O império Bizantino foi a continuação do império romano na antiguidade tardia e idade média. Sua capital, Constantinopla (actual Istambul), originalmente era conhecida como bizâncio. Inicialmente parte oriental do império romano (chamada de império romano do oriente), sobreviveu à fragmentação e ao colapso do império romano do ocidente no século V e continuou a prosperar, existindo por mais de mil anos até à sua queda diante da expansão dos Turcos Otomanos em 1453. Foi conhecido simplesmente como império Romano por seus habitantes e vizinhos. A distinção entre o império Romano e o império Bizantino é em grande parte uma convenção moderna, não é possível atribuir uma data de separação

Origem do nome Bizantino do Bizâncio

A designação do império como “Bizantino” surgiu na europa ocidental em 1557, quando o historiador alemão Hieronymus Wolf publicou a sua obra corpus historiæ byzantinæ, uma colecção de fontes Bizantinas. “Bizantino” em si vem de “Bizâncio” (uma cidade grega, fundada por colonos de mégara em 667 a.c.), o nome da cidade de Constantinopla antes de se tornar a capital do império sob Constantino. Este antigo nome da cidade raramente seria utilizado a partir daquele evento, exceto no contexto poético ou histórico. A publicação, em 1668, de bizantino du louvre (corpus scriptorum historiæ byzantinæ), e em 1680 da história bizantina de du cange popularizou o uso de bizantino em autores franceses, como Montesquieu. Contudo, só em meados do século xix é que o termo entrou em uso geral no mundo ocidental.

Localização geográfica do império Bizâncio

As fronteiras do império mudaram muito ao longo de sua existência, que passou por vários ciclos de declínio e recuperação. Durante o reinado de Justiniano, alcançou a sua maior extensão após reconquistar muito dos territórios mediterrâneos antes pertencentes à porção ocidental do império romano, incluindo o norte da áfrica, península Itálica e parte da península Ibérica.

Durante o reinado de Maurício (582-602), as fronteiras orientais foram expandidas e o norte estabilizado. Contudo, seu assassinato causou um conflito de duas décadas com o império sassânida que exauriu os recursos do império e contribuiu para as suas grandes perdas territoriais durante as invasões muçulmanas do século vii. Durante a dinastia macedónica (século X-XI), o império expandiu-se novamente e viveu um renascimento de dois séculos, que chegou ao fim com a perda de grande parte da ásia menor para os Turcos seljúcidas após a derrota na batalha de Manziquerta (1071).

No século XII, durante a restauração comnena, o império recuperou parte do território perdido e restabeleceu sua dominância. No entanto, após a morte de Andrônico I comneno e o fim da dinastia comnena no final do século XII, o império entrou em declínio novamente. Recebeu um golpe fatal em 1204, no contexto da quarta cruzada, quando foi dissolvido e dividido em reinos latinos e gregos concorrentes. Apesar de Constantinopla ter sido reconquistada e o império restabelecido em 1261, sob os imperadores Paleólogos, o império teve que enfrentar diversos estados vizinhos rivais por mais 200 anos para sobreviver. Paradoxalmente, este período foi o mais produtivo culturalmente da sua história.

De uma maneira geral, o império Bizâncio localizava se na região Oriental do mar Mediterrâneo, desde a península Balcânica ao Egipto, passando pela Anatólia e pela Síria.

Divisão do império Romano

O baptismo de Constantino, por Rafael Sánzio, 1520-1524, vaticano, palácio apostólico. Eusébio de Cesareia recorda que, como foi comum entre os cristãos convertidos deste período, Constantino teve um baptismo tardio, próximo da sua morte.

As diferenças entre Oriente e Ocidente, e as disputas pelo poder entre o papa e o Imperador culminaram na divisão da Igreja, em 1054, criando uma cristandade ocidental, chefiada pelo papa e uma oriental, chefiada pelo imperador. Esse fato recebeu o nome de Cisma do Oriente.

