Conceito de Desenvolvimento cognitivo

Desenvolvimento cognitivo é um processo interno mas que pode ser observado e medido através das acções da verbalização d criança ele envolve o processo de pensamento incluindo as seguintes capacidades compreensão de factos que ocorrem a sua volta percepção de si mesmo e do ambiente percepção de semelhanças e diferenças, memorias execução de ordens compreensão de cor forma espaço, tempo aquisição de conceitos e o estabelecimento de relaxações  dele sobre  os objectos  do mundo físico  enquanto um ser activo e pensante.

Desenvolvimento cognitivo segundo Piaget

Quando entram na segunda infância, entre aproximadamente os 06 a 12 anos as crianças tornam-se capazes de realizar operações mentais, acções internalizadas que se ajustam a um sistema lógico. O pensamento operatório permite às crianças combinar mentalmente, separar, ordenar e transformar objectos e acções. Essas operações são consideradas concretas porque são realizadas na presença de objectos e eventos sobre os quais se está pensando. O pensamento nesse estágio apresenta novas características como a descentração que permite à criança perceber e considerar mais de um atributo de um mesmo objecto de uma vez e formar categorias de acordo com critérios múltiplos e a conservação que consiste no entendimento de que algumas propriedades de um objecto vão permanecer as mesmas, mesmo quando outras são alteradas.

É marcante nesse estágio o declínio do egocentrismo, pois conseguem se comunicar de maneira mais eficaz sobre objectos que um ouvinte não consegue ver podendo pensa sobre a maneira como os outros a percebem e entendem que uma pessoa pode sentir de uma maneira e agir de outra. Estágio de desenvolvimento cognitivo de Piaget, propõe que o desenvolvimento precede a aprendizagem, considerou o desenvolvimento relativamente previsível e linear, visto que determinados conhecimentos só são adquiridos após a maturação das estruturas biológicas, sendo essas lineares e previsíveis; sequentemente a esse conceito Piaget (1971) elaborou os estágios do desenvolvimento cognitivo, sendo um dos principais pontos de suas teorias.

Ao conceituar como se estabelece o desenvolvimento mental, Piaget (1971) considerou quatro períodos no processo evolutivo do desenvolvimento do homem, que se desmembram no decorrer das faixas etárias: estágio da inteligência Sensório-motora (0 – 2 anos), estágio Pré-operatório (2 6 anos), estágio operatório concreto (6 -12 anos) e estágio operatório formal (12 anos em diante). Mas vale ressaltar que os valores cronológicos são estreitados e podem variar individualmente, mas a sequência em que ocorrem é invariável. Antes de detalhar as características e o funcionamento de cada fase é importante ressaltar alguns critérios utilizados na descrição e classificação de tais estágios.

Os Fatores do desenvolvimento e o processo de equilibração 

Podem-se identificar quatro factores gerais do desenvolvimento das funções cognitivas, cuja responsabilidade nesse processo é, entretanto, variável. O primeiro factor a considerar é a maturação nervosa. A maturação abre possibilidades, aparecendo como condição necessária para o desenvolvimento de certas condutas.

Entretanto, não é sua condição suficiente. Não se sabe, sequer, das condições específicas de maturação que tornam possível a constituição das estruturas operatórias da inteligência. Além disso, se é certo que o cérebro contém conexões hereditárias, ele contém sempre um número crescente de conexões, a maioria das quais adquirida pelo exercício e reforçada pelo funcionamento. Portanto, a maturação é um factor necessário na génese, mas não se sabe exactamente qual o seu papel além da abertura de possibilidades.

“Um segundo factor é o do exercício e da experiência adquirida na acção sobre os objectos e acontecimentos. A experiência comporta dois pólos diferentes: a experiência física (que consiste em agir sobre os objectos para abstrair suas propriedades) e a experiência lógicomatemática (agir sobre os objectos para conhecer o resultado da coordenação das acções). O exercício implica a presença de objectos sobre os quais a acção é exercida, mas não implica necessariamente que todo conhecimento seja extraído destes objectos”

O terceiro factor é o das interacções e das transmissões sociais. linguagem é, inegavelmente, um factor de desenvolvimento, embora não seja sua fonte. Para poder assimilar a linguagem e, especificamente, as estruturas lógicas que ela veicula, são necessários instrumentos de assimilação adequados, que lhe são anteriores na génese. A socialização começa pelas condutas, mas a socialização do pensamento só se torna possível quando as estruturas de reversibilidade estão adquiridas. Assim, a reciprocidade nas trocas só aparece em torno dos oito anos. Um terceiro aspecto das interacções transmissões sociais é constituído pela educação, cuja acção versa sobre inúmeros factores e assume variadas formas.

