Depois de 1821, quando a independência do México foi proclamada, os mexicanos passaram a enfrentar um período de instabilidade política que foi marcado por ditaduras e pela dependência econômica. O país perdeu quase metade do seu território depois da guerra contra os Estados Unidos da América, em 1848. Entre 1861 e 1867, o México sofreu com as intervenções dos franceses, que queriam instalar naquele território o governo Habsburgo de Maximiliano, um prolongamento do Segundo Império Napoleônico na América. O resultado desses acontecimentos foi a deterioração das condições sociais.

 

Foi nesse cenário que instalou-se no México a ditadura de Porfirio Díaz (1877-1880, 1884-1911), marcada pela intensa concentração fundiária e pela entrada do capital estrangeiro no país, capital esse que buscava explorar e controlar os recursos minerais e a produção de artigos de exportação. Para a maioria da população mexicana – que habitava as áreas rurais – esse processo significou o aumento da miséria e da dependência em relação aos grandes senhores.

Essa situação levou a um clima de insatisfação no início do século XX. Ocorreram greves operárias nas cidades e revoltas na zona rural. Foi nessas lutas que surgiram duas lideranças populares: Emiliano Zapata e Pancho Villa. Eles reivindicavam a distribuição de terras por meio da reforma agrária e conseguiram mobilizar milhares de camponeses. Zapata e Villa opuseram-se aos latifundiários, o poderoso grupo social que contava com o apoio da Igreja e das elites constituídas. Mas a elite não era um grupo totalmente afinado com o poder, pois parte dela, sob o comando de Francisco Madero, insurgiu-se contra a ditadura porfirista. Os exércitos revolucionários uniram forças e depuseram Porfírio Díaz em maio de 1911.

As tímidas medidas sociais adotadas por Madero fizeram com que as camadas populares continuassem insatisfeitas. Zapata chegou a propor o Plano de Ayala, por meio do qual pedia a reforma agrária e a derrubada do governo de Madero.

Madero acabou assassinado em 1913. A ditadura foi reinstalada com o general Victorino Huerta, ligado aos interesses dos EUA. Pancho Villa voltou a lutar contra as forças federais. Zapata passou a liderar a revolução camponesa pela reforma agrária no sul. Pressionado, Huerta renunciou em 1914 em favor de um governo constitucional liderado por Venustiano Carranza (1914-1915).

Carranza e Pancho Villa entraram em conflito. Os Estados Unidos apoiaram Carranza contra Villa, e este último perdeu boa parte dos seus efetivos e também foi emboscado. Pancho Villa determinou o fuzilamento de 17 engenheiros texanos que estavam no México, dos quais apenas um sobreviveu. Posteriormente, Villa atacou a cidade norte-americana de Columbus, fato que provocou uma represália do governo dos EUA, que ordenou uma perseguição a Villa no México. Villa conseguiu se esconder e, tempos depois, o desgaste gerado pela presença de soldados norte-americanos no México e o advento da Primeira Guerra Mundial em 1914 fizeram com que os EUA desistissem de capturar o revolucionário, retirando suas tropas do México. Em 1920, Villa foi anistiado pelo governo, indo morar em sua propriedade em Parral, onde foi assassinado em 1923. Emiliano Zapata, que estivera ao lado de Villa em vários combates, foi morto pelas forças de Carranza em 1919.

Em 1917, após a promulgação da nova Constituição liberal do México, Carranza foi eleito presidente. Enquanto isso, os movimentos populares continuaram em luta, pois estavam insatisfeitos com o não atendimento de suas reivindicações, em especial a re-divisão fundiária. A reforma agrária, motivo da revolução de 1910, continuaria sendo uma questão delicada no México. Para se ter uma ideia, na década de 1930, ela ainda não tinha sido realizada e mais de 80% das terras mexicanas pertenciam a pouco mais de 10 mil mexicanos. Representando as manifestações nacionalistas e as reivindicações sociais, o presidente Lázaro Cárdenas (1934-1940) expropriou terras e companhias estrangeiras, nacionalizou o petróleo e estimulou a formação de sindicatos camponeses e operários. O partido do governo passou a se chamar Partido da Revolução Mexicana, que transformou-se no Partido Revolucionário Institucional, em 1948. O PRI permaneceu hegemônico no poder, vencendo todas as eleições presidenciais, até ser derrotado em 2000.

Ao final do século XX, porém, o que se viu no México foi a volta do domínio do latifúndio na estrutura agrária do país. Ademais, a subordinação aos capitais internacionais levou a economia mexicana à beira do colapso. A intensa dívida externa e a inflação levaram o presidente Andres Salinas de Gortari, em 1990, a buscar acordos internacionais que atraíssem investimentos estrangeiros, em especial os norte-americanos. O México acabou unindo-se à economia dos EUA e do Canadá por meio da sua entrada no Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre-Comércio), que foi oficializada em 1° de janeiro de 1994. O fato foi celebrado como a passagem para o mundo desenvolvido.

Entretanto, na mesma época houve o levante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), que tomou diversas cidades no estado de Chiapas, uma região pobre no sudeste do país. Os zapatistas exigiam “pão, saúde, educação, autonomia e paz” para os camponeses. Sob a liderança de um homem mascarado autodenominado subcomandante Marcos, eles se sublevaram contra o governo e denunciaram os perigos do Nafta para o povo mexicano.

O ano de 1994 foi marcado pelos enfrentamentos e pelos acordos entre o governo de Andres Salinas e os camponeses revoltosos, além da tensão das eleições presidenciais. Dois membros do partido do governo (PRI), Luís Donaldo Colosio – candidato que estava à frente nas pesquisas eleitorais – e José Francisco Massieu – secretário do partido –, ambos defensores de reformas políticas no país, foram assassinados.

A instabilidade econômica intensificou-se em meio a acusações de envolvimento do governo nos assassinatos, em especial o irmão do presidente, Raúl Salinas, e escândalos de corrupção. O novo candidato do PRI, Ernesto Zedillo, venceu as eleições e assumiu o cargo de presidente em dezembro de 1994. Nas eleições de 2000, o longo período de domínio do PRI chegou ao fim, com a vitória de Vicente Fox, pelo Partido de Ação Nacional (PAN). Em 2006, pelo mesmo partido, Felipe Calderón elegeu-se presidente com o apoio de Fox, derrotando Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), em um clima de acusações de fraudes e contestações. O PRI retornou ao poder presidencial com Peña Nieto, empossado como presidente em 2012.