Concepções sobre os Conceitos da Religião

Na tentativa de entender os conceitos da religião, Gaarder, Hellern e Notoker (2000), coloca nos a par das mais famosas definições, das quais, A religião é um sentimento ou uma sensação de absoluta dependência. A religião é a convicção de que existem, poderes transcendentes, pessoais ou impessoais, que atuam no mundo, e se expressa por insight, pensamento, sentimento, intenção e acção. Religião significa a relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acredita ou do qual se sente dependente. Essa relação se ex-pressa em emoções especiais (confiança, medo).

Uma religião é um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a entidades sagradas, ou seja, separadas, interditas; crenças e práticas que unem em uma mesma comunidade moral, chamada Igreja, todos os aderentes.

A palavra religião é muitas vezes usada como sinónimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público.

A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitectónicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes.

A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das actividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana.

2.2.0.Breve história do começo das religiões

De acordo com Gaarder, Hellern e Notoker (2000), Foram registadas várias formas de religião durante toda a história. Já houve muitas tentativas de explicar como surgiram as religiões. Uma das explicações é que o homem logo começou a ver as coisas a seu redor como animadas. Ele acreditava que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas continham espíritos, os quais era fundamental apaziguar.

Entretanto, Taylor, influenciado pela teoria de Darwin sobre a evolução, no tangente ao surgimento e evolução da religião, refere que o desenvolvimento religioso caminhou paralelamente ao avanço geral da humanidade, tanto cultural como tecnológico, primeiro em direcção ao politeísmo (crença em diversos deuses) e depois ao monoteísmo (crença num só deus). Taylor concluiu que os povos tribais não haviam ido além do estágio da Idade da Pedra e, portanto, praticavam esse mesmo tipo de animismo. Entretanto, há que salientar que as pesquisas modernas refutam a teoria de Taylor de considerar animismo como característica da era tribal

2.2.1.Tipos de religiões e suas características

De acordo com Gaarder (2000) existem três tipos de religiões:

2.2.2.Religiões Primais

As religiões Primais ou primitivas como chamam os estudiosos. São caracterizadas por crenças numa miríade de forças, deuses e espíritos que controlam a vida quotidiana. O culto aos antepassados e os ritos de passagem desempenham um papel importante. A comunidade religiosa não se separa da vida social, e o sacerdócio normalmente é sinónimo de liderança política da tribo.

2.2.3.Religiões Nacionais

Estas incluem grande número de religiões históricas que não são mais praticadas: germânica, grega, egípcia e assírio-babilónica. Hoje podemos encontrar vestígios delas, por exemplo, no xintoísmo japonês. É típico das religiões nacionais adoptar o politeísmo, uma série de deuses organizados num sistema de hierarquia e funções especializadas. Elas têm também um sacerdócio permanente, encarregado dos deveres rituais em templos construídos para esse fim. Há sempre uma mitologia bem desenvolvida, o culto sacrificial é básico, e os deuses é que escolhem o líder da nação (monarquia sacra).

2.2.4.Religiões Mundiais

A principal característica das religiões universais surgidas no Oriente Médio é o monoteísmo: elas têm um só Deus. Dá-se grande peso à relação do indivíduo com Deus e à sua salvação. O papel do sacrifício é bem menos proeminente nelas do que nas religiões nacionais, ao passo que o da oração e da meditação é mais importante. As religiões universais foram criadas por profetas fundadores cujos nomes são conhecidos: Moisés (judaísmo), Buda (Budismo), Lao-Tse, (taoismo) Jesus, (cristianismo) Maomé (islamismo).

Portanto, o autor acima supracitado chama-nos uma pequena atenção ao dizer que devemos ressaltar que os limites entre esses três tipos de religiões são fluidos. As religiões nacionais muitas vezes constituem evoluções que acompanharam o desenvolvimento geral da sociedade (ao passar de uma sociedade tribal para um Estado nacional). Assim também, certas religiões mundiais emergiram de religiões nacionais, como um protesto contra determinados aspectos de seu culto e de suas concepções religiosas.