Aos três factores indicados, que explicitam três condições do desenvolvimento representados pela herança, o meio e o funcionamento, é preciso, entretanto, acrescentar uma terceira característica essencial dos sistemas vivos, que é a auto-regulação, chamada por Piaget de factor de equilibração. É a auto-regulação que explica a evolução e desvie o estado mesmo do vital.

Estágios de desenvolvimento cognitivo da segunda infância

Piaget chamava a segunda infância de estágio pré-operatório do desenvolvimento cognitivo, porque as crianças dessa idade ainda não estão preparadas para se envolver em operações mentais lógicas como estarão no estágio operatório-concreto na terceira infância.

O estágio pré-operatório, que perdura aproximadamente dos 2 aos 7 anos, é caracterizado por uma grande expansão no uso do pensamento simbólico, ou capacidade representacional, que surgiu pela primeira vez durante o estágio sensório-motor. Vamos examinar alguns aspectos do pensamento pré-operatório bem como a pesquisa recente, algumas das quais contestam as conclusões de Piaget. (Cavicchia,2003, p. 199)

Conquista no desenvolvimento cognitivo na segunda infância

As conquistas no pensamento simbólico são acompanhados por um crescente entendimento de espaço, causalidade, identidades, categorização e número. Alguns desses entendimentos têm raízes na fase em que a criança ainda é bebé e começa a andar; outros começam a desenvolver-se na segunda infância, mas ainda não estão plenamente incorporados à criança até que ela atinja a terceira infância.

Tabela1. de conquista na segunda infância

Conquista Significância Exemplo
Uso de símbolos As crianças não precisam estar em contacto sensório-motor com um objecto, pessoa ou
evento para pensar neles.
As crianças podem imaginar que objectos ou , pessoas têm outras propriedades além das
que eles realmente têm.
Simone pergunta à sua mãe sobre os elefantes que viu na ida
ao circo vários meses atrás.
Rolf faz de conta que uma fatia de maçã é um aspirador de
pó “limpando” a mesa da cozinha.
Compreensão de
identidades
As crianças têm consciência de que alterações
superficiais não mudam a natureza das coisas.
António sabe que seu professor está vestido como um pirata,
mas ele ainda é o seu professor que está sob a vestimenta
Entendimento de
causa e efeito
As crianças percebem que os acontecimentos
têm causas.
Ao ver uma bola rolar por trás de um muro, Aneko olha por
cima do muro para ver a pessoa que a chutou.
Capacidade de
classificar
As crianças organizam objectos, pessoas e eventos em categorias significativas. Rosa classifica as pinhas que colectou em um passeio no parque em duas pilhas: “grandes” e “pequenas”.
Empatia As crianças sabem contar e lidar com quantidades. Emílio tenta consolar seu amigo quando vê que ele está
chateado.
Teoria da mente As crianças tornam-se mais conscientes da
actividade mental e do funcionamento da
mente
Bianca quer guardar alguns biscoitos para si mesma, de forma que os esconde de seu irmão em uma caixa de macarrão. Ela sabe que seus biscoitos estarão seguros lá, porque, seu irmão não procurará em um lugar onde ele não espera
encontrar biscoitos
Compreensão de
números
As crianças sabem contar e lidar com quantidades Lindsay reparte suas balas com suas amigas, contando para
certificar-se de que cada uma receba a mesma quantidade

