Definição

De acordo com LEHTO & GONÇALVES (2015), Karroo é um planalto desértico, uma das mais importantes séries geológicas da África ao sul do equador, cuja idade vai do Carbónico superior ao Jurássico inferior

Na óptica de OLIVEIRA & HENRIQUES (2010), «Karroo», formação das mais importantes da geologia africana, não só pela larga área que ocupa mas, ainda, pelos jazigos de carvão que encerra, está representado no território português de Moçambique por’ vários retalhos, dos quais os de maior extensão se encontram na região de Tete.

MANSUR (2009), olha na Geoconservação cono sendo todas e quaisquer acções empreendidas no sentido de preservar e de defender a geodiversidade.

Património geológico: O conjunto dos aspectos e de exemplos concretos de geodiversidade, aos mais diversos níveis, que, por esta ou por aquela razão, se entendeu salvaguardar por meio de medidas especiais protecção, tal como consignadas na lei de cada país.

Importância

AFONSO & MARQUES (1993), sustenta que tem grande importância económica, pois possui enormes Jazigos de carvão Germânicos, Perlites, Ágatas e Bentonites.

Importância económica de Karroo

Possui enormes jazigos de carvão germânico, perlites, ágatas e bentonites.

Jurássico – localiza-se nas províncias de Tete e Cabo Delgado.

Cretácico – localiza-se na província de Tete e é constituído por rochas sedimentares.

Em Moçambique o karroo tem 3 divisões: indeferenciado, inferior e superior. De salientar que o Karroo localiza-se nas províncias de Cabo delgado, Niassa, Tete,Manica e sofala. Os segmentos de Karroo são caracterizados pela sua origem continental e estão depositados nas falhas, sobretudo nas provincias de Manica e Tete.

Importância económica do cretácico

CUMBE (2014), sugere que possui jazigos de gás natural e sienítos utilizados na produção do alumínio.

Terceário e quaternário: estas duas formações tem características litológica semelhantes.

De acordo com LEHTO & GONÇALVES (2015), as rochas quaternárias resultam da decomposição e destruição das rochas do terceário. Estas duas rochas dominam o sul de save quase na totalidade.

São compostos de dunas, calcário, lacustre, aluviões e Coluviões.

Estrutura Geológica de Moçambique

AFONSO & MARQUES (1993), sustenta que a estrutura geológica de Moçambique é resultado da interacção de vários processos, sobretudo os endógenos (internos) e exógenos (externos), que se fizeram sentir e ainda sentem-se na actual região da África Austral, onde Moçambique faz parte.

Do ponto de vista geológico, Moçambique apresenta duas grandes unidades geológicas: Pré-câmbrico e Fanerozóico.

Pré-câmbrico– é uma unidade geológica constituída por rochas mais antigas formadas há mais de 600 milhões de anos. Esta formação ocupa uma superfície de 534 mil km2 , equivalente a 2/3 do território nacional, apresentando sua maior expressão nas regiões Centro e Norte de Moçambique.

De acordo com LEHTO & GONÇALVES (2015), em Moçambique o Pré-câmbrico divide-se em duas sub-unidades: Pré-Câmbrico inferior ou arcaico e Pré-câmbrico superior ou Cinturão de Moçambique (Mozambique Belt).

Pré-câmbrico Inferior ou Arcaico – localizado na província moçambicana de Manica, esta sub-unidade é representada pelo cratão rodesiano pelo facto de abrangir os dois países (Moçambique e Zimbabué). É constituído por rochas metamórficas de origem magmáticas e sedimentares. É constituída pelas formações de Macequese, Mbeza e Vengo.

Pré-câmbrico Superior – conhecida por cinturão de Moçambique (Mozambique Belt). São rochas antigas que datam 500 milhões de anos removidas por orogenias e divide-se em 3 províncias geológicas: província de Moçambique, província de Niassa e província de Médio-Zambeze.

Fanerozóico

AFONSO & MARQUES (1993), sustenta que é constituído essencialmente por rochas sedimentares que se formaram entre 300 e 700 milhoes de anos. Essas rochas incluem também as formações eruptivas (magmáticas) como basaltos e riolitos e se podem encontrar junto a fronteira de Namaacha.

