Conceito

Foi uma coalizão criada pelas potências monarquistas da Europa: Império Russo, Império Austríaco e Reino da Prússia. Esta aliança foi proclamada no Congresso de Viena (reunido entre 1814 e 1815) como a união dos 3 (três) ramos da família cristã europeia: os ortodoxos russos, os protestantes prussianos e os católicos austríacos. Surgiu por inspiração do Czar da Rússia Alexandre I, que propôs aos outros príncipes cristãos reunidos em Viena governarem seus países de acordo com os “preceitos da Justiça, Caridade Cristã e Paz” e a formação de um bloco de potências, cujas relações seriam reguladas pelas “elevadas verdades presentes na doutrina de Nosso Salvador”. O czar teria sofrido influência da Barone sa de Krüdener e de Nicolas Bergasse (antigo constituinte francês). Bourquin observa, entretanto, que a influência da senhora de Krüdener teria sido pequena e que na realidade a Santa Aliança teria nascido do misticismo de Alexandre. Todavia, com a interferência do chanceler austríaco Metternich, a Santa Aliança foi apenas um instrumento da restauração monárquica.

Causas da sua criação

A sua criação foi uma consequência da derrota final de Napoleão Bonaparte pelo Czar Alexandre I da Rússia e selada em Paris no dia 26 de Setembro de 1815. Destaca-se também o arranque a franca pela Inglaterra das preciosas possessões nas Antilhas e no oceano indico, continuando a sua política de protecção das rotas marítimas, facto que aconteceu também sobre Malta e as ilhas Jónica.

Objectivos da santa aliança

Napoleão Bonaparte

Assim que o Império Napoleónico ruiu, as grandes potências se reuniram no Congresso de Viena para reorganizar o mapa político da Europa. Surgiu a Santa Aliança, tratado que tinha por objectivo conter a difusão do ideário revolucionário francês, semeado por Napoleão Bonaparte.

A Santa Aliança foi inicialmente forjada entre Rússia, Prússia e Áustria, as 3 (três) potências vencedoras da Guerra contra Napoleão Bonaparte, como forma de garantir a realização prática das medidas que foram aprovadas pelo Congresso de Viena, bem como impedir o avanço nas áreas sob sua influência das ideias liberais e constitucionalistas, que se fortaleceram com a Revolução Francesa e que haviam desestabilizado toda a Europa. O bloco militar, que durou até as revoluções europeias de 1848, combateu revoltas liberais e interferiu na política colonial dos países ibéricos, já que era a favor da recolonização.

Quadrupla aliança

As rivalidades entre a Inglaterra e a Rússia explicam as iniciativas diplomáticas pós-congresso que tomaram a forma de dois tratados:

O tratado de santa aliança assinado entre o Czar da Rússia, o imperador da Áustria e o rei da Prússia a 26 de Setembro de 1815;

O tratado da quádrupla aliança entra as quatro grandes potencia (Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia) a 20 de Novembro de 1815. Posteriormente, a Aliança evoluiu com novos acordos se tornando a Quádrupla Aliança, com a entrada da Inglaterra, e a Quíntupla Aliança, com a entrada da França em 1818. A Inglaterra, embora tenha participado de todas as coligações formadas para combater Napoleão Bonaparte, nunca aderiu à Santa Aliança em razão da ideologia antiliberal que estava no centro do grupo, bem como pelo fato de ter interesses no comércio com as jovens nações (colónias). O negociador inglês, Lord Castlereagh, por entender que a aliança tinha por finalidade última colocar a Inglaterra à margem das questões políticas europeias, garantindo a proeminência da Rússia na Europa, propôs a criação da Quádrupla Aliança, reunindo a Inglaterra e as três potências signatárias da Santa Aliança, com o objectivo de realizar consultas quando a situação política do continente exigisse. Ela foi assinada em 15 de Novembro de 1815.

Acções importantes da santa aliança

As operações com um mesmo objectivo: combater o comunismo, o terrorismo árabe e, principalmente, qualquer um que pudesse interferir na doutrina da fé da Igreja Católica.

Uma das actuações mais polémicas da Santa Aliança se deu durante a Segunda Guerra Mundial. Foi quando entrou em vigor a chamada Operação Convento, que ajudou na fuga de criminosos de guerra nazistas, entre eles o general da SS Hans Fischbock, o tenente-coronel da SS Adolf Eichman e o médico de Auschwitz Josef Mengele. O padre Karlo Petranovic e o bispo Gregori Rozman, notório anti-semita, foram bastante activos nessa época. Em 1566, o Papa Pio V criou o primeiro serviço de inteligência papal com objectivo de lutar contra o protestantismo representado pela Rainha Isabel I, da Inglaterra.