Tabela 2. de aspectos imaturos do pensamento pré-operatório na segunda infância

Limitação Descrição Exemplo
Contracção: incapacidade para descentrar As crianças concentram-se em um aspecto
de uma situação e negligenciam outros.
Jacob provoca sua irmã mais nova afirmando que tem
mais suco do que ela porque sua caixa de suco foi
despejada em um copo alto e estreito.
Irreversibilidade As crianças não entendem que algumas
operações ou acções podem ser revertidas, restaurando a situação original
Jacob não percebe que o líquido contido em cada copo
pode ser despejado novamente nas respectivas caixas,
contradizendo sua afirmação de que ele tem mais suco
do que sua irmã.
Foco mais nos estados
do que nas transformações
As crianças não entendem a importância
da transformação entre estados.
Na tarefa de conservação, Jacob não entende que transformar a forma de um líquido (despejá-lo de um recipiente para outro) não altera a quantidade.
Raciocínio transitivo As crianças não usam raciocínio dedutivo
ou indutivo; em vez disso, elas pulam de
um detalhe para outro e vêem uma causa onde não existe nenhuma
Luis foi mesquinho com sua irmã. Sua irmã fica doente.
Luis conclui que ele a fez adoecer
Egocentrismo As crianças presumem que todas as pessoas pensam, percebem e sentem do
mesmo jeito que elas
Kara não percebe que precisa virar um livro ao contrário
para que seu pai possa ver a figura que ela quer que ele
lhe explique. Dessa forma, segura o livro directamente
na frente dele, mas somente ela pode ver a figura
Animismo As crianças atribuem vida a objectos inanimados Amanda diz que a primavera está querendo chegar, mas
o inverno está dizendo: “Eu não vou embora! Não vou
embora!”
Incapacidade de distinguir a aparência da
realidade
Elas confundem o que é real com a aparência externa. Courtney está confusa porque uma esponja parece uma
pedra. Ela afirma que parece uma pedra e é realmente
uma pedra

Função Simbólica

Um dos desafios do desenvolvimento cognitivo na segunda infância é o estímulo da função simbólica. Por exemplo “Quero sorvete!”, anuncia Mário, de 4 anos, andando com dificuldade porta adentro, fugindo do quintal quente e empoeirado. Ela não viu nada que pudesse ter accionado esse desejo – nenhuma porta de geladeira aberta, nenhum comercial de televisão. Ela não precisa mais desse tipo de estímulo sensorial para pensar em algo. Ela se lembra do sorvete, de seu frescor e sabor, e intencionalmente a procura. Essa ausência de estímulos sensoriais ou motores caracteriza a função simbólica: a capacidade de usar símbolos, ou representações mentais – palavras, números ou imagens para as quais uma pessoa atribui um significado. Sem símbolos, as pessoas não poderiam comunicar-se verbalmente, fazer mudanças, ler mapas ou guardar fotos de pessoas queridas distantes.

Os símbolos ajudam as crianças a se lembrar e a pensar em coisas que não estão fisicamente presentes. As crianças em idade pré-escolar demonstram a função simbólica por meio do aumento da imitação diferida, de brincadeiras de faz de conta e da linguagem. A imitação diferida, que se torna mais sólida após os 18 meses, baseia-se em ter retido uma representação mental de um evento observado anteriormente.

Nas brincadeiras de faz de conta, também chamadas de jogo de fantasiajogo
dramático (encenação) ou jogo imaginativo, as crianças podem fazer um objecto, como uma boneca, representar ou simbolizar outra coisa, por exemplo, uma pessoa. A linguagem usa um sistema de símbolos (palavras) para comunicar

Entendimento de objetos no espaço          

Até pelo menos os 3 anos de idade a maioria das crianças não entende seguramente a relação entre figuras, mapas ou maquetes, e os objectos ou espaços que eles representam. Crianças de idade pré-escolar mais velhas sabem usar mapa simples e conseguem transferir o entendimento espacial adquirido do trabalho com modelos para mapas e vice-versa.

Em uma série de experimentos, crianças de idade pré-escolar foram solicitadas a usar um mapa simples para encontrar ou colocar um objecto na localização correspondente em um espaço de formato semelhante, mas muito maior. Noventa por centro das crianças de 5 anos, mas apenas 60% das crianças de 4 anos, foram capazes de fazê-lo. Segundo THOMPSON, (2000).

Entendimento da causalidade Piaget afirmava que a criança pré-operatória ainda não era capaz de raciocinar de modo lógico sobre causa e efeito. Ao contrário, dizia ele, elas raciocinam por transdução. Elas vinculam mentalmente dois eventos, sobretudo os que são próximos no tempo, haja ou não uma relação causal lógica.  Por exemplo, Luis pode achar que seus “maus” pensamentos ou comportamentos fizeram que ele próprio ou sua irmã ficassem doentes ou que tenham causado o divórcio de seus pais.(p. 199).

