Introdução

Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao carácter. Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor esse conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista, advogado, empresário, um político e até mesmo um professor.

Ética e a educação moral e cívica

Ética é, na filosofia, o estudo do conjunto de valores morais de um grupo ou indivíduo. A palavra “ética” vem do grego ethos e significa caráter, disposição, costume, hábito. Na filosofia clássica, a ética não se resumia à moral (entendida como “costume”, ou “hábito”, do latim mos, mores), mas buscava a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto em público.

 A ética incluía a maioria dos campos de conhecimento que não eram abrangidos na física, metafísica, estética, na lógica, na dialética e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que atualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, às vezes política, e até mesmo educação física e dietética, em suma, campos direta ou indiretamente ligados ao que influi na maneira de viver ou estilo de vida. Um exemplo desta visão clássica da ética pode ser encontrado na obra Ética, de Spinoza. Os filósofos tendem a dividir teorias éticas em três áreas: meta ética, ética normativa e ética aplicada.

Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu à revolução industrial, a maioria dos campos que eram objeto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Assim, é comum que atualmente a ética seja definida como “a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais nas sociedades humanas” e busca explicar e justificar os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-se do ponto de vista do Bem e do Mal.

Ética, como um conceito, diferencia-se da moral pois, enquanto esta se fundamenta na obediência a costumes e hábitos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão. A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

Termo

Em seu sentido mais abrangente, o termo “ética” implicaria um exame dos hábitos da espécie humana e do seu caráter em geral, e envolveria até mesmo uma descrição ou história dos hábitos humanos em sociedades específicas e em diferentes épocas. Um campo de estudos assim seria obviamente muito vasto para poder ser investigado por qualquer ciência ou filosofia particular. Além disso, porções desse campo já são ocupadas pela história, pela antropologia e por algumas ciências naturais particulares (como, por exemplo, a fisiologia, a anatomia e a biologia),se considerarmos que o pensamento e a realização artística são hábitos humanos normais e elementos de seu caráter.

No entanto, a ética, propriamente dita, restringe-se ao campo particular do caráter e da conduta humana à medida que esses estão relacionados a certos princípios – comumente chamados de “princípios morais”. As pessoas geralmente caracterizam a própria conduta e a de outras pessoas empregando adjetivos como “bom”, “mau”, “certo” e “errado”. A ética investiga justamente o significado e escopo desses adjetivos tanto em relação à conduta humana como em seu sentido fundamental e absoluto.

Actualmente a Educação Moral e Cívica é uma das maiores preocupações dos sistemas de educação e ensino. Embora nunca perdeu o seu valor, sim foi relegada a um segundo plano em muitas das ocasiões.

Na nossa realidade actual, contemplando as dores e os sofrimentos dos nossos irmãos na sua luta pela vida, pelo desenvolvimento, podemos ter a tentação de procurar a causa da corrupção social existente no fenómeno, felizmente ultrapassado, da guerra. Não podemos esquecer que vivemos numa sociedade inserida na totalidade do mundo actual, deste nosso planeta que cada dia se torna mais pequeno. Habitamos num mundo ao qual podemos chamar “aldeia global” onde a comunicação torna-nos próximos, e por isso interdependentes.

Os avanços da técnica e das ciências obrigam-nos a preparar o homem e a mulher actual para assumir a existência com a maior e melhor lucidez e responsabilidade. Capacita-los para enfrentar os desafios actuais e serem pessoas em contínua reciclagem, numa atitude aberta e flexível por um lado, e sólida e permanente por outro, com capacidade de compromisso e de solidariedade.

Vivemos numa época de relativismo, uma época light, época desvirtualizada, na qual tudo serve e tudo é aceitável. O pensamento actual é um pensamento frágil incapaz de responder aos grandes interrogantes que se apresentam nas suas mesmas descobertas. Época da globalização na qual a pessoa é cidadã do mundo. O nosso país é parte dessa realidade cósmica; “…por essa razão, é importante que os actuais avanços políticos, económicos e institucionais da Nação, se façam sentir também no plano social e no plano da mudança de mentalidade.

O Estado deve ser um agente dinamizador da transformação espiritual no resgate dos valores éticos e morais que, ao longo dos muitos anos de conflito, deram lugar a uma mentalidade imediatista e egoísta no seio da nossa sociedade… Nenhum esforço é demasiado, para resgatar a dignidade e a integridade moral e espiritual das nossas famílias”.

Época em que partilhamos duma neo-cultura, por vezes imposta, – a maneira duma neo-colonização -, ao mesmo tempo que se faz sentir o reclame do próprio, do particular, do tradicional. “…É preciso rever certos hábitos e tradições, principalmente no contexto da vida urbana, para defender sem reservas o estatuto da família bem estruturada, onde predomine o amor a compreensão e o respeito recíproco, a cooperação e a igualdade de direitos, e se aceite a reprodução planeada e a paternidade responsável”.

Vamos encontrando-nos com pessoas desenraizadas que nada sabem de si. E, outras que, conhecendo a cultura do seu povo, vivem de costas ao novo emergir desta nova humanidade. Época dos prefabricados, do nada duradoiro, em que os valores perseguidos são: a eficácia, o dinheiro, o prazer, a comodidade, a eficiência, a produção… Época dum neo-liberalismo. Época em que se quer implantar o sistema democrático como sistema de governo mais aceitável e, ao mesmo tempo, presenciamos as grandes neo-ditaduras que nos deixam incapacitados para faze-las frente.

Preparar o homem e a mulher de hoje para enfrentar esta nova situação é o desafio que se apresenta aos Estados, á sociedade, á família, daí que a Educação Moral e Cívica é uma necessidade imperiosa.

A educação moral não tem porque ser necessariamente uma imposição heterónima de valores e normas de comportamento, mas também não se reduz á aquisição de habilidades pessoais para adoptar decisões puramente objectivas.

Pretende colaborar com os jovens para facilitar-lhes o desenvolvimento e a formação de todas aquelas capacidades que intervêm no juízo e na acção moral a fim de que sejam capazes de orientar-se de maneira racional e autónoma naquelas situações que lhes apresentem um conflito de valores. Precisamente, a Educação Moral supõe orientar-se autonomamente em situações de conflito de valores, pelo que não pode ser considerada como prática inculcadora de valores.

Conclusão

A ética se refere ao conjunto de valores que guiam determinado grupo ou cultura. Sendo assim, ela norteia o caráter das pessoas, e como elas irão se portar no meio social. Apesar disso, a ética não deve ser confundida com a lei, pois pessoas não sofrem sansões ou penalidades do Estado por não cumprirem normas éticas. O conceito de ética também pode significar o conhecimento extraído da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional. Sendo assim, a ética pode refletir e questionar valores morais. Moral é o conjunto de regras que orientam o comportamento do indivíduo dentro de uma sociedade. Ela pode ser adquirida através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano. Tais regras norteiam os julgamentos de cada indivíduo sobre como agir, de acordo com o que foi previamente aceito como norma entre determinado grupo.

Referências bibliográficas

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  6. Ethics, in The Encyclopaedia Britannica: a dictionary of arts, sciences, literature and general information. 11.ª ed. New York, 1911. pp. 808-845.