
Revolução Industrial
A Revolução Industrial refere-se ao conjunto de profundas transformações tecnológicas, económicas e sociais que ocorreram na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Este processo, que indiciou na Inglaterra na segunda metade do século XVIII expande-se por toda a Europa, especialmente pela Franca, na primeira metade do século XIX Alemanha e Rússia.
A revolução Industrial introduziu no processo produtivo várias técnicas que foram diminuindo a necessidade de mão-de-obra e que possibilitaram a substancialmente a aceleração e aumento da produção de mercadorias.
Causas da Revolução Industrial
Inúmeras foram os factores que condicionaram a revolução industrial. Assim, este domínio é considerado por alguns investigadores como um dos passos mais importante da civilização dos tempos modernos pelos reflexos que teve nos diversos campos da actividade humana. Essa revolução surge na Europa, concretamente no reino unido (Inglaterra), onde desde o século XVIII o incremento do comércio externo originou uma burguesia endinheirada, pronta a investir na indústria dada o seu espírito de aventura e existência de um vasto mercado interno e externo.
A somar a estes factores, a existência de abundantes matérias-primas, acção geográfica e politica privilegiada (estabilidade e indecência), as boas redes de transporte e comunicação e a existência de mão-de-obra, contribuíram substancialmente para a eclosão da revolução industrial. Foi a existência de mão-de-obra favorável que os novos sectores técnicos surgiram trazendo consigo a revolução industrial na segunda metade do século XVIII. Assim das causas responsáveis para a eclosão deste fenómeno destacam-se:
A riqueza do subsolo Inglês (carvão e ferro) a abundância de minerais de ferro e carvão mineral permitiram uma produção em massa do aço e ferro, indispensáveis ao fabrico de maquinaria diversa, bem como a disponibilidade de fontes para o funcionamento das indústrias existentes na época;
Acumulação de enormes capitais como resultado do intenso comércio externo, sobre tudo com as suas colónias, Inglaterra tornou-se a maior potência comercial e colonial do mundo e investiu os dividindo deste comercio na industria;
A posse de um gigantesco império colonial – a metrópole conseguiu obter matérias-primas (minerais e agrícolas) através das suas colónias;
Revolução Agrícola – o desenvolvimento da agricultura proporcionou, por um lado o aumento acelerado da produção agrícola, capaz de alimentar uma população em rápido crescimento e cada vez menos ligado a agricultura e por outro a libertação de muita mão-de-obra rural de que a indústria necessita;
Revolução demográfica – este foi um dos factores que extraordinariamente aumentou a procura de produtos fabricados e pôs a deposição da industria vastos recursos humano, com uma forte proporção de jovens, ansiosos por abandonarem os campos e procurarem na actividade industrial uma ocupação bem remunerada;
Inovações técnicas – assiste-se também nesta altura a sucessão de grandes invenções técnicas, foram inventados e aperfeiçoados diversas maquina como a máquina de tecer, fiar, cardar e maquina a vapor e novos métodos de produção de ferro e aço;
Situação geográfica – a boa localização geográfica junto das vias de transporte e comunicação (rios navegáveis e acesso a bons portos) com fácil acesso as vias mais importantes do comércio mundial;
Espírito de iniciativa – possuir capitais (dinheiro) abundante e em excesso, não bastava se o inglês não tivesse espírito de aventura e risco, foi assim que aconteceu com esse espírito de iniciativa que levou a Inglaterra ao topo da expansão industrial do século XVIII.
Fases da Revolução Industrial
A revolução industrial subdivide-se em três fases distintas relacionadas com as fontes de energia empregadas, nomeadamente: a fase do carvão, ferro e maquina a vapor (erra da força mecânica), a fase da electricidade e do motor de explosão (erra de energia) e a baseada energia atómica e da automatização (era de energia nuclear e da cibernética).
Primeira fase: força mecânica (1750-1875)
É designada por alguns autores como fase de revolução do carvão e ferro e da máquina a vapor, marcou a passagem da manufactura a maquinaria. Na sua primeira fase a revolução industrial foi essencialmente mecânica para responder a crescente procura resultante do acentuado crescimento demográfico que exigia um maior consumo de bens primários assim como secundários. A indústria têxtil foi a primeira beneficiária desta transformação com invenção da máquina de tecelagem por Jhon Kay em 1733.
Foi a primeira fase da revolução industrial que permitiu passar das fontes de produção de energia mecânica, tal como a tracção animal e a roda de água, para o carvão e hulha, que se tornaram novas fontes de energia.
A maior parte das industrias localizavam-se juntos as bacias carboníferas devido as dificuldades de transporte do carvão. Nesta altura os movimentos sindicais e abrem-se os canais do Suez e Panamá. A revolução industrial também contraiu para o aumento da importância das actividades bancárias devido a necessidades de capital para investimento. É nesta altura que nascem também as companhias de seguros.
Características
A máquina a vapor constituiu o evento mais espectacular da primeira fase da revolução industrial, onde o carvão e a hulha foram a solução para esta nova máquina bem como para o aparecimento de indústria siderúrgica.