 Contudo, quando testadas sobre situações que são capazes de entender, as crianças pequenas compreendem causa e efeito. Em observações de conversas diárias espontâneas de crianças de 2 anos e meio a 5 anos de idade com seus pais, elas demonstraram um raciocínio causal flexível, apropriado ao assunto.

Os tipos de explicação variavam de físicos (“a tesoura precisa estar limpa para que eu possa cortar melhor”)  a sócioconvencionais  (“preciso parar agora porque você pediu”) Entretanto, crianças em idade pré-escolar parece ver todas as relações causais como algo igualmente e absolutamente previsível. Em uma série de experimentos, as crianças de 3 a 5 anos, diferentemente dos adultos, tinham tanta certeza de que uma pessoa que não lava as mãos antes de comer ficará doente, quanto tinham de que uma pessoa que salta para cima voltará para baixo.

Entendimento de identidades e categorização

 O mundo torna-se mais ordenado e previsível quando a criança em idade pré-escolar desenvolve um melhor entendimento do que são identidades: o conceito segundo o qual as pessoas e muitas coisas basicamente são as mesmas, mesmo que mudem de forma, tamanho ou aparência. Esse entendimento fundamenta o emergente conceito de self. A categorização, ou classificação, exige que a criança identifique similaridades e diferenças.

Segundo Piaget, um tipo de categorização é a capacidade de distinguir coisas vivas de coisas inanimadas. Quando Piaget perguntou a crianças pequenas se o vento e as nuvens estavam vivos, suas respostas levaram-no a pensar que elas confundiam o que era vivo e o que não era. A tendência de atribuir vida a objectos não vivos é chamada de animismo. Entretanto, quando pesquisadores perguntaram a crianças de 3 e 4 anos sobre coisas que lhes eram mais familiares – as diferenças entre uma pedra, uma pessoa e uma boneca – elas demonstraram que entendiam que as pessoas estavam vivas e que as pedras e as bonecas não

Entendimento de números 

Outra pesquisa verificou que a ordinal idade – o conceito de comparar quantidades (mais ou menos, maior ou menor) parece iniciar-se por volta dos 12 a 18 meses e, a princípio, limita-se a comparações de poucos objectos aos 4 anos, a maioria das crianças conhece palavras para comparar quantidades. Elas podem dizer que uma árvore é maior que outra ou que um copo contém mais suco que outro. Elas sabem que, se elas têm um biscoito e então pegarem outro biscoito,  elas terão mais biscoitos do que tinham antes, e que se derem um biscoito para outra criança elas terão menos biscoitos.

Este nível básico de habilidades numéricas inclui contagem, conhecimento numérico (ordinalidade), transformações numéricas (adição e subtracção simples), estimativa (“este
grupo de pontos é maior ou menor que 5?”) e reconhecimento de padrões numéricos (2 mais 2 é
igual a 4, do mesmo modo que 3 mais 1).
Conhecimento do pensamento e de estados mentais

Feldman 2013, diz que entre as idades de 3 e 5 anos, as crianças passam a entender que o pensamento ocorre dentro da mente; que ela pode lidar com coisas reais ou imaginárias; que uma pessoa pode pensar em uma coisa enquanto faz ou olha para outra; que uma pessoa cujos olhos e ouvidos estão cobertos pode pensar em objectos; que alguém que parece pensativo provavelmente está pensando; e que pensar é diferente de ver, falar, tocar e saber

Características da segunda infância do desenvolvimento cognitivo.

Umas das principais características do pensamento pré-operatório é a centrarão: a tendência a concentrar-se em um aspecto de uma situação e negligenciar outros. De acordo com Piaget, as crianças em idade pré-escolar chegam a conclusões ilógicas porque não sabem descentrar – pensar em diversos aspectos de uma situação simultaneamente. A centrarão pode limitar o pensamento das crianças pequenas tanto sobre relacionamentos sociais como sobre relacionamentos físicos.

egocentrismo é uma forma de centração. De acordo com Piaget, as crianças
pequenas centram-se de tal modo em seus próprios pontos de vista que não conseguem assumir um outro. Crianças de 3 anos não são tão egocêntricas quanto os bebés recém-nascidos; mas, segundo Piaget, elas ainda acham que o universo se centraliza nelas. O egocentrismo pode ajudar a explicar por que as crianças pequenas às vezes têm problemas para separar a realidade daquilo
que se passa em suas mentes, e por que demonstram confusão sobre qual é a causa de cada coisa.

