Entende-se como organização do trabalho a especificação do conteúdo, métodos e inter-relações entre os cargos, de modo a satisfazer os requisitos organizacionais e tecnológicos, assim como os requisitos sociais e individuais do ocupante do cargo.

Sob essa perspectiva, o processo de organização do trabalho envolve dimensões técnicas e dimensões sociais, que caracterizam o enfoque sócio técnico, a partir do qual desenvolvemos a pesquisa.

Frederick Taylor explicava que há sempre um método mais fácil e rápido de executar uma tarefa e isso pode ser observado quando o autor verificou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio das observações dos companheiros vizinhos. Isso demonstrou que com observação e análise de dados a organização poderia produzir mais, para o patrão e também melhorar ao máximo a prosperidade do emprego. De acordo com Chiavenato (2011), essa era ficou conhecida como a organização racional do trabalho, que iria substituir métodos de trabalhos empíricos em métodos científicos.

Tais métodos científicos foram fundamentados nos seguintes aspectos de acordo com Chiavenato (2011).

A análise de trabalho e do estudo de tempos e movimentos, onde o trabalho é metodicamente analisando em toda sua esfera. Os movimentos desnecessários são eliminados e os movimentos uteis são simplificados, surgindo assim, o tempo que o operário leva para desenvolver uma tarefa. Há esse tempo médio e acrescentado os tempos considerados mortos (espera de matéria prima, necessidades pessoais do operário, etc.) para que possa chegar ao tempo padrão, com a finalidade de padronizar o método de trabalho e também o tempo destinado a execução desse trabalho.

O método padrão de produção traz algumas vantagens como:

Elimina o desperdício de esforço humano

Racionaliza a seleção dos operários e melhora a eficiência e rendimento da produção

Facilita o treinamento dos operários e melhora a eficiência e rendimento da produção pela especialização das atividades

Distribui uniformemente o trabalho e evita períodos de falta ou excesso de trabalho

Define métodos e estabelece normas para a execução do trabalho

Estudo da fadiga humana buscando na anatomia e fisiologia humana, o qual possui uma tripla finalidade: evitar movimentos inúteis na execução da tarefa, executar economicamente movimentos uteis do ponto de vista fisiológico e reduzir a fadiga para aumentar a eficiência (princípios da economia de movimentos).

Divisão do trabalho e especialização do operário, onde há uma eliminação dos movimentos desnecessários, economizando assim energia e tempo e consequentemente elevando a produtividade do operário.

Desenho de cargos e de tarefas, que tem como finalidade criar, projetar e combinar cargos com o intuito de uma tarefa ser executada com os demais cargos existentes dentro da organização.  Essa simplificação no desenho dos cargos permite algumas vantagens como:  a admissão de empregados com qualificações mínimas reduz os custos de produção, minimização dos custos de treinamentos, redução de erros na execução do trabalho, minimizando os índices de refugos e retrabalhos, facilidade de supervisão, aumento da eficiência do trabalhador.

Incentivos salarias e prêmios de produção, onde o operário é esse também estimulado a produzir mais e também a ganhar mais pelos seus serviços, uma vez que, a remuneração baseada no tempo (salário mensal) não estimula a trabalhar mais.

Conceito de homo econômicos é analisado sob   a ótica de que o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do salário que o trabalho proporciona.

Condições ambientais de trabalho, onde a eficiência depende não somente do método de trabalho e do incentivo salarial, mas de um conjunto de condições de trabalho que visam  garantir  o  bem-estar  do  trabalhador,  como:  adequação  de  instrumentos  e ferramentas  de  trabalho  e  equipamentos  de  produção  para  minimizar  o  esforço  do operador, um arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo de produção, um ambiente de trabalho o qual os ruídos fossem minimizados e aumentasse o  conforto  do  trabalhador,  além  de  projetar  instrumentos  e  equipamentos  especiais, como transportadores.

Observa-se então que, a organização racional do trabalho, não surgiu apenas como mais uma teoria, mas como uma forma de executar melhor as tarefas do trabalho tendo como referência a observação no chão de fábrica.

