Pode dizer-se que a colonização recente da África iniciou-se com os descobrimentos e com a ocupação das Ilhas Canárias pelos portugueses, no princípio do século XV.

O processo de ocupação territorial, exploração econômica e domínio político do continente africano por potências européias tem início no século XV e estende-se até a metade do século XX. Ligada à expansão marítima européia, a primeira fase do colonialismo africano surge da necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e consumidores.

No século XV, exploradores europeus chegaram a África. Através de trocas com alguns chefes locais, os europeus foram capazes de capturar milhões de africanos e de exportá-los para vários pontos do mundo naquilo que ficou conhecido como a escravidão.

Costuma-se considerar a conquista da cidade de Ceuta, no norte da África, em 1415, como o ponto de partida da expansão ultramarina portuguesa. Esse episódio, porém, é pouco típico do que viria depois. Os historiadores portugueses têm versões diversas sobre ele. Para alguns, a conquista tinha por objetivos principais abrir caminho na busca do ouro do Sudão e controlar incursões piratas dos árabes nas costas de Portugal. Para outros, foi uma grande expedição da nobreza, promovida pelo rei, em busca de saque e aventura.

A expansão metódica desenvolveu-se ao longo da costa ocidental africana e nas ilhas do Oceano Atlântico. Fruto de um mesmo movimento, o contato com esses dois espaços geográficos resultou em situações tão diversas, que vale a pena separá-los em nossa exposição. O reconhecimento da costa ocidental africana não se fez da noite para o dia. Levou 53 anos, da ultrapassagem do Cabo Bojador por Gil Eanes (1434) até a temida passagem do Cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias (1487).

Em 1498, finamente Vasco da Gama chega em Inharrime (Moçambique) através do Oceano Indico tendo conseguido chegar a Goa (índia), a sonhada e ilusória das especiarias. Depois, os portugueses alcançaram a China e o Japão, onde sua influência foi considerável, a ponto de os historiadores japoneses chamarem de “século cristão” o período compreendido entre 1540 e 1630.

Sem penetrar profundamente no território africano, os portugueses foram estabelecendo na costa uma série de feitorias, que eram postos fortificados de comércio; isso indica a existência de uma situação em que as trocas comerciais eram precárias, exigindo a garantia das armas. A parte comercial do núcleo era dirigida por um agente chamado feitor. Cabia a ele fazer compras de mercadorias dos chefes ou mercadores nativos c estocá-las, até que fossem recolhidas pelos navios portugueses para a entrega na Europa. A opção pela feitoria praticamente tornava desnecessária a colonização do território ocupado pelas populações africanas, bem organizadas a partir do Cabo Verde.

Mas se os portugueses não avançaram territorialmente, a Coroa organizou o comércio africano, estabelecendo o monopólio real sobre as transações com ouro, obrigando a cunhagem de moeda em uma Casa da Moeda e criando também, por volta de 1481, a Casa da Mina ou Casa da Guiné, como uma alfândega especial para o comércio africano.

Da costa ocidental da África, os portugueses levavam pequenas quantidades de ouro em pó, marfim, cujo comércio se achava até então em mãos de mercadores árabes e era feito através do Egito, a variedade de pimenta chamada malagueta e, a partir de 1441, sobretudo escravos. Estes foram, no começo, encaminhados a Portugal, sendo utilizados em trabalhos domésticos e ocupações urbanas.

No caso de Moçambique, os portugueses criaram “feitorias” com objectivos meramente comerciais, a que se seguiu a fixação no litoral, onde construíram, em 1505, a fortaleza de Sofala e, em 1507, a fortaleza na Ilha de Moçambique. Só alguns anos mais tarde, na tentativa de dominarem as zonas produtoras de ouro, se aventuraram para o interior onde estabeleceram novas feitorias.