Antropólogos evolucionistas:

J.J. Bachofen (1815-1887), um jurista suíço, foi o primeiro a chamar a atenção para sociedades que seguem a linha de descendência através da mulher (culturas materlinhares). Imaginou que nessas sociedades não se reconhecia a paternidade; “construiu” um mundo greco-latino matriarcal.

J.F.McLennan (1827-1881) (escocês) escreveu “Studies in Ancient History” e “Primitive Marriage” (1865). Nesta última obra, afirmou que a forma mais antiga de família era caracterizada pelo matriarcado. Observou a simulação do rapto da noiva pelo noivo, para logo atingir o casamento. A si se devem os termos “exogamia” (matrimónio fora do próprio grupo) e “endogamia” (matrimónio dentro do próprio grupo).

Henry Sumner Maine (1822-1888) foi um etnólogo jurídico, membro do conselho britânico do vice-rei da Índia. Encontrou semelhanças entre as antigas leis de Roma, da Índia e da Irlanda (sociedades patrilinhares). O seu livro mais famoso é “Ancient Law” (1861), no qual defendeu que a mais antiga forma de família era a família patriarcal dos indo-europeus.

Robertson-Smith (1846-1894) foi um erudito que interpretou o Antigo Testamento (um dos primeiros, no seu contexto histórico). No seu livro “The Religion of the Semites” (1889), diz que, nas religiões tradicionais não reveladas, o rito é mais importante que o dogma.

James G. Frazer (1854-1941) foi o primeiro a consciencializar o público da importância da antropologia. No seu livro “Golden Bough”, (“O ramo dourado”: um estudo sobre a magia e a religião, 12 vols.) mostra interesse pela religião e elabora a teoria da “magia simpática” – homeopática – (o simbolismo através do qual os ritos mágicos imitam o efeito que tentam produzir) e da “magia por contacto” (por relação de contacto, ex.: Vudú, nas Caraíbas). Estas teorias foram criticadas por Frazer como sendo pensamentos erróneos e ciência bastarda.

-Etapas evolutivas da humanidade: MAGIA>RELIGIÃO>CIÊNCIA

LEWIS HENRY MORGAN (1818-1881),  Civilização (escrita)Þ Barbárie (cerâmica, agricultura)ÞInfluenciado pelo evolucionismo biológico de Darwin, defende a teoria de que, no desenvolvimento histórico das culturas, acontecem as seguintes mudanças: Selvagismo (caça e recoleção)

EDWARD BURNETT TYLOR (1832-1937) Defendeu uma reforma moral. Sublinhou que os aborígenes australianos eram sobreviventes da pré-história. Os “survivals” deviam ser identificados, através de um estudo histórico-cultural. Interessou-se, particularmente, pela religião e pelo animismo.

Antropólogos Difusionistas

Ratzel (1844-1904), oposto às teorias de Bastian, interessou-se mais pelos utensílios do que pelas ideias: utensílios inventados em lugares concretos e que se difundiam, para outros lugares, através das migrações. Procurou semelhanças entre objectos;

Fr. Wilhelm Schmidt (1868-1959), fundador da revista Anthropos, que inverteu as séries evolutivas dos evolucionistas, pois tentou demonstrar que a religião tinha origem no monoteísmo – ex.: pigmeus caçadores e recolectores. Os alemães postularam a formação de diversas culturas, a partir de poucos “círculos culturais”. Essas culturas estender-se-iam a outras culturas sob forma de traços, através da migração de populações e da melhoria dos meios de transporte.

FRANZ BOAS (1858-1942), Para Boas, a tarefa do antropólogo era investigar as tribos primitivas que careciam de história escrita, descobrir restos pré-históricos, estudar tipos humanos e a linguagem. Cada cultura teria a sua própria história. Para compreender a cultura teríamos que reconstruir a história de cada cultura. Defendeu que não há culturas superiores nem inferiores (relativismo cultural). Os sistemas de valores devem compreender-se dentro do contexto de cada cultura e não de acordo com os padrões da cultura do antropólogo.

Grafton Elliot Smith (1871-1937, antropólogo físico), estudou o cérebro das múmias no Egipto, o que lhe levou a defender a difusão como principal motor da dinâmica cultural.

Antropólogos Funcionalistas

Émile Durkheim (1858-1917) foi um grande inspirador dos estudos antropológicos. Na sua revista “L´Année Sociologique”(1898-…), seguiu o sociólogo britânico Herbert Spencer, afirmando a independência dos factos sociais (regras de comportamento, normas, critérios de valor, expectativas dos membros) relativamente à consciência dos indivíduos que formam a sociedade. Relaciona o facto social com as necessidades que cumpre e satisfaz – função (exemplo: o castigo do delito, a divisão do trabalho). O social só poderia explicar-se pelo social e não por constituição biológica ou por psicologia individual.

  1. Malinowski (1884-1942)criou a autodenominada “Escola Funcionalista”. Parte de Durkheim (os costumes inúteis e sem significado deixam de existir). Um fenómeno social serve o povo que o pratica. Relacionou a organização social com as necessidades biológicas (alimento, abrigo, reprodução). Essas necessidades são, porém, diferentes das necessidades dos animais, as necessidades humanas são satisfeitas através da cooperação numa sociedade organizada que fala, pensa, transmite experiência, conhecimentos, valores e regras de conduta. São também diferentes das necessidades dos animais porque requerem educação (dispositivo para transmitir a herança de conhecimentos e valores morais) e uma fonte de confiança na rectitude das suas normas e da continuidade da sua existência. Esta confiança deriva da religião.

A R. Radcliffe-Brown (1881-1955) insistirá no facto de que a função não deve ser usada no sentido de “intenção”, “finalidade” ou “significado”. A proposição “todo uso social tem uma função” pode converter-se facilmente em “todo uso social é bom”. Para Radcliffe-Brown, a funçao é o que sustenta a estrutura social, ou seja, a coesao dentro de um sistema de relaçoes sociais. Por exemplo, a magia tem a funçao de actuar como um mecanismo de solidariedade social