Etiópia

É um país localizado no chifre de África, que faz fronteiras á norte com o Djibouti e Eritreia; Somália á leste; Quénia ao sul; e Sudão á oeste.

As origens da Etiópia estão ligadas ao estado Axum e foi o único reino africano, que ao longo da História, sempre manteve a sua soberania e independência, pois nunca sofreu o domínio estrangeiro (Colonização).

1.1 As reformas na Etiópia

A Etiópia tal como todos países africanos observou muitas reformas, desde os primeiros imperadores etíopes até a moderna Etiópia. Onde essas mudanças foram introduzidas por vários imperadores e em diferentes séculos e ou anos, nos âmbitos sociais, económicos, políticos, culturais e religiosos.

1.1.1 Imperador Yohaness IV

Após derrotar as rebeliões de Wolde Iyasus em Azebo e KaśaGolja na periferia norte, em 21 de Janeiro de 1872 Yohannes foi coroado em Aksum comoYohannes IV por abunä Atnatyos (tornando-se o primeiro coroado em Axum desde

Fasilides em 1632). Seu selo também mudou de “… nəgusä mäkanənt ” (‘chefe dos

Notáveis’) para “… nəgusä Səyon, nəgusä nəguśt zä Ityopya ” (‘Rei de Sião, Rei dos Reis da Etiópia’).

a) Reforma político

O princípio da política interna de Yohannes era unir e engrandecer a Etiópia, um ideal tradicional que foi revivido por Tewodros II após quase um século de dissensão e declínio.

Para garantir a realização dessa política, ele percorreu cada região e nomeou governadores, geralmente da nobreza local, independentemente de suas atitudes anteriores em relação a ele, desde que se submetessem e expressassem sua lealdade inabalável. Assim, ele conseguiu, como disse o vice-cônsul inglês contemporâneo, “segurar a balança da justiça com mão firme e equilibrada”; “foi em 1884 o orgulho do rei Yohannes de que uma criança poderia passar por seus domínios ilesa”. Nos primeiros seis anos de seu reinado, ele conseguiu alcançar a unidade das províncias predominantemente cristãs, incluindo Wage.

b) Reforma religiosa

Yohannes herdou o império sobrecarregado com três questões religiosas que o levaram a buscar uma solução: as dissensões internas da Igreja Ortodoxa Etíope (EOC), o Islã e as actividades missionárias estrangeiram cristãs. Ele considerava todos eles como ameaças à unidade e estabilidade do estado.

Em 1878, Yohannes estava pronto para enfrentar os problemas convocando um conselho em Boru Meda, Wollo. A maioria dos altos dignitários e notáveis da Etiópia estiveram presentes no conselho. Os principais teólogos dos três principais grupos em disputa da EOC – Karra (predominante no norte), Sägga ou Śost Lədät (predominante em Begemeder e Shewa) e Qəbat(com sede em Gojjam e Lasta) – tentaram defender suas respectivas doutrinas.

Yohannes aceitou prontamente as correções feitas por um notável em questões processuais.

 Aparentemente, ele tinha um plano há muito preparado para o conselho, pois ele tinha uma carta do patriarca de Alexandria lida no final da disputa que endossava o princípio imperial. A política transcendeu o reinado de Yohannes, embora houvesse indícios de que os princípios suprimidos não haviam sido erradicados de forma alguma. O imperador Yohannes também convocou um conselho geral da Igreja Etíope em Boru Meda mais tarde em 1878, que pôs fim à disputa teológica em curso na igreja local; Cristãos, muçulmanos e pagãos receberam, respectivamente, dois, três e cinco anos para se conformarem às decisões do conselho.

1.1.2 As Reformas de Teodoro II

Na Etiópia restaurou-se um sistema Feudal em que o poder era exercido por grandes senhores denominados Ras. A influência portuguesa aumentou e os ataques egípcios tornaram-se frequentes. Nos meados do século XIX, um chefe conta a guerrilha dos egípcios, Kassa, se fez proclamar imperador, sob o nome de Teodoro II, que contribuiu bastante nas reformas etíopes, como é o caso da recuperação dos territórios perdidos e restabelecimento da ordem no país vistos que esse enfrentava vários problemas políticos. Começava a unificar a Etiópia moderna, e para tal, ele estabeleceu relações com os ingleses, o que levou a vários conflitos internos dentre eles: incidentes diplomáticos e actividades dos missionários protestantes. Levando a ruptura desse mesmo tratado com a Inglaterra, o que culminou na invasão na Etiópia pelos soldados ingleses.

