A história da metafísica teve o seu início na época clássica com os filósofos naturalistas que procuraram o princípio originário de todas as coisas. Estes filósofos se encontravam numa situação ambivalente, tendo havido vários contrastes entre ele: outros apontam o a água, outros o apeiron, outros o ar, o fogo, etc.

Tales de Mileto é tido como precursor desta problemática, tendo identificado o princípio com a água, pois constatou que o elemento líquido está presente em todo lugar em que há vida e onde não existe água não existe vida . Mas se assumirmos que o princípio é agua, a agua seria algo determinado, deixando fora de si todas as coisas que a determinam de maneira diversa. Por esta razão

Anaximandro busca um elemento inqualificável e indeterminável para colocar como princípio, e identifica-o com o apeiron, ou simplesmente o infinito, do qual cada coisa se tornara uma determinação a medida que se separar dele e precisamente por ser quantitativa e qualitativamente ilimitado, o principio apeiron pode dar origem a todas as coisas, delimitando-se de vários modos. Esse princípio abarca, circunda, governa e sustenta tudo, justamente porque, como delimitação e determinação dele, todas as coisas geram-se a partir dele, nele consistem e nele existem .

Anaxímenes por sua vez, pensa que o princípio deva ser infinito, sim, mas que deva ser pensado como ar infinito, substancia aérea ilimitada, pois, por sua natureza de grande mobilidade, o ar se presta muito bem para ser concebido como um perene movimento. Alem disso, o ar se presta melhor do que qualquer outro elemento para fazer nascer as diversas coisas. Ao se condensar, resfria-se e se torna água e, depois, terra; ao se distender (ou seja, rarefazendo-se) e dilatar, esquenta e torna-se fogo

O princípio como Devir em Heraclito

Heraclito vem identificar o princípio com o devir, pois na visão dele a realidade é dinâmica e nada é fixo: tudo se move, tudo escorre, nada permanece, tudo muda e se transmuta, sem excepção de modo que não se pode descer duas vezes no mesmo rio pois as aguas já não são as mesmas. O devir segundo o autor é aquilo em que todas as coisas se unificam no seu próprio derivar, numa harmonia de contrários que constituem e mantém todas as coisas opostas na sua unidade recíproca, fora da qual se anulariam . As coisas aparecem e desaparecem, são geradas e são corrompidas. Há uma relação de unidade entre os contrários (vida-morte, dia-noite).

Parménides: o Princípio como ser

Parménides não concorda com a posição de Heraclito ao identificar o princípio com o devir, pois segundo o autor, o devir nos remete a algo que é aquilo pelo qual o princípio desenvolve a sua função unificadora: não é o devir que é o princípio, mas aquilo pelo qual o devir é. O princípio é portanto o ser, aquilo que se apresenta como universalíssima determinação no qual depois dele nada mais há.

Deste modo, o ser de Parménides é baseado num princípio sólido e incorruptível que é o princípio de não contradição: o ser não pode ser outra coisa senão ser, e não podendo o ser ser contraditório, não pode devir como queria Heraclito, pois todo devir implica uma geração que seria proveniente do não ser. Portanto como consequência o ser em relação a multiplicidade e ao devir deve ser negado, pois a multiplicidade e o devir põe a contradição do ser e não passam de uma ilusão e opinião .

O ser e outro em Platão

Platão concorda com Parménides ao afirmar que a verdade é manifestação daquilo que verdadeiramente é. Mas aquilo que verdadeiramente é constitui o mundo inteligível ou o mundo das ideias o qual chama de hiperuranio, portando Platão descobriu assim a existência de uma realidade supersensível, ou seja, de uma dimensão suprafísica do ser (de um género de ser não físico), que a filosofia da physis nem mesmo vislumbrara, essa dimensão metafísica do ser é ilustrada com a imagem da segunda navegação que representa, a contribuição pessoal de Platão, a navegação realizada sob o impulso de suas próprias forcas, ou seja, sua elaboração pessoal.

A segunda navegação, portanto, leva ao reconhecimento da existência de dois planos do ser: um, fenoménico e visível; outro, invisível e metafenoménico, captável apenas com a mente e, por conseguinte, puramente inteligível. Platão denominou essas causas de natureza não física, essas realidades inteligíveis, principalmente com o termos ideia e que significa forma, ou mais precisamente a essência das coisas.

Santas Tomas de Aquino

A metafísica de Tomas é definida como metafísica do ser que permite as essências, se realizarem e se transformarem em entes. Segundo este filósofo tudo o que existe é ente e, portanto, também Deus e o mundo. Todavia, Deus e o mundo são entes de modo diverso: o ser se predica deles por analogia; Deus é o ser, o mundo tem o ser.

Para tomas todo ente compreende em si o uno, o verdadeiro e bom (os assim chamados transcendentais do ser), motivo pelo qua1 se pode dizer que o ser é uno, verdadeiro e bom. Dizer que o ser e uno significa afirmar que ele e intrinsecamente não contraditório; mas também neste caso a unidade se predica de Deus e do homem apenas por analogia. O verdadeiro é um transcendental do ente no sentido de que todo ente e inteligível, mas isso pode ser dito em dois sentidos: de um lado, para afirmar que existe uma verdade ontológica (todo ente é verdadeiro porque se adapta ao intelecto divino que o pensa. Por fim, tudo o que é, é também bom porque é fruto da Omnisciência divina ou da bondade difusiva de Deus. Nessa luz Deus se apresenta como Sumo bem.

 

Referências bibliográficas

REALE Giovane & ANTISERI Dário. História da Filosofia: Filosofia Pagă Antiga. Vol.1, São Paulo, Paulos, 2003.REALE Giovane & ANTISERI Dario. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Vol.2, São Paulo, Paulos, 2003.