2.2.5.Cristianismo

2.2.6.Origem do Cristianismo

O Cristianismo tem na Bíblia o seu livro sagrado. O Cristianismo tem sua origem com a vinda de Jesus Cristo. Para a história da religião, Deus mandou que seu único filho descesse à terra para ser o messias (salvador) dos homens. Cristo seria o encarregado de difundir o amor e a palavra de Deus.

Com a intensa propagação das suas ideias, Jesus se tornou uma ameaça para o Império Romano, que o considerou um mentiroso. Algum tempo depois da morte e ressurreição de Cristo, os 12 apóstolos, adeptos que foram preparados para difundir a fé cristã saíram em missão pelo mundo com o objectivo de levar a palavra para o máximo de pessoas possível. Esse período marca o nascimento do Cristianismo e, em seguida, de várias igrejas.

2.2.7.A visão Crista sobre o surgimento do Homem

Há que ressaltar antes que falar do surgimento do Homem, sob ponto de vista bíblica, implica entrar em Choque com outras teorias que explicam o processo do surgimento e evolução do homem, primeiro com Charls Darwin na sua obra intitulada origem das espécies através da selecção natural e de seguida com Frederico Taylor que de certa forma tentou na base da teoria darwinista colocar o seu ponto de vista no tangente a trajectória da evolução do homem.

Entretanto, biblicamente, sobretudo no livro de:

GENESIS (1:26-28) Então Deus disse: façamos o homem a nossa imagem, segundo a nossa semelhança e que eles tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as criaturas voadoras dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os animais rasteiros que se movem sobre a terra. E Deus criou o Homem a sua imagem, a sua imagem de Deus o criou, o homem e a mulher os criou. Alem disso Deus abençoou-os e Deus disse lhes: tenham filhos e tornem se muitos: encham e dominem a terra: tenham domínio os peixes do mar, sobre as criaturas voadoras dos Céus e sobre todas as criaturas vivas que se movem sobre a terra.

GENESIS (2:7-8, 18) e Jeová Deus formou o Homem do pó do solo e soprou-lhes as narinas o fôlego da vida e o Homem tornou-se um ser vivente. 18Então Jeová Deus disse: não é bom que o Homem continue sozinho, vou fazer-lhe uma ajudadora como seu completo. 21Então Jeová Deus fez o homem adormecer profundamente e, enquanto ele dormia tirou-lhe uma das costelas e depois fechou a carne naquele lugar. 22E, da costela que tirara do homem, Jeová Deus fez a mulher e levou-a ao homem.

Com os dois trechos tirados do livro de GENESIS, percebemos como grupo que a religião crista acredita que o homem foi feito a imagem de Deus, e que foi do pó do solo que o homem surgiu, soprado nas narinas a respiração de vida, depois dum tempo Deus viu o homem muito isolado e ele logo pensou que precisasse duma companhia ou ajudadora, é quando faz o homem adormecer profundamente e tirar dele uma das costelas e foi dela que o Jeová Deus Fez a Mulher.

2.2.8.Importância Sociocultural Cristianismo

Referente a importância sociocultural desta religião, Cardoso (2020), ilustra-nos que esta religião promoveu a harmonia, o amor a salvação da alma, é associada a demonstrações sobrenaturais através de milagres efectuadas pelo seu precursor e seguidores (convertidos e apóstolos); possibilidade de salvação e perdão de pecados, ter a vida eternal.

O cristianismo rompeu com a cultura oriental, concretamente na Índia, na medida em que só se considerava homem quem se convertesse ao cristianismo através do baptismo, Conversão forcada pela subsistência (população pobre forcada a se converter para se beneficiar do alimento fornecido pelos missionários cristãos católicos na índia, ficaram conhecidos como cristãos de arroz, assim facilitou o domínio colonial português

O Cristianismo, em contraste absoluto com o antigo paganismo e religiões da Ásia (excepto talvez o Zoroastrismo), não só estabeleceu um dualismo entre homem e natureza como também insiste que é vontade de Deus que o homem explore a natureza para seus próprios fins.

