além dependia da forma como morria: os guerreiros, quando mortos em combate, acompanhavam o sol até ao seu zénite.

O Apogeu e Declínio Asteca

No âmbito político, o Império Asteca conheceu o seu ponto culminante até meados do século XVI, devido aos exércitos confederados e um povo unido que actuava em bloco, o soberano Acamapichtili empreendeu uma série de conquistas aos povos vizinhos do México, o que culminou com a extensão territorial.

No que concerne à vida social, a cidade capital – Tenochtitlán que hoje é a Cidade do México, chegou a ser a maior cidade das civilizações da América, tendo atingido mais de 140 mil habitantes. Os templos eram de pedra e alinhados aos astros.

A agricultura baseada no cultivo do milho, constituía a principal actividade económica mexica. Outras actividades praticadas contribuíram significativamente para a fama do império, com destaque para o comércio, em que Tlatelolco foi o mercado de evidência que recebia diariamente milhares de pessoas. A semente de cacau era usada como moeda e simbolizava riqueza e o poder.

O desmoronamento, ou seja, o fim daquela civilização pré – colombiana ficou a dever-se, entre outros, pela conjugação de três factores: uma epidemia de varíola trazida pelos europeus, constituiu arma inesperada para ajudar os espanhóis, causava mortalidade elevadíssima em Tenochtitlán, bem como a fome, onde eles ficavam magros, amarelos e sujos, tinham de arrastar-se pelo chão em busca de raízes e arrancando até casca das árvores para se alimentarem. O mais agravante é que no decurso do século XVI, no ano de 1519 chegou ao México o conquistador espanhol – Hernán Cortés e o seu exército altamente equipado de material bélico. Consequentemente a derrota Asteca foi aceite com fatalismo quando o imperador Cualhtemoc, sucessor de Montezuma, foi capturado.

Bibliografia

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