- Concentração das indústrias nas bacias carboníferas, decorrentes das dificuldades de transporte do carvão;
- Desenvolvimento dos circuitos de transportes aquáticos e terrestres: foram construídos os primeiros caminhos-de-ferro em 1835 e encurtadas as rotas marítimas através da abertura dos canais de Suez em 1879 e Panamá em 1914;
- Organização do trabalho, embora primitiva e em condições por vezes desumanos, conduzindo ao aparecimento dos primeiros sindicatos ou classe operaria.
Principais inventos tecnológicos da revolução industrial
- 1733 – Lançada volante de Kay, aumenta o rendimento dos teares;
- 1764 – James Hargreaves, inventa a roda de fiar;
- 1777 – James Watt experimenta a sua maquina a vapor mais eficaz do que antes;
- 1779 – Samuel Cartwrigh inventa o tear mecânico mais rápido do que a roda;
- 1784 – Cartwrigh introduz a técnica de moldagem para a obtenção do ferro, este tear era movido a vapor;
- 1785 – A máquina a vapor do Watt é empregue na indústria algodoeira;
- 1804 – Trevihick constrói a sua máquina a vapor para minas;
- 1805 – Jacquard inventa a máquina de tecer;
- 1807 Fultom navega entre Nova Iorque e Albânia num barco a vapor;
- 1815 Nadam dá inicio ao revestimento das estradas inglesas com macadame;
- 1819 Um barco a vapor atravessa pala primeira vez o Atlântico;
- 1825 A locomotiva de Stephnson carreia pela primeira vez um comboio.
Segunda fase: revolução energética (1880-1950)
Esta fase é também designada por revolução da electricidade e do motor de explosão, e compreende dos finais do século XIX a primeira metade do século XX, quando são descobertas novas fontes energéticas como electricidade, o petróleo e o gás natural decorrentes da inversão do motor de explosão, a turbina e a dinâmica que vão revolucionar novamente as indústrias, acabando com o condicionalismo energético devido a dificuldade da exploração e transporte do carvão que obrigava a indústria a localizar-se junto as fontes de energia (bacias carboníferas). O petróleo não só constituía a fonte de energia, mais também desempenhava um papel preponderante no fornecimento de matéria-prima para a indústria química fornecendo fibras sintéticas, materiais plásticas, amoníaco, tintas.
Características da segunda fase
Pesquisa de novas fontes de energia, caracterizada na descoberta e utilização da electricidade e do petróleo, originando uma autentica revolução energética. Com o uso da electricidade alterou-se profundamente a vida industrial, dai que a localização das indústrias deixou de depender das fontes de energia, tornando-se mais rentável e mais limpa. Com a electricidade surgiram novas indústrias químicas, electrodomésticos, metalurgia, etc.
Terceira fase: revolução da energia atómica e da automação
Esta fase é também chamada de era da energia nuclear, electricidade, automação e dos computadores. As características desta fase são a substituição do homem pelo robot e uso do computador. O trabalho que até pouco tempo era feito por um grande grupo de operários passa a ser feito por um único operário cuja tarefa é carregar num botão. Hoje em dia com a possibilidade de esgotamento do petróleo e os problemas da energia nuclear, o homem procura novas alternativas. As energias renováveis (solar, eólica, bioenergia).
Consequências da revolução industrial
A revolução industrial teve consequências socioeconómicos e ambientas, que se sentiram em especial ao nível da demografia, agricultura, transportes e do desenvolvimento urbano. Assistiu-se um vertiginoso crescimento demográfico como resultado dos progressos técnicos e científicos alcançados nos campos da agricultura e medicina. Isto contribui substancialmente para a supressão da fome, epidemias e sobretudo uma redução das taxas de mortalidade e consequentemente longevidade da vida humana que constituiu uma verdadeira explosão demográfica.
Na agricultura, a revolução industrial trouxe novos investimentos técnicos que permitiram o incremento da produção e produtividade. Assim, a introdução de diversas máquinas agrícolas, de novas culturas e novos sistemas de irrigação, o aumento de terras de cultivo proporcionada pela mecanização e a modernização dos meios de transportes, constituíram factores indispensáveis para maximização da produção agrícola, uma vez que há necessidades crescentes de satisfação de alimentos de uma população.
Os laços entre as actividades de transformação e o meio ambiente sofrem profundas alterações por exemplo, a revolução industrial contribuiu para a delapidação e deterioração dos recursos naturais. As paisagens transformaram-se vertiginosamente, o clima sofreu influências cujas modificações são actualmente visíveis.
Introduziram na paisagem rural e urbana novos elementos como fabricas, armazéns, fumos, ruídos, bairros residências, movimentos intensos de veículos e pessoas, a industria modificou profundamente o espaço, chegando a transformar áreas desabitadas em grandes centros de atracção populacional, criando verdadeiras paisagens industriais.
Referências bibliográficas
ANTUMES, Celso. Geografia e participacao-1 introdução aos Estudos Geográficos, Nova Edição, Scipione Editora. São Paulo, 1996.
CORREA Marta e DIMA. O. José. Geografia para todos, editora nacional de Moçambique, Maputo, 2008.