De acordo com o grupo, a religião cristã é de extrema importância na vida social do Homem, pois ensina os Homens a se amar, respeitar um com os outros, ensina o homem a viver dentro de uma sociedade, não so como podemos perceber que na era do Moisés e a legislação de Hamurab quando alguém cortasse a orelhas do outrem pagava pela mesma moeda, entretanto com a vinda de Jesus Cristo a terra começou a ensinar sobre a salvação de Deus e reduziu as matanças que se faziam sentir em quase todo mundo, ensinando a eles o Mateus (5: 6 e 11): 6felizes os que tem fome, sede e justiça porque saciados. Felizes sejam quando as pessoas vos insultarem e perseguirem, mentindo, disserem totó o tipo de coisas más contra vocês, por minha causa.

2.2.9.Importância Política do Cristianismo

Coutinho, (2013), postula que a supremacia e recuperação do poder por parte dos líderes religiosos, conversão dos altos dirigentes (caso do centurião), tendo apreendido as boas normas. Aproveitamento político dos altos dirigentes religiosos através de calúnias contra Jesus. O Cristianismo foi vista como uma doutrina incompatível com a tradição religiosa e cultural da Ásia. Mas nas filipinas teve maior expressão. No caso da Índia Cargos do governo apenas foram concebidos para os convertidos.

3.0.Xintoísmo e seu histórico

No Japão, a antiga religião nacional era o xintoísmo. A partir de 500 D. C, o xintoísmo enfrentou dura competição com o budismo, e as duas religiões acabaram por influenciar uma à outra. Não é raro, no Japão, o uso alternado de várias religiões. Uma criança pode ser abençoada pelos deuses num ritual xintoísta e ser enterrada num ritual budista. O casamento pode se realizar numa igreja cristã. Essa mistura de religiões encontrou expressão modernamente numa série de novas seitas, cultos e comunidades religiosas, o que levou o Japão moderno a ser chamado de laboratório religioso.

3.3.0.Características do xintoísmo

Vão longe ainda ao caracterizar o Xintoísmo, onde para eles, diferentemente do cristianismo e do islã, o xintoísmo não tem um fundador. É tipicamente uma religião nacional, que ao longo dos séculos adotou tradições de várias outras religiosidades. Ela não conta com nenhum credo ou código de ética expressamente formulado. A essência do xintoísmo são a cerimônia e o ritual, que mantêm o contato com o divino.

Costuma-se dizer que o xintoísmo possui diversos milhões de deuses, ou kamis, que se manifestam sob a forma de árvores, montanhas, rios, animais e seres humanos. Só que a palavra japonesa kami também pode ser traduzida como “espírito”. O culto aos espíritos naturais e ancestrais sempre foi fundamental para o xintoísmo, desde os dias em que o Japão ainda era uma sociedade agrária. O culto aos antepassados se difundiu particularmente sob a influência do confucionismo chinês.

3.3.1.Principais aspectos do culto

Para Gaarder, Hellern e Notoker (2000,) existem quatro principais aspectos do culto: purificação; oração; sacrifício e refeição sagrada .

3.3.2.Purificação

O objectivo da purificação é banir tudo o que seja mau ou injusto, tudo o que possa pôr em perigo a relação do indivíduo com os kamis. A impureza é associada principalmente à doença e à morte, mas todas as funções carnais também geram impureza.

Todo serviço divino começa com uma purificação, que pode consistir apenas em lavar a boca e despejar um pouco de água na ponta dos dedos. No templo, ela é realizada pelo sacerdote, que agita um cajado especial diante dos indivíduos ou objetos a serem purificados. Na ponta desse cajado da purificação se encontram amarradas fitas de papel ou fios de linho, que o tornam semelhante a uma vassoura.

3.3.3.Sacrifício

 Se as oferendas prescritas não são feitas, o indivíduo pode perder contacto com os kamis e sofrer infortúnios. A oferenda pode consistir em dinheiro, alimentos ou bebidas. As diversas actividades artísticas ou esportivas associadas às festividades do templo também têm um significado religioso e devem ser consideradas uma espécie de sacrifício. Dança, teatro, luta e arco e flecha são atividades que se realizam em honra aos deuses.

