Os Cereais

Cereais são as plantas cultivadas por seus frutos (do tipo cariopse) comestíveis, normalmente chamados grãos e, são na maior parte gramíneas, compondo uma família com mais de 6 mil espécies.

Os cereais são produzidos em todo mundo em maiores quantidades do que qualquer outro tipo de produto e, são os que mais fornecem calorias ao ser humano. Em alguns países em via de desenvolvimento, os cereais constituem praticamente a dieta inteira da população, e nos países desenvolvidos, o consumo de cereal é mais moderado, mas ainda substancial.

A característica fundamental dos cereais é o grão, que é normalmente constituído por três partes, nomeadamente: farelo, endosperma e embrião.

Farelo – é a camada mais externa, rica em fibras;

Endosperma – é a parte intermediária, fonte energética composta por carbohidrátos e proteínas;

Gérmen ou embrião – é parte interna, rica em nutrientes, minerais e vitaminas.

Domesticação

Com o fim do último período glacial, ocorrido a 10 mil anos atrás, houve o estímulo a uma intensa migração de animais e o surgimento de plantas em regiões antes inóspitas ao desenvolvimento destas, o que acabou por favorecer a migração de populações humanas para outras áreas. Com o advento de novas tecnologias e o inicio do domínio do fogo a humanidade passa a se fixar, período de época que ficou conhecido como Revolução Neolítica, a partir de então tem início a domesticação de animais e vegetais pelo homem.

Estima-se que os primeiros grãos de cereais foram domesticados cerca de 11 mil anos atrás por comunidades agrícolas antigas na região do Crescente Fértil. Por meio de registos arqueólogos datados de 10000 A.C sabe-se que pequenas aldeias agrícolas da Palestina recolhiam intensamente cereais selvagens, a semeadura desses cereais foi detectada na Síria por volta de 9000 A.C., a expansão da cultura de cereais como o trigo acaba por impulsionar também a domesticação e cultivo de outros vegetais, tais como as leguminosas ervilha e lentilha.

O Milho

O milho (Zea mays), é um conhecido cereal, cultivado em grande parte do mundo. O milho (Zea mays, L.), uma das gramíneas de maior importância econômica do mundo, é cultivado em países de clima tropical, subtropical e de clima temperado com verões quentes.

O milho pertence ao grupo das angiospermas, ou seja produz as sementes no fruto. A planta do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas. O caule tem aparência de bambu, as juntas estão geralmente a cinquenta centímetros de distância umas das outras, a fixação da raiz é relativamente fraca e a espiga é cilíndrica, costumando normalmente nascer na metade da altura da planta.

Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras regulares presas no sabugo, que formam a espiga. Eles têm dimensões, peso e textura variáveis. Cada espiga contém de duzentos a quatrocentos grãos. Dependendo da espécie, os grãos têm cores variadas, podendo ser amarelos, brancos, vermelhos, azuis. O núcleo da semente tem um pericarpo que é utilizado como revestimento.

Muitos estudos têm sido desenvolvidos visando a uma adaptação melhor das culturas a regiões com limitações hídricas e mais tolerantes à acidez, no entanto, o rendimento das espécies sob estresse, está bem aquém dos seus potenciais de produtividade, dentre as quais se encontra o milho, caracteristicamente pouco tolerante ao défice hídrico e cujo cultivo em regiões semi-áridas, é de suma importância não só para suprir diretamente as necessidades alimentares da população, mas, também, da agroindústria regional.

O milho é extensivamente utilizado como alimento humano ou ração animal, devido às suas qualidades nutricionais. Todas as evidências científicas levam a crer que seja uma planta de origem americana, já que aí era cultivada desde o período pré-colombiano. É um dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos.

Tem um alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia. Seu cultivo geralmente é mecanizado, se beneficiando muito de técnicas modernas de plantio e colheita. A produção mundial de milho chegou a 600 000 000 de toneladas em 2004. O milho é cultivado em diversas regiões do mundo. O maior produtor mundial é os Estados Unidos.

O milho era plantado por índios americanos em montes, usando um sistema complexo que variava a espécie plantada de acordo com o seu uso. Esse método foi substituído por plantações de uma única espécie. Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes do mundo. Hoje, é cultivado e consumido em todos os continentes e sua produção só perde para a do trigo e do arroz.

O plantio de milho na forma ancestral continua a praticar-se na América do Sul, nomeadamente em regiões pouco desenvolvidas, no sistema conhecido no Brasil como de roças. No final da década de 1950, por causa de uma grande campanha em favor do trigo, o cereal perdeu espaço na mesa brasileira.

Actualmente, embora o nível de consumo do milho no Brasil venha crescendo, ainda está longe de ser comparado a países como o México e aos da região do Caribe.

O milho ocupa um lugar de destaque em termos de volume de produção, com características específicas, pois trata-se de um cereal de regadio e muito exigente em água.

O milho é actualmente cultivado em diversas partes do globo, e é considerado pela tonelagem produzida anualmente, o primeiro cereal do planeta, seguido pelo trigo e o arroz.

Em função da sua pouca exigência em relação as condições naturais, o milho passou a ser cultivado em quase todas as partes do mundo, variando somente pelas quantidades adquiridas, que estão estreitamente relacionadas com o tipo de agricultura praticada nessa região.

Com o desenvolvimento industrial, o milho transformou-se em importante matéria-prima, para o fabrico de diversos produtos como o óleo, margarina, farinha, vinagre, além de sua grande aplicação na indústria de ração animal.  Este cereal, é basicamente utilizado na alimentação, seja ela indirecta (como ração animal) ou através do consumo humano directo.

