A economia colonial

A África entrou na economia mundial desde os finais do século XV. Ate à conquista europeia (séc. XIX), os africanos detinham o controlo sobre as suas actividades económicas. O ponto alto do sistema económico colonial só seria atingido na década de 30 do século XX.

A economia monetária em África

A introdução da economia monetária atingiu quase todas as regiões de África por volta da década de 20, do século XX, arrastando todas as comunidades africanas.

No inicio da década de 30, o continente vivia um novo padrão de riqueza, onde o dinheiro desempenhava um papel importante. O dinheiro deu lugar ao surgimento gradual de uma nova classe de trabalhadores, jornaleiros e assalariados.

O nascimento da economia monetária em África significou a introdução das actividades bancárias, uma maior circulação da moeda e a dinamização de um maior volume de comércio entre a África colonizada e a Europa.

As importações, com excepção feita à África do Sul, aumentavam lentamente e consistiam nos produtos tradicionais do comércio dos meados do século XIX (não incluíam maquinas ou produtos industriais).

As exportações, registavam um crescimento bastante lento, para além de serem muito irregulares.

O recrutamento de mão-de-obra, esta assentava na coerção não económica e nada se fazia para atrai-la (nem propondo melhores salários, nem elevando o poder de compra dos assalariados).

Os Estados metropolitanos e seus prolongamentos em África tinham na coerção a única garantia de exploração económica em razão da forte oposição africana.

A função das colónias para a metrópole e o impacto na economia africana

A economia colonial foi concebida para facilitar a exploração dos recursos das colónias e direcciona-las para o benefício das metrópoles.

Uma das características da economia colonial era a exploração de matérias-primas e o desencorajamento de qualquer iniciativa com vista à industrialização e à transformação de matérias-primas e produtos agrícolas. Este facto teve consequências graves, tais como s destruição das actividades artesanais preexistentes, bem como o subdesenvolvimento acentuado.

O papel das companhias

As companhias podiam ser:

As companhias majestáticas, recebiam permissão junto das actividades metropolitanas para explorarem as terras sob o domínio e a concederem terras a pequenas companhias concessionárias.

 As companhias arrendatárias ou concessionarias, eram aquelas que constituíam o conjunto de empreendimentos económicos que arrendavam terras ou do Estado colonial ou companhia e, por isso, não tinham os mesmos privilégios que as majestáticas.

As companhias francesas

As colónias francesas, as entidades oficiais ajudaram as companhias a assegurarem o monopólio, impondo a preferência aduaneira com direitos alfandegários draconianos, principalmente na bacia do Congo.

De acordo com Ki-Zerbo (1972), neste processo de concessões, a partir de 1899 cerca 70% da superfície da África Equatorial Francesa (650 000 km2) foi concedida a companhias, como a Societe dês Sultanats du Haut-Oubangui, que ficou a administrar por cerca de 30 anos uma área de 140 900 km2.

O mercado francês era dominado por três grandes firmas:

  • A Compagnie Francaise de l’Afrique Occidentale;
  • A Societe Commerciale de l’Ouest Africain ;
  • A Unilever, que controla as oleaginosas e outros sectores, actuando em quase todos os continentes.

A França tinha ainda feitorias nos principais centros por onde se drenavam os produtos africanos e se vendiam produtos manufacturados que obtinham largas margens de lucro.

Numa primeira fase, actividade das companhias francesas estava bastante limitada pela falta de vias de comunicação, aliada a fraca disponibilidade dos africanos para desenvolver as culturas de exportação.

Partindo de Dacar, único porto francês (foram algumas pontes acostáveis), foram lançados os caminhos-de-ferro para o interior, nomeadamente:

  • Dacar-Niger, em 1923;
  • Conacri-Niger, em 1914;
  • Daome-Niger;
  • Abidjan-Niger;
  • Congo-Oceano.

As companhias francesas passaram a beneficiar de preferência aduaneira, o que lhes permitiam abafar o poder das companhias britânicas. Beneficiar ainda de concessões, sobre tudo na África Equatorial, onde puderam impor o seu monopólio, afastando a concorrência das companhias ingleses e dos camponeses africanos.

