Alta idade média (476-1000)

A alta idade média teve seu início com a queda do Império Romano do ocidente em 476, no século V que se deu pela vitória dos visigodos sobre o exército Romano numa das suas fronteiras a Leste (Batália de Adrianópolis). Este período foi caracterizado pela ruralização económica, culminando na formação do Feudalismo, decadência do comércio, fortalecimento do poder local por meio dos senhores feudais, acesso da igreja e do teocentrismo e a invasão bárbara na Europa.

A economia era de subsistência e sustentava se no trabalho servil, presos a terra, entre várias obrigações, e os servos estavam submetidos a prestações em produtos e em trabalho. Foi também a era do ouro para os muçulmanos durante a expansão árabe.

Se o ponto de partida para a alta idade média é uma data cujos acontecimentos são bastante palpáveis, o fim do período se dá para além de razões puramente didácticas, mais por razões estruturais do que conjunturais. Estes relacionam se a modificações no poder, o lento aparecimento de um poder central forte, a revitalização do comércio e das cidades, ao qual está liga do facto social que é o aparecimento da Burguesia, a urbanização do poder clerical, especialmente com as ordens medicantes a aparição de uma cultura laica longe dos mosteiros.

Alimentação na alta idade média (476-1000)

Na Alta Idade Média, até os séculos VIII e IX o consumo de alimentos estava directamente ligado à produção. O mercado era praticamente inexistente, salvo no que se refere a produtos de luxo, como as especiarias, ou à margem da produção normal. O espaço urbano quase desapareceu e o que restava das cidades se ruralizou. Campos, pomares, prados e bosques penetraram nas cidades, segundo a lógica de consumo directo que predominava nessa época. A unidade de produção de alimentos era o conjunto de quintas de um mesmo proprietário, cujas produções se complementavam.

O modelo económico era silvopastoril. Em todos os lugares, os grupos humanos estavam em contacto com a floresta e os bosques, cortados por clareiras naturais e cursos de água. Aos produtos da agricultura, juntavam-se os alimentos fornecidos pelas terras não cultivadas: caça, peixe, gado criado nos bosques. A variedade de alimentos e a disponibilidade de carne eram relativamente garantidas, mesmo para as classes populares. Nesta época, os camponeses europeus tiveram uma alimentação mais equilibrada e com mais segurança material do que em na Antiguidade, na Baixa Idade Média e mesmo na Idade Moderna, quando seriam obrigados a se alimentar quase exclusivamente de cereais.

Alimentação dos servos        

Segundo “MACHADO, J. L s/d”, os Servos tinham como dieta básica, o pão, papas, migaus ervas, alguns mariscos, raízes e alguns animais de pequena escala que eram criados naquelas comunidades como é o caso de porcos.

Desenvolviam hortas, nas quais se plantavam cebolas, cenouras, alhos, ervas aromáticas e nabos, mas a produtividade era baixa devido o uso de técnicas rudimentares. O inverno registrava muitas doenças em virtude da escassez de vegetais na dieta campesina. A caça nem sempre era permitida pelos senhores e a Igreja cooperava com isso ao institucionalizar períodos em que restringia o consumo de carnes vermelhas.

O único utensílio de cozinha dos servos era um caldeirão. Esse caldeirão ficava erguido sobre uma fogueira e fervia-se água em seu interior.  Nele eram depositados vários alimentos que eram cozidos de uma só vez.  Para que os alimentos não se misturassem colocavam-se os mesmos em saquinhos ou invólucros cerâmicos.

Os caldeirões não eram usualmente higienizados e que se acumulassem as sobras em seu interior. Esses resíduos davam as sopas produzidas algum sabor e também o risco de contaminação.

Alimentação dos  Senhores

As cozinhas dos senhores possuíam muitos utensílios como caldeirões, panelas, colheres, facas, espetos. Nessas cozinhas eram encontrados fornos, grelhas e fogões a lenha. Muitas pessoas eram empregadas pelos senhores para trabalhar na cozinha. Em dias comuns os senhores tinham uma alimentação mais frugal, em mesas simples nas quais reuniam-se os familiares.

A chegada de visitantes ilustres transformava essas refeições em banquetes, com mesa farta, serviçais e entretenimento. O cardápio dos banquetes incluía aves, peixes, carnes vermelhas, cereais, frutas e legumes. Em nenhuma situação os serviçais podiam sentar-se à mesa com os senhores

Os banquetes tinham a intenção de demonstrar o poder e a influência dos senhores. Como as terras, os fornos e os moinhos dos feudos pertenciam aos senhores, cabia aos servos pagar tributos ou taxas em produtos pelo uso desses recursos.