As linhas teóricas sobre a organização do trabalho

Taylor apresenta três linhas teóricas básicas a respeito de organização do trabalho:

Enriquecimento de cargos;

Racionalização da tarefa de cargo

Grupos semiautônomos

É importante enfatizar, desde o início, que, muito embora as premissas que sustentam cada uma das linhas teórica sejam diferentes, todas são apresentadas como maximizadoras da produtividade

Racionalização da tarefa e do cargo

A racionalização da tarefa e do cargo baseia-se nas seguintes premissas:

“É necessário separar o planejamento da execução.

Isto porque, de acordo com a concepção taylorista, “o operário, ainda o mais competente, é incapaz de compreender esta ciência.

Porém, na medida em que os elementos que planejam o trabalho não são aqueles que o executam, e também que tal planejamento resulta numa maneira ótima de executar a tarefa de compreender esta ciência”

É necessário promover a seleção do melhor operário para cada tarefa, o seu treinamento e o seu desenvolvimento.

‘Todo trabalhador procura maximizar seus ganhos monetários.

Isto deu espaço ao desenvolvimento dos sistemas de incentivo salarial. Por outro lado, como “a experiência demonstra que quando os trabalhadores estão reunidos tornam-se menos eficientes do que quando a ambição de cada um é pessoalmente estimulada”, torna-se necessário

Evitar grupos de trabalho

Em síntese, o esquema de racionalização da tarefa do cargo prevê um completo serviço de apoio ao operário, desde a cuidadosa análise científica da tarefa que ele deve desenvolver até a criação de um sofisticado sistema de treinamento, de modo que cada operário receba instruções precisas acerca do que deve ser feito, como deve ser feito e o tempo exato para sua execução. A produtividade dependeria, então. Apenas do desempenho do operário, e isto seria garantido por um sistema de incentivos salariais, que levaria o nível de produtividade ao seu ponto mais alto

Grupos semiautônomos

O conceito de grupos semiautônomos passou a ser difundido a partir de diversas experiências sobre diferentes formas de organizar trabalho. A primeira delas se desenvolveu nas minas de carvão em Durham, Inglaterra, por volta de 1948, e as mais recentes e famosas são aquelas que estão se desenvolvendo nos países escandinavos, como é o caso da Volvo e da Saab.

Um grupo semiautônomo (GSA) é uma equipe de trabalhadores que executa, cooperativamente, as tarefas que são designadas ao grupo, sem que haja uma predefinição de funções para os membros

As justificativas para este esquema contemplam tanto o aspecto social quanto o aspecto técnico do trabalho.

Sob o aspecto social, admite-se que o ponto mais relevante é a cooperação requerida entre os elementos constituintes do grupo, ou seja, o suporte para inter-relacionamento entre as pessoas são relações de trabalho, e não relações espontâneas de amizade como colocam os defensores do enriquecimento de cargos. Além disso, sob o prisma individual, requer o desenvolvimento de múltiplas habilidades.

Sob o aspecto técnico, o conceito fundamental é o da auto regulação. Isto decorre da preocupação de se evitar a formalização dos cargos, e permite que o sistema de produção se caracterize por uma grande dose de flexibilidade.

 Em resumo, no esquema de grupos semiautônomos, o grupo recebe uma tarefa com baixo nível de detalhamento, recebe recursos para executá-la e tem autonomia para se estruturar durante o processo de desenvolvimento do trabalho.

Enriquecimento de cargos

Segundo Thompson (1967) no enriquecimento de cargos é preciso considerar as experiências e as teorias acerca dos fatores psicológicos que afetam a produtividade, ou de motivação para o trabalho.

Nessa ocasião, foi levantada a hipótese de que a produtividade seria bem maior desde que os aspectos psicológicos dos trabalhadores estivessem adequadamente tratados. No entanto, como pouco se conhecia sobre tais aspectos psicológicos, o resultado prático foi a adoção de medidas que visavam, fundamentalmente, melhorar o ambiente de trabalho.

