Localização geográfica

A cultura Chimu é uma cultura pré-colombiana que se desenvolveu a partir dos vales dos rios Moche e Chicama, na região de La Libertad, na costa setentrional do Peru entre os séculos X e XV, no mesmo território onde havia já ocorrido a cultura Mochica, tratando-se possivelmente de sua legatária.

Origem

O Império Chimu teria sido fundado nos vales de Chicama e Moche por homens vindos da baía de Guaiaquil em embarcações de bambu. Rapidamente, esses imigrantes assimilaram os elementos da cultura que os Mochica haviam deixado na região. A partir de meados do século XIII, reactivaram e ampliaram redes de irrigação que haviam sido destruídas pelas guerras. Uma dessas redes captava águas de um rio para transportá-las por meio de aquedutos, até os vales vizinhos, onde as chuvas eram fracas. É provável que na época Chimu a área de terras irrigadas no litoral fosse maior do que actualmente, e assegurasse então a existência de uma população mais numerosa do que hoje.

A organização social

Os soberanos que dirigiam esses grandes trabalhos de construção hidráulica dispunham de um poder absoluto. Os cronistas espanhóis Miguel Cabello Balboa e Antônio de La Calancha mencionam que a classe aristocrática, da qual descendiam, atribuía-se uma origem divina. Vivia em um luxo e refinamento inauditos, do qual ainda são testemunhos as cerâmicas, os ornamentos de metais preciosos e as numerosas peças de mobiliário que os arqueólogos encontraram nas sepulturas.

A economia

O império chimu era “hidráulico” cuja sua civilização se assemelhava mais, em seus fundamentos, à do Egito ou da Mesopotâmia do que à dos Incas que lhe era contemporânea e cujo desenvolvimento, aliás, influenciará. Estas ideias já foram avançadas porKalla ( s\d: 63), ao afirmar que as duas principais formas de sustento  da maioria do povo eram a agricultura e a pesca, e já domesticavam animais e construíam seus proprios barcos. Baseou-se na economia agrária. Importantes obras hidráulicas permitiam a canalização das águas destinadas a irrigação.

A económica dessa civilização era a actividade agrícola praticada nos vales da costa do Pacífico aos contrafortes dos Andes, onde a necessidade levou a introduzir a agricultura irrigada, prova da sofisticação de sua engenharia, entretanto, essa cultura não conheceu a escrita e os hábitos, usos e costumes, e quase tudo quanto dela hoje se pode saber, ficou registado iconograficamente em artefactos cerâmicos, com cenas detalhadas da vida comum em seus mais variados aspectos como a caça, pesca.idem

A Religião do chimu

Cultura Chimu

Chimú tinha o deus Kom como seu mediador entre a terra e o céu, onde reinava o deus Sol, Chatay, ajudado pela Lua, Quillapa Huillac, que muitos consideravam mais poderosa do que o Sol, dado que podia reinar na noite e no dia era até capaz de cobrir o Sol e fazê-lo desaparecer do céu nos eclipses, ao redor destes deuses maiores estavam os deuses celestiais, como os do relâmpago e o trovão, a estrela da manhã Achachi Ururi e a estrela da tarde Apadri Ururi, o demónio que vive na estrela central da constelação de Órion, precisamente a que marca o cinto do caçador e que está acompanhada por outras duas estrelas Patas, que são as enviadas pela deusa Lua para vigiá-lo de perto no seu deserto e evitar, com o seu perpétuo presidir celestial, que continue fazendo o mal, também os chimú tinham no seu panteão divindades zoomórficas, como os habituais felinos machados que aparecem na maior parte das culturas absorvidas pelos incas, para os chimú, o céu era simplesmente uma extensão da terra, e a vida que esperava após a morte era somente a prolongação da primeira terrena, a sua prática religiosa, que começou a ser tão pacífica como tranqüila, se foi movendo no mesmo sentido de sacrifício que as da envolvente, para terminar sendo sanguinária e cruenta, metida numa complicada trama aristocratizante de castas sacerdotais, militares, comerciantes e camponeses, ao estilo da inca, que se movia num fetichismo mágico, num mito cerimonial escuro e arcano, dirigido pela casta sacerdotal para seu benefício, castigo, prazeres sexuais, cerimonias religiosas e outros afazeres.

Arte e ciência

Os Chimu destacaram-se como arquitectos e urbanistas e alguns defendem que, em verdade, são precursores dos Incas no que se refere às construções monumentais. São exemplos de sua arquitectura a cidadela de Chan Chan, muralha Chimu e a fortaleza de Paramonga, entre outras, razão pela qual alguns os consideram os melhores arquitectos do Peru antigo, Chimus também destacaram-se na cerâmica e e na produção metalúrgica dos mais variados objectos, desde adornos até armas

O apogeu

A expansão Chimu começou no século XIV. Por essa época, Nasempinku, terceiro soberano de Chanchan, teria conquistado os vales de Viru, Chão e Santa. Os soberanos seguintes prosseguiram ativamente sua política expansionista, pois no início do século XV o Estado Chimu ultrapassava os limites da área de influência da antiga cultura Mochica. Estendia-se de Nepefia, ao sul, até Lambayeque, ao norte, e talvez já incluísse Piura e Tumbes, nos limites entre o Peru e o Equador.

Declínio

O imperialismo Chimu estava condenado a se chocar com o imperialismo Inca, que se exercia paralelamente ao longo das depressões internas das cordilheiras. O choque dos dois imperialismos deveria ser fatal à mais brilhante de todas as civilizações jamais surgidas sob o sol dos Andes.

Com a queda de Chan Chan em 1470, o ocaso desta civilização coincide com a consolidação do Incas, razão pela qual a maioria dos historiadores os arrolam como um dos povos submetidos pelos Incas que passaram mas a ser seus principais contribuidores.

 

Bibliografia

CAMARGO, Alfredo José Cavalcanti Jordão. Bolívia – A Criação de um Novo País a Ascensão do Poder Político Autóctone das Civilizações pré-Colombianas a Evo Morales. Brasília, Ministério das Relações Exteriores, 2006;

FAVRE,  Henri. A Civilização Inca. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro.1987;

KALLA, Jean-Claude. A civilização dos Incas. Lisboa: Editora amigo do livro, S/d;

VIDAL, P. e BERTIN, N.j. História da Pré-História aos nossos dias. 1ª Edição, 1990;

WAISBARD, Simone. Tiahaunaco 10.000 anos de enigmas Incas. Livraria Bertrand, 3ª edição, 1978.