As cidades da África subsaariana

As grandes cidades da África subsaariana, fundamentalmente as capitais, pelo facto do seu crescimento rápido foram durante muitos anos o centro exclusivo da preocupação da investigação urbana. Estes estudos procuravam defenir um modelo geral de urbanização. As preocupações suscitadas pela “explosão urbana” e o crescimento “exponencial” de grandes aglomerações como Dakar, Abijam, Lagos, Kinshasa, e Nairobi deram origem algumas situações de verdadeira angústia muito falada pela comunidade social.

Na classificação das cidades, pequenas ou médias adopta-se uma noção aberta que inclui todas as aglomerações que possuem entre alguns milhares e algumas dezenas de milhares de habitantes.

Origem e consolidação da sociedade urbana em África

A África Subsaariana distingue-se do resto do mundo pela juventude das suas cidades e por uma grande corrida a urbanização. A grande maioria de centenas das cidades que actualmente se espalham pelo continente sao de origem recente onde, algumas nasceram pela colonização e algumas mais novas ainda.

A partir dos anos 50 um número maior de pequenas vilas rurais que exerce uma função comercial ou de postos administrativos tem recebido o estatuto de cidade. A falta da homogeneidade na definição das categorias dos acentamentos urbanos (aldeias, vilas e cidades) tornam difícil algumas comparações quantitativas assim como o estabelecimento de uma rede urbana hierarquizada.

Uma primeira geração de cidades é caracterizada por ter uma origem endógena. São aglomerados seculares e de todas aquelas que nasceram a partir de mercados que favoreceram as transformações sócio-económicas inerentes ao desenvolvimento.

As cidades da região Sudão-Saheleana e do litoral da áfrica oriental são detentores de uma dinâmica notável porque possui espaços de trocas ricos e diversificados.

Muitas cidades situadas nas rotas internacionais de comécio ou que se localizam em áreas fronteiriças como por exemplo Sofala e Ilha de Moçambique foram importantes centros de comécio entre áfrica oriental e Ásia.

O comércio de contra bando de fronteira vigorosamente encorrajado pelas diferenças de câmbio e pelos custos de certos produtos como por exemplo, o que acontece na Nigéria e Moçambique originou o aparecimento e desenvolvimento de um grande número de pequenas cidades – mercado.

As aglomerações criadas por campos assalariados implatadas para responder as necessidades das minas ou da agro-indústria derivam de processos inicialmente exógenos e constituem formas de implantações locais de economias extrovertidas. Realmente a indústria transformadora não é criadora de cidades, limitando-se a emplementar-se em estruturas urbanas pré-existentes.

Algumas cidades pequenas surgem sempre como satélites da capital nacional ou provincial e libertam-se desta dependência quando desenvolvem uma rede de relações que as aproxima do meio circundante através de circuitos de troca de produtos, de serviços e de fluxos migratórios. Assim pode-se concluir que o significado do trabalho urbano integra duas classes: Por um lado a escala do estado e das empresas privadas de dimensão nacional. Por outro lado, a escala da própria cidades e seus arredores.

O processo de urbanização em África

Muitos países africanos não consideravam a urbanização com um problema a enfrentar pois esta estava ligada à modernização e à industrialização. Tanto os governos, assim como as organizações internacionais financiadoras priorizavam estratégias de desenvolvimento rural baseiada na agricultura, sem ter em conta as elevadas taxas de urbanização até que os censos nacionais começaram a mostrar que o crescimento das cidades se estava a processar a rítmos assustadores. Actualmente, a urbanização vem juntar-se a outros problemas que paralizam o desenvolvimento.

O problema fundamental reside no facto de a população urbana crescer muito rapidamente ao contrário do desenvolvimento e das transformações económico necessárias para suportar o crescimento rápido e melhorar a qualidade de vida urbana que não ocorrem ao mesmo rítmo.

As estatísticas e estimativas indicam que a população urbana do continente africano cresce 4 vezes mais rapidamente que a das restantes regiões do mundo em desenvolvimento. No entento, continuou a ser a região menos urbanizada, com apenas 32% da sua população a viver nas áreas urbanas em 1990 (206 milhões de pessoas), o que representa apenas 15% dos residentes urbanos em todo o mundo em vias de desenvolvimento.

De acordo com mesmo autor, diz ainda que no ano 2000 a população urbana africana atingirá os 38% e no ano 2025 passará a ser superior à população rural alcançando os 54%. Contudo, existem variações muito pronunciadas do nível de urbanização entre as diferentes sub-regiões do continente.

