Por Merisse

Classificação dos cidadãos Moçambicanos e suas características


Com este verbete, temos a oportunidade de conhecer o tipo de cidadão que cada um de nós é. Numa primeira fase, por estarmos a viver num estado de direito democrático, todos os moçambicanos são considerados cidadãos. Numa segunda fase, cada um de nós, manifesta a sua cidadania de diferentes formas.

É aqui onde reside a classificação dos cidadãos moçambicanos. Tendo como base as relações de poder público, os cidadãos moçambicanos são classificados em três grupos, designadamente: cidadão ortodoxo, cidadão açambarquista e cidadão frugalista.

Cidadão ortodoxo


A característica fundamental de um cidadão ortodoxo é o conservadorismo. Trata-se de um cidadão recto, firme, inabalável, convicto, independentemente das adversidades de qualquer índole que podem ameaçar o seu perfil político.

Pertence e milita num e único partido político. Considera a ideologia política do seu partido como a mais correcta de todos os tempos. Não assume conselho de outros partidos políticos. Nunca reconhece o seu erro, ou erro do seu partido, publicamente. Tende a manter a sua ideologia fundadora até às últimas consequências. Não aceita tão facilmente o princípio da evolução dos sistemas políticos.

Em Moçambique, cidadãos ortodoxos estão em quase todos partidos, sendo que a maioria deles encontram-se na RENAMO e FRELIMO, sobretudo os quadros seniores. Na FRELIMO, um dsexemplos é Alberto Chipande. Para além dele consta Marcelino dos Santos e outros cidadãos comuns. É quase impossível que Alberto Chipande mude de partido independentemente do que for a acontecer. Na RENAMO, é muito difícil crer que Antônio Muchanga concordou com uma posição ideológica da FRELIMO.

A vantagem dos cidadãos ortodoxos é de manter a certeza no seio do partido, o número toral de membros por cada período da actividade política, permitindo uma melhor planificação das actividades e pleitos eleitorais. A grande desvantagem é que estes cidadãos não aceitam bons conselhos provenientes dos outros partidos.

As suas ideias são baseadas em quem fala e não o que fala. Quando um partido político tem maior número de cidadãos ortodoxos e a governar o país, muito rapidamente podem danificar o país por não aceitar a evolução das sociedades, incluindo a aplicação da polísa como ciência, o que pode contrariar a ideologia na qual o partido foi criado.

Cidadão açambarquista


O cidadão açambarquista tem como característica fundamental, a busca constante de conquistar ou manter o poder ilegítimo. Em democracia, o poder é legítimo quando é exercido com a intenção de melhor servir o povo. O cidadão açambarquista é aquele que se apresenta na praça pública, nos momentos de festivo político, isto é, eleições.

Ele está sempre a caçar partidos políticos por onde pode encaixar-se e tomar um cargo superior em relação ao actual. Cria polémicas. Ameaça renunciar o seu partido sempre que há problemas internos. Aceita propostas de abandonar o seu partido para filiar-se em outros partidos com promessas de bons cargos públicos ou aumento do salário.

Há muitos cidadãos açambarquistas em Moçambique e constituem a maioria absoluta. É mais fácil um pobre ser da oposição. Mais fácil um funcionário público ser da FRELIMO. Numa linguagem mais comum, é um cidadão infiltrado. Um dos exemplos prático, é o seguinte: quase 99% dos funcionários públicos são da FRELIMO ou mostram a imagem da FRELIMO ao público. A RENAMO é mais votada pelos camponeses e pessoas que vivem nas reais zonas periféricas.

A grande desvantagem do cidadão açambarquista é que torna o partido frágil. O presidente do partido não sabe efectivamente quantos membros o partido tem, porque a qualquer momento uns podem sair. O pior destes é que podem sair, no momento em que a festa política está iniciando, como é o caso da campanha eleitoral e eleições presidenciais.

Entregam a estratégia do seu partido, ao seu novo partido. Não mostra claramente seu ponto de vista. Deixa o partido a afundar e depois justifica a sua saída como vítima de exclusão política. Só aceita ideias dos outros partidos em troca de benefícios próprios como dinheiro ou cargos públicos superiores. Exemplos claros são Venâncio Mondlane, Alberto Ferreira, a maioria dos funcionários da classe D (professores, enfermeiros, polícias, soldados, etc.).

 

Cidadão frugalista


A característica fundamental do cidadão frugalista é apoiar a ideologia política que melhor traduz a vontade popular. Geralmente ele não tem um partido político fixo. Funciona como sociedade civil propriamente dita, porque a actual sociedade civil tende a ser da oposição.

Dá mais valor ao plano de intervenção social, política, económica, etc., que um partido apresenta para o povo. Quando exerce o cargo de chefia e, no caso de não servir melhor os cidadãos, ele demite-se. Torna os partidos mais fortes e competitivos, porque só assim, poderão contar com o seu apoio de forma constante.

Acima de tudo, ama a democracia, ama o povo, ama a pátria. Quem ama a pátria, evita destruir a própria pátria. Os elementos que destroem a pátria são: corrupção, tribalismo, ganância do poder, intolerância política, divisionismo e outros elementos relacionados. Em outras palavras, o cidadão frugalista é assessor do estado e do povo e não do partido. Usa o partido como melhor forma de bem servir o povo. O seu discurso baseia-se mais nas evidências científicas do que convicções político-partidários.

A grande vantagem deste tipo de cidadão é ajudar a mostrar o povo, o melhor partido que tem maior probabilidade que responder os problemas da população de forma provisória. Não há um partido político que estará sempre preparado para servir o povo. Há momentos em que os partidos entram em crise ideológica e saturação do seu perfil na opinião pública. Nos meios de comunicação de massas, ele faz discursos que mais se identificam com a academia, mesmo em representação de um partido político.

Exemplos concretos são Mia Couto, Samora Machel Jr. (que apesar de ser membro da FRELIMO, tem mostrado erros do partido, publicamente, sempre que for necessário). Há uma pequena relação entre o cidadão açambarquista com o cidadão frugalista, dado que ambos parecem não ter um partido fixo durante toda vida útil da actividade política, só que, enquanto o cidadão açambarquista busca o benefício próprio, o cidadão frugalista faz de tudo para melhor servir o povo, através de um partido político.