Menos de um ano após a criação da Santa Aliança, quase duzentas mil pessoas sofreram com suas actividades de investigação, tortura e morte, articuladas em conjunto com a Santa Inquisição.

A primeira grande função da Santa Aliança foi o desenvolvimento da aliança com a rainha católica Mary Stuart, da Escócia, e também a realização de acções encobertas para colectar informações que poderiam ser utilizadas contra a Rainha Isabel I, que poderiam constituir uma intriga para derrubar a mesma e colocar a rainha Stuart no poder, e assim neutralizar de vez o protestantismo inglês.

Podemos classificar as acções da Santa Aliança em períodos históricos, as quais se iniciaram com o objectivo de derrubar a Rainha Isabel I, mas com o passar do tempo foram direccionadas para a manutenção da fé, a neutralização de pessoas contrárias aos dogmas católicos e, principalmente, o fortalecimento do poder do Papa na terra.

Estas acções incluíam atender as necessidades da Inquisição e dos dogmas católicos, promover a expansão da igreja católica, facilitar os contactos internacionais da Santa Sé e apoiar a solução de intrigas entre os diversos Estados que formavam a Europa, além de dirimir intrigas entre príncipes e ditadores, realizar associações com terroristas e nazistas, utilizar a igreja como banco e, principalmente, neutralizar o avanço comunista no século XX.

A Santa Aliança esteve por trás de diversas acções de inteligência, no século XX, tinha estreitas relações com o Serviço Secreto Israelense (MOSSAD), por meio do Cardeal Luigi Poggi, que era considerado o espião de João Paulo II. Esta parceria ajudou o MOSSAD a desarticular um atentado contra a primeira-ministra israelense Gola Meir durante uma visita à Itália.

Nestes séculos, diversas sociedades secretas actuaram em conjunto com a Igreja e dependiam totalmente da Santa Aliança, como o Círculo Octognus e a Ordem Negra. Também realizou diversas operações encobertas com o MOSSAD, CIA, MI5, MI6 e com o SIDE argentino. Todas

Durante o período da guerra fria, os anos finais foram mais intensos para a Santa Aliança, pois a ascensão do novo Papa João Paulo II e sua estratégia de propagar a religião para todos os confins do mundo iam ao encontro das acções da Santa Aliança. A propagação da fé católica de forma intensa na média, as acções para neutralizar o avanço do comunismo, além das medidas para combater o terrorismo internacional, foi situação da qual a Santa Aliança participou intensamente com a mão secreta do Papa.

Hoje, em pleno século XXI, nada pode

Oposição americana

Foi proclamado nos Estados Unidos a Doutrina Monroe, que em resumo significava algo que podemos definir em uma simples frase: “A América para os americanos”.   De acordo com este documento, todo e qualquer problema político relativo ao continente americano deve ser resolvido pelo próprio continente, não aceitando intervenções de fora, demonstrando assim, claramente, oposição aos desejos da Santa Aliança, que queriam ter algum tipo de influência sobre o continente. Com o passar dos anos novas ondas de revoluções foram tomando os cantos da Europa, o que representou graves problemas para o pacto da Santa Aliança. As portas para a independência dos países foram abertas, e eles começaram a lutar por esse direito. Países como Grécia e Turquia resolveram trocar o absolutismo por parlamentos constitucionais, em 1828, sendo seguido pela França, que em 1830 marcou o fim da dinastia Bourbon com a sua Revolução Liberal.

 

Bibliografia

BURNS, Edward Mcnall, Historia da Civilização Ocidental.2ª ed. Editora globo. S/d;

SILVA, Guilherme A. GONÇALVES, William. Dicionário de Relações Internacionais. 2ª ed. Barueri: Manole, 2010;

MILZA, Pereira. As Relações internacionais de 1871 a 1914. Portugal, Biblioteca 70, 2007;

PERLLISTRAND, Bênoit. A as Relações Internacionais de 1800 a 1871. A Europa de Napoleão: Congresso de Viena: o Liberalismo e o Nacionalismo; a América e Mundo. Portugal, biblioteca 70, 2002.