
I.A revolta de Báruè de 1917:
No centro de Moçambique, na província de Manica, no Estado de Báruè, registou-se a mais temida e prolongada resistência à dominação colonial – a resistência de Báruè. O reino de Báruè era poderoso e de grande capacidade militar que tinha conseguido resistir às invasões Nguni e as constantes disputas com os estados militares.
As forças militares de Báruè eram comandadas por oficiais corajosos, como Macombe Hanga, Mafunda, Cambemba, Canderere, Makossa, Mbuya e Nongwe-Nongwe.
Em 1914, o governo português mandou construir uma estrada ligando Tete à Macequece, passando por terras de Báruè para o controle administrativo das zonas do interior e, igualmente um recrutamento de homens para lutar contra os alemães que haviam penetrado em Moçambique pelo Norte vindos de Tanganhica (então colónia alemã). O empreendimento conduz ao recrutamento de milhares de camponeses, que foram submetidos a um regime de trabalho forçado.
As causas da revolta de Báruè foram: trabalho forçado; crescente aumento de impostos; as ingerências económicas; aplicação de maus tratos contra os nativos de Báruè (trabalhos forçados sem descanso e sem remuneração e violação das raparigas).
Em 1916 o governo colonial português decidiu recrutar cinco mil soldados e carregadores para a guerra contra os alemães. Devido as dificuldades e a resistência da população, as autoridades coloniais ordenaram o recrutamento forçado para o exército todos os homens
considerados capazes. A revolta de Báruè foi sufocada quando Portugal pediu ajuda ao povo Angune, tradicionalmente guerreiro e com auxilio militar da então Rodésia e Niassalândia, em Novembro de 1920, conseguiu controlar a revolta de Báruè.
Guerreiros na revolta de Báruè
Em África, as resistências manifestaram-se de maneiras diferentes. Em algumas regiões foram armadas e noutras foram pacíficas. Tudo dependia da capacidade político-militar de cada reino. Observa a imagem ao lado, esses foram os guerrilheiros de Báruè que optaram pela resistência armada.
Exemplo:
As resistências armadas verificaram-se nos reinos Zulu, Ndembeles e Bembas e as resistências pacíficas ocorreram nos reinos Sotho, Tswanas e Swazis.
Resistência armada:
– Verificava-se nos reinos com capacidade político-militar forte queNdominavam as terras mais férteis e ricas em recursos naturais. Uma das formas de luta que utilizaram era de fechar as rotas de caravanas que passavam pelo território e as guerrilhas.
Resistência pacífica:
– Caracterizava-se pela negociação de tratados de protecção entre reinos africanos e potências europeias.
Por estes tratados, os chefes africanos reduziram a dominação estrangeira, garantindo seus direitos políticos e seu prestígio junto à população do reino.
Como consequência da desigualdade tecnológica e perda dos reinos africanos por causa das divergências internas, verifica-se derrotas e humilhação.
Os reinos políticos e militarmente fortes, excepto a Etiópia, ficaram destruídos e os reinos políticos e militarmente fracos, foram preservados em formas de protectorado, que aceitaram o tratado de protecção.