A situa em 1990 pode observar-se na tabela abaixo, sendo a África Oriental aquela que apresenta o nível de urbanização mais baixo, não chegando aos 20%, enquanto no extremo oposto se encontra a África Austral com 46%, estas diferenças sub-regionais manter-se-ão até o ano 2025, pois não se prevê situações que venham alterar substancialmente a actual tendência.

Ainda existem muitos países africanos com um nível de urbanização muito, onde as pessoas a viver em áreas consideradas urbanas em 1990 era inferior a 20% da população total, estão nesta situação países como Burquina Faso, Burund, Etiópia, Guiné – Bissau, Lesotho, Malawi, Moçambique, Níger, Ruanda e Uganda. Eis a tabela que ilustra a população residente em centros urbanos e a estimativa para os próximos anos de acordo com ARAUJO, (1997):

Sub-regiões 1975 1980 1985 1990 2000 2025
África Austral 44,1 44,5 45,2 46,2 50,6 66,4
África Oriental 12,3 14,6 16,9 19,1 24,5 41,3
África Central 26,6 28,2 29,8 31,9 37,3 55,5
África Ocidental 22,7 26,0 29,5 33,2 40.8 59,3
África do Norte 38,4 40,2 42,1 43,8 48,4 63,7

Tabela1: População residente em centros urbanos

Com um crescimento médio anual de 4,5% entre 1985 e 1990, a população urbana observou nesse período a taxa de crescimento urbano mais elevado do mundo. A partir dos anos 50 o indicador para este continente, variou entre 4,4 e 4,8%. Estimava-se que a partir da década 90 esta taxa para o conjunto do continente, começaria a baixar, apesar de lenta, de qualquer modo a taxa de crescimento médio anual da população urbana estimada para o período 2020 – 2025 não será inferior a 3,4%, o que ainda a mantém a níveis muito superiores aos observados no resto do mundo e 6 vezes maior que a dos países desenvolvidos para o mesmo período.

As sub-regiões do continente com taxas de crescimento urbano mais elevadas são a África Oriental (a menos urbanizada) e a Ocidental que ultrapassava os 5,5% por ano no quinquenário 1985-90, e deveriam manter-se elevadas até finais daquele século. Em 1990-2000, mais de metade (55%) do crescimento populacional em África ocorreria nas áreas urbanas, o que corresponderia a um crescimento de 117 milhões de pessoas. Durante os primeiros 25 anos do século 21 (2000-2025), calcula-se que as áreas urbanas de todo o continente observarão cerca de ¾ do crescimento demográfico total, o que corresponderá a um aumento de 535 milhões de pessoas a viverem nas cidades.

Os maiores centros urbanos em África

Em 1950 existiam, em todo mundo 76 centros urbanos com mais de 1milhão de habitantes 20 dos quais albergavam 3 milhões e mais de pessoas.

A maioria destes estava localizada nos paises desenvolvidos. Em 1980, 35% da população urbana mundial vivia em centros com mais de 1milhão de habitantes. Estima-se que o número destas aglomerações passaria para 440 no ano de 2000 e alojaria 43% da população mundial. Em 1990, dos 30 maiores centros urbanos mundiais, 18 ja se localizavam nos paises subdesenvolvido, mas apenas 2 estavam em África, nomeadamente (Cairo-El Giza-Imabad e Lago).

Com tudo mantendo-se os actuais ritmos de crescimento das grandes cidades africanas que são os mais elevados do mundo, estima-se que ano de 2015 a cidade de Lagos será a terceira maior aglomeração do mundo e o continente terá mais duas cidades entre as 20 mais populosas do mundo (Cairo-El Giza – Imabad e Kinshasa).

Bibliografia

ARAÚJO, Manuel. G. M. de. Geografia dos povoamentos. S/ed. Maputo, Universitária-UEM. 1997.

FERREIRA, Coelho Conceição e MARTINS, Odete Sousa. Iniciação á Geografia 9º ano, 1ª ed. 1982.

MATOS, Maria L. S. & RAMALHÃO, Maria H. R. Contrastes geográficos 9ª classe. S/ed. Porto, Asa. 1990.

NANJOLO, Luís A. Geografia 9ª classe. S/ed. Maputo, Escolar. 1995.

NAKATA, Hirone & COELHO, Marcos A. Geografia geral.1ª ed. São Paulo, Moderna, 1978.