Consciência moral: Filosofia

Consciência

Entende-se como o estudo ou faculdade de alerta que nos permite perceber o mundo intrínseco e extrínseco para fazer juízos de valores ou normas sociais, onde o intelecto distingue o certo do errado.

A consciência começa por conhecer o espírito e os seus fenómenos, depois, estrutura-os, organiza-os num conjunto global, capaz de responder a situação existente. É através da consciência que conhecemos toda a realidade humana e extra-humana.

Ela é um elemento essencial dos fenómenos psíquicos, no nosso íntimo, uma multidão de fenómenos interpretaram-se. A consciência é como um rio que desliza sem parar e seria ridículo ver um rio não mais do que um composto de gotas de água. Afirmação baseada na frase de Heraclito: Ninguém pode banhar-se duas vezes nas mesmas águas do rio.

Moral

É o conjunto de regras adquiridas através da cultura, educação, da tradição e do cotidiano, que oriental o comportamento humano dentro de uma sociedade.

Ética

É um conjunto de conhecimentos extraídos de investigação do comportamento do homem ao tentar explicar regras morais de forma racional, científica e teórica.

A moral faz uma avaliação de contas de acções humanas enquanto a ética regula os princípios de conduta ou comportamento. E a moral e ética tem um facto em comum ambos centralizam-se no comportamento e acção humana. Também nos dias de hoje esses dois termos são utilizados de forma semelhante.

Consciência Moral

É a capacidade que o ser humano tem de avaliar os princípios básicos dos seus actos, reconhecendo a qualidade moral de um acto concreto.

É o sentimento daquilo que se passa connosco, ou seja, o testemunho ou julgamento secreto da alma que aprova as boas ações e rejeita as más.

Os animais não humanos regem-se pelas leis da sua natureza e pelas leis do seu instinto que alcançam o seu próprio destino e felicidade. Em contra partida o homem carece de uma base comum que o orienta para determinadas tarefas, sua evolução e seu progresso devem ser por meio de um processo de aprendizagem.

Origem da Consciência Moral

Inata – supõe-se que pelo mero facto de existir, todos os homens a possuem.

Adquirida–adquire pela educação, decurso da história, evolução das relações sociais.

Entidade divina – supõe-se que em tal caso que Deus depositou no homem a centelha da consciência por meio da qual se descobre se um acto é justo ou injusto.

Fonte humana – concebida ou como natural, histórica, social pois, é individual.

Racional ou irracional – depende da ideia que tiver da estrutura racional ou irracional das respectivas fontes.

Formação e desenvolvimento da consciência moral

Os filósofos da antiguidade sustentaram que a consciência moral era inata que pertencia ao próprio homem, enquanto, os filósofos modernos e contemporâneos, sustentam que é algo adquirida em sociedade, na família, na escola e grupos sociais.

Pessoa como sujeito moral

Antes de se abordar a pessoa como sujeito moral há necessidade, de trazer aquilo que é o conceito da própria pessoa.

Conceito de pessoa

O conceito pessoa pode ser abordado a partir de duas perspectivas: uma parte da problemática clássica, outra mais descritiva, toma em conta as filosofias mais recentes.

Filosofia clássica

Segundo o filósofo Cícero, entende que pessoa é sujeitode direito e deveres.

Segundo oBoécio, porém, entende pessoa como uma substancia individual de natureza racional.

Segundo o São Tomas de Aquino defende que pessoa é um subsistente de natureza racional.

Filosofia moderna

Os filósofos desta época orientaram-se por outras direcções definitórias de pessoa das quais se destacam três:

– A psicológica, que tomando como referencias o filosofo Descartes, toma a consciência como a característica definitória da pessoa;

– A ética, que segundo Kant, destaca a liberdade como o construtivo de ser pessoa;

– A social, que com personalismo e, particularmente, com Martin Buber, sublinha a relação da pessoa com o outro.

A noção de pessoa aparece em oposição aoindivíduo, quer dizer indivíduo biológico.Significa, antes de tudo, consciência, isto é, individualidade interna, unidade.

Esta unidade não significa simplicidade, mas sim uma composição de partes. Enquanto tal, esta unidade é totalidade: diferenciada, estruturada e centrada.

Totalidade diferenciada

Implica uma multiplicidade qualitativa de partes que compõe o todo, neste caso o ser vivo enquanto, indivíduo é uma totalidade diferenciada.

Totalidade estruturada

Os diversos órgãos e suas funções constituem uma estrutura, isto é, são interdependentes, eles só são aquilo que são devido a relação de mútuadependência.