Conservação

Outro exemplo clássico de centrarão é o fracasso em entender a conservação, que
é o fato de duas coisas permanecerem iguais se sua aparência for alterada, desde que nada seja acrescentado ou retirado. Piaget descobriu que as crianças não entendem plenamente esse princípio até atingirem o estágio operatório-concreto, e que elas desenvolvem diferentes tipos de conservação em diferentes idades. Mostra como as várias dimensões da conservação foram testadas.

A capacidade de conservar também é limitada pela irreversibilidade:  não conseguir entender que uma operação ou acção pode ir em duas ou mais direcções. Assim que Jacob puder imaginar como restaurar o estado original da água despejando-a de volta no outro copo, ele perceberá que a quantidade de água em ambos os copos deve ser idêntica. As crianças no estágio pré-operatório comummente pensam como se estivessem assistindo a uma apresentação de slides com uma série de quadros estáticos: elas se concentram em estados sucessivos, dizia Piaget, e não reconhecem transformações de um estado para outro.

Distinção entre aparência e realidade

De acordo com Piaget, somente aos 5 ou 6 anos de
idade as crianças começam a entender a distinção entre aquilo que parece ser e aquilo que é. Muitas pesquisas corroboram suas afirmações, embora alguns estudos tenham revelado que essa capacidade começa a surgir antes dos 4 anos.

Distinção entre fantasia e realidade Em algum momento entre os 18 meses e os 3 anos, as crianças aprendem a distinguir entre eventos reais e coisas imaginadas. Crianças de 3 anos sabem a diferença entre um cachorro real e um cachorro em um sonho, e entre algo invisível (como o ar) e algo imaginário. Elas sabem fingir e sabem dizer quando alguém está fingindo.  Aos 3 anos e, em alguns casos, aos 2 anos, elas sabem que o faz de conta é intencional; elas podem dizer a diferença entre tentar fazer algo e fingir que se faz a mesma coisa.

pensamento mágico em crianças de 3 anos ou mais não parece originar-se da confusão entre fantasia e realidade. Frequentemente, o pensamento mágico é uma forma de explicar eventos que não parecem ter explicações realistas óbvias (normalmente porque lhes falta o conhecimento sobre elas), ou simplesmente é uma maneira de se entregar aos prazeres de brincar de faz de conta, como com a crença em companhias imaginárias.

O papel da interacção no desenvolvimento da criança na segunda infância

O construtivismo subjacente à teoria píagetiana supõe a adopção de uma perspectiva ao mesmo
tempo relativista o conhecimento é sempre relativo a um momento determinado do processo de construção e integracionista o conhecimento surge da interacção contínua entre o sujeito e o objecto ou, mais precisamente, da interacção entre os esquemas de assimilação do sujeito e as propriedades do objecto.

Essa concepção tem como principal consequência a afimação de que o ser humano  criança, adulto ou adolescente constrói seu próprio conhecimento através da acção. A natureza da actividade necessária a essa construção vai depender, evidentemente, da natureza do conhecimento que se pretende seja construído. A interacção com objectos vai facilitar o desenvolvimento do conhecimento tanto físico como físico-matemático que diz respeito aos objectos, suas propriedades e as relações que se estabelecem entre eles.

 Entretanto, o conhecimento de natureza social e afectiva só pode se desenvolver a partir da interacção com pessoas. Piaget mostra como a interacção que se estabelece entre as crianças vai tornar possível o desenvolvimento de relações cooperativas no plano social, correspondendo às relações de coordenação de perspectivas do pensamento operatório no plano do desenvolvimento intelectual. Isso significa que, além de possibilitar o desenvolvimento afectivo e social, as interacções entre as crianças constituem um factor fundamental para o seu desenvolvimento cognitivo.

 

Bibliografia

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