Composição

Puro ou como ingrediente de outros produtos, é uma importante fonte energética para o homem. Ao contrário do trigo e o arroz, que são refinados durante seus processos de industrialização, o milho conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, o grão de milho é constituído de carbohidratos, proteínas e vitaminas do complexo B. Possui bom potencial calórico, sendo constituído de grandes quantidades de açúcares e gorduras. O milho contém vários sais minerais como ferro, fósforo, potássio e zinco.

Variedades Especiais de Milho

Milho Branco

A planta de milho tem altura próxima de 2,20 metros, sendo que a espiga nasce a 1,10 metro do solo. A espiga é grande, cilíndrica e apresenta alta compensação. O sabugo é fino, os grãos são brancos, profundos, pesados e de textura média. O colmo tem alta resistência física e boa sanidade. A raiz tem boa fixação. A planta é especialmente resistente às principais doenças foliares do milho, em diferentes altitudes e épocas de plantio. Podem ser colhidas até duas safras de milho branco por ano.

Nos Estados Unidos, a produção de milho branco em 2004, correspondia a três por cento do total. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganho espaço no mercado nos últimos anos, e a área plantada tem reflectido o aumento na demanda. Um dos motivos é que o mercado reconhece que ainda não existem variedades transgénicas de milho branco, o que automaticamente aumenta seu valor de mercado em nichos específicos.

Milho Transgénico

A variedade transgénica mais conhecida é desenvolvida pela Monsanto, e é conhecida como RR GA21. Ela é utilizada extensivamente nos Estados Unidos. Segundo os produtores de sementes, o milho transgénico traz um aumento médio de oito por cento na produtividade. Nos Estados Unidos, mais de setenta por cento do milho semeado é transgénico. A produção de variedades transgénicas na Argentina e no Brasil é crescente, embora nem sempre a prática do cultivo dessas variedades seja legal.

Há também relatos de milho transgénico em Honduras (terra de origem do milho), onde variedades transgénicas “contaminaram” as variedades locais. No México, o milho transgénico também enfrenta séria oposição governamental: em 1998, foi proibida a experimentação, o cultivo e a importação de milho transgénico.

O milho é um exemplo da manipulação de espécies pelo Homem, sendo utilizado tanto pelos defensores quanto pelos opositores dos transgénicos. O milho cultivado pelos índios mal lembra o milho actual: as espigas eram pequenas, cheias de grãos faltando, e boa parte da produção era perdida para doenças e pragas.

Através do melhoramento genético, o milho atingiu sua forma actual. Os defensores dos transgénicos utilizam este exemplo para dizer que a manipulação das características genéticas de vegetais não é novidade e já foi feita anteriormente, com muito menos controle do que actualmente. Os opositores dos transgénicos utilizam o mesmo exemplo para defender que há alternativas para a manipulação directa dos genes de espécies vegetais, técnica à qual se opõem.

Cultivo

O milho tem alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia. O nível tecnológico da cultura está entre o médio e o alto. O cultivo é idealmente mecanizado e se beneficia bastante da técnica de plantio directo. A utilização de discos de plantio é adequada para a sua peneira.

O plantio de milho é feito tanto na chamada “safrinha” quanto na safra principal (ou seja, a safra de verão). O mês de plantio mais indicado geralmente é Setembro, mas o plantio pode ser feito até em Novembro. Dependendo do mês de plantio, o espaçamento entre as linhas e a quantidade de sementes por metro deve variar. O ciclo do plantio varia entre 115 e 135 dias.

A adubação deve ser feita conforme a análise do solo. O controlo de pragas e ervas daninhas só deve ser feito se necessário. Nem sempre há necessidade de irrigação intensiva: pelo menos nas regiões tradicionalmente produtoras, a precipitação é suficiente para as necessidades hídricas da planta. Lavouras bem-sucedidas apresentam valor médio de germinação na faixa de 95 por cento %. A produtividade média varia entre 250 e 350 sacas por alqueire.

Colheita

Antes da Segunda Guerra Mundial, a maior parte do milho era colhida à mão. Isso frequentemente envolvia grandes números de trabalhadores, e eventos sociais associados. Um ou dois pequenos tractores eram utilizados, mas as colheitadeiras mecânicas não foram utilizadas até o fim da guerra. Na mão ou através da colheitadeira, a espiga inteira é colectada e a separação dos grãos e do sabugo é uma operação separada. Anteriormente, isso era feito em uma máquina especial. Hoje, as colheitadeiras modernas têm unidades de separação de grãos anexas. Elas cortam o milho próximo à base, separam os grãos da espiga com rolos de metal e armazenam somente os grãos.

 Cultivo de Milho no Mundo

O milho é largamente cultivado em diversas regiões do mundo. Os Estados Unidos respondem por quase cinquenta por cento da produção mundial. Outros grandes produtores são a República Popular da China, a Índia, o Brasil, a França, a Indonésia e a África do Sul. A produção mundial foi de 600 000 000 de toneladas em 2003. O milho é semeado aproveitando-se das chuvas da primavera. Seu sistema de raízes é fraco e a planta é dependente de chuvas constantes, ou irrigação. Nos Estados Unidos, uma boa colheita é prevista tradicionalmente se o milho está “na altura do joelho por volta de 4 de Julho” (“knee-high by the Fourth of July”), embora híbridos modernos frequentemente excedam essa taxa de crescimento.

Milho utilizado como silagem é colhido enquanto a planta está verde, e o fruto imaturo. De outro modo, o milho é deixado no campo até o Outono, de modo a secar. Às vezes, não é colhido até o inverno, ou até o início da primavera. Em outras regiões e circunstâncias, são utilizados agrotóxicos para secar o milho mais rápido, e aproveitar altas no preço do grão. Na América do Norte, os campos são frequentemente plantados utilizando a rotação de culturas com uma plantação fixadora de nitrogénio, como feijão ou soja.