Comecemos a percorrer a origem da filosofia pelo significado da palavra. Segundo a tradição foi criada por Pitágoras, um filósofo e, hoje, tido também como matemático, que viveu na Grécia Antiga entre o ano 580 e 496 antes de Cristo (a.C).
Ele foi também responsável pela formulação do teorema da geometria que leva seu nome, conhecido como “Teorema de Pitágoras”. Representado pela fórmula (c²= a²+b²) sendo seu enunciado descrito da seguinte maneira: “No triângulo retângulo, composto por um ângulo interno de 90° (ângulo reto), a soma dos quadrados de seus catetos corresponde ao quadrado de sua hipotenusa”.
Pitágoras, retratado na imagem ao lado em uma escultura romana, pertencente ao acervo do Museu Capitolino (Roma-Itália); viveu em uma época em que os registros escritos eram raros. Isto porque a escrita estava ainda surgindo na Grécia, a própria imagem do filósofo é uma representação simbólica, uma licença poética, a forma como artistas imaginaram a sua aparência.
O conhecimento, que teria sido desenvolvido por Pitágoras, foi passado oralmente de geração em geração até ser registrado por escrito. Razão pela qual sobraram apenas fragmentos de suas ideias originais.
Os historiadores da filosofia e filólogos (estes últimos, estudam a origem e evolução da linguagem escrita) supõem que Pitágoras teria criado o termo “filosofia” juntando duas outras palavras.
Entre os gregos, na antiguidade, era comum juntar palavras já existente para nomear novos conceitos. Criava-se a partir do conhecido uma maneira de nomear aquilo que era novo, associando o que se conhecia ao que se apresentava como novidade; como se fosse uma variação do que já existia e não algo realmente novo.
De certa forma, ainda hoje, a maior parte das pessoas são muito resistentes a aceitar novas informações. Apenas reclassificar o novo, associado com o velho, é uma maneira de permitir sua aceitação mais fácil.
Assim, Pitágoras associou uma nova maneira de enxergar e pensar o mundo, que estava surgindo com ele e outros, os quais posteriormente ficaram conhecidos como pré-socráticos, com a ideia de busca pela sabedoria.
O termo “filosofia” é derivado da junção da palavra philos (amigo/amizade/amor) com sophía (sabedoria/conhecimento). É interessante notar que no grego antigo, simultaneamente, cada palavra expressava um conceito, podendo ser traduzida por mais de um significado.
Portanto, filosofia significa amigo da sabedoria ou amor pela sabedoria, pelo desejo de construir o conhecimento (filo + sofia), tendo surgido conceitualmente na Grécia por volta do século VI a.C.
Para os gregos, amizade e amor estavam intimamente relacionados, o verdadeiro amor só poderia acontecer entre amigos. Um sentimento puro que estaria ligado a apreciar a essência e não a aparência, amor fraterno ao verdadeiro eu, a quem estaria por trás das aparências.
Amar seria gostar de quem a outra pessoa é de verdade
É neste sentido que se insere o termo “filosofia” com um significado conceitual de busca pelo que existe por trás das aparências, uma construção do conhecimento a partir da reflexão racional.
A invenção da filosofia foi, provavelmente, a maior inovação da história da humanidade. A partir de então, começamos a pensar, cada vez com mais intensidade, usando a racionalidade ao invés da crendice baseada nas aparências, no “achismo”.
É por isto que, o que as pessoas chamam em nossos dias de “filosofia oriental”, mais antiga que a filosofia que surgiu na Grécia Antiga, não se enquadra na definição da “filosofia acadêmica” estudada nas escolas.
Antes dos gregos, o pensamento humano estava misturado com conclusões não racionais, confundindo-se com religião e espiritualidade.
Razão pela qual, a “filosofia oriental”, que carrega consigo muita sabedoria, sem dúvida; não pode ser classificada como racionalização do pensamento, não é acadêmica, não é estudada nas escolas na disciplina de filosofia.
Quando estudado, o conhecimento filosófico antes dos gregos, poderia apenas ser enquadrado como especulação metafísica – esta última um segmento da filosofia que aborda aquilo que não é tangível, concreto ou palpável.
Bibliografia
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