Era da informação (também conhecida como era digital ou era tecnológica) é o nome dado ao período que vem após a era industrial, mais especificamente após a década de 1980; embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e, particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.

A transição da era industrial para a era da informação

A Passagem de uma era importante para outra não acontece do dia para a noite. A transição se dá a partir da sucessão de uma série de fatos que vão modificando a sociedade. Para mostrar essa mudança vamos analisar o crescimento e a queda dos operários – a classe trabalhista que mais caracterizou a Era Industrial. Entender esse processo de ascensão e queda dos operários é compreender a transição dessas duas eras, a Industrial para a da Informação.

Voltemos um pouco no tempo para entender o movimento social mais transformador do século XX. Antes da Primeira Guerra Mundial, os agricultores eram o maior grupo isolado em todos os países, seguidos pelos empregados de serviços domésticos. Só para se ter uma ideia da quantidade do segundo colocado: nos censos praticados no ocidente no início do século XX, uma pessoa que tivesse apenas três desses serviçais em casa era classificada como classe média baixa.

Como esses dois grupos não possuíam capacidade de se organizar, eles fizeram pouco alarde histórico e passaram quase despercebidos ao longo dos anos. Os agricultores dessa época organizaram apenas duas revoltas realmente expressivas, a rebelião de Taiping, em meados do século XIX, e a Guerra dos Boxers, no seu final. As duas aconteceram na China. Porém pouco se fez no resto do mundo. Já os empregados domésticos nunca apareceram em uma passeata pública de sua classe.

Esses dois grupos foram desprezados por Karl Marx (1818-1883) em seu estudo ”O Capital”. Contrariando o que este autor previu décadas antes, em 1900, eles não haviam se tornado maioria na sociedade. Portanto, não conseguiriam subjugar os capitalistas somente pelo número. A força desse grupo cresceu na medida em que aumentava a sua organização. Eles foram a primeira classe na história que podia se organizar, e mais importante que isso, permanecer unida por bastante tempo.

Georges Sorel (1847-1922), o escritor mais radical do período anterior à I Guerra, ex-marxista e revolucionário sindicalista, lhes atribui grande importância quando afirmou que os proletários iriam tomar o poder através de uma greve geral e com a violência. Esse autor foi usado pelos ditadores Stalin, Hitler, Mussolini e mais tardiamente por Mao para gerar guerras. Os operários de 1913 não possuíam quase nenhum benefício, e 50 anos depois eram o maior grupo isolado de todos os países desenvolvidos com vantagens trabalhistas, que iam desde a segurança no emprego até assistência de saúde e educação. Os seus sindicatos se tornaram forças políticas no mundo todo.

Esse crescimento ocorreu a partir da migração dos camponeses e funcionários domésticos para a indústria. De forma alguma isso foi imposto. Eles viam na dedicação à essa nova ocupação mais vantagens do que em seus antigos ofícios.

Começamos pela análise de que as primeiras fábricas eram de fato “Usinas Satânicas” do grande poema de Willian Blake (1757-1827). Mas o campo não era “terra verde e agradável da Inglaterra”, do mesmo poema, na verdade era um cortiço ainda mais inóspito. O que comprova isso é que a mortalidade infantil caiu drasticamente com o êxodo rural e com a conseqüente preocupação em manter as pestes longe das cidades. Outro ponto que favoreceu o crescimento dos operários foi o fato de que, realmente, eles viviam na miséria e eram explorados, mas viviam melhor do que nas fazendas e casas de famílias onde eram ainda mais mal tratados. Os proletários também tinham um tempo definido para trabalhar, o que restava era seu para fazer o que bem entendesse. Isso não acontecia com os que trabalhavam no campo ou em casas familiares, em que a toda hora poderiam ser solicitados.

Para os agricultores e empregados domésticos o trabalho na indústria era uma oportunidade – de fato a primeira que lhes havia dado – para melhorar de vida sem precisar emigrar. A qualidade de vida aumentava a cada geração. E isso estimulava ainda mais essa migração.

Durante o século XIX a produtividade dessa classe aumentou cerca de 4% ao ano, o que gerou praticamente todos os ganhos dessa época. Boa parte desse resultado ficou nas mãos dos próprios trabalhadores, que multiplicaram seu salário cerca de vinte e cinco vezes e reduziram quase pela metade as suas horas de trabalho. Portanto, havia razões de sobra para que a ascensão do trabalhador industrial fosse pacífica e não violenta como previra Marx.

A queda dessa expressiva classe vem acontecendo rapidamente desde o final da II Guerra Mundial. O trabalhador industrial tradicional tem sido substituído por um tipo de trabalhador que Peter Drucker chamou em seu livro ”Landmarks of Tomorrow”, de 1959, de trabalhador do conhecimento. Este funcionário é uma pessoa que alia o trabalho manual com o teórico. São exemplos dessa classe: técnicos de raios-X, fisioterapeutas, anestesistas, técnicos de computador, etc. Esse é o grupo de trabalho que mais rapidamente cresce no mundo. No presente momento 75% da riqueza mundial é gerada por trabalhadores dessa natureza, em contraste com o número em 1975: apenas 25% .

O início da era da informação

Vejamos a opinião de dois estudiosos que determinam uma data exata e um motivo do início dessa transição:

Peter Drucker, renomado consultor de empresas e autor de dezenas de livros sobre o assunto, foi a primeira pessoa a chamar o momento que estamos vivendo de era da informação. É dele também o livro Administração em Tempos de Grandes Mudanças, que expõe claramente esse novo paradigma social. Este livro demonstra que podemos determinar o início da Era da Informação a partir da atitude dos soldados americanos que, após voltar da II Guerra Mundial, tinham como uma das principais exigências as suas colocações imediatas em alguma universidade. Hoje isso pode parecer óbvio, mas na época foi muito marcante visto que aqueles que voltaram da I Guerra aspiravam apenas por um emprego seguro. Neste momento, por volta de 1946, o conhecimento já estava sendo mais valorizado do que o trabalho simplesmente operacional.

O sociólogo estadunidense Daniel Bell (nasceu nos Estados Unidos em 1919) determina que a Era da Informação tem seu marco primordial uma década depois, em 1956, quando o número de “colarinhos brancos” ultrapassou o de operários no seu país. Ao perceber isso ele advertiu: “Que poder operário que nada! A sociedade caminha em direção à predominância do setor de serviços.” Ou seja, o poder direcionava-se àqueles que possuíam algum tipo de conhecimento que interessava a outros.

Conclusão

Vivemos realmente em um momento de muitas transformações, não há como negar que estamos em outra Era. O trabalho atual se parece muito pouco com a forma mecânica adotada na Era Industrial.

Tanto o comércio quanto as comunicações se caracterizam por ser extremamente dinâmicas. Cada vez mais o conhecimento é valorizado. Podemos prever que o acúmulo de informação, muito em breve, terá o mesmo valor que tinha o acúmulo de patrimônio há pouco tempo.

Passou-se a dar valor ao homem num todo, não somente a capacidade física que ele possui.