A colonização em moçambique e as resistências

Revolta de bárué

A resistência a ocupação colonial portuguesa em 1904, no território moçambicano foi feita com o surgimento das alianças em 1917 centrada em Barue com objectivo de libertar a sua terra natal, expulsando os portugueses e aqueles que ajudavam a perpetuar o sistema colonial na zona.

Causas da revolta de Bárué

– Recrutamento compulsivo da mão-de-obra e sem remuneração na construção de uma estrada, ligando Tete à Macequece, passando pela terra dos Bárue ;

– Abusos de sipaios aos trabalhadores recrutados em 1914.

Preparação da rebelião

Nas vésperas da rebelião em virtude das guerras de 1902, esta importante comunidade do Zambeze estava dividida em duas chefaturas : Nongue – Nongue com a capital em Mungari e Matrosa, primo de Nongue, que governava os territórios do sul do interior de Gorongosa.

O aparecimento na cena politica zambeziana de uma jovem de nome Mbuya, Nongue – Nongue para levar a cabo os seus intentos iniciou um intenso trabalho diplomático, visando a formação de uma ampla coligação anti-colonial zambeziana.

Início da rebelião

A revolta de Bárue iniciou a 27 de Março de 1917, quando Chemba, Tambara e Chiramba foram atacados e paralelamente os camponeses de Sena e Tonga se soblevaram.

Em Abril os portugueses foram expulsos de Massangane, Cheringoma, Gorongosa e Inhaminga. Instalaram-se na companhia de Moçambique. Os Barue cercaram Tete, Zumbo estimulando outros povos ainda oprimidos (sobretudo os do sul).

O colonialismo português em moçambique (1890 – 1930)

Chegaram a Moçambique muitos portugueses nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Inicialmente comerciantes para tentar obter ouro, marfim e os escravos, e vinham acompanhados de missionários, que por sua vez construiram igrejas e ensinaram a religião católisa e ocuparam melhores terras.

Alguns chefes aliaram-se aos portugueses. Isto permitiu que os portugueses iniciassem a exploração do nosso país.

Nos finais do século XIX, Portugal enviou para Moçambique mais soldados e poderoso armamento para conquistarem e dominarem o nosso território.

Portugal estava interessado na exploração directa das nossas riquezas – o ouro, o marfim, o algodão, o tabaco e a cana-de-açúcar.

Desde 1890, a única maneira de evitar tal situação era uma acção militar rápida para estabelecer a autoridade política portuguesa em Gaza, devido a resistência dos moçambicanos.

Em Novembro chegaram, por mar, tropas portuguesas e o delegado do rei, António Enes tomou a direcção politica e militar em Janeiro de 1895.

As premissas políticas

A situação politica colocava sérios entraves ao recrutamento das populações embora fosse necessário a remuneração do campesinato.

Na politica colonial os régulos e sipáios eram utilizados para tirar os camponeses de força dos seus trabalhos particulares e obrigados a trabalharem nas plantações, para pagar o imposto elevado.

Papel específico de Portugal na penetração capitalista em Moçambique

Portugal participou objectivamente interessada na “corrida imperialista”tendo partido da sua condição de “potência menor”, nos conflitos entre as grandes potências, recusa desta em aceitar que qualquer delas obtivesse uma hegemonia territorial ou estratégica.

Portugal surge como mediador entre os imperialistas na procura do lucro colonial e recursos humanos e naturais nas colónias.

Mas como essa realidade efectiva só pode, ao que pensamos, ser integralmente explicada sobre as colónias.

Por tanto Portugal, manteve as colónias onde ja tinha interesses mercantis desde o século XV e, porque estava interessado em explorá-los.

O apadrinhamento e o jogo de alianças constituiram dois momentos mutuamente condicionados e historicamente correspondentes ao estado de evolução capitalista portuguesa.

O intermediário atento da exploração imperialista, Portugal nela participou fazendo lucrar e lucrando.

