O colonialismo foi mais do que um sistema de exploração económica e dominação política, e pode mesmo ser entendido como um modo de percepção do mundo. Produziu formas de enquadramento da vida social e criou relações fundadas em forças hegemónicas sempre em tensão construtiva com imagens contra hegemónicas.

Características do colonialismo Africano

Nos primeiros anos da colonização as potências coloniais ainda não continham estruturas de administração que permitiam a recolha de impostos por isso tinham de suportar integralmente as defesas. Para adaptar as defesas as metrópoles tinham que ter um nível de desenvolvimento económico elevado, e além disso os governantes das colónias tinham de ter no seu currículo experiencia na área militar.

O colonialismo deve-se a vários factores desde os sócios, políticos, económicos e ideológicos. O processo de ocupação territorial, exploração económica e domínio político do continente africano prepotências europeias tem inicio no século XV e estendeu-se até a metade do século XX. Ligada a expansão marítima europeia, a primeira fase do colonialismo surge da necessidade de encontrar as rotas alternativas para o oriente e novos mercados produtores e consumidores.

No século XIV, exploradores europeus chegaram a África. Através de trocas com alguns chefes locais, os europeus foram capazes de capturar milhões de africanos e de os exportar para vários pontos do mundo naquilo que ficou conhecido como escravidão.

No princípio do século XIX, com a expansão do capitalismo industrial, começa o neocolonialismo no continente africano. As potências europeias desenvolveram uma “corrida a África” massiva e ocuparam a maior parte do continente, criando muitos colónias.

Impacto da Dominação Colonial em África

A questão da dominação colonial em África tem merecido os mais controversos debates da História de África. Alguns africanistas, como L. H. Gann, Peter Duignan e C Lloyd, afirmam que a influencia do colonialismo em África trouxe benefícios e, na pior das hipóteses, que esses não foram prejudiciais a África. Para eles, a colonização proporcionou uma gama de infra-estruturas pela qual assentaram-se as novas administrações nascidas com as independências africanas, nomeadamente:

O aparelho administrativo;

A rede de estradas ferrovias;

O sistema de telecomunicações;

O serviço básico de educação e de saúde.

É fácil questionar hoje a lentidão do desenvolvimento económico durante os cinquenta (50) anos de colonização. Não obstante, a diferença entre a condição da sociedade africana no final do século XIX e a do final da Segunda Guerra Mundial é espantosa. As potências coloniais proporcionaram toda a infra-estrutura da que dependeu o progresso na época da independência: aparelho administrativo, aliás eficiente que alcançava as ideias mais remotas, uma rede de estradas, de ferrovias e de serviços básicos em matéria de saúde e de educação. As exportações de matérias-primas trouxeram considerável riqueza aos povos da África ocidental.

O carácter da influência colonial foi positivo já os teóricos do subdesenvolvimento e do desenvolvimento consideraram que o efeito positivo do colonialismo em África foi praticamente nulo.

Na opinião do historiador guianês negro Walter Rodney sobre o subdesenvolvimento da África. Apesar da dialéctica que nos é apresenta, uma questão está clara. O colonialismo trouxe consequências de cariz político, económico sociocultural que podem ser vistas como positivas, logo, benéficas ou então negativas, prejudiciais.

Impactos positivos: (ao nível político)

A nível político o primeiro impacto foi a instauração de um grau maior de paz e de estabilidade. Após a ocupação colonial e a implantação dos vários aparatos administrativos, guerras de expansão e de resistência.

Outros aspectos ao nível político que podia-se considerar positivo, é o novo ordenamento geopolítico dos modernos estados africanos que se matem até a actividade. Embora esses territórios tivessem sido criados arbitrariamente e artificialmente, foi desta forma que surgiram estados modernos independentes em África.

No entanto, no Congo, por exemplo, este processo levou ao surgimento de estado com superfícies diferentes, como foi o caso do Congo belga cuja superfície é maior que Burundi e Ruanda (território franceses).

A nível administrativo

O sistema colonial introduziu em África um novo sistema judiciário e uma nova burocracia ou administração. A estrutura montada contribuiu ainda para o aparecimento de uma classe funcionárias africanos que se foram multiplicando até a actualidade.