Em 293, Diocleciano (284-305) criou um novo sistema administrativo, a tetrarquia. Após a abdicação de Diocleciano e Maximiano, a tetrarquia entrou em colapso e Constantino substituiu-a pelo princípio dinástico de sucessão hereditária. Escolheu a antiga cidade de bizâncio como nova capital imperial, refundando-a em 330 como “nova Roma” (adquiriria posteriormente o nome Constantinopla), pois estava bem situada nas rotas comerciais que passavam pelos mares negros e mediterrâneo, ligando o oriente e o ocidente.

Constantino fez muitas mudanças nas instituições civis, militares, administrativas e religiosas. Baseando-se nas reformas administrativas introduzidas por diocleciano, estabilizou a moeda (o soldo de ouro que introduziu tornou-se moeda altamente valorizada e estável) e fez alterações na estrutura do exército. Embora não tenha sido tornado a religião oficial do estado, o cristianismo gozava da preferência imperial, uma vez que Constantino concedeu-lhe generosos privilégios. Estabeleceu o princípio de que os imperadores não deveriam resolver questões de doutrina, mas deveriam convocar concílios eclesiásticos gerais para esse efeito. O primeiro concílio de Arles foi convocado por ele e o primeiro concílio de Nicéia apresentou sua reivindicação para ser a cabeça da igreja.

Durante o reinado de Teodósio I os templos pagãos do império foram sistematicamente destruídos e o cristianismo tornou-se a religião oficial do estado romano. Após a sua morte em 395, o império foi dividido entre seus filhos: a porção ocidental foi mantida por Honório, enquanto a oriental por arcádio. O oriente foi poupado das dificuldades enfrentadas pelo ocidente no século v, em parte devido a uma cultura mais urbana e a mais recursos financeiros, que lhe permitiram evitar invasões pagando tributos e contratando mercenários estrangeiros. Teodósio II comissionou em Constantinopla as muralhas que levaram seu nome, o que deixou a cidade imune à maior parte dos ataques; as muralhas mantiveram-se inexpugnáveis até 1204. A fim de afastar os hunos, Teodósio pagou-lhes tributos (159 quilos de ouro).

Seu sucessor, Marciano (450-457), recusou continuar pagando a quantia anteriormente estipulada, pois considerava-a elevada. À época, no entanto, Átila já havia desviado sua atenção para o império romano do ocidente. Após a morte de Átila, o império huno se desmoronou e Constantinopla iniciou um relacionamento profícuo com os hunos restantes, que acabaram lutando como mercenários do exército. Com o fim da ameaça huna, o império do Oriente viveu um período de paz, enquanto o império do Ocidente continuou seu lento declínio em decorrência da expansão dos povos germânicos: por esta altura muitos de seus antigos territórios já haviam sido perdidos, terminando por ser completamente conquistado em 476 pelo oficial de origem germânica Odoacro, que forçou o imperador Rómulo Augusto a abdicar,.

Em 480, o imperador Zenão I aboliu a divisão do império, tornando-se imperador único. Odoacro, agora governando a Itália como rei, foi nominalmente subordinado de Zenão, mas actuou com completa autonomia e acabou por apoiar uma rebelião contra o imperador. Para recuperar a Itália, Zenão negociou a reconquista com o rei Ostrogótico da mésia, Teodorico, o grande, a quem enviou como mestre dos soldados da Itália, a fim de depor Odoacro. Ele foi assassinado por Teodorico durante um banquete em 493 e Teodorico fundou o reino Ostrogótico, do qual tornou-se rei, embora nunca tenha sido reconhecido como tal pelos imperadores Orientais. Em 491, Anastácio I, um oficial civil de origem romana, tornou-se imperador.

No âmbito militar foi bem-sucedido em suprimir, em 497, uma revolta isaura que havia eclodido em 492, bem como numa guerra contra o império sassânida. Actualmente desconhecem-se os termos do tratado de paz que terminou este último conflito. No âmbito administrativo mostrou-se um reformador enérgico e um administrador competente aperfeiçoou o sistema de cunhagem de Constantino, através do estabelecimento definitivo do peso do follis, a moeda utilizada na maioria das transacções diárias, e reformou o sistema tributário, abolindo permanentemente o imposto crisárgiro. O tesouro do estado dispunha da enorme quantia de 150 000 quilos de ouro quando ele morreu em 518, (idem).