3.3.4.Oração

A oração em geral começa com uma expressão de louvor ao kami a quem se dirige e uma expressão de gratidão por sua benevolência. Também se faz freqüente alusão à origem mítica relacionada com a oração, em outras palavras, seu fundamento místico. Depois se especificam as oferendas, com o nome da pessoa que está fazendo o sacrifício; a seguir, pode-se incluir um pedido em forma de oração.

3.3.5.Refeição Sagrada

Na conclusão da cerimónia há um naorai uma refeição com os kamis. O sacerdote dá a cada um dos presentes uma pequena quantidade de vinho de arroz.

3.3.6.Importância sociocultural

Havia rituais complexos, em parte inspirados pela prática budista, com procissões, oferendas de alimentos aos deuses e cerimónias em honra dos vivos e dos mortos. O templo xintoísta não é um local para pregações. E a morada de um kami, o lugar onde este é cultuado segundo certos rituais prescritos.

No santuário interno do templo há um objecto que simboliza a proximidade do kami. É esse símbolo que torna o templo um lugar sagrado. Os três símbolos mais importantes são: um espelho, uma jóia ornamental e uma espada, que ficam guardados em três dos maiores templos xintoístas. O espelho, a jóia e a espada estão ligados a um mito relativo à deusa do sol, Amaterasu, e ao primeiro imperador do Japão.

As cerimónias religiosas ajudam a evitar acidentes, promovem a cooperação e o contacto com os kamis, e geram o contentamento e a paz para o indivíduo e a sociedade. As cerimónias variam desde as mais simples, realizadas no lar, até as grandes festas anuais dos templos. Quatro elementos, porém, estão sempre presentes: purificação, sacrifício, oração e a refeição sagrada (na conclusão da cerimonia há um naorai uma refeição com os kamis. O sacerdote dá a cada um dos presentes uma pequena quantidade de vinho de arroz.).

3.3.7.Importância Política

O homem deveria interferir o mínimo possível no desdobramento natural dos fatos, não se envolvendo muito na política porque para o Taoista qualquer governo ou administração era maléfica, Quanto mais leis e mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões haverão.

O líder devia ser um filósofo, e sua única tarefa era que sua passividade e seu distanciamento servissem de exemplo para os outros. O Xintoísta foi adoptado como religião estatal para culto imperial. Em 1867, um golpe de Estado deu ao imperador Meiji o controle do país; ele iniciou então uma renovação política e religiosa.

O xintoísta se tornou a religião estatal, ao passo que templos budistas foram derrubados e vários elementos budistas foram expurgados da cultura xintoísta.

A religião ficou então totalmente vinculada ao nacionalismo. Um exemplo: o xintoísmo era a ideologia dos pilotos suicidas japoneses (kamikaze quer dizer “vento divino”). Cada soldado que morria na guerra era imediatamente transformado num kami, e em sua honra se realizavam cerimónias nos templos xintoístas. Após a derrota do Japão na guerra, em Agosto de 1945, o imperador fez uma declaração renunciando a sua condição divina. O xintoísmo deixou de ser religião estatal.

3.3.8.Hinduísmo

A palavra hinduísta significa simplesmente “indiano” (da mesma raiz do rio Indo), e talvez a melhor maneira de definir o hinduísmo seja dizer que é o nome das várias formas de religião que se desenvolveram na Índia depois que os indo-europeus abriram caminho para a Índia do Norte, de 3 a 4 mil anos atrás.

A religião do Hinduísmo em países no Contexto Asiático, representou o poder mais alto, na medida em que o rei/presidente sendo o mais alto representante, ocupa o lugar santo, casa dos deuses a volta do qual giravam o sol, lua e as estrelas. É uma religião da Índia, mas tem muitos adeptos também no Nepal, em Bangladesh e no Sri Lanka.

O hinduísmo não tem fundador, nem credo fixo nem organização de espécie alguma. Projecta-se como a “religião eterna” e se caracteriza por sua imensa diversidade e pela capacidade excepcional que vem demonstrando através da história de abranger novos modos de pensamento e expressão religiosa. A palavra hinduísta significa simplesmente “indiano

A maior figura Hinduísmo moderna é Mahatma Gandhi (1869-1948), conhecido no Ocidente como chefe político, mas venerado na Índia como líder espiritual Gandhi, adepto da Ahimsa (o princípio da não-violência), apregoava a importância quetinha para o Homem o exercício de um perfeito controlo sobre si mesmo.