Nas colónias francesas o monopólio das companhias era utilizado ou para desalojar as companhias adversárias britânicas, ou para desvalorizar a força do trabalho e o produto africano.

Os investimentos franceses canalizados para as colónias destinavam-se ao comércio e exploração de matérias-primas, como foi o caso das oleaginosas.

As companhias britânicas

As companhias britânicas deveriam ser auto-suficientes financeiramente, o que era garantido pela percentagem dos impostos que era canalizada a metrópole.

As companhias britânicas monopolizavam as exportações e importações, assim como estabeleciam os preços pelos quais os africanos podiam vender os seus produtos. E os africanos quase estavam proibidos de produzir para o seu consumo, pois, embora, se previsse a produção para o consumo alimentar, a prioridade era produção para a exportação. Portanto, uma das principais características desta economia é a sua integração na linha da economia europeia, em particular da própria Grã-Bretanha.

As companhias belgas

Nas companhias belgas, exportava-se a borracha e o marfim com a intervencao das companhias du Katanga, a Sciete Anversoise, a Compagnie du Lumami, a Abir.

Segundo Ki-Zerbo, as companhias belgas dedicavam-se a exploração de cobre, diamante, ouro, bem como a expropriação de terras.

Segundo Leopold II da Belga, promoveu uma autêntica pilhagem dos cursos do Congo Belga ao criar projectos de exploração económica com o apoio Compagnie du Congo pour Comerce et Industrie.

As atividades económicas coloniais

As principais actividades de economia coloniais são:

  • A exploração mineira e agricultura

Na África Austral predominou a exploração mineira, que quase levou unificação da região numa única economia colonial.

A agricultura tinha pontos comuns com sector mineiro e ocupava quase o mesmo espaço geográfico na África Austral, África Central (Congo Belga) e Norte de África. Na África Oriental desenvolveu-se agricultura sob o controlo de grandes companhias alemãs.

Neste período foram comercializados os seguintes produtos económicos:

  • A borracha;
  • O Algodão;
  • O sisal;
  • A banana;
  • A madeira.
  • Ativadas ligadas a floresta e madeiras

Muitas outras actividades foram criadas ou transformadas pelas novas relações de produção como o caso das empresas madeireiras no Gabão.

  • Atividades ligadas aos transportes

Vários africanos exerceriam a sua actividade laboral nos portos ferroviários, na rodovia como camionistas e nas linhas férreas.

  • Comercio e prestação de serviços

A venda de carne, a pesca, o artesanato e alguns serviços incluindo o professorado ocuparam também um número considerável de africanos.

  • Salários e relações laborais

Os salários dos africanos eram baixos. Estavam limitados a carteira de trabalho que não lhes permitiam mudar de emprego livremente.

Prevalecia o trabalho por tarefas ou por peça e os trabalhadores não recebia qualquer benefício em caso de doença, incapacidade, desemprego ou velhice.

Durante a crise de 1929-33, o Portugal criou uma politica proteccionista e reforçou a colonização com maior enfoque na cobrança de impostos no trabalho forçado.

Regra geral, todas as potências colonizadoras construíram infra-estrutura que pudessem garantir o escoamento de produtos coloniais.

Os sindicatos

Os síndicos lutaram especificamente:

  • Pela melhoria das condições laborais;
  • Pelo aumento salarial;
  • Pelo respeito das horas laborais estabelecidas internacionalmente;
  • Pelo tratamento específico das particularidades fisionómicas da mulher trabalhadora;
  • Pelo fim da descriminação racial no sector do trabalho, onde o salário é o tipo de actividade executada fosse em função das competências profissionais ou do volume de trabalho e não da cor da pele.

No entanto, o sindicalismo chegou tarde em África, devido ao atraso económico, ao fraco nível de escolarização da melhoria trabalhadora, as barreiras impostas pelo próprio sistema colonial. Esta situação, no final da II guerra mundial foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Esta declaração, defende o Direito a sindicalização e Reivindicação dos Direitos dos Trabalhadores.