Ocupa quase na totalidade as províncias de Inhambane, Gaza e Maputo e vai se estreitando para o norte até ao curso do rio Rovuma ocupando 1/3 do território nacional. Fazem parte do fanerozóico as seguintes formações:

Karroo– localiza-se nas províncias de Cabo delgado, Niassa, Tete, Manica e Sofala. Os segmentos de Karroo são caracterizados pela sua origem continental e estão depositados nas falhas, sobretudo nas provincias de Manica e Tete. Em Moçambique o karroo tem 3 divisões: indeferenciado, inferior e superior. Possui enormes jazigos de carvão, germano, perlites, ágatas e bentonites.

Jurássico –localiza-se nas províncias de Tete, Nampula e Cabo Delgado, onde forma enormes bacias carboníferas, dividindo-se em quatro andares: o Dwyka, Ecca, Beanfort e Stromberg. Estas são ricas em grés calcário e conglomerados.

Cretácico– localiza-se a sudeste da província de Tete em Lupata e é constituído por rochas sedimentares, com maior enfase para os granitos, sienito, carbonatite e traquito, que são utilizados na produção do alumínio.

Terciário e quaternário: estas duas formações tem características litológica semelhantes. As rochas quaternárias resultam da decomposição e destruição das rochas do terciário. Estas duas rochas dominam o sul do rio Save quase na totalidade., bem como o litoral de Moçambique. São constituídas por e calcários. Também são compostos de dunas litorais, calcário, lacustre lacustres, aluviões, grés e conglomerados.

Principais Minerais de Moçambique e sua área de ocorrência

De acordo com LEHTO & GONÇALVES (2015), o nosso país tem uma variedade de minerais que podemos agrupá-los e:

  • Minerais energéticos;
  • Minerais metálicos;
  • Minerais não metálicos.

Forma da terra e geodiversidade em Moçambique

Na óptica de OLIVEIRA & HENRIQUES (2010), Moçambique é caracterizado pela ocorrência de uma grande diversidadegeológica (geodiversidade), da qual fazem parte locais geológicos com carácter excepcional do ponto de vista científico, didáctico, turístico, etc., denominados por geossítios.

 Devido à cada vez maior procura de recursos naturais para serem utilizados como matéria-prima, relacionada com o crescente desenvolvimento económico mundial, a integridade da geodiversidade está cada vez mais ameaçada. Por isso, torna-se necessário criar mecanismos que assegurem a protecção e preservação de locais da geodiversidade considerados excepcionais, para que neles possam ser realizadas actividades científicas, pedagógicas, turísticas e para que as futuras gerações também possam usufruir deles.

A geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, falhas, dobras, afloramentos, sequências sedimentares, orlas de metamorfismo, etc., assim como as próprias entidades que são originadas, e que são o suporte para a vida na Terra e a única fonte de conhecimento da peleobiodiversidade.

Geologia e Geodiversidade

Na óptica de OLIVEIRA & HENRIQUES (2010), a Geologia é a ciência que estuda o planeta Terra, os materiais que o constituem, a sua estrutura e dinâmica interna, os agentes e os processos que modelam a sua superfície, a sua história, a sua evolução, etc., etc.

Quando observamos o mundo físico que nos rodeia, sobre o qual caminhamos, no campo ou na cidade, aquilo de que imediatamente nos apercebemos é da enorme variedade de elementos e de processos geológicos que o constituem: as rochas e os minerais, os vales e as montanhas, os fósseis, os rios, a erosão costeira, os estratos sedimentares e os vulcões, as arribas litorais, os sismos e os tsunamis, as dunas, o carvão e o petróleo… etc. etc., etc., em suma a geodiversidade.

Recursos geológicos em Moçambique

De acordo com LEHTO & GONÇALVES (2015), Moçambique é um país que apresenta uma elevada geodiversidade e um grande potencial em termos de recursos geológicos. A grande geodiversidade deste país é mencionada, por exemplo, nos trabalhos de Lehto e Gonçalves (2008) e Cumbe (2007). Segundo este último investigador, existem vários locais geológicos em Moçambique que devem ser conservados e apresentados às populações devido à sua importância científica, pedagógica e turística, entre outros aspetos. Estes locais incluem, para além da diversidade litológica, uma grande diversidade de minerais, de fósseis e de recursos geológicos.