Para ele, o sistema de castas começaria a perder o sentido uma vez que o que era importante eram os princípios de igualdade e solidariedade mas, aspectos relacionados com a estratificação social, heranças e aspectos puramente baseados em factores materiais fazem com que estas ainda se mantenham. Mais do que uma religião, o Hinduísmo caracteriza-se como uma tradição cultural, que engloba formas muito particulares deviver, de estar em sociedade e de princípios éticos e filosóficos”.

3.3.9.Importância sociocultural do hinduísmo

Em termos de culto, a vaca é mais “pura” do que o brâmane. Assim, a pessoa que toca uma vaca está ritualmente limpa. Todos os produtos derivados da vaca o leite e a manteiga são utilizados em diversas cerimónias de purificação.

Até mesmo o excremento e a urina da vaca são tão sagrados que podem ser usados como agentes de purificação. Tal como hoje a conhecemos, o hinduísmo é uma religião de forte conteúdo ritual que atribui pouca importância aos aspectos doutrinais e que se mantém unida por um sistema de castas e pelo fato de rituais essenciais como nascimento, maioridade, casamento e morte, só poderem ser celebrados por um sacerdote brâmane.

O hinduísmo é uma religião universal com uma ênfase especial na fraternidade. Acredita-se que o Homem tem natureza divina e que o objectivo de toda a actividade humana é conhecer a verdade suprema e é por isso, que alguns intelectuais, entre eles Ghandi, lamentem a presença de castas, por estas considerarem o ser pela família de proveniência.

Definiu a alimentação vegetariana como ponto essencial da filosofia hindu, Isso porque é livre da pureza (morte/sangue) e como todo alimento deve ser antes oferecido aos deuses, não se poderia oferecer algo que fosse “sujo”.

4.0.A Política religiosa Indiana

Se baseia na crença num deus eterno, mas não especifica se esse deus é Vishnu, Shiva ou algum outro. Deixa-se a cargo do indivíduo decidir de que maneira esse deus deve ser adorado. Nos círculos académicos é comum ver Vishnu e Shiva formando uma trindade com o deus Brahma.

Brahma é o criador, quem faz o mundo. Vishnu é o sustentador, que protege as leis naturais e a ordem universal. E Shiva é o destruidor, que no final de cada época dança sobre o mundo até reduzi-lo a pedaços. Uma vez que isso acontece, Brahma tem de criar o mundo novamente.

Assim, essas três personagens, ou “máscaras”, representam três aspectos de Deus: o criador, o sustentador e o destruidor. Essa doutrina trinitária, no entanto, tem pouca relevância na devoção popular.

4.4.1.Importância política do Hinduísmo na Ásia

Segundo Botas, (2007), a procura de uma matriz identitária, quer se trate da Ásia insular ou da Ásia continental, porque o conjunto dos países da região foi governado desde a origem ou por sistemas institucionais político-religiosos ou por instituições em que coexistiam um poder político e um poder religioso cujo governo se exercia numa simbiose que podia atingir a perfeição.

O imperador da China ou o imperador do Japão acumulavam os poderes políticos com os poderes religiosos como os reis da Coreia ou os reis de Siam. Acontecia o mesmo no Camboja com as linhagens reais de Angkor. Hoje a legitimidade de um rei asiático, como acontece no Camboja, permanece uma legitimidade de carácter religioso. A simbiose Nação -Religião continua a ser a matriz da identidade nacional.

4.4.2.Divisão das castas

Brahamanes são a classe sacerdotal que têm o direito de estudar os Vedas, realizar rituais para si e para os outros e obrigados a cumprir os sacramentos. Estão entre os deuses e os homens. Devem ter um comportamento exemplar e levar toda a sua vida em busca do conhecimento e dapreservação das tradições.

Kshatriyas São a classe guerreira. São treinados para protegerem as pessoas, oferecerem sacrifícios aos deuses, estudam os Vedas e asseguram a justiça. Devem também abster-se dosprazeres sexuais.