De alguma forma como já vimos a aplicação destes diversos métodos de forma a aumentar a produtividade teve um impacto tanto positivo como negativos, diversos autores fizeram uma análise sobre os métodos científicos de racionalização da produção propostos por Max e Taylor.

Apreciação critica da racionalização da produção

De acordo com Motta (1998) a racionalização da produção restringiu-se às tarefas e aos fatores ligados à função do operário. Muito embora a organização seja constituída de pessoas, deu -se pouca importância ao fator humano e consequentemente construí -se uma organização como um arranjo físico estático e também bastante rígido, onde o homem era considerado um apêndice da máquina, ou seja, da mesma forma que se constrói uma máquina para uma finalidade, a organização também era construída e idealizada por meio de um projeto, daí a denominação de “teoria da máquina”.

1 ª critica: visão microscópica do homem

A administração cientifica via o homem como um ser único, individualmente, e, ignorava que o operário era, além de tudo, um ser humano social.  Na visão de Taylor o homem era preguiçoso e ineficiente.  Com esse pensamento o trabalho só poderia ser realizado eficientemente por meio da padronização obrigatória dos métodos, da adoção obrigatória de instrumentos e das condições de trabalho e cooperação obrigatórias. De acordo com Chiavenato (2011) o esquema de Taylor implica na proliferação do trabalho desqualificado, na qual a principal virtude é a obediência às ordens.

2 ª Crítica:  Ausência de Comprovação Científica

A administração cientifica é bastante criticada por pretender desenvolver uma ciência sem apresentar dados comprobatórios de seus princípios.  O método utilizado é bastante empírico e concreto onde o conhecimento é alcançado pela evidência e pouquíssima experimentação cientifica par a comprovar as teses.

3 ª critica: Abordagem Incompleta da Organização

  Por se limitar a apenas aos aspectos formais da organização abordagem incompleta da organização ignora a vida social os participantes da mesma, uma vez que, a organização informa l é algo intrínseco e pertinente ao ser humano e que deve ser levado em consideração

4 ª Crítica: Abordagem Prescritiva e Normativa

Nessa abordagem a racionalização da produção retrata soluções voltadas para receitas antecipadas, para soluções enlatadas, onde o administrador deve ver a organização sobre a ótica das normas e regras como se fosse um receituário médico, uma prescrição, no qual todas as soluções para os problemas estivessem prontos.  Essa perspectiva percebe a organização como ela deveria funcionar, em vez de explicar o seu funcionamento.  Esse modelo de organização passa uma falsa impressão de que existe solução para todos os problemas, quando na verdade a organização é mutável e os administradores precisam ser maleáveis e criativos nessa nova ordem mundial. Prova disso é o que Bendaly (2000) esclarece quanto ao fator mudança.

5ª Crítica: Abordagem de Sistema Fechado

 Nesse sistema a organização é vista como se ela existisse de forma autônoma e absoluta, com uma visão bastante míope, esquecendo-se que a organização é influenciada por fatores externos a ela.  De acordo com Taylor o comportamento da organização de sistema fechado é bastante previsível e determinístico funcionando dentro de uma lógica previsível e irrepreensível, porém como cita Chiavenato, a organização nunca se comporta como um sistema fechado   e nem podem ser reduzidas a algumas poucas variáveis ou alguns poucos aspectos importantes

Referências bibliográficas

Chiavenato, I.(1987). Teoria geral da administração:  abordagens prescritivas e normativas da administração. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill

Chiavenato, I.  Introdução à teoria geral da administração.  6.  ed.  Rio de Janeiro: Campus, 2000

Chiavenato, I.(2011). Introdução à teoria geral da administração.  8.  ed.  Rio de Janeiro: Elzevir.

Motta, Fernando C.P. (2011) Teoria geral da administração:  uma introdução.  São Paulo: Pioneira Administração e Negócios.

Bendaly, L(200). Organização: novos caminhos para empresas e equipes em uma economia globaliza. São Paulo: Futura, 1998.

SELL, E. C. Racionalidade e Racionalização em Max Weber.

Taylor. (1911). Princípios de administração científica.