Alimentação dos cleros monges na Alta Idade Média

A ideia da privação da comida estava na base da concepção de vida religiosa dos tempos medievais. Se a abundância de comida é símbolo da Nobreza, o jejum torna-se sinónimo de espiritualidade. Na cultura medieval, o corpo impede a elevação para Deus, segurando os homens aos desejos. A carne era o primeiro alimento que precisava ser afastado, porque interpretava melhor a força e a potência dos guerreiros e, das guerras.
Comer para os monges significava um momento de convívio entre todos. O almoço, rigorosamente ao meio-dia, era composto por legumes e sopa de verduras, para além de um terceiro prato, um rodízio em dias alternados composto por ovos, peixes e queijos. Vinho e pão nunca faltavam. O jantar era baseado nos restos do almoço juntamente com a fruta da época.
A carne, afastada desde o século X e substituída por peixe, ovos, legumes e queijos, tende a comparecer na metade do século XI, quando a presença de nobres entre os religiosos foi mais forte

Nos numerosos dias de festas do século XI, a carne, especialmente o porco, estava presente nas refeições dos conventos e cozinhada de várias maneiras. Após o ano 1100 os trabalhos religiosos começaram a multiplicar-se, o património estava sempre a crescer graças às frequentes doações da Nobreza. Isto levou o monge a afastar-se da moderação das refeições, dando espaço à abundância e à grande variedade de comida. As cozinhas, cada vez maiores, eram um lugar de prosperidade, de felicidade e de prazer.

Lepra na alta idade média

A lepra foi durante muito tempo incurável e muito mutiladora, forçando o isolamento dos pacientes em gafarias ou leprosários, principalmente na Europa na Idade Média, onde eram obrigados a carregar sinos para anunciar a sua presença. A doença deu, nessa altura, origem a medidas de segregação, algumas vezes hereditárias, como no caso dos Cagots no sudoeste da França.

Acredita-se que a lepra havia sido introduzida na Europa Ocidental através das Cruzadas, devido ao contacto com o leste onde era endémica. Porém, este pensamento tem sido contestado pelos estudos mais recentes, na medida em que existem evidências da presença dos leprosos na Europa Ocidental antes das Cruzadas, SOUZA. F, (s/d,).

A identificação do leproso era feita, inicialmente, através da denúncia. Qualquer pessoa que notasse uma doença de pele num vizinho, parente ou cônjuge, deveria indicá-lo à autoridade secular ou religiosa para que um tribunal fosse convocado.

O doente comparecia perante um júri composto por um médico, um preboste e um padre, que representavam a Ciência, o Estado e a Igreja. A pele do acusado sofria um exame minucioso e precisava passar por vários testes. Um deles afirmava que se pusesse uma pessoa ao luar, de forma que os raios lhe batessem na face, o leproso ficaria marcado por diversas cores, enquanto o homem saudável pareceria pálido. Um outro dizia que se espalhasse cinzas de chumbo queimado na urina de uns leprosos, elas ficariam a boiar, enquanto, normalmente, cairiam no fundo do recipiente. As instituições específicas para o tratamento dos leprosos nasceram em um contexto de crescimento das hostilidades para com estes doentes e em meio a convicção de que eles deveriam ser separados do convívio social. Esses estabelecimentos teriam atingido a seu apogeu no final do século XI e início do século XII e o seu declínio no final do século XIII.

Civilização na alta idade média

A história da civilização Europeia nos séculos V-X (Alta idade média), é bastante complexa pois, abraça as grandes transformações que lá se verificaram, dominadas pelos bárbaros germânicos, nesse período, resultou em reinos quase sempre frágeis e efémeros.

É destes movimentos que se manifestaram em quase toda alta idade média que nasceu a sociedade Bizantina, que habitava na grande cidade de Bizâncio, capital do Império Romano, considerada o fulcro da história da civilização da idade medieval, MOTA, M. B, (2005).

A civilização Bizantina preservou para cultura universal grande parte dos conhecimentos do mundo antigo, documentos relativos ao direito Romano, fonte das normas jurídicas contemporâneas e a literatura grega.

A cultura do império Bizantino

O Império Bizantino englobava a Grécia, Egipto e outras regiões de cultura helenística. É por essa razão que o helenismo predominou em Constantinopla e o Grego transformou se em língua oficial a partir do século VII d.C., a cultura e a educação eram imensamente valorizadas, a sociedade era muito ligada á fé cristã. Esta cultura reproduzia um enorme poder romano grego e oriental, coordenava o luxo e a riqueza do oriente com o equilíbrio e a sobriedade dos romanos. Uma das mais importantes construções da arquitectura bizantina é a igreja de Santa Sofia, em Constantinopla. Os artistas cobriram-na de mosaicos azuis e verdes sobre fundo negro, com figurinhas geométricas, retratando da imagem de Cristo e cenas do evangelho, MOTA, M. B, (2005).

A evolução da cultura bizantina decorreu do século IV ao VII, numa luta encarniçada entre o cristianismo e a herança antiga. A igreja afirmava a sua dominação espiritual.