Vaishyas classe dos comerciantes e camponeses. São responsáveis por todo o comércio e por cultivar a terra, emprestar dinheiro e criar gado. São extremamente importantes na índia porque geram riqueza. Têm direito de estudar os Vedas mas não podem casar com mulheres de castas superiors

Sudras Classes trabalhadores de estratos mais baixos. O único dever é o de servir as outras três castas. Não estão autorizados a estudar os Vedas ou mesmo a ouvir os cânticos sagrados. Não podem comer na companhia das castas superiores e só podem casar com pessoas da sua casta.

4.4.3.Taoísmo

O taoísmo se baseia num livro chamado Tao Te Ching, “O livro do Tao e do Te”. Tao (ordem do mundo) e te (força vital) são antigos conceitos chineses aos quais Confúcio deu uma interpretação um pouco diferente.

4.4.4.História do Taoísmo

Segundo Pierucci (2003), o confucionismo e o budismo, o taoismo constitui as principais tradições religiosas da China e do Extremo Oriente. Ela tem origem por volta do século II a.C., durante a dinastia de Han.

A religião tem seus ensinamentos atribuídos a Huang-Ti, conhecido como o mítico Imperador Amarelo, e a Lao Tse, tido como o fundador da doutrina taoísta. Huang-Ti, além de ser considerado responsável pela disseminação dos ensinamentos do taoísmo, aparece para a tradição chinesa como criador de outros elementos da cultura chinesa como a astrologia e a medicina.

De acordo Pierucci, (2003), Lao Tse, de acordo com a tradição chinesa, escreveu o livro sagrado do taoísmo. Conhecido como o livro do Caminho e da Virtude por alguns, o Tao Te Ching é um de 5.500 palavras, no qual estão escritos os ensinamentos religiosos e filosóficos adquiridos por Lao Tsé na busca pelo Tao.

Na China, as actividades taoistas são reguladas pela Associação Taoísta da China e reconhecida pela República Popular da China como uma das suas cinco religiões do país. Além da China, a religião está presente em outros países com um grande número de seguidores em Hong Kong e na Tailândia. Devido à difusão através da prática de artes marciais que utilizam os ensinamentos pregados pela religião, como o equilíbrio entre o yin e o yang, o taoísmo ficou conhecido mundialmente. Actualmente, existem cerca de 20 milhões de adeptos do taoísmo no mundo, segundo o Centro Apologético Cristão de Pesquisas – CACP.

Para  Gaarder, Hellern e Notoker (2000), os taoistas acreditam na essência de todas as coisas. O taoísmo é uma religião de filosofia chinesa; baseia-se no sistema politeísta e filosófico, de crenças parecidas com os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, como: culto aos ancestrais, rituais de exorcismo, alquimia e magia.

4.4.5.Princípio do TAO

Para Confúcio, o tao era a suprema ordem do universo, que o homem tinha de seguir. Lao-Tse também concebia o tao como a harmonia do mundo, especialmente do mundo natural. Só que ele foi mais além: o tao é a verdadeira base da qual todas as coisas são criadas, ou da qual elas jorram. Várias vezes o tao é descrito como o “Céu”, isto é, como algo divino, embora não seja um deus pessoal.

A diferença mais importante entre a concepção de Lao-Tse sobre o tao e as outras é que Lao-Tse acreditava ser impossível descrever o tao de maneira directa e racional. “O tao que pode ser descrito não é o tao real”, disse ele. Isso significa que o homem não pode investigar ou estudar a verdadeira natureza do tao, não pode usar o intelecto para compreendê-lo.

Ele deve meditar, imerso numa tranquilidade sem nexos e esquecer todos os seus pensamentos a respeito de coisas externas, como o lucro e o progresso na vida. Só então irá alcançar a união com o tao e será preenchido pelo te, a força vital.

4.4.6.Vida Social

De acordo com Gaarder, Hellern e Notoker (2000), O taoísmo implica passividade e não actividade. Para um sábio taoísta, a acção mais importante é a “não-ação”. Isso obviamente tem uma grande influência em sua visão da vida comunitária. Enquanto Confúcio desejava educar o homem por meio do conhecimento, Lao- Tse preferia que as pessoas permanecessem sinceras e simples, como crianças.