O imperador Teodoro fez a primeira tentativa de abolir a escravidão na Etiópia, mas o comércio e a escravidão não foi abolida totalmente nessa época.

1.1.3 Reformas introduzidas de Menelik II.

a) Reforma económica

Importantes mudanças económicas verificaram‑se também na Etiópia, a contar dos últimos anos do século XIX. Desejoso de modernizar seu país milenar, Menelik mostrava vivo interesse por todo género de inovações. A ponto do médico italiano De Castro descreve‑lo como “um soberano verdadeiramente amigo do progresso”, O sistema fiscal foi reorganizado em 1892, com a instituição de um dízimo para pagamento do exército, o que aparentemente pôs fim as pilhagens que os soldados costumavam fazer nos campos. Em 1894, foi emitida pela primeira vez uma moeda nacional, “para maior honra da Etiópia e prosperidade do seu comércio”.

Os últimos anos do reinado assistiram a introdução de diversas instituições modernas. O Banco da Abissínia foi fundado em 1905, como filial do Banco Nacional do Egipto, que pertencia a ingleses. Em 1907, a imperatriz Taytu fundou, na capital, o primeiro hotel moderno, o Etege.

b) Reforma Social

A primeira modernização e uma das mais importantes foi, em meados dos anos 1880, a fundação da nova capital, Adis Abeba, nome que significa literalmente “Flor Nova”, cuja população atingia 100 mil habitantes em 1910. As primeiras pontes modernas, construídas na mesma época, tornaram as comunicações menos difíceis no mesmo período em que os Italianos haviam controlado a Eritreia, mas o Menelik conseguiu na batalha de Adua em 1896.

c) Reforma política

O imperador Menelik assinou tratados com a França, Reino unido e a Itália em 1906 que dividia a etiópia em três zonas de influência económica, mas que essas potências deviam respeitar a integridade dessas zonas.

Investimento no exército militar para levar face a penetração mercantil europeia, ou seja com as reformas no âmbito militar, fez com que os europeus concretamente os Italianos não conseguissem colonizar a Etiópia, vistos que tanto no armamento bélico tal como nas proporções do exército a Etiópia encontrava-se além das espectativas europeias. Também na década de 1890 foi organizado um sistema postal.

Consultores franceses foram chamados para desenvolver o serviço, e o ingresso na União Postal Internacional efectivou-se em 1908. Em 1894 foi autorizada a construção de uma linha de estrada de ferro entre Adis Abeba e Djibouti, porto da costa francesa dos Somali, mas os problemas técnicos, financeiros e políticos foram tantos que a linha, financiada em grande parte por capital francês, chegou a Dire Dawa somente em 1902 e a Akaki – a 23 km da capital – em 1915. Foram instaladas duas linhas telegráficas por volta de 1900: uma, construída pelos engenheiros franceses que trabalhavam na ferrovia, acompanhava os trilhos; a outra, construída por técnicos italianos, ligava Adis Abeba a Eritreia, bem como ao sul e ao oeste do país. No início do século, engenheiros italianos auxiliaram na construção de uma estrada de rodagem moderna ligando Adis Abeba a Adis Além, enquanto engenheiros franceses trabalhavam em outra, entre Harar e Dire Dawa. Nessa mesma época, a capital Adis Abeba foi arborizada, com a introdução de eucaliptos originários da Austrália no pais, provavelmente iniciativa de um francês.

Em 1908, foi organizada a Escola Menelik II, com a ajuda de professores coptas vindos do Egipto, pois o imperador já demonstrara interesse pela educação moderna ao enviar vários estudantes a Suíça e a Rússia. O Hospital Menelik II foi edificado em 1910 para substituir o da Cruz Vermelha Russa, que datava da campanha da Eritreia.