Ao nível das consciências e nacionalismos africanos

Por ultimo, destaca-se o nascimento do nacionalismo no quadro dos limites das fronteiras coloniais, caracterizado pelo desenvolvimento de certo igual da independência e de consciência entre as classes grupos étnicos que habitavam cada um dos nossos estados. Emergiram ainda as elites instruídas que haviam se beneficiado da educação colonial, muitas vezes como filhos ou parentes da elite africana que estava ao serviço da administração colonial (assimilados). Forma que, mais tarde, tomaram consciência da sua pertença, da sua nação e promoveram os movimentos nacionalistas africanas que anos depois levaram aos Movimentos de Libertação Nacional e as Independências.

Impactos negativos

O aspecto negativo mais marcante de todo o sistema colonial foi a perda da soberania (autoridade) e independência política e económica dos africanos. Estes o perderam direito de traçar planos de desenvolvimento para os seus países, bem como de participar na tomada de decisões, porque apenas o governo colonial ee que ditava as regras de governação. Portanto os africanos impedidos de exercer a sua cidadania no seio dos próprios países.

Outro aspecto negativo foi o subdesenvolvimento do continente africano e a desorganização do sistema social, político e económico das sociedades africanas. Várias comunidades e grupos étnicos e culturais foram divididos pelas fronteiras artificiais, milhares de riquezas africanas foram pilhadas e milhões de pessoas foram mortas arbitrariamente.

Foi instituído um sistema judicial que relegou para um plano secundário as leis africanas, embora tenha permitido a integração dos africanos no sistema judicial internacional inspirado no direito romano.

A nível económico

O escoamento de matérias-primas em bruto para Europa e de produtos manufacturados para a África obrigou a montagem de uma rede de estradas, portos, aeroportos e ferrovias. E ainda a criação de uma rede de telecomunicações como telégrafos e telefones.

Com as relações laborais e a existência de trabalhares assalariados introduziu-se em África a economia monetária que desempenhou um papel catalisador nas relações comerciais entre a europa e África. Foi a partir desta realidade económica que foram instaladas em África redes bancarias e que se desenvolveram hábitos consumista, que tendem a agregar-se neste fase em que o mundo vive globalizado.

Registou-se também a emigração e imigração entre países africanos, em busca de melhores condições de vida ou na fuga as difíceis condições de exploração como foi o trabalho forcado ou o pagamento dos impostos.

A nível sociocultural

Com a colonização, em algumas colónias como as portuguesas deu-se a aculturação das populações africanas, a assimilação das raças ditas inferiores, por cruzamentos, pela religião cristã, pela mistura dos elementos mais diversos, mesmo a liberdade de acesso as mais altas funções do estado na europa. Esta situação levou ao esmagamento das tradições culturais africanas a favor da cultura ocidental.

A educação ministrada para as populações ditas indignas contribuiu bastante para implantar a educação ocidental e retardar o pensamento intelectual dos africanos, ensinando-os apenas o saber fazer para servir os interesses económicos dos europeus.

A existência de uma pequena elite africana e a política de assimilação desenvolveram em alguns países, sobretudo onde a forma de administração foi a directa, uma política de discriminação racional caracterizada pela a existência de brancos, mestiços e negros.

Apesar de sofrimento da colonização, a cobrança dos impostos no campo, a pobreza extrema e a procura de melhores condições de vida levaram o número elevado da população camponesa a emigrar para as cidades, culminando com o crescimento destas.

Os europeus introduziram em áfrica as suas línguas e perduram até hoje como línguas oficiais dos africanos ou ainda de unidade nacional, caso de Moçambique, facto que este facilitado pela diversidade das línguas africanas em cada pais.

Bibliografia

BOAHEN, A. A. Topics in West African History. Longman, Londres, 1966.

BOHANNAN, P. e CURTIN, P,  Africa and Africans. Nova York, Natural History Press, ed. rev. 1971. DAVIDSON, A. B. African resistance and rebellion against the imposition of colonial rule. In: T. O. RANGER, org. Emerging Themes of African History, 1968.

HOWITT, W. Colonization and Christianity. Nova York, Negro Universities Press, 1969.

JOHNSTON, H. H. A History of the Colonization of Africa by Alien Races. Cambridge, CUP, 1899.

ALI. A. MAZRUI, História Geral da África, VII: África sob dominação colonial, Brasil:UNESCO, 1935