Enquanto Confúcio ansiava por regras e sistemas fixos na política, Lao-Tse acreditava que o homem deveria interferir o mínimo possível no desdobramento natural dos fatos. Confúcio queria uma administração bem-ordenada, mas Lao-Tse acreditava que qualquer administração é má. “Quanto mais leis e mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões haverá”, diz o Tao Te Ching.

O Estado ideal de Lao-Tse era a pequena comunidade (a aldeia ou a cidade pequena) que, segundo ele, existia já nos tempos antigos. Ali as pessoas tinham vivido em paz e contentamento, sem interesse em guerrear contra seus vizinhos, como fizeram mais tarde as províncias chinesas.

O líder devia ser um filósofo, e sua única tarefa era que sua passividade e seu distanciamento servissem de exemplo para os outros. A caridade activa não faz sentido para um taoísta. Mas ele tem uma boa vontade sem limites para com todos os outros, sejam eles bons ou maus.

4.4.7.Importância Política do Taoísmo

A filosofia taoísta ensina que, da mesma forma que a água se modela dentro de um copo, o homem deve aprender a equilibrar seu Yin (aspectos negatives) e Yang (aspectos positivos), a fim de viver em harmonia porque Quando esses elementos não estão equilibrados, o ritmo da natureza é interrompido com desajustes, resultando em conflitos.

4.4.8.O Taoísmo como uma Religião Popular

Na visão de Gaarder, Hellern e Notoker (2000), Alguns discípulos de Lao-Tse direccionaram o misticismo natural para aspectos mais mágicos. Foram esses elementos de magia que encontraram maior ressonância entre as massas, ao se incorporarem às crendices e feitiçarias de tempos mais antigos. Por exemplo, Lao-Tse acreditava que quando um indivíduo permanece passivo, preserva sua força vital por longo tempo, mantendo-a saudável e pura.

Mais tarde, algumas pessoas começaram a interpretar essa idéia como a possibilidade de alcançar uma longevidade cada vez maior, e passaram a se interessar em se tornar imortais. Filósofos taoístas, além de meditar, exercitavam práticas mágicas e tentavam descobrir o elixir da vida eterna. Lado a lado com o taoísmo filosófico, foi se desenvolvendo uma religião popular baseada em Lao-Tse mas que também tinha seus próprios deuses, templos, sacerdotes e monges. Havia rituais complexos, em parte inspirados pela prática budista, com procissões, oferendas de alimentos aos deuses e cerimónias em honra dos vivos e dos mortos.

4.4.9.O Zoroastrismo 

Segundo Gaarder, Hellern e Notoker (2000), o Zoroastrismo é uma religião que também é denominada de Madaísmo ou de Parsismo. Essa crença é baseada no monoteísmo e teve início na antiga Pérsia actual Irã por volta do século VI a.C.

Atribui-se ao profeta Zaratustra chamado pelos gregos como Zoroastro a criação dessa doutrina que é intitulada em alusão a ele. Surge a partir de uma revolta interna do seu fundador contra algumas situações que caracterizava a sociedade daquela época, como a injustiça, a opressão, o sacrifício sangrento e os falsos deuses. Sua mensagem original iria se opor, de várias formas, à religião tradicional que se configurava como politeísta – para um monoteísmo com tendências dualistas.

5.0.Importância Sociocultural do zoroastrismo

Modificou a crença de politeísta para monoteísmo com tendências dualistas. Sendo os cultos efectuados nos “templos de fogo”, os sacerdotes herdaram a responsabilidade de manter o fogo em chama. Por isso, eles costumam ir ao local cinco vezes por dia.  O objectivo de manter a chama acesa é para realizar oferendas de sândalo purificado.

Para  Gaarder, Hellern e Notoker (2000), o zoroastrismo trouxe mandamentos como: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado. Por isso, a regra de ouro do Masdeísmo é: “Age como gostarias que agissem contigo”. Condenou qualquer acto que tende a trazer sofrimento a si como jejuar e mesmo suportar dores excessivas, visto o fato de essas práticas prejudicarem a alma e o corpo, e impedirem os seres humanos de exercerem os deveres de cultivar a terra e de procriar.

