O esforço feito para a manutenção dos prazos foi sustentando por pouco tempo, pois na aplicação da lei, Enes arrendou quase toda a área da Companhia (126 dos 134 prazos) da Zambézia que passou a ser dominado pelo maior accionista Albert Ochs, da companhia de Moçambique.

Fundação

A companhia da Zambézia foi fundada em Maio de 1892, relíquia (legado) de Paiva de Andrade. Ocupava as áreas do Chire, fronteira com a Niassalandia (Malawi) e a futura Rodesia do norte (Zâmbia), entre Zumbo e Luenha, numa extensão de 110 mil kme cobria as terras mais férteis de Moçambique.

Esta companhia nasceu da fusão da sociedade do Fundadores da Companhia Geral da Zambezia, criada em 1880, com a Central Africa and Zoutpamberg Exploration Company. A companhia não possuía direitos majestáticos, era arredentaria. A maior parte das acções foram compradas por Sul-Africanos, Ingleses, Alemaos, Franceses e pelos princípios de Monaco, encintrando-se as duas sedes principais em Lisboa e Paris.

Limites

A companhia ocupava os territórios que compreendiam a actual província de Tete, norte do rio Zambeze, Zambézia, excluindo o baixo Zambeze, zona explorada pelas companhias subarredentarias:

1- Do boror, de capitais Alema;

2- Do Luabo, de capitais diversos;

3- Societe Du Madal, de capitais Franceses-1904;

4- Sena Sugar Estates, de capitais Ingleses-1920;

5- Companhia de Buzi, entre outras.

Foi uma das companhias mais extensa, subjugou as companhias já existentes em Quelimane, conquistou as Terras independentes do distrito de Tete e depois de Quelimane, onde existiu o imposto de capitação- o mussoco. O mussoco foi um dos mecânicos usados para a produção da mão-de-obra; era uma obrigatoriedade de trabalho nas plantações; garantia a mão-de-obra que o capital precisava; garantia a produção de géneros de exportação e para a alimentação dos trabalhadores; garantia produção primitiva de capitais.

O decreto de 24 de Setembro de 1892, concedia aa companhia de Zambeze a administração por conta própria e pelo período de 10 anos de prazos da Coroa situados a norte do rio Zambeze e a oeste dos rios Luenha e Mozai.

 Formas de exploração

A companhia estava assente sob uma estrutura administração fragilizada pela guerra de resistência e de falta de capitais. Deste modo, era urgente a sua recuperação e rentabilização, com recurso as seguintes formas de exploração:

1- Exploração de mão-de-obra, onde as terras altas de quelimane e Agonia revelaram-se como reservatórios de mão-de-obra importada para África do Sul e depois para Tome;

2- Uso do trabalho forçado, onde os trabalhadores eram levados aos trabalhos forcados nas plantações;

3- Cobrança do Imposto de palhota, pago em género para a exportação, numa primeira fase e mais tarde pago em dinheiro.

4- Mussoco, foi um dos mecânicos de que o colonial-capitalismo se serviu para produzir periodicamente a mão-de-obra necessária. O mussoco era um mecanismo fiscal imposto aos trabalhadores e também a obrigatoriedade de trabalho nas plantações.

As plantações

Em 1913, calcula-se que Quelimane tinha aproximadamente 9 milhões de hectares, dos quais 5.400.000 hectares percentencia a área administrativa e 3.600.000 hectares ao Estado colonial. A área ocupada pelas culturas de plantações era extensa do ponto de vista de extensão, porem existia um consumo muito elevado de mão-de-obra, por três razões:

1- Cada cultura implicava a execução de várias tarefas (lavra, sacha, adubação, corte, extracção, transporte para as fabricas, etc);

2- Tratamento industrial dos produtos (copra, fibra, cana-de-obra) exigia a montagem de secções especializadas e de apoio (carpintaria, serrilharia, metalurgia, ect);

3- O absentismo e a fraca produtividade obrigava as companhias a organizar ou a prever “stock” de mão-de-obra em número superior ao que seria necessário para a excussão normal de tarefas. Nas plantações, os trabalhadores estavam organizados  em grupos chamados ensacas, aa testa das quais se encontrava um chefe, o Suenda. Ca empresa usava geralmente duas ensacas: “a de serviço” e a de “descanso”, como forma de minimizar o absentismo.

Complete seus estudos lendo:

O impacto do mussoco e o trabalho forçado nas plantações para à população camponesa

Emigração maciça de produtores para áreas de Companhias menos exigentes, para território sob controlo do Estado ou para o exterior;

As causas da emigração eram fundamentalmente as seguintes:

Diferenças entre os montantes dos impostos cobrados em Moçambique e fora de Moçambique;

Serviços forcados após a liquidação do Mussoco;

Serviços gratuitos a prestarem ao Estado;

Vexames sofridos no recrutamento de voluntários.

Destruição de infra-estrutura Africana local;

Semi-proletarizacao do campesinato.

Declínio da Companhia

1-A exploração desenfreada pela companhia não permitiu o desenvolvimento da agricultura, o que conduziu a uma situação endémica;

2- A falta de recursos impediu a criação de uma administração eficaz, tendo influenciado negativamente a realização do capital e a sua rentabilização;

3- O comércio era do tipo tradicional, pouco se cobrava os impostos, o contrato com a WENELA era um fracasso.

Em 1924, a companhia foi extinta e o território passou para a administração directa do Estado Colonial.

 

Referências bibliográficas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_da_Zamb%C3%A9zia;

https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Os-Prazos-e-a-Companhia-De/77802625.html;

https://colegiomoz.blogspot.com/2017/12/companhiada-zambezia-zambezia-e-uma.html.