Podemos entender a geopolítica como um conjunto de estratégias traçadas por um Estado, como uma forma de se conquistar diferentes objectivos em diferentes momentos históricos, a exemplo da expansão territorial ou, sendo mais actual, a busca de novos mercados com a redução das barreiras comerciais.

A geopolítica envolve um projecto de dominação por parte de um Estado nos mais diversos sectores da economia e da sociedade. O Estado é visto como um organismo geográfico, ou seja, a geopolítica relaciona a geografia e o poder do Estado.

Origem da Geopolítica

O termo “Geopolítica” foi criado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, no início do século XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel, Politische Geographie, (Geografia Política) de 1897. O conceito versa sobre a influência exercida pelas condições naturais sobre a humanidade, e nunca sobre o indivíduo, defendendo a tese de que o meio natural seria uma entidade definidora da sociedade, ou seja, a humanidade seria marcada pelo meio que a cerca. Nesta mesma obra Ratzel expõe o conceito de Espaço Vital, o espaço como a fonte de vida dos Estados.

Não podemos confundir Geografia Política com Geopolítica. A Geografia Política existe há séculos e trata basicamente do estudo do meio ambiente no que tange aos interesses do Estado. A palavra Geopolítica nasceu no início do século XX, como uma disciplina carregada de ideologia e voltada para as relações de poder, uma espécie de Geoestratégia. Nota-se que Rudolf Kjellén criou o termo geopolítico, porém este objecto de estudo está presente há muitos séculos.

Teorias geopolíticas

Existem várias e diferentes concepções teóricas a respeito da influência da geografia nos fenómenos políticos, sociais e históricos. Assim sendo, destacam se duas grandes concepções teóricas: as clássicas e novas.

Teorias clássicas

São aquelas que tratavam principalmente das relações, entre o poder e o ambiente, estado e território, guerra, estratégia e geografia. E estas subdividem em:

Teorias do poder marítimo ou naval  

Alfred Thayer Mahan foi o primeiro geopolítico a reconhecer a importância dos mares na consecução da política nacional em seu livro “Influência do Poder Naval na História”.

 A ideia básica de sua teoria é que: A terra é quase sempre um obstáculo, o mar quase todo uma planície aberta; uma nação capaz de controlar essa planície, por meio: do poderio naval, e que ao mesmo tempo consiga manter uma grande marinha mercantil, que pode explorar as riquezas do mundo. Para Mahan, o poder marítimo é o elemento vital para o crescimento, a prosperidade e a segurança nacionais. Afirma, ainda, que o poder marítimo não é o sinónimo de poder naval, pois não compreende apenas o potencial militar que, navegando, domina o oceano ou parte dele pela força das armas, mas também o comércio e a navegação pacífica que, de um modo vigoroso e natural, deram nascimento à esquadra e, graças a ela, repousam em segurança”

Portanto, Mahan defendia que a potência que construísse um poder naval sem igual, capaz de dominar os oceanos e as grandes passagens entre os mares, dominaria o mundo. Mahan se baseia na história dos séculos XVI ao XIX para demonstrar que as potências vitoriosas nas grandes disputas geopolíticas foram sempre potências navais.

Teoria do poder terrestre

Halford J. Mackinder (inglês) Analisando o mapa-mundo, ele observou que 75% das terras doGlobo eram constituídas de Europa, Ásia e África; com cerca de 90% da população mundial, denominando esse conjunto de “Ilha do Mundo” e destacando-o como eixo central no hemisfério norte. Constatou, ainda, que as conquistas dos bárbaros para oeste e dos cossacos para leste partiram do centro-oriental, concebendo que no interior desse eixo, numa área central, se instalaria o poder terrestre. Denominou-se essa área de “Terra Central” ou “Terra Coração” (Heartland), autêntica área pivô da História.

A seguir, deduziu que quem a controlasse dominaria a “Ilha do Mundo” e, como consequência, controlaria o mundo. Isolado dos oceanos e com grande mobilidade, teria o poder terrestre, instalado no “Heartland”, a facilidade de se expandir na direcção dos países posicionados nas extremidades costeiras, região que chamou de “crescente interno marginal”, tendo nas extremidades do ocidente a Inglaterra e do oriente o Japão. Se associasse o poder terrestre a essas duas extremidades com potencial de poder marítimo, estaria assegurado o domínio do mundo e se poderia partir para o “arco exterior insular”, a que chamou de “crescente externo insular”, abrangendo a América e a Austrália.

Apresentou sua teoria em uma monografia intitulada “O Eixo Geográfico da História”, na Real Sociedade Geográfica de Londres, em 1904. Como presenciou, na 1ª Grande Guerra, o surgimento do poder aéreo e o resultado da 2ª GrandeGuerra, teve tempo de complementar sua teoria sugerindo a união complementar entre Inglaterra e os EUA. Estabeleceu um novo conceito – o “Midland Ocean, centrado no Atlântico Norte.