5.5.1.Importância Política do Zoroastrismo

O Zoroastrismo passou por três principais fases históricas. A primeira fase se configurou por sua origem marcada pela mensagem religiosa do seu fundador; a segunda, pelos três impérios estabelecidos (Aquemênida, Partos ou Arsácida, e Sassânida) marcados profundamente sob vários aspectos por essa mensagem; e a terceira fase, foi a fase que se seguiu à conquista islâmica do Irão, marcada pela sobrevivência da religião através de uma minoria de adeptos (parses).

5.5.2.Budismo

O Budismo nasceu na Índia, no século V a.C. a partir dos ensinamentos do Buda histórico, SiddhartaGautama. Nos séculos seguintes, a doutrina e a prática budista propagaram-se por outros países através de duas correntes principais Mahayana e Theravada que se distinguiam pela ênfase em diferentes escrituras e práticas.

A corrente Mahayana (O Grande Veículo ou Ensinamentos) se espalhou na direcção norte, por países como Tibete, China, Vietnã, Coréiae Japão. A corrente Theravada(Escola dos Anciãos ou Monges‖; também conhecida como Hinayana‖ ou o Pequeno Veículo ou Ensinamentos), pelo Sri-Lanka (ex-Ceilão), Mianmar (ex-Birmânia), Tailândia e outros países da Ásia do sul. Esta religião, praticamente desapareceu de seu país de origem, espalhando-se pela Ásia e outras regiões. O Budismo teve uma longa e importante história na China, na Coreia e no Japão.

Importância Sociocultural do Budismo

O Budismo pregava a Paz e harmonia, estava centrada na esfera do culto aos antepassados e dos ritos funerários. O Budismo realçou a abnegação de si e a caridade, o que levou a uma participação activa nas questões sociais e políticas contemporâneas.

Budismo contribuiu enormemente para a cultura japonesa. Serviu de canal de transmissão de elementos culturais chineses para o Japão. A escrita chinesa, por exemplo, foi introduzida através do Budismo.

Agências e agentes do Budismo disseminaram no país técnicas de impressão e artísticas (pintura, cerâmica, escultura, jardinagem, etc.), estilos arquitectónicos, uso de almanaques, rudimentos de medicina chinesa, costume de beber chá… as famílias de forma compulsiva devia se filiar a um templo budista, razão pelo qual, a maioria de japoneses até hoje são budista por tradição.

5.5.3.Importância política do Budismo

O Budismo era um movimento de elite, circunscrito à nobreza. O Budismo, entretanto, não somente teve um relacionamento sincrético com o Xintoísta, como também desenvolveu uma espécie de divisão de trabalho com o mesmo, no que tange a ritos de passagem: nascimento (xintoísta) e morte (Budismo) Houve, tradicionalmente, uma grande ligação entre o Budismo e o Estado, na Ásia central, japonês, chinês.

Por um lado, em vários períodos históricos, o Estado japonês e as classes dominantes patrocinaram e controlaram os templos budistas; por outro, o Budismo, ao se beneficiar financeira e politicamente daquele patrocínio, oferecia seus serviços mágicos – religiosos para proteger a nação (chingo-kokka), e se acreditava que estátuas do Buda poderiam trazer magicamente todo tipo de benefícios materiais. Os monges, em sua maioria, costumam estar a postos para recitar fórmulas mágicas para todo tipo de ocasião e necessidades.

Uma das preocupações centrais de grandes líderes religiosos budistas, ao longo dos séculos, era a de tornar a salvação acessível a todos (e não somente à elite política e económica) e adaptar a metafísica budista à mentalidade japonesa ainda sobre a propagação budista japonesa, ela também ocorreu paralela e/ou vinculada à expansão militar e à colonização japonesa na Ásia.

No período em que o governo recorreu à coação para cooptar todos os segmentos da sociedade e garantir apoio interno em seu esforço de ampliar os limites do império japonês, o Budismo retomou sua reputação milenar de protector da nação.

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