A edificação do império Bizâncio

Com a queda da dinastia Macedónia, iniciou-se um período difícil, marcado por agitações militares. De 1059 a 1081, estendeu-se à dinastia dos Ducas. Em 1081, Aleixo Comneno tornou- se imperador, dando início à dinastia dos Comnenos (1081-1185), marcada pela invasão dos sérvios e petchenegues, nos Bálcãs, dos seldjúcidas, no Oriente, e dos normandos, que ocuparam a Sicília. Constantinopla chamou em auxílio então os venezianos, que, após combaterem os normandos nos Bálcãs, ocuparam Creta e outras ilhas do Egeu, além de terem obtido isenções alfandegárias junto a Constantinopla. Tais privilégios fiscais arruinavam as finanças do Império. Então os Ângelos (1185- 1204) os anularam. Em retaliação, os venezianos empurraram a Quarta Cruzada para Constantinopla.

A sede do Império foi então trasladada para Nicéia. Nesse período, várias províncias se desligaram, algumas por sublevações e outras conquistadas por Estados estrangeiros. Assim surgiu o Estado de Trebizonda, que se manteve independente até 1461. Na dinastia dos Lascáridas (1204-1258), Constantinopla reconquistou a Trácia e várias regiões da Macedônia, do Épiro e da Tessália. No entanto Constantinopla só foi reconquistada em 25 de julho de 1261, na dinastia dos Paleólogos (1258-1453), com o apoio dos genoveses. Assim, venezianos e genovesas entravam e saíam de Constantinopla sem pagar nada, o que contribuiu imensamente para o enfraquecimento do Império. A crise aumentava com as constantes lutas intestinas, geradas pelo fortalecimento dos poderes locais frente ao poder central e pelos conflitos religiosos. Em 1453, o Império Bizantino caía sob o ataque dos turcos otomanos.

Apogeu do império Bizantino

Contudo, o Império sobreviveu, graças aos disciplinados exércitos, ao emprego do fogo grego nas batalhas marítimas e a bons imperadores e generais. Entre os séculos VII e IX desenvolveu-se o movimento iconoclasta, que condenava o culto das imagens. Vários imperadores iconoclastas enfrentaram problemas internos, resultantes de uma população que não aderia ao movimento religioso. Já contra os Árabes, os imperadores deste tempo conseguiram manter seus territórios e se defender relativamente bem contra os inimigos.

Em 867 sobe ao trono Basílio I, dando início à Dinastia Macedônica, que levaria o Império ao auge. Muitas vitórias foram obtidas frente aos Árabes, Eslavos, Búlgaros. Basílio II, que governou de 976 a 1025, iria completar a expansão do Império. Ele prejudicou os grandes proprietários rurais em favor dos camponeses e venceu de uma vez por todas a Bulgária, incorporando-a ao Império e recebendo a fama de Bulgaroctonos. Vence os Normandos em Canas e restabelece a autoridade imperial na Apúlia. A maré de sorte do Império, entretanto, parecia ter acabado. O imperador Romano Diógenes IV foi vencido e capturado pelos turcos seljuques em Manzikert.

Reinado de Justiniano

O auge deste império foi atingido durante o reinado do imperador Justiniano (527-565), que visava reconquistar o poder que o Império Romano havia perdido no ocidente. Com este objectivo, ele buscou uma relação pacífica com os persas, retomou o norte da África, a Itália e a Espanha. Durante seu governo, Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Império Romano do Ocidente.

A lei do Justiniano ou Corpus Júris Dominici

No governo de Justiniano (527-565), o Império Bizantino atingiu seu esplendor, através do fortalecimento do poder imperial e da expansão fronteiriça. No plano político, Justiniano organizou o Corpus Júris Dominici, ou o Código Justiniano, que foi sintetizado em quatro livros, que abarcavam:

  • Código – reunião das leis.
  • Digesto – as constituições romanas.
  • Institutas – princípios fundamentais do Direito romano e manual para os estudantes.
  • Novelas – leis publicadas no governo de Justiniano.

O Código de Justiniano serviu para inúmeros códigos civis de outras nações, nos séculos seguintes. Algumas normas do Código de Justiniano.

