É nesta concepção filosófica e metodológica que os geógrafos vão buscar suas orientações gerais (as que não dizem respeito especificamente a Geografia). Os postulados do positivismo (aqui entendido como o conjunto das correntes não-dialeticas) vão ser o patamar sobre o qual se ergue o pensamento geográfico tradicional, dando-lhe unidade.

Outra manifestação da filiação positivista, também traduzida numa máxima geográfica, é a idéia da existência de um único método de interpretação comum a todas as ciências, isto é, a não-aceitaçao da diferença de qualidade entre o domínio das ciências humanas e o das ciências naturais. Tal método seria originário dos estudos da natureza, as ciências mais desenvolvidas, pelas quais outras se deveriam orientar. Esta concepção, que incide na mais grave naturalização dos fenômenos humanos, se expressa na onipresente afirmação:

A Geografia é uma ciência de contato entre o domínio da natureza e o da humanidade”. Postura esta que serviu para tentar encobrir o profundo naturalismo, que perpassa todo o pensamento geográfico tradicional.

Na verdade, a Geografia sempre procurou ser uma ciência natural dos fenômenos humanos. Tal perspectiva naturalizante aparece com clareza no fato de buscar esta disciplina a compreensão do relacionamento entre o homem e a natureza, sem se preocupar com a relação entre os homens. Assim a unidade do pensamento geográfico tradicional adviria do fundamento comum tomado ao positivismo, manifesto numa postura geral, profundamente empirista e naturalista.

Esta perspectiva positivista talvez seja a mais influente do pensamento geográfico tradicional, essa perspectiva naturalização se mostra com nitidez no fato da Geografia buscar a compreensão da relação entre o homem e a natureza, sem se preocupar com as relações sociais. Desta maneira, a abordagem humana, representado nas relações sociais, fica fora do seu âmbito de estudos. Colocando o homem apenas como um elemento da paisagem.

O positivismo significava uma Geografia que deveria acumular conhecimentos empíricos e descritivos. Desta forma a Geografia passou a descrever lugares, fazendo levante de informações e a localizando fenômenos, descrevendo os traços naturais e sociais da superfície terrestre numa abordagem individualizadora dos lugares que pudesse instrumentalizar a expansão do capital monopolista do período.