A construção de rodovias e estradas de ferro uma das mais importantes das reformas no âmbito económico vistos que as vias de acesso são os pilares no desenvolvimento económico de uma região, pois essas mesmas vias facilitariam o transporte de pessoas, mercadorias de um lado para o outro, e o mais importante facilitariam o controlo militar de toda a Etiópia.

A existência de vários tocos de conflito na Eritreia e na fronteira com Somália, o castigo da seca e da fome, a corrupção governamental e a dureza, o imperador para reprimir os conflitos criaram uma situação de frequentes choques políticos. O exército que aos poucos aumentava a sua influência no governo, destituiu o imperador em 12 de Setembro de 1974, e em 1975 a monarquia foi abolida proclamando-se assim a república socialista. A partir desse momento instaurou-se um conselho administrativo militar provisório.

 Em 1916, e fundada a imprensa oficial. A declinante saúde, que já não permitia ao imperador tomar conta sozinho dos negócios cada vez mais complexos do Estado, e o desejo de, segundo Gabre Sellassie, historiador do seu reinado, “implantar na Etiópia os costumes europeus” levaram Menelik a formar um gabinete em 1907, o primeiro do seu país. No final do seu reinado, a Etiópia estava bem encaminhada no rumo da modernização.

d) Reforma Cultural e religioso

Vê-se portanto que, durante o período considerado, o pluralismo étnico e cultural, da mesma forma que a desigualdade social na Etiópia, fazia com que pairasse uma grave ameaça sobre a estabilidade e a harmonia da sociedade, ou provocava verdadeiros conflitos.

A cristianização forçada que se seguiu as conquistas de Menelik II, e a imposição da administração federal, ao ensino cristão nas escolas etíopes, ao prestígio de que gozava o amarico como língua nacional, assim como as actividades dos comerciantes e dos sacerdotes coptas de Amhara e de Tigre, e a crescente urbanização, que atraia mão-de-obra de outras partes do pais para a orbita da cultura amarica.

1.1.4 Reformas de Haile Selassie

Muitas mudanças foram feitas durante o reinado de Haile Selassei em direcção à modernização da Etiópia após a sua ascensão como imperador.

a) Reforma social

Estabelecimentos de redes eléctricas nas primeiras cidades a partir de 1916. Restrição do regime feudal hereditário de nobreza em províncias remotas e a substituição de nomeados com base de mérito, a partir de 1917.

O estabelecimento de escolas de línguas estrangeira nas principais actividades a partir de 1924. Estabelecimento de um sistema de estradas com manutenção adequada ligando as cidades etíopes. Em 1924 a introdução de um hino nacional (o Marche Tafari).

b) Reforma económica

 A criação de um banco nacional da Etiópia em 1927. A introdução de aviões em 1927 que recentemente resulta na popularidade, eficácia e segurança das companhias aéreas mais reconhecidas em áfrica, como é o caso da (a Etiópia Airlines). A criação de uma prisão moderna e o estabelecimento de serviços de telefone sem fio em toda a Etiópia desde 1931.

c) A abolição da escravatura

A escravidão praticada no que é a moderna Etiópia era essencialmente a escravidão domestica. Os escravos serviam portanto nas casas dos seus senhores ou amantes, e não eram emprestados de maneira significativa para os fins produtivos. Entre os escravos (os Amhara e Tigray), tinha os que eram considerados como membros de segunda classe da família dos seus proprietários. Eles eram alimentados, vestidos, protegidos, eles vagavam livremente e conduziam os negócios como pessoas livres. Possuíam total liberdade de religião e cultura.

Com as tentativas do imperador Teodoro II, levaram ao início da abolição da escravatura na Etiópia. Mas só foi no ano 1923 que a escravatura conheceu o seu fim com a adesão da Etiópia à liga das nações. De referir que não só foi o imperador Teodoro II que tentou abolir a escravatura, mas também os imperadores Yohannes IV, e Menelik II tentaram sem êxito a abolição da mesma.

