A tecnologia desenvolvida na guerra está presente na vida cotidiana, fazemos uso intenso desta.

O avanço tecnológico impulsionado pela necessidade de subjugar o inimigo nos campos de batalha sempre foi na história humana a mola mestra do desenvolvimento humano.

Usufruímos de avanços conquistados em contextos militares, desde os processadores e componentes dos computadores, ao sistema de criptografia dos celulares, ou o microondas.

Todas estas tecnologias nasceram das necessidades militares e foram aperfeiçoadas ou adaptadas para o uso civil.

Neste sentido, a 2ª Guerra Mundial foi um divisor de águas na tecnologia moderna, nunca em tão pouco tempo o homem avançou tanto tecnologicamente.

AEG G.II – Wikipédia, a enciclopédia livreA aviação é um dos campos que reúne grande número destes desenvolvimentos, de onde saíram os motores a pistão para o jato, os pequenos biplanos para os grandes bombardeiros, ou as aeronaves limitadas em autonomia para as capazes de cruzar vários quilômetros sem reabastecimento.

Hoje só é possível cruzar os céus diminuindo as distâncias graças aos motores originalmente desenvolvidos na 2ª Guerra Mundial, colocados em uso durante o conflito pela Alemanha.

Os mecanismos aerodinâmicos que revolucionaram a manobrabilidade dos aviões e tornou mais segura e confiável a aviação hoje, também foram desenvolvidos durante o conflito, como é o caso dos slats e flaps, dois mecanismos que tornaram o messerschimitt BF-109 o mais mortal caça do inicio do período.

Isto para não mencionar os sistemas radar, que também viabilizaram o controle do atualmente intenso trafego aéreo.

A partir do radar surgiu à tecnologia que originou o microondas, uma das principais peças do aparelho, o magnetron, foi desenvolvido durante a 2ª Guerra Mundial, em uma tentativa de reduzir suas dimensões e aumentar a eficiência de detecção de aeronaves.

As comunicações durante a guerra também passaram por um enorme avanço, influindo diretamente no nosso cotidiano.

A necessidade de manter a comunicação com diversas frentes de batalha e, principalmente, de maneira que o inimigo não pudesse saber o que se transmitia, na Alemanha fez nascer o mais engenhoso e complexo sistema de criptografia do mundo, o sistema enigma, que por quase todos os anos do conflito fez com que os aliados mobilizassem uma grande massa de cientistas para conseguir quebrar seu código.

O sistema de criptografia usado hoje em computadores e celulares é baseado no Enigma.

Vergeltungswaffe V2 – O foguete da Vingança | AeroflapA tecnologia que possuímos de transmissão via satélites, análises meteorológicas através de satélites, bem como todo o avanço humano no espaço, só foi possível devido ao desenvolvimento das bombas voadoras V1 e V2, que iniciaram o desenvolvimento pós-guerra dos programas espaciais ao redor do mundo.

A tecnologia espacial conduziu ao GPS, com aplicação inicialmente restrita ao uso militar durante a Guerra Fria, e, depois, na aviação civil, passando depois para o cotidiano em carros, descartando a necessidade de cálculos e mapas.

No campo da saúde, a tecnologia de diagnóstico médico por imagem, desde o raio-x até o sistema de tomografia computadorizado, contemporaneamente imprescindíveis no diagnóstico de diversos quadros clínicos, surgiu a partir da tecnologia nuclear, desenvolvida como arma de guerra, representada pelas bombas arrasaram Hiroshima e Nagasaki. Tecnologia que mostrou também o seu potencial energético com aplicação civil, trazendo conforto, segurança e comodidade.

Os grandes conflitos militares, a partir da 2º. Guerra Mundial, como podemos observar através dos exemplos citados, ampliaram o avanço tecnológico da humanidade, trazendo os novos recursos para o uso civil.

Estão presentes hoje no cotidiano de forma tão intensa que é quase impossível imaginar a vida sem estas novas tecnologias.

No entanto, é interessante ressaltar que estes avanços foram obtidos com o intuito de matar, exterminar, subjugar o outro.

Será que Rousseau estava certo ao afirmar que o homem nasce bom, sendo corrompido pela sociedade? Ou será que a natureza humana é má, voltada para ideais egoístas e destrutivos?

 

Bibliografia

CANÊDO, Letícia Bicalho. A revolução industrial.  São Paulo: Atual, 1986.

MARCUSE, Herbert. Tecnologia, guerra e fascismo. São Paulo: UNESP, 1999.