Portanto, Mackinder desenvolve uma interpretação oposta, a de que existe uma região pivô na Eurásia, nunca antes conquistada por potências navais, o Heartland. Região vasta, rica em recursos naturais e energéticos, água, terra e florestas, esta região sempre foi dominada por povos nómadas cavaleiros da Ásia Central (hunos, tártaros, mongóis). A potência que dominasse esta região e simultaneamente dominasse uma saída para mares abertos, poderia desenvolver um poder anfíbio imbatível, dominar toda a Eurásia e decidir o futuro do mundo.

A partir destas interpretações é que se desenvolveram concepções de estratégia geopolítica que nortearam a acção das grandes potências ao longo de parte significativa do século XX. Por exemplo:

  • As recomendações de Mahan nortearam a estratégia americana de construção de uma poderosa marinha bioceânica na primeira metade do século XX.
  • As recomendações de Mackinder levaram a Inglaterra (potência naval) a se aliar à Rússia na I Guerra Mundial e à URSS na II Guerra Mundial para impedir que a Alemanha dominasse os recursos do Heartland.

A visão geoestratégica de mundo destes teóricos influenciou directamente importantes políticos e estrategistas do século XX..

Teorias Novas (final do século XX e inicio do século XXI)

Houve grandes mudanças na organização mundial na última década do século XX, principalmente após a desagregação da URSS, como fim da bipolarização e do conflito leste-oeste.

Enquanto a geopolítica clássica tratava principalmente das relações entre o poder e ambiente, estado e território, guerra, estratégia e geografia, as Teorias Novas da geopolítica agregam uma série de temas relacionados com a Ecologia, e Meio ambiente, Novas guerras Disputas económicas, Conflitos culturais, Ideológicos, além de questões envolvendo mudanças demográficas, inovações tecnológicas, e de diferentes aspectos da globalização. Assim sendo as novas teorias subdividem se em:

Teoria de blocos (1991) Jacques Perruchan de Brochard (francês). Em 1991, especialista em estratégia económica e empresarial, Brochard apresenta sua “Teoria dos Blocos”, também conhecida como “Teoria das Casas Comuns” ou das “Zonas Monetárias”, em seu livro “A Miragem do Futuro”, ocasião em que divide o mundo em quatro partes.

Importância estratégica social e económica da geografia na organização do espaço
  • A geopolítica lança uma visão para o mundo de Planejamento do espaço para proteger a população Humana, as reservas ambientais e os ecossistemas do ponto de vista social.
  • Por meio de estímulos da ideia de integração e cooperação entre as nações, haja um estímulo à preservação dos ambientes terrestre parra as actuais e futuras gerações, contra os resultados catastróficos dos conflitos entre países vizinhos ou entre ideologias político-económicas (Guerra Fria);
  • Estimula-se a obrigação dos governos em realizar estudos geológicos e avisar a população sobre os abalos sísmicos com antecedência suficiente para que haja uma actividade política do ponto de vista sócio ambiental ou geográfico;
  • Trata da relação do Estado com os processos ecológicos da natureza, com problemas da expansão urbanística;
  • Estimula interesse a desenvolver projectos que redefinem o campo de abrangência da geopolítica para os económicos ambientais quanto a ideia do desenvolvimento sustentável.

Debruça-se sobre o impacto da civilização sobre o meio natural e com a questão do desenvolvimento rural (impacto das actividades agrárias nos ecossistemas naturais e nos processos geológicos

Novas abrangências dos conhecimentos geopolíticos:

  • Geopolítica do uso das águas fluviais e oceânicas – debruça-se de vários tratados no âmbito de integração e cooperação sobre os rios, lagos e outros meios de uso das águas e navegação fluviais (Tratado de Bacia de Prata);
  • Geopolítica das Fontes Energéticas – trata de questões sobre energia eólica, biocombustiveis e petróleo (OPEP, Oriente Médio);
  • Geopolítica de resíduos sólidos – é estudada por especialistas como “Geopolítica da Poluição”, principalmente dos rios, do ar e das cidades;
  • Geopolítica do Espaço Sideral trata da possível militarização e colonização do universo;
  • Geopolítica Nuclear trata das acções governamentais para fiscalizar os programas nucleares. 

 

Bibliografia

 (27/02/12). Wikipêdia, a encyclopedia Livre. “http//pt.wikipedia.org/wiki/geopolítica”

(28/02/12). Wikipêdia, a encyclopedia Livre. “http//pt.wikipedia.org/wiki/geopolítica”

(28/02/12)Marcelo Luis Correia, Geopolitica s-d; disponível em: <http/www.geopolitica.com.br>