A partir da década de 70 sobretudo, Moçambique tem vindo a registar uma rápida taxa de urbanização. Em 1950, o país era quase totalmente rural. Porém em 1980, a percentagem de população urbana atingem os 13% e, de acordo com o INE em 1997 a taxa era de 27,6%.

A população do País é predominantemente rural. Em 1980, 73% da população total residia nas áreas rurais enquanto que a restante morava nas 12 cidades consideradas urbanas. Só a capital do País, Maputo, acolhia 48% do total da população urbana, o que demonstra um padrão de distribuição muito heterogéneo.

Segundo os dados do Censo de Moçambicano de 2007, a Região Centro detinha 42,9% da população e as regiões Norte e Sul contribuíam com 33,4% e 23,7% respectivamente. As províncias de Nampula e Zambézia foram as mais populosas e, as menos populosas, as de Maputo-Cidade e Niassa.

Realçando as constatações do Censo de 1997, as províncias da Região Sul apresentavam taxas de imigração muito elevadas, destacando-se as províncias de Maputo-Província e Maputo-Cidade, nas quais, respectivamente, 50% e 60% da população eram imigrantes.

Quanto à densidade populacional, para o país, havia, segundo o Censo 25,3 habitantes por km2. As províncias costeiras de Nampula, Zambézia, Maputo-Província e Maputo-Cidade apresentam as mais altas densidades. Comparado a 1997, a província de Maputo-Cidade, capital do país, obteve mais de 426 habitantes por km2, ao passo que as demais províncias, mais povoadas, obtiveram, em média, um aumento em 12,2 habitantes por quilómetro quadrado (INE, 2007).

A distribuição territorial da população em Moçambique tem conhecido nos últimos anos, profundas alterações, devido a diversos factores conjunturais de carácter social, político e económico, dinâmica produtiva e ambiental. Esta distribuição é em geral de carácter disperso nas zonas rurais e concentrado nas zonas urbanas.

Em 1980, a população considerada urbana isto é vivendo nas 12 cidades era de 1.5 milhões de habitantes; ou seja, de 13.2%, contra 86.8% das zonas rurais. Em 1991, os 12 centros classificados como cidades, passaram a ter uma população de 2.5 milhões de habitantes. Comparando este valor com cerca de 1.5 milhões de 1980 observa-se um crescimento de 994.894 habitantes para um período de 11 anos, o que equivale a uma taxa média de crescimento anual na ordem de 4.5%. Contudo, na década de 90 a distribuição espacial foi influenciada por um conjunto de factores conjunturais que alteram o desenvolvimento normal da distribuição geográfica da população.

Entre estes factores conjunturais adversos, a guerra foi um dos principais, associados à fraca rede de infra-estruturas sociais e económicas, principalmente no meio rural, tornando-o extremamente repulsivo, enquanto que os espaços urbanos transformaram-se em centros mais seguros e atractivos. No meio urbano, a distribuição territorial da população vai progredindo no sentido duma maior concentração à medida que nos aproximamos do centro urbano. Assim, a população residente nas faixas peri-urbanas ostentam características de sociedade rural que se misturam com formas económico-sócio-culturais urbanas.

As principais preocupações nacionais sobre população

A descrição feita da situação demográfica, inserida no contexto mais vasto do desenvolvimento humano de Moçambique, permite identificar as principais preocupações e possíveis factores dos problemas populacionais para um desenvolvimento sustentável.

As principais preocupações são as seguintes:

  1. Fraco conhecimento das relações de interdependência específicas entre população e desenvolvimento;
  2. Sistema débil de recolha de informação, nacional e regional, indispensável para a formulação, implementação, execução e avaliação de políticas e programas para a população;
  3. Capacidade institucional e técnica limitada para a realização de analises demográficas e a planificação integrada da população e do desenvolvimento;
  4. Taxa de crescimento populacional relativamente elevada e desproporcional, quando confrontadas com os indicadores de desenvolvimento económico e humano;
  5. Estrutura da população jovem e, por isso, com capacidade de manter um crescimento do tamanho da população relativamente elevado, mesmo se a taxa de crescimento diminuir significativamente nos anos mais imediatos;
  6. Taxa de dependência elevada e com tendência a aumentar nos anos mais recentes. A estrutura da população requer investimentos que deverão responder às necessidades de uma população predominantemente jovem ;
  7. Taxas de fecundidade relativamente elevada e diferenciada em termos provinciais, bem como fraca capacidade por parte das mulheres e homens em idade reprodutiva para gerirem a sua vida reprodutiva de forma consciente; apod. Baixo nível de conhecimento de métodos de planeamento familiar, particularmente de prevenção de gravidez não desejada, e de prevenção de doenças transmitidas sexualmente;
  8. Desequilíbrios nos movimentos espaciais internos, urbanos e rurais. Em particular, elevado nível de urbanização, comparativamente ao ritmo de crescimento de infra-estruturas e serviços nas áreas urbanas;
  9. Desequilíbrios e desigualdades no acesso aos recursos, infra-estruturas e serviços sociais;
  10. Fraca divulgação de informação e formação sobre os problemas principais relativos à população e desenvolvimento;
  11. Agravamento da incidência de pobreza, tanto nas áreas urbanas como rurais.

 

Bibliografia

MANGUE, João et all. Aspectos Sociais, Económicos, Demográficos e de Saúde em Moçambique1997 á 2007, Maputo, 2011.

MINISTÉRIO DE PLANO E FINANÇAS Moçambique politica nacional de população Maputo, 1998.

PERFIL DO SECTOR URBANO EM MOÇAMBIQUE Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos Escritório Regional para África e Estados Árabes 2007.

DE ARAÚJO, Manuel Garrido Mendes. As Aldeias Comunais e o seu Papel na Distribuição Territorial da População Rural na República Popular de Moçambique. UEM, Maputo, 1994.