Marx e Engels desenvolveram uma concepção de Estado que foge da linha do pensamento dominante de sua época. Para eles não é o ideal de moral ou de razão, mas uma força externa da sociedade que se põe acima dela não para conciliar interesse, mas para garantir a dominação de uma classe por outro e a manutenção da propriedade.

Engels esclarece que o Estado surgiu junto com a propriedade privada para protegê-la. Para os autores a propriedade privada gerou um conflito inconciliável, o conflito entre as classes sociais. Para impedir que os membros da sociedade se devorassem a classe dominante criou o Estado, forma pela qual se mantém no poder. Por isso todo Estado, por mais democrático que seja, é uma ditadura. Marx e Engels mostram que as principais características do Estado são a burocracia, a divisão dos súditos por território e uma força militar, um exército permanente.

Marx, ao perceber que o Estado é um aparelho de dominação de uma classe por outra, percebe também que a revolução armada para a construção do socialismo é uma forma passageira de Estado, mas segundo ele é um Estado que já não é mais Estado, pois não só inverte a relação de domínio como cria as bases para seu próprio fim. Esse é o Estado Operário.

A Ditadura do Proletariado caracterizada pela imposição do comunismo à burguesia e expropriação forçada dos meios de produção, mas este socialismo è para eles só a primeira fase da sociedade comunista. Marx e Engels defendem, no entanto, esse Estado apenas para triunfar sobre o adversário, para acabar com a divisão da sociedade em classes. Com o fim do capitalismo, desaparecem com eles as classes sociais e, portanto, o Estado, pois só pode haver dominação de classe numa sociedade dividida em classes.

Na realidade podemos perceber que os países que se reivindicaram socialistas, o chamado socialismo real, não aboliram o Estado, sinal de que não aboliram as classes sociais, o trabalho assalariado e, portanto a mais-valia, nem distribuíram a produção. Assim essas sociedades, dentro da lógica marxista, mantiveram as principais características do capitalismo inclusive os seus principais traços característicos descritos em o capital. Por isso diversos autores defendem que esses países criaram um Capitalismo de Estado, isto é, um capitalismo que existia dentro do Estado.

Crítica da religião

Para Marx a crítica da religião é o pressuposto de toda crítica social, pois crê que as concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus atos. Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido à sentença que profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito.

É o ópio do povo.” Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a actividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões de Ludwig Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de nenhum Deus ou outro ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.