Da “luta militar” transitou-se progressivamente para a “luta de capitais” e a de “investimento”. Desta luta retirou, Portugal, o lucro crescente ao desenvolvimento do seu modo capitalista de produção e, por consequência, ao seu maior e directo envolvimento na exploração capitalista das riquezas de Moçambique.

Os conflitos imperialistas e a partilha de áfrica

A delimitação das fronteiras na África foi deliberada na Conferência de Berlim, que não resolveu no terreno essa delimitação das fronteiras entre as potências estrangeiras.

A partir de 1888, Portugal tinha outros objectivos, sendo um deles alugar os territórios que lhe pertenciam à outras potências.

Para Moçambique, só foi possível resolver o conflito fronteiriço em 1891 quando se assinou um tratado entre Portugal e Inglaterra, marcando um aspecto muito importante segundo o historiador Lissen.

A questão da fronteira sul ocidental resolveu-se com maior rapidez. No século XVII regista-se o conflito entre portugueses, holandeses e australianos na posse da baía de Maputo, tendo se agravado quando William Owen viajou de reconhecimento a baía de Lourenço Marques, vendo como uma porta marítima para a colónia inglesa do Cabo.

Owen propõe que os ingleses se estabelecessem na baía de Lourenço Marques ignorando os direitos históricos de Berlim.

Essa ambição à baía de Lourenço Marques teve as seguintes razões:

a) O acesso da via marítima ao Cabo;

b) A baia de Lourenço Marques tinha reservas de mão-de-obra barata;

c) Pretender controlar todas as linhas de comunicação através do rio Maputo pelo qual os Zulus importavam armas;

d) Os ingleses pretendiam ocupar a região de Transvaal e viam Lourenço Marques como uma posição estratégica.

Portugal manobra o plano britânico, assinando um contrato com o Transvaal em 1869 reconhecendo que a latitude 26º e 30º pertencia a Transvaal, enquanto que os montes Libombos era fronteira com a Swazilândia.

O tratado não foi cumprido em ambas partes obrigando a intervenção de medianeiro em 1875. Portugal convidou o presidente da França Mac Mahon. Ele reconheceu a soberania de Lourenço Marques e as áreas adjacentes que devia pertencer a Portugal. Porque Portugal tinha autoridade moral.

Fronteira Centro De Moçambique

Na região de Manica a situação de delimitação de fronteiras foi difícil pelo facto de existir muito interesse de Inglaterra e Portugal devido a fertilidade de terras.

Entre 1890 – 1891, a zona que teve mais conflito foi entre Limpopo até Tete.

Portugal mandou uma expedição comandada por um português chamado Serpa Pinto.

Os ingleses fazem um ultimato a Portugal com o seguinte teor: – o governo português devia tirar as suas tropas da região central ou devia recuar. Senão iria gerar um conflito, o que abalaria em grande medida a Portugal.

Deste modo começam conversações para estabelecer as regiões de Manica e Niassa.

Cecil Rhodes com a sua companhia, British Company, complicava a negociação e em 1890 houve um acordo onde Portugal cedeu a livre circulação dentro do território (região central) sem taxas alfandegárias, sem que sejam mal recebidas pela burguesia portuguesa instalando-se uma nova crise entre Portugal e Inglaterra por Portugal não ter ratificado os acordos.

Portugal propôs um modo vivendi assinada a 14 de Dezembro de 1890.

Mais tarde, em 1891 fez-se um novo acordo, Portugalm envia António Enes para Moçambique com a missão de colocar a autoridade portuguesa em todo o território moçambicano.

A ocupação militar portuguesa e a resistência ao colonialismo

A penetração portuguesa nas zonas do interior fez-se de várias formas. Os portugueses começaram por fazer amizades com os Mwenemutapas, o que lhes permitiu fixarem-se nessas zonas e aí organizarem-se em feiras.

Em cada feira havia um chefe militar português que se designava por capitão. Este tinha de ser aceite pelo Mwenemutapa. As vezes as amizades eram resultantes do apoio que os portugueses davam a alguns Mwnemutapas nas lutas contra os Mambos revoltosos.

Estes autorizavam os portugueses a circular e a fazer comércio no seu império.