A crise do feudalismo ocorreu durante a Baixa Idade Média, dos séculos X a XV. Trata-se de um longo processo que levou à formação das Monarquias Nacionais Europeias e consequentemente, do Estado Moderno.

Antecedentes

Ao longo da Alta Idade Média, o ocidente foi assolado por constantes invasões de povos e etnias diferentes. Os bárbaros germânicos devastaram o Império Romano. Eles eram muitas vezes empurrados por outros povos mais perigosos que também viviam da pilhagem e do saque. No século V, ocorreram as incursões dos hunos, um povo asiático, conhecido por sua perícia na arte de cavalgar e no uso de arco e flecha, seu principal líder chamado de Átila, o Flagelo de Deus. – Os germânicos, pilharam os territórios ocidentais do antigo Império Romano, aos poucos se sedentarizando. Nos séculos VIII e IX, os normandos (homens do norte), naturais da Escandinávia (Suécia, Noruega, Dinamarca) começaram a atacar os feudos medievais, principalmente as igrejas e os mosteiros cristãos, causando medo e insegurança entre os povos europeus.

Além dos vikings ou normandos, havia incursões dos húngaros e dos eslavos, povos naturais das extensas planícies da Europa Oriental a competir por territórios. Todas essas invasões geravam não somente um clima de insegurança, como também mantinham a mortandade das populações europeias em níveis elevados, assegurando a subsistência mínima dos camponeses, alocados em feudos quase auto-suficientes. Junta-se as invasões as cruzadas (guerras santas).

Crise do século XIV

Ao longo do século XIV, uma nova crise abalou à Europa. Por um lado, a Guerra dos Cem Anos causou uma grande mortandade no Velho Continente, por outro, uma epidemia mortal, começou a se espalhar entre a população europeia: a Peste Negra. Trata-se de uma doença que começou na China entre 1333-1334, espalhando-se pelo Mar Negro e chegando até Constantinopla em 1347. Na Europa Ocidental, os primeiros casos atestados da doença datam de 1348, levando milhares de pessoas a contraírem-na logo em seguida.

A Peste Bubónica, proveniente de uma bactéria transmitida aos humanos pela pulga do rato preto, provavelmente chegando à Europa por meio das caravanas de comércio. Em razão das condições precárias de higiene e da falta de sistema de esgotos nas cidades Europeias, a doença se espalhou rapidamente, matando entre 25 a 75 milhões de pessoas.

Com a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos, o número de habitantes no continente europeu foi reduzido pela metade, ocasionando falta de mão-de-obra para a produção de alimentos. Em outras palavras, se a crise do início da Baixa Idade Média foi gerada pelo crescimento demográfico acentuado, agora ela se deu por um fenómeno inverso, a diminuição da mão-de-obra nos campos.

A crise só veio a piorar com a falta de comida, gerando ainda mais mortandade. Datam dessa época os casos de insatisfação geral de camponeses contra os antigos senhores feudais alocados em seus castelos, as chamadas rebeliões camponesas. A Idade Média chegaria oficialmente a seu fim com a tomada de Constantinopla, mas foi à crise do século anterior que realmente inaugurou o ocaso do medievo.