Impacto da dominação colonial em África

Alguns africanistas, como L. H. Gann, Peter Duignan e C. Lloyd e outros, afirmam, em geral, que influencia do colonialismo em África trouxe benefícios e, na pior das hipóteses, que nesses não foram prejudiciais a África. Para eles, a colonização em África proporcionou uma gama de infra-estruturas pela aceitaram as novas administrações nascidas com as independências africanas, nomeadamente:

  • O aparelho administrativo;
  • A rede de estradas ferroviárias;
  • O sistema de telecomunicações;
  • O serviço básico de educação e de saúde.

Nível político

Ao nível político o primeiro impacto foi a restauração de um grau maior de paz e de estabilidade.

Outro aspecto ao nível político que pode se considerar positivo, é o novo ordenamento geopolítico dos modernos estados africanos que se matem ate a actualidade.

Nível administrativo

Ao nível administrativo introduziu em Africano um novo sistema judiciário e uma nova burocracia ou administração.

Nível das consciências e nacionalismo africano

O nascimento nacionalismo no quadro dos limites das fronteiras coloniais, caracterizado pelo desenvolvimento de certo grau de identidade e de consciência entre as classes ou grupos étnicos que habitavam cada um dos novos estados.

Os aspectos negativos

Os aspectos mais marcante de todo o sistema colonial foi a perda da soberania e independência política e económica dos africanos.

O outro aspecto negativo foi o subdesenvolvimento do continente africano e a desorganização do sistema social, político e económico das sociedades africanas.

A nível económico

O escoamento de matérias-primas em bruto para Europa e de produtos manufacturados para África obrigou a montagem de uma rede de estradas, portos, aeroportos e ferroviários. E ainda a criação de uma rede de telecomunicações, com telégrafos e telefones.

Com relações laborais e a existência de trabalhadores assalariados introduziu-se em África a economia monetária que desempenhou um papel catalisador nas relações comerciais entre a Europa e África.

Registou-se também a emigração e imigração entre países africanos, em busca de melhores condições de vida ou na fuga as difíceis condições de exploração como foi o trabalho forçado ou o pagamento dos impostos.

Ao nível sociocultural

Com a colonização, levou ao esmagamento das tradições culturais africanas a favor da cultura Ocidental.

A educação ministrada para as populações ditas indígenas contribuiu bastante para implantar a edução ocidental e retardar o pensamento intelectual dos africanos, ensinando-os apenas o saber fazer para servir os interesses económicos dos europeus.

Os europeus introduziram em África as suas línguas e perduram ate hoje como línguas oficiais dos africanos ou ainda de unidade nacional.

Significado do colonialismo em África

O significado do colonialismo em África pode ser visto de várias formas. Segundo os historiadores, uns defendiam que o período colonial em África, não obstante ter sido um breve episódio, teve um grande impacto negativo nas comunidades africanas, cujas marcas ficaram gravadas na história da África. Outros defendiam que o período colonial não foi um momento de ruptura histórica, mas sim estimulo para o desenvolvimento da integração global.

Ao nível social, o sindicado do colonialismo manifestou-se pela manutenção das línguas estrangeiras nas novas noções africanas pelo nascimento das novas classes sociais criadas pelo colonialismo, fundada nos critérios Ocidentais da escola e civilização, e não nos critérios africanos da riqueza e do prestigio.

Conclusão

Constatou-se que a economia monetária atingiu quase todas as regiões de África por volta da década de 20, do século XX, arrastando todas as comunidades africanas.

O impacto da dominação colonial em África proporcionou uma gama de infra-estruturas pela aceitaram as novas administrações nascidas com as independências africanas.

Os salários dos africanos eram baixos. Estavam limitados a carteira de trabalho que não lhes permitiam mudar de emprego livremente.

Bibliografia

NHAPULO Telésfero de Jesus e CUMBE Graca. Pré-universitario – História 11ª classe. 2ª Edição, Plural Editores Moçambique – 2019.