  • Ninguém é forçado a defender uma causa contra a própria vontade;
  • Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa;
  • Ninguém pode ser retirado à força de sua própria casa;
  • Nada que não se permita ao acusado deve ser permitido ao acusador;
  • O encargo da prova fica com aquele que afirma e não com o que nega;
  • Um pai não pode ser testemunha competente contra um filho, nem um filho contra o pai;
  • A gravidade de uma ofensa passada não aumenta a do fato exposto;
  • Na aplicação de penalidades, deve ser levada em conta a idade e a inexperiência da parte culpada.

Política no império Bizantino

A política no império bizantino, como quase tudo nele, também tinha a ver com a religião. o imperador considerava-se o representante Deus na Terra. Era a maior autoridade em assuntos terrenos (como guerra e administração) e nos religiosos. Para os bizantinos, a autoridade do imperador provinha de Deus, por isso, diz-se que o Império Bizantino era uma teocracia.

Era o imperador bizantino quem escolhia o patriarca, o cargo mais alto na Igreja Bizantina e o segundo homem depois dele. O patriarca auxiliava e aconselhava o imperador a governar o Império.

Religião

A religião foi fundamental para a manutenção do Império Bizantino, pois as doutrinas dirigidas a esta sociedade eram as mesmas da sociedade romana. O cristianismo ocupava um lugar de destaque na vida dos bizantinos e podia ser observado, inclusive, nas mais diferentes manifestações artísticas. As catedrais e os mosaicos bizantinos estão entre as obras de arte e arquitectura mais belos do mundo.

Os monges, além de ganhar muito dinheiro com a venda de indulgências, também tinham forte poder de manipulação sobre a sociedade. Entretanto, incomodado com este poder, o governo proibiu a veneração de imagens, a não ser a de Jesus Cristo, e decretou pena de morte a todos aqueles que as adorassem. Esta guerra contra as imagens ficou conhecida como A Questão Iconoclasta.

A religião bizantina, inicialmente ela era a mesma do Império Romano. A Igreja exercia papel de legitimação do poder do rei que por sua vez trabalhava para que a doutrina fosse mantida. A autoridade máxima religiosa era o Papa e as construções eram parecidas.

Igreja de Santa Sophia

Com o Cisma do Oriente provocado pelo confronto de interesses entre os dois lados a Igreja Bizantina passou a se chamar Igreja Ortodoxa. Houve muitas mudanças dentre elas a Iconoclastia onde foram retirados ídolos e imagens da igreja que se tornou mais espiritualizada.

Após uma série de revoltas motivadas pelos altos impostos cobrados pelo império e os dízimos cobrados pela igreja, o reino Bizantino começou a se enfraquecer. O aumento das grandes propriedades e a descentralização do poder ajudaram nesse processo que acabou de vez com o Império Bizantino devido a invasão de Constantinopla pelos Turcos Otomanos.

Arte Bizâncio

Em decorrência do período histórico, a Arte Bizantina expressa especialmente o carácter religioso. Além disso, o imperador era uma figura de referência sagrada uma vez que desempenhava o seu papel de governante em nome de Deus, tal como era propagado na época. Assim, muitas vezes se encontra mosaicos que retratavam o imperador e sua esposa entre Jesus e Maria.

Os artistas da época não tinham liberdade para se expressar, não podiam usar sua criatividade; deviam apenas cumprir com a elaboração da obra, tal como lhe era solicitado. Deste modo, Constantinopla viu muitos dos seus artistas migrarem para o Império Romano do Ocidente, cuja capital era Roma.

Arquitectura

O imperador mandou construir igrejas onde os convertidos pudessem se reunir para rezar. A arquitectura se destaca como expressão artística desse período pela construção de grandes e ricas igrejas, na verdade basílicas, dada a sua amplitude e riqueza expressa no revestimento de ouro e decoração com mosaicos. São conhecidos exemplos de arquitectura da Arte Bizantina:

As Basílicas de Santo Apolinário e São Vital, em Ravena, a Igreja de Santa Sofia, em Istambul – Obra da autoria do matemático Antêmio de Tralles e de Isidoro de Mileto, cuja construção foi feita entre os anos 532 e 537 e a Basílica da Natividade, em Belém – construção ordenada pela mãe do imperador Constantino no local onde Jesus nasceu foi construída entre os anos 327 e 333 e foi incendiada cerca de dois séculos depois.