O Haile Selassie I começou a fazer todo o possível para libertar todos os escravos restantes na Etiópia, matriculando muitos deles em programas de educação. Em 1923 uma delegação britânica ante escravidão foi enviada para a Etiópia. Os britânicos (influenciados pelos Italianos), informaram de uma forma oral e escrita que cuidariam de que a partir daquele momento a quinze ou vinte anos no máximo todos os escravos seriam libertados e a escravidão seria totalmente eliminada na Etiópia.

Em qualquer país os infractores sempre devem ser esperados, caso homens forem encontrados transgredindo a proclamação que foi promulgada, todos os enviados estrangeiros observariam que estes homens seriam castigados até com pena de morte. O que levou com que em 26 de agosto de 1942 durante a segunda modernização, Haile Selassie emitisse uma proclamação proibindo completamente toda a escravidão.

1.1.5 Segunda modernização

Após a segunda modernização, Haile Selassie abriu a primeira universidade da Etiópia (University College of Addis Abeba), que foi fundada em 1950. A mesma que doze anos depois (1962), foi renomeada para (University Haile Selassie), e que a mesma nos dias de hoje responde pelo nome de “University of Addis Abeba”.

Em 1955, a constituição de 1931 da Etiópia foi substituída pela constituição de 1955 da Etiópia, que visava a extensão do poder parlamentar. O melhoramento dos laços diplomáticos com diferentes países (com os Estados Unidos principalmente), iniciou a Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963. (Cardoso, 2012).

a) Reforma política

Criação de um colégio militar e do movimento da associação escoteira da Etiópia em 1918. Nomeação de tribunais para casos envolvendo estrangeiros, sendo que antes todos os casos eram resolvidos nos mesmos tribunais que resolvessem problemas dos indígenas ou dos nativos etíopes. Acabar com punições desactualizadas impostas pelo código legal Fetha Nagast de 500 anos. Com essas modernizações feitas pelo Haile Selassie, a justiça na etiópia tomou um caminho que tinha “Honra”, vistos que as mesmas eram encaradas como humanas até agora. E o estabelecimento de embaixadas e consulados etíopes em países estrangeiros, que ajudaram nos assuntos diplomáticos entre a etiópia com os mesmos países.

O estabelecimento da constituição da Etiópia de 1931, a primeira constituição moderna da Etiópia.

b) Reforma religiosa

A nomeação de cinco bispos Ortodoxos etíopes nativos em 1928 foi uma das reformas, vistos que os nativos etíopes anteriormente não tinham a permissão de se tornar bispos pela igreja Copta Ortodoxa de Alexandria.

A abolição da lebasha, uma superstição retrógrada em que charlatões viajantes afirmavam ter a capacidade de encontrar um ladrão administrando drogas potentes a um menino e depois acusado de roubo quem quer que o atacasse.

2. Conclusão

Findo o trabalho, conclui-se que as reformas mais significativas aconteceram com o reformador Menelik II, pois introduziu as reformas num momento que enfrentava varias dificuldades, mas com isso, conseguiu reformar no mesmo tempo em que resistia a ocupação colonial italiana, e sem deixar de lado que foi o mesmo imperador que fez varias reformas em quase todos âmbitos.

No âmbito histórico podemos considerar que nenhuma reforma é mais melhor que a outra, vistos que todas elas acontecem num determinado tempo e tempo este que pode levar ao alegado equivoco ao passar do tempo ou seja todas as reformas eram pra compreender as necessidades da época.

Finalmente avançar que a Etiópia é um dos países que teve muitas reformas em diferentes âmbitos, reformas essas que teriam contribuído para o perfil da actual reforma.

2.1.Bibliografia

  1. PANKHURST, Robert K. P. “A Etiópia e a Somália” in: AJAYI, J. F. Ade. História geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880. Brasília : UNESCO, 2010. 435-476.
  2. SANTOS, Luis Ivaldo V.G.. A arquitectura da paz e segurança africana. Brasilia: Fundacao Alexandre de Gusmao, 2022.
  3. CLAPHAM, Christopher. The Socialist Experience in Ethiopia and its Demise. The Journal of Communist Studies, Y. 8, N. 2, 1992.
  4. DIAS, Alexandra Magnólia. A reconstrução da etiopia e influencia regional na era Meles Zanawi. Janus Anuario, Lisboa 2013.