O Inicio da crise económica nos países capitalistas e na África

A economia capitalista encontra-se em meio a um processo de crise de superprodução desde meados dos anos 1970. Visto que, os países e regiões dependentes que participam do sistema do capital passaram a enfrentar profundas mudanças, as quais, na maior parte das vezes, representaram um retorno do grau de desenvolvimento a períodos pretéritos. Em particular, os países africanos ingressaram num período marcado profundamente por crises recorrentes, crescimento da instabilidade, estagnação, retrocesso e desarticulação social. Na qual o capitalismo se encontra mergulhado desde meados dos anos 1970 representa a acção de um conjunto de manifestações económicas que caracterizam um período particular de sua trajectória. Diz respeito a uma era de crise recorrente, aberta após a conclusão de um ciclo longo expansivo que perdurou por cerca de três décadas após a segunda guerra mundial

As políticas económicas

A crise africana do final dos anos 70 e princípios de 80, resultou em parte de uma política económica pouco eficiente, relacionada com a excessiva intervenção do Estado na economia, mas a que a substitui, geralmente associada as políticas de estabilização e ajustamento estrutural e ao liberalismo dos anos 80 e 90, revelou-se incapaz de transformar a estrutura industrial de forma bem-sucedida. De facto, verifica-se em muitos países, um fenómeno inverso, com estagnação ou mesmo de desindustrialização, que não pode ser dissociado do impacto das políticas económicas utilizada

Factores condicionantes da crise económica em África

O desenvolvimento africano depara sobretudo desde os anos 70, com crescentes dificuldades económicas. Os obstáculos a esse desenvolvimento são de ordem externa e interna.

Factores externos

Os factores de origem externa são igualmente determinantes em muitos aspectos: degradação das balanças de pagamentos e respectivo crescimento em flecha da dívida externa, deterioração dos termos de troca para muitos produtos africanos, em particular os minérios. No conjunto, os países africanos importadores de petróleo conheceram uma variação Contudo, a principal causa de agravamento dos défices da balança comercial durante a década de 70 á 80 não parece ter sido apenas a deterioração dos termos de troca, mas sim, em relação à década anterior, a diminuição do volume das exportações. Tal situação liga-se em parte ao facto de a África mais do que qualquer outra região estar essencialmente dependente de um número restrito de produtos primários, produtos que no plano mundial viram o seu comércio.

Fragilidade económica

Numerosos foram os obstáculos ao desenvolvimento, os países do terceiro mundo dispunham de ima mão-de-obra barata, e por vezes de abundantes recursos naturais. Mas careciam de capitais de técnicos de quadros, sofrendo da influência do seu mercado interno. As exportações dependiam ainda por vezes, de uma ou duas matérias-primas cujos preços,

muito flutuantes de uma ano para o outro, aumentavam menos rapidamente que os dos produtos transformados que eles compravam aos países industrializados (deterioração dos termos de troca).

Africa no  terceiro mundo dos anos 80 e 90

No decurso dos anos 80, certos estados do terceiro mundo pediram empréstimos aos bancos e aos organismos públicos dos países ricos, uns e outros praticando baixas taxas de juro; os empréstimos foram essencialmente concedidos àqueles que eram aparentemente solváveis, entre estes aos que tinham uma boa imagem, como os grandes países que dispunham de recursos petrolíferos. Nos anos 80, os Estado devedores foram confrontados com a crise mundial e com uma diminuição dos seus recursos orçamentais, devendo entretanto reembolsar as suas dívidas.

A OUA em 1980, vai adoptar um Plano de Acção de Lagos para o Desenvolvimento Económico da África, 1980‑2000. Após considerar que o subdesenvolvimento da África não constitui uma fatalidade e que este estado de coisas seja de fato contraditório, se computados os imensos recursos humanos e naturais do continente, a OUA identifica, em seguida, as causas deste atraso, ligadas em grande parte à estrutura da exploração internacional. No entanto, a África a despeito de todos os esforços manifestados pelos seus dirigentes, permanece sendo o continente menos desenvolvido.

África Subsaariana

A emergência do programa de reajustamento estrutural (PRE) em africa afectou os países da África Subsaariana desde a década de 80, pode decorrer de um conjunto de factores que incluem problemas de gestão económica e de política interna; características de arranque do processo de desenvolvimento; condições estruturais das economias africanas; condicionalismos externos e relações internacionais; alterações da estrutura de produção económica global e entre outros.

Moçambique juntou-se ao Banco Mundial e FMI em 1984. A partir de 1987 com o Programa de Recuperação Económica, estas organizações iniciaram uma profunda intervenção na política macroeconómica do país que durante a década de 90 ocorre em Moçambique um fenómeno que ficou conhecido como a guerra do caju, que é o reflexo da luta entre um sector transformador que se procurava revitalizar, e para isso necessita de matéria-prima local, e um sector exportador de matéria-prima em bruto, dominado pelos interesses da indústria de descasque indiana. Neste diferendo de interesses destaca-se a posição do Banco Mundial, fiel às suas convicções económicas, como determinante para o futuro desta indústria transformadora autóctone. A sua preferência recai sobre a exportação, associado à crença na possibilidade de captação de divisas por via da exportação da castanha, ligado a um contexto favorável de valorização do mercado internacional.

Algumas instituições que fazem parte da ( PRE) em África

 Estas instituições (ONU, FMI, Banco Mundial, GATTI, CEE, OCDE, OTAN) estavam no centro de uma ampla estrutura de regulamentações, leis, procedimentos e organizações, as quais, em conjunto, determinavam os mecanismos de funcionamento do mundo capitalista em cujos países africanos independente inseriam‑se. Em 1981, a Itália, a Suíça, a Alemanha, os Países‑Baixos, a Bélgica, a Dinamarca e a França haviam concluído, em carácter bilateral, várias API e convenções, incluindo cláusulas de protecção aos investimentos, com cerca de vinte países africanos. Naquele ano, contava-se trinta e nove países africanos que haviam assinado e ratificado a Convenção Multilateral sobre o regulamento das contendas relativas aos investimentos, acordo este estabelecido entre a OCDE e os países em desenvolvimento.

Bibliografia

CHINWEIZU, D. “A África e os países capitalistas”. In MAZRUI, A.A & WONDJI, C. História geral da África, VIII: África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010, pp 927-964

EDMONDSON, Locksley. A África e as regiões em vias de desenvolvimento. In MAZRUI, A.A & WONDJI, C. História geral da África, VIII: África desde 1935. Brasília:  UNESCO, 2010, pp 1003-1051