Pintura

A predominância dos temas religiosos dá destaque às pinturas feitas nas igrejas. Essa expressão artística, todavia, não foi muito além do contexto religioso uma vez que no Império Bizantino surgiu um movimento chamado de iconoclastia.

As figuras humanas não podiam ser adoradas, a adoração cabia apenas a Deus. De acordo com a prática monoteísta a veneração dos santos consistia no pecado da idolatria. Assim, para acabar com o culto a figuras humanas, o imperador proibiu a reprodução de toda representação humana, ordenando, inclusive, a destruição das obras artísticas que existissem nessas condições.

Sociedade bizantina

A sociedade bizantina era totalmente hierarquizada. No topo da sociedade encontrava-se o imperador e sua família. Logo abaixo vinha a nobreza formada pelos assessores do rei. Abaixo destes estava o alto clero. A elite era composta por ricos fazendeiros, comerciantes e donos de oficinas artesanais. Uma camada média da sociedade era formada por pequenos agricultores, trabalhadores das oficinas de artesanato e pelo baixo clero. Grande parte da população era formada por pobres camponeses que trabalhavam muito, ganhavam pouco e pagavam altas taxas de impostos.

Economia do império Bizâncio

O Império Bizantino nasceu em um momento de crise do potente Império Romano e acabou ganhando espaço e durabilidade. O Império Romano não andava muito bem quando o imperador Teodósio resolveu dividi-lo entre seus dois filhos, Arcádio e Honório. Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente e seu irmão com a parte do Ocidente. Inicialmente a capital da parte oriental recebia o nome de Bizâncio, daí o nome Império Bizantino.

Diferente do Império Romano Ocidental, que sofria com o mal resultado da ruralização e das invasões bárbaras, o Império Bizantino pode aproveitar a boa localização geográfica para se desenvolver urbanamente e se tornar um importante centro comercial. Anos mais tarde antiga Bizâncio recebeu o nome de Constantinopla.

A economia do império era baseada na agricultura e na actividade comercial por terra ou mar. Por conta da urbanização também tinha espaço os produtos manufacturados fabricados por grupos de grémio e corporações. Havia ainda latifundiários que recebiam suas terras por herança ou retribuição. O trabalho na terra era realizado por camponeses ou escravos.

A queda do Imperio Bizâncio

A estabilidade do Império Bizantino esteve por algum tempo ameaçada por dificuldade financeira. No auge do governo Justiniano, no século VI, seguiu-se um longo período de decadência.

Com a morte de Justiniano em 565, as dificuldades cresceram. Árabes e búlgaros intensificaram as tentativas de entrar no Império. Durante a Baixa Idade Média (séculos XI a XV), além das pressões dos povos e impérios nas suas fronteiras orientais e perdas de territórios, o Império Bizantino foi alvo da retomada expansionista ocidental, a exemplo das Cruzadas.

Com a expansão dos Turcos-Otomanos no século XIV, tomando os Balcãs e a Ásia Menor, o império acabaram reduzidos à cidade de Constantinopla. O predomínio económico das cidades italianas ampliou o enfraquecimento Bizantino, que chegou ao fim em 1453, quando o sultão Maomé II destruiu as muralhas de Constantinopla com poderosos canhões. Os turcos transformaram-na em sua capital, passando a chamá-la de Istambul, como é conhecida hoje.

Desde então e durante os últimos séculos medievais, a fraqueza do Império Bizantino permitiu as contínuas incursões de genoveses, venezianos, franceses, florentinos, navarra e catalães que se apropriaram de ilhas ou regiões sem muita resistência.

Significado da queda de Bizâncio

A queda de Constantinopla significou a perda de um posto estratégico do cristianismo que assegurava o acesso de comerciantes europeus em direcção às rotas comerciais para a Índia e a China, sobretudo comerciantes venezianos e genoveses. Com a dominação turca, a rota entre o Mediterrâneo e o Mar Negro ficou, senão bloqueada aos navios cristãos, ao menos dificultada. Isto impulsionou uma corrida naval em busca de uma rota em direcção à Índia através do Oceano Atlântico, contornando a África. Espanha e Portugal rapidamente tiraram vantagem de sua posição geográfica para dominar as novas rotas.