Totalidade centrada

Indivíduo biológico tem um centro a partir do qual se realiza essa totalidade. O ser vivo, no seu agir, refere-se a si mesmo, a algo que vem do interior próprio. A este centro poder-se-ia chamar de consciência ou memória sensível.

A centralidade no homem não é somente a consciência ou a memória sensível mas sobretudo, reflexão, pois o homem não só sabe, mas sabe que sabe. Então, quando a consciência é reflexão, ai está-se no mundo do espírito e da pessoa.

Esta totalidade centrada que faz com que a pessoa transcenda o mero nível biológico é que lhe confere uma certa autonomia em relação a sua co-existência com o meio ambiente e uma abertura em relação a sua coexistência com os outros.

Jeam Piaget (1896-1980)

Para este psicólogo, nos seus estudos concluiu que a moralidade se dá principalmente através da actividade de cooperação, do contacto com iguais, da relação com companheiros e do desenvolvimento da inteligência humana.

Toda a moral é formada por um sistema de regras e a moralidade consiste no respeito que o indivíduo nutre por estas regras. Três questões fundamentais para a moralidade:

  • Conhecimento da lei
  • Origem ou fundamento da lei
  • Mutabilidade ou não da lei

Este psicólogo, encontrou níveis diferentes tanto de consciência das regras como sobre sua prática, nomeadamente:

1º Estágio(0-2 anos) – nesse estágio as crianças simplesmente jogam, não há nenhuma regra ou lei, é puramente uma actividade-motora, sem consciência de regras.

2º Estágio (2-6) – estágio caracterizado pela moralidade de obrigações, a criança percebe que existem regras que regulam a actividade, considerando sagradas e invioláveis, fase de respeito absoluto para com os mais velhos, e as normas sao totalmente exteriores entre si.

3º Estágio (7-11)–verifica-se a moral da solidariedade entre iguais (adolescentes), o respeito unilateral é substituído pelo respeito mútuo e começa a desenvolver a noção de igualdade entre todas as normas de conduta humana, sao aplicadas de uma forma rigorosa.

4º Estágio (12 – mais anos) – nos jovens e adultos a moralidade é de igualdade e autonomia, com mais destaque para o interesse pelo outro e a compaixao, e a moral torna-se autónoma. Existe um elevado crescimento de raciocínio abstracto e as regras são bem assimiladas, discutem muitas vezes quais as regras que vão ser estabelecidas para uma actividade.

Kohlberg (1927-1987)

Para este Psicólogo a consciência moral se forma num processo de conhecimento que decorre na fase de aprendizagem social. Para ele existem seis (6) estágios no desenvolvimento moral, dividido em três (3) níveis.

Kohlberg não dá muita importância ao comportamento externo, diz ele por Exemplo se um adulto e um adolescente que roubam uma maçã, o comportamento exterior é o mesmo, mas as razoes, moralidade interna, o nível de maturidade moral é diferente nesses casos.

1º NívelPré -convencional–a moralidade das pessoas neste nível é marcada pelas consequências de seus atos, punição ou recompensa, elogio ou castigo, as pessoas tendem a respeitar as normas sociais. O que determina a bondade ou maldade de um ato são as consequências físicas do ato, pois as relações humanos são vistas como trocas comerciais, mais ou menos assim “ tu me gratificas e eu te gratifico.

2º NívelConvencional – determina que as pessoas respeitam as normas sociais porque consideram importante que cada um desempenha o seu papel numa sociedade moralmente organizada. É uma atitude de conformidade com a ordem social, mas também é uma atitude de lealdade e amor á família, grupo, ao social. De certa forma é bom o que é socialmente aceito, aquilo que segue o padrão.

3º NívelPós – convencional – estabelece que as pessoas se preocupem com juízos autónomos e princípios éticos, universalidade, coerência, solidariedade universal para definir conscientemente e livremente o que é certo e o que é errado. É a tomada da consciência da existência do outro, da maioria, do bem comum, dos direitos humanos.

Conclusão

No final do trabalho concluiu-se que, Moral é o conjunto de condutas, quer própria de uma época ou cultura quer consideradas como universalmente válidas, teoria do bem e do mal, que conduz normativo.

O desenvolvimento moral refere-se ao modo como a criança aprende a determinar o que é certo e o que é errado, pois, é a base do princípio da justiça.

 

Referências bibliográficas

AZEVEDO, Carlos A. Moreira ; AZEVEDO, Ana Gonçalves – Metodologia cientifica. 9ª de Lisboa: Universidade Catolica Editora, 2008.

DOUROZOI, G & ROUSSEL A. Dicionário de Filosofia. 2ª Edição. Porto, Porto Editora, 2000.

MWAMWENDA, Tuntufye. Psicologia educacional: uma perspectiva africana, textos editoras, 2004.