Sociedades do Império Bizantina

Em Constantinopla as classes sociais se misturavam pelas ruas e bairros, e suas classes sociais eram demonstradas a partir de suas roupas. Todos os cidadãos tinham direito a escola e todos tinham água que era transportada por aquedutos e armazenada em cisternas. Os imperadores bizantinos eram vistos como Deus na Terra e tinham poderes limitados sobre qualquer aspecto da vida social, política, religiosa e económica.

Imperador Justiniano I (527-565 d.C.)

O imperador Justiniano foi um dos mais importantes na história bizantina, ele foi responsável pela culminância da civilização bizantina. Adoptou uma política expansionista que consegui conquistar o norte da África e as penínsulas Ibérica e Itálica. Ao longo do seu reinado, Justiniano conseguiu conter o avanço militar dos persas e búlgaros sob a região balcânica. Logo depois, empreendeu a expulsão dos vândalos do Norte da África. Mais tarde, deu fim á dominação gótica na Península Itálica e tomou a Península Ibérica dos visigodos.

Durante seu Governo, Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Império Romano do Ocidente. Dentre suas principais acções estão:

  • Expulsou os bárbaros do Império;
  • Anexou territórios ao Império (Norte da África, Sul da Espanha e Itália);
  • Construiu a famosa Igreja da Santa Sofia, e;
  • Actualizou as antigas leis romanas (Corpus Juris Civilis).

Maometismo

Maometismo estava sobretudo preocupado com a vivência prática – a vida comunitária e a prática da virtude. O ponto central em torno do qual todos os outros se ordenam em Deus; Os nativos que se situavam ao sul cultuavam deuses personificados por planetas.

Os árabes do norte acreditavam numa série de espíritos, de diversos níveis evolutivos, os djinns, que representavam por árvores e pedras. Nessas duas crenças, todavia, as divindades subordinavam-se a um Deus Supremo – Alá – e eram cultuados como seres de uma hierarquia divina, e não como deuses de religião politeísta. A justiça era regida pela Lei de Talião e preconizava-se a vingança solidária de clã a clã.

Nos fins do século VI a Arábia já demonstrava alguma tendência para a unidade, tanto na área religiosa quanto na política e comercial. Essa predisposição foi transformada em realidade por Maomé. Não existem dados históricos sobre a vida desse grande líder. Sua biografia baseia-se nos hadith, conhecidos como Conversas-de-Mesa de Maomé, vasta colecção de orientações e narrações deixadas por ele, que formaram as máximas da tradição muçulmana. Segundo Kadidja pag 1 Pouco se conhece da juventude e das práticas religiosas de Maomé.

Devia terem poder de possuir qualidades morais e grande inteligência, apesar de analfabeto, visto que aos 20 anos foi escolhido pela viúva Kadidja como homem de confiança para acompanhar suas caravanas à Síria. Em seguida ela lhe propôs casamento, união que se efectua cinco anos depois. Apesar de os árabes adoptarem a poligamia, Maomé não possuiu outra esposa enquanto sua primeira mulher viveu. Depois casou-se duas vezes. Recebeu revelações espirituais, provenientes de uma série de retiros, visto que se dedicava muito à actividade espiritual. Em 631 resolveu divulgar tais revelações.

Devido a oposição dos Qorayshita, não consegui converter os cidadãos de Meca durante os 10 anos que ali pregou. Tornou-se alvo de sarcasmo e injúria, coisa que culminou em uma conspiração para assassiná-lo, no ano 619, quando perdeu a esposa e o tio que o criara. Em 620, seis peregrinos aderiram as suas ideias, influenciando e convertendo outras pessoas.

Em 24 de Setembro de 622, perseguido e ameaçado, partiu para Yatrib. O dia de sua fuga, chamado Hidjra continuando a” evangelizar e ajudar os seres humanos a serem felizes”, mas a felicidade suprema consiste num encontro amoroso do homem com Deus, só através da graça de Deus poderemos ser verdadeiramente felizes.

 Para ele é infeliz o homem que conhece as coisas, mas desconhece o pai criador das coisas, pois assim sendo ele na verdade nada conhece.

 

Referências Bibliográficas

  1. Adriene Pereira de Araújo, 2005 disponível em: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historia008.asp;
  2. Massimo Montanari, “Estruturas de produção e sistemas alimentares” em História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. Obtida de: “http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Alimenta%C3%A7%C3%A3o_na_Alta_Idade_M%C3%A9dia?oldid=11723”;
  3. MACHADO, João Luís. s/d. disponível em: http://www.alimentares.com/colunistas/luis.asp?iAut=5&codTexto=63;
  4. MACHADO, J. L (s/d). disponível em: files.wordpress.com;
  5. F, Disponível em: http://www.ifcs.ufrj.br/~frazao/leprosos.htm;
  6. IMPÉRIO BIZANTINO – (476 a 1.453 d.C.). Disponível em: :<http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/Mitologia/MitoRomana.html>. Acesso em: 02/08/10MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História das Cavernas ao terceiro milénio. 1 ed. São Paulo: Moderna 1 2005.
  7. Maometismo http://www.consciencia.org/as-maiores-religioes-do-mundo-resumo-completo