Os minerais e as rochas desempenham um papel cada vez mais importante na indústria e no desenvolvimento moçambicanos. No entanto, a baixa utilização dos recursos geológicos deste país está relacionada com o seu conhecimento incompleto mas, também, com a falta de infra-estruturas que possibilitem a sua exploração e distribuição.

CUMBE (2014), sugere que em Moçambique existem recursos geológicos de elevado valor económico, nomeadamente, areias, calcários, mármores, ouro aluvionar, margas, cascalho, argilas, ilmenite, gemas e gás natural.

MANSUR (2009), diz que o depósito de carvão da bacia de Moatize (província de Tete), por exemplo, constitui uma das maiores reservas a nível mundial, tendo atingido uma exploração de 4 Mton em 2013, com capacidade para virem a ser exploradas 22 Mton anuais (Vale, 2015). Outro exemplo são as reservas de petróleo, que se estimam em 20 mil Mbarris

Na província de Nampula podem ser encontradas pedras preciosas como o berilo e a turmalina, bem como ouro aluvionar e também areias pesadas na região de Moma, onde existem reservas estimadas de 842 Mton.

Na província de Zambézia salientam-se as ocorrências de areias pesadas, calcários, margas e pedras preciosas como o berilo e a turmalina. Nesta província ocorrem depósitos de caulinite e de outros minerais de argila em pegmatitos e sienitos meteorizados

Na província de Tete, além dos depósitos de carvão, destacam-se as ocorrências comuns de urânio, que é utilizado como mineral energético, de margas e de pedras preciosas, como o berilo e a turmalina.

Na óptica de OLIVEIRA & HENRIQUES (2010), na província de Manica destacam-se os depósitos de carvão em Espungabera, próximo da fronteira com o Zimbabué, e de bauxite na Mina de Penhalonga, onde já foram extraídas, em 2006, 11 069 ton desta rocha. Nesta província também é explorado gabro, para exportação, e margas.

Na província de Sofala destaca-se a exploração de petróleo que tem ocorrido nos últimos anos. Além disso, existe um grande potencial para a exploração de calcário no Planalto Cheringoma. Ocorrem também margas e gás natural.

AFONSO & MARQUES (1993), sustenta que na província de Inhambane salientam-se as ocorrências de gás natural nos campos de Pande e de Temane, de gesso em Temane e de calcário em Urrongas.

Na província de Gaza existem, entre outros, reservas de areias pesadas e diatomito, este último encontrado na margem Sul do rifte do leste africano.

As províncias que selecionámos para o estudo nesta investigação (províncias de Maputo e de Niassa) caracterizam-se pela existência de algum tipo de recursos geológicos com elevado valor económico.

De acordo com LEHTO & GONÇALVES (2015), na província de Maputo, a necessidade crescente de materiais de construção tem reativado a exploração de alguns materiais como riólitos, argilas, cascalho e areias, estes dois últimos, em particular, com elevada qualidade.

Por outro lado, o calcário tem também sido extraído para a produção de cimento na fábrica da Matola.

A província de Niassa apresenta granitos em elevada quantidade, carvão, argilas, mármores, margas e quimberlitos. Embora os quimberlitos sejam a rocha-mãe de diamantes, ainda não se registou a presença de diamantes nestas rochas. O carvão e os quimberlitos podem ser encontrados na região de Maniamba, na bacia de Metangula

Bibliografia

  • AFONSO, R. S., & MARQUES, J. M. Recursos minerais da república de Moçambique – Contribuição para o seu conhecimento. Direcção Nacional de Geologia. 1993
  • CUMBE, A. N. O património geológico de Moçambique: Proposta de metodologia de inventariação, caracterização e avaliação. 2014,
  • LEHTO, L.,; GONÇALVES, R. Mineral resources potential in Mozambique. Geological Survey of Finland, 2015;
  • MANSUR, K. L. Projectos educacionais para a popularização das Geociências e para a geoconservação. Revista do Instituto de Geociências, SP, 2009;
  • OLIVEIRA, D. P. S.; HENRIQUES, P. F.; FALÉ, P. Aplicação multimédia na temática dos Recursos Minerais para a diversificação de estratégias de desenvolvimento de competências no ensino básico, Maputo, 2010;