No final do século XV, financiado pelos reis de Espanha, Cristóvão Colombo partiu para uma ousada tentativa de alcançar a Ásia em uma nova rota através do oceano, para oeste, descobrindo um novo continente, a América, descortinando um novo mundo para os europeus. Se por um lado significou um novo mundo para os europeus, este mesmo processo de fechamento do comércio por meio do mar mediterrâneo, no qual turco-otomanos (árabes) impediram o avanço europeu, fez com que toda região balcânica se tornasse mais dependente ainda da produção individual, juntamente com a península itálica. Portanto, esse é um dos factores que concorreu para o fim do feudalismo.

As causas do declínio do império Bizâncio podem ser resumidas em:

Disputas religiosas; Conflitos políticos; Caos económico (corrupção); Expansão islâmica (tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos) e Invasão eslava (Balcãs).

O legado do império Bizâncio

O Império Bizantino foi uma continuidade do Império Romano do Oriente, que perdurou até o século XV, quando a capital Constantinopla (ou Bizâncio para os gregos, e hoje Istambul) foi conquistada pelos turcos-otomanos, em 1453. O legado deixado pelo Império Bizantino é amplo, influenciando desde as rotas comerciais entre Ocidente e Oriente até os códigos civis contemporâneos.

Entretanto, após a morte de Justiniano, o Império Bizantino entrou em um lento processo de decadência, que iria se arrastar até a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453.

Justiniano também financiou a construção de grandes obras públicas, das quais se pode destacar a Catedral de Santa Sofia, que até hoje existe na cidade de Istambul. O imperador governava ainda com poderes absolutos, considerando-se o representante de Deus na Terra, o que o tornava também o chefe da Igreja. Isso acabou diferenciando a própria Igreja, já que no Ocidente, o bispo de Roma passou a ser o chefe da Igreja a partir de 455, transformando-se no papa Leão I.

Outro ponto de diferenciação com o cristianismo católico ocidental pode ser encontrado com o movimento dos iconoclastas, que, orientados pela não veneração de imagens (ícones), passaram a destruí-las. Entretanto, a produção de mosaicos e pinturas era incentivada, dentro de parâmetros preestabelecidos pelos teólogos, como a retractação das figuras sempre de frente.

Essa diferenciação entre as práticas religiosas da Igreja Romana e do Império Bizantino, aliada às disputas políticas e económicas entre o papa e os imperadores bizantinos, levou à separação das duas igrejas. O episódio ficou conhecido como Cisma do Oriente, ou Grande Cisma, dando origem a duas igrejas católicas: a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Católica do Oriente, mais conhecida no Brasil como Igreja Ortodoxa.

Constantinopla foi considerada o maior centro cultural do mundo cristão durante a Idade Média, principalmente pela preservação de uma grande quantidade de obras de artistas e pensadores da Antiguidade, em especial dos gregos e dos romanos. As actividades dos monges copistas proporcionou que os pensadores do Renascimento pudessem entrar em contacto com os clássicos da Antiguidade. Inclusive a influência grega sobre o Império Bizantino foi enorme, a ponto de substituírem o uso do latim pelo grego nas cerimónias religiosas e nos documentos oficiais.

Foram os bizantinos que difundiram o cristianismo no oriente europeu, a ponto de dois monges bizantinos, Cirilo e Metódico, terem criado um alfabeto, baseado no alfabeto grego, para converter os povos eslavos. O alfabeto cirílico, como foi baptizado, é hoje utilizado em diversos países, como na Rússia e na Ucrânia.

Bibliografia  

ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História: His- tória Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 1999;GIORDANI, Mário Curtis. História do Império Bizantino. Petrópolis: Vozes, 1968;LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Bauru, SP: Edusc, 2005;PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora UNESP, 2000;PERROY, Édouard. Preeminência das Civilizações Orientais. In: CROUZET, Maurice. História Geral das Civilizações. v. 1. Tomo III. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1964;LEVI, Giovanni e SCHMITT, Jean Claude. História dos jovensda Antiguidade à Era Medieval. v. 